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13 dezembro 2008
"Revoada" pronto à revelia de seu autor
Espaço Unibanco de Cinema Glauber Rocha
Há alguns anos que vem sendo prometida a inauguração do Espaço Unibanco de Cinema Glauber Rocha, mas sempre adiada a ponto de não se acreditar mais na sua vialibidade. Mas valeu esperar, pois terça que vem, dia 16 de dezembro, às 20 horas, o espaço será entregue ao público baiano, com a exibição da cópia restaurada - e em deslumbrante colorido - de O dragão da maldade contra o santo guerreiro, de Glauber Rocha. Com 4 salas de alta teconologia, além de livraria, galeria de arte e um restaurante, o complexo fica situado na Praça Castro Alves, no lugar onde antes existia o inesquecível cinema Guarany, palco de muitos eventos cinematográficos importantes em Salvador, principalmente porque foi nesta sala que aconteceu a avant-première, em abril de 1959, do primeiro longa metragem baiano: Redenção, de Roberto Pires.
Com a morte prematura de Glauber Rocha, no dia seguinte, porque o imóvel era de propriedade do estado, o governador da época, ACM, dirigiu-se até a porta do Guarany e proclamou que daquele dia em diante o cinema se chamaria Glauber Rocha. A iniciativa desse grande empreendimento para o mercado exibidor soteropolitano foi de Cláudio Marques, que, para poder levar a frente um projeto caro, associou-se a Adhemar de Oliveira, empresário paulista ligado ao Unibanco. Marques também tem um curta que é documento importante sobre o cinema do passado: O Guarany, que conta com depoimentos e imagens de arquivo que mostram a importância da sala para a memória histórica da Bahia. Pretende, agora que o cinema vai ser inaugurado, sediar o Panorama Internacional Coisa de Cinema, que não fora realizado no ano passado, como estava previsto, por ausência de espaço.
A escolha do filme inaugural não poderia ser melhor. O dragão da maldade contra o santo guerreiro está com cópia restaurada e há décadas que não é visto na tela grande. O filme foi lançado no extinto cinema Capri, que ficava no Largo 2 de Julho, em 1969, há impressionantes 40 anos (parece que vi o filme ontem). Filmado em Milagres, cidadezinha do interior da Bahia, entre Jequié e Feira de Santana, O dragão da maldade contra o santo guerreiro recebeu a Palma de Ouro de melhor direção do Festival de Cannes, e é muito admirado pelo mundo afora. Martin Scorsese é um de seu admiradores mais entusiasmados. Na França, para simplificar o título e torná-lo mais legível para os estrangeiros, foi chamado de Antonio das Mortes, nome do personagem que aparece pela primeira vez em Deus e o diabo na terra do sol (1964). Matador de cangaceiros, Antonio das Mortes é um personagem ambíguo e em crise de consciência, pois recebe dinheiro dos latifundiários e da igreja para matar fanáticos religiosos e cangaceiros que pertubam a ordem. Mas em O dragão da maldade contra o santo guerreiro, há, por assim dizer, um processo de conscientização do personagem, que resolve ficar ao lado dos menos aquinhoados pela sorte. O plano inicial já anuncia o filme em grande estilo: Antonio das Mortes entra no quadro, na caatinga, da direita para a esquerda a atirar e some pela esquerda. A câmera permanece fixa e sem corte. De repente, alguns cangaceiros entram no quadro fílmico a cambalear e morrer em seguida. O elenco é muito bom: Odete Lara, Maurício do Valle, Hugo Carvana, Othon Bastos, Lorival Pariz, Mário Gusmão, Emmanuel Cavalcanti, Rosa Maria Penna, Sante Scaldaferri, Jofre Soares, entre outros.
Marques fez muito bem em conservar o belo sol de autoria do grande artista Rogério Duarte.
11 dezembro 2008
10 dezembro 2008
Clube de Cinema da Bahia redivivo
09 dezembro 2008
Do imortal Romero Azevedo
07 dezembro 2008
Cinema Baiano (9): Homenagem a Milton Gaúcho
Tem participação em O rio dos homens sem medo, de Braga Neto, mas o filme não consegue ser finalizado – o que, quarenta anos depois, Braga está agora a tentar. Os estrangeiros, que se estabelecem em Salvador para desfrutar de seu décor exuberante, procuram Milton Gaúcho e ele trabalha em O santo módico, de Robert Mazoyer, Les globes trotters, de Claude Boissol – para a televisão francesa, Rebelião de brutos, de Giovanni Fago, Os pastores da noite, de Marcel Camus, Luar sobre o parador,de Paul Mazursky, entre outros.
Findo o Ciclo Bahiano de Cinema, quando se pensa numa aposentadoria do veterano ator, eis que aparece Gaúcho surpreendendo com suas participações no chamado surto underground baiano (que será abordado em outro capítulo da série) em Caveira my friend (1969), de Álvaro Guimarães, e Meteorango Kid, o herói intergalático (1970), de André Luiz Oliveira. A seqüência do escritório de uma produtora de cinema, deste último, é hilária, com Gaúcho provocando Lula, Bom Cabelo, sobre as preferências reais do público cinematográfico, o grande público que lota as salas.
Gaúcho prossegue pela década de 70, 80, ultrapassa a de 90, e entra, célere, na de 2000, participando, no Terceiro Milênio, de Três Histórias da Bahia – episódio Diário de um convento, de Edyala Iglesias, como um assustador frade cego, e Eu me lembro, de Edgard Navarro.
A destacar, nesta trajetória gauchiana, o seu papel importante como presidente e criador do Grubacin (Grupo Bahiano de Cinema), que, durante a segunda metade dos anos 70, quando do boom superoitista, tem importante contribuição na discussão das fitas realizadas nesta bitola – marginalizada pelos profissionais, além de contribuir com concursos de roteiros, apresentação de programas, fomento da produção. O Grubacin se reúne uma vez por semana no Clube de Engenharia, que, antes da decadência do centro da cidade, é um point não somente de eventos culturais, mas, também, um pólo aglutinador dos universitários e artistas que brincam o Carnaval na rua Carlos Gomes e circunvizinhanças.
Cinema Baiano (8): Mapeamento de sua filmografia
Até o presente momento não existia um registro com tamanha abrangência da produção de cinema e vídeo da Bahia. As iniciativas de mapeamento eram isoladas, e possuíam um recorte temporal ou programático limitado, concentrando-se num determinado realizador, numa época específica ou num determinado tipo de filmes. Além disso, muitas pesquisas de qualidade estão restritas aos centros acadêmicos e são de difícil acesso para os interessados o que agora mudou, basta acessar o site e pesquisar sobre o tema.
Essa é a primeira etapa de um trabalho de catalogação e acessibilidade do Mapeamento da Filmografia Baiana. Nesta fase, foram coletados e publicados na internet informações básicas sobre a maior quantidade possível de filmes produzidos no estado de 1910 até 2008.
Em 2009 será realizada a segunda fase do projeto, quando publicaremos uma documentação aprofundada da Filmografia Baiana vista neste primeiro momento. Nesta segunda fase apresentaremos os créditos completos dos filmes, incluindo também fotos, cartazes, prêmios recebidos, críticas e artigos de jornais, bem como dados sobre a disponibilidade de cópias dos filmes catalogados. Como exemplo do que pretendemos fazer na segunda fase o público terá a documentação completa de quinze filmes disponível no site já em dezembro de 2008. Estes filmes foram escolhidos de modo a contemplar diferentes categorias em períodos diversos da historia do cinema baiano.
Este é um passo necessário para valorizar a memória audiovisual baiana e para aumentar a visibilidade do cinema e vídeo feitos no estado. O primeiro passo foi dado e cabe agora a sociedade partilhar as informações coletadas e oferecidas no site. O Mapeamento da Filmografia Baiana foi desenvolvido de forma alinhada com a Cinemateca Brasileira e seguindo as regras de documentação filmográfica definidas pela FIAF – Federação Internacional dos Arquivos Filmográficos."
"Olá Setaro, obrigada por publicar a notícia sobre o site da Filmografia Baiana, mas preciso fazer 2 correções: 1. essa não é uma ação da Dimas, e sim de Laura Bezerra. Faltou o ultimo paragravo da materia.O Mapeamento da Filmografia Baiana contou com amplo apoio de profissionais da área, cinéfilos e instituições como a ABCV – Associação Baiana de Cinema e Vídeo, a Cinemateca Brasileira, a Dimas – Diretoria do Audiovisual, a Jornada de Cinema da Bahia, e teve o apoio institucional do Fundo de Cultura do Estado da Bahia. O projeto foi concebido e coordenado por Laura Bezerra, pesquisadora de cinema e mestre em Literatura e Ciência da Mídia pela Universidade de Tréveris (Alemanha).2. Esse texto é meu, Fabíola Aquino, sou a assessora de imprensa do projeto.Gracias!"