Na foto, Jack Lemmon ao lado de sua esposa Felicia Farr e de seu filho, Christopher. Clique na imagem para que ela apareça grande e mais nítida
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21 fevereiro 2009
Salve Jack Lemmon!!
20 fevereiro 2009
Entrevista com Carlos Manga: primeira parte
Entrevista com Carlos Manga: segunda parte
19 fevereiro 2009
O novo filme de Tuna Espinheira
Tuna Espinheira, terminadas as atividades em torno do lançamento de Cascalho, longa baseado em livro homônimo de Herberto Salles, mostra porque é um realizador que não dorme de touca. Já finalizou seu novo filme, um documentário sobre o artista Leonel Mattos (que aparece aqui, na foto, a comer uma banana) intitulado Leonel Mattos a vinte e quatro quadros por segundo, cujo roteiro fora premiado em concurso federal. Na imagem, também se pode ver o próprio Tuna, com seu indefectível boné, e, a seu lado, Claude Santos, o diretor de fotografia. Na câmara, o veterano Roque Araújo, velho de guerra do cinema baiano que começou com Glauber Rocha, tendo participado de todos os seus filmes. Realizou um documento precioso com as sobras de A idade da terra, que Glauber lhe deu para jogar fora ou vender para uma fábrica de vassoura em Niteroí. Roque, no entanto, guardou e, com o material, realizou No tempo de Glauber, que mostra, além de trechos de outros filmes, um material curioso dos bastidores do derradeiro opus glauberiano.
17 fevereiro 2009
Chaplin quase empata com Keaton
"Gran Torino", de Clint Eastwood: dizem-no assombroso
Caro Setaro, andei meio sumido com o inicio das aulas na universidade,
mas acabei de ver Gran Torino
(aqui em Campina Grande a turma é meio impaciente e não gosta de
esperar os lançamentos oficiais nem a pirataria oficializada, baixa
logo da fonte) e me lembrei de você. O personagem é um dos mais fortes
interpretados por Clint( aliás, no Oscar 2010 acredito que a estatueta
de ator, filme e diretor é dele) que dá uma aula completa sobre a
arte de representar diante de uma câmera. O filme é uma grande
metáfora dos EUA nos últimos 30 anos, a casa de Walt (Clint) tem uma
bandeira americana fincada na entrada e seus vizinhos são todos
coreanos, chineses, tailandeses...a imagem é clara: a América(do
norte) é uma ilha cercada de conflitos. Walt lutou na guerra da Coréia
e foi condecorado por heroísmo e bravura, mas o método americano de
resolver os conflitos à bala (como nos lendários westerns), está em
crise( vide Vietnam e,agora, o Irak). O filme começa com um velório na
casa do ex-combatente e, paralelamente, um batizado na casa dos
vizinhos, um tipo de vida morre ( o american way of life idealizado
principalmente pelo cinema) para dar lugar a uma nova realidade( a dos
imigrantes, expulsos de seus países pelas guerras patrocinadas pelos
próprios americanos, e que buscam refúgio na terra da estátua da
liberdade). Gran Torino é uma confissão dos erros cometidos pela
xenofobia americana que sempre viu o resto do mundo como
estrangeiros, mas sobretudo é uma autocrítica que aponta para a
conciliação, o diálogo, a cooperação e a convivência pacífica entre
os povos como solução para o caos social que temos de suportar( no
limite) hoje.Tem um forte tom místico (inclusive numa das imagens
finais que não vou descrever para não estragar a surpresa). Em
sintese: é a imolação, o sacrificio supremo de Dirty Harry/Josey
Wales na crença por um mundo mais humano.
A canção-tema, escrita por Clint e pelo filho dele, é um brinde
especial no desenrolar dos créditos no final.
Desculpe o clichê, mas Clint Eastwood é mesmo como o vinho...
Segunda mensagem:
Gran Setaro, fiz o rapídissimo comentário, para usar uma expressão
que lhe é tão cara ,no "afogadilho da hora", ainda com o coração
pulsando com os acordes da bela canção final. Falei coração porque, me
parece, que o filme( e Clint) propõe uma leitura menos razonativa (
mental) do mundo contemporâneo (argh !) e mais emocional (consciente).
Até agora, desde Aristóteles, passando por Descartes e finalizando em
Kant, o uso e abuso da razão ( o famoso, e equivocado, penso,logo
existo) gerou os campos de concentração nazista, a bomba de Hiroshima
e Nagasaki, o Vietnam, o Iran-Irak, a meleca total que vivemos hoje em
qualquer cidade infestada por gangues de adolescentes e jovens
rebeldes sem causa que enchem de gordura e estupidez as salas de
cinema nos shoppings....e outras coisas mais terríveis ( vide o
documentário A Corporação)
Em Gran Torino, Clint se inspira nos orientais e sua cultura de
meditação e reflexão (aqui no ocidente mal traduzida como "confissão
religiosa") e revoluciona a moral vigente ao reconhecer os erros que
contribuíram para gerar tudo isso e, num ato de autocrítica e solidão
suprema( como de resto foram todos os personagens que criou/viveu),
entrega as armas e se imola em holocausto a um mundo melhor para
todos. Não é um filme fácil de ser digerido porque vira de ponta a
cabeça todos os dogmas e clichês que compõe o imaginário
cinematográfico deste gran cineasta, a maior parte da crítica vai cair
de pau, muitos vão confundir o ato revolucionário de Walt com uma
jogada de toalha na lona, aí reside o ledo "e ivo" (como você gosta de
falar) engano.
De quebra, tem um ótimo elenco jovem que serve para mostrar que nem
sempre o frescor da juventude, das idéias e atitudes jovens, estão na
menor idade.
Num tempo em que os rinocerontes predominam, Eastwood nos aparece
louvando a borboleta. Isso para mim é cinema novíssimo.
16 fevereiro 2009
"O Ponto de Ruptura", por Tuna Espinheira
Alguns personagens, gente de carne e osso, são coadjuvantes importantíssimos no desenrolar do enredo, dentre estes, o mítico documentarista holandês: Joris Ivens. Surpreendentemente retratado como um apparatchik, ou seja, um ativo e coroado Agente do Comintern, para assuntos ligados a arte e cultura até onde, também, Stalin estendia os seus tentáculos.
Ivens, além do enorme talento na captação de imagens; era destacado e admirado pelo desassombro e coragem pessoal nos inúmeros contratos de risco como um metteur- en-scène, normalmente no calor da hora, exposto aos perigos, sobretudo nos conflitos de guerra, exatamente iguais aquela missão cinematográfica, em parceria com os dois notáveis norte-americanos. Possuía aquele holandês um carisma hipnótico. Arma esta que soube usar com maestria para ganhar a confiança dos parceiros. Hemingwai, aventureiro, caçador, familiarizado com o perigo, estava à vontade naquela praça de guerra. Em várias cenas relatadas o vemos em meio ao fogo cerrado, impassível diante de bombardeios. Dos Passos era um ardoroso admirador da pátria de Cervantes e sua gente, fora apresentado àquela terra justamente pelo amigo Robles, com ele aprendera a decifrar o jeito de ser e a alma espanhola.
Numa trama macabra, vai caber a Hemingwai, informado por uma amiga comum aos dois, esta uma apparatchik militante devota do Comintern, (os dois, então amigos, desconheciam esta faceta, e, proválvelmente, nunca viriam a saber) contar a Dos a notícia do fuzilamento de Robles com a acusação de traidor da revolução. O pior de tudo é que o autor do Velho e o Mar, passaria a acreditar nesta história infamante, um enredo típico da malha criminosa de Stalin.
O filme: Terra e Liberdade, de Ken Loach, produzido em 1995 (“este cineasta inglês renovou o cinema britânico na segunda metade do século passado”, informação do crítico André Setaro), já havia, de forma contundente, descrito ao longo das suas belíssimas seqüências, o desserviço do ditador russo, na Guerra Civil da qual estamos falando.
O filme é guiado por um personagem que se alista no POUM, uma sigla que aglutina guerreiros, comandados por Andreu Nin, que não seguiam a cartilha do Kremlin. Dos Passos entrevistou este Comandante. Pouco tempo depois ele seria seqüestrado, torturado, e fuzilado sumariamente, pelos stalinistas. O POUM contou em suas fileiras com o George Orwel, exatamente aquele que mais tarde iria escrever um livro emblemático: 1984. Ele esteve com Dos Passos quando este se preparava para sair da Espanha. Orwel, recuperando-se de sérios ferimentos em batalha, já era um homem desiludido e conhecedor do ninho de serpentes que era o stalinismo. 1984 tem tudo a ver com o “circo de horrores stalinista”.
Tanto o livro, O PONTO DE RUPTURA, como o filme, de Ken Loach, são peças obrigatórias para quem se interessa pela gloriosa luta da Guerra Civil Espanhola, que mexeu com corações e mentes de muitos e muitos, redundando num trágico desfecho.
Hoje sabe-se que Stalin, depois de destroçar o POUM, não demorou em ordenar a retirada dos soldados russos e seus armamentos, entregando a Espanha ao famigerado Generalíssimo Franco. Consta que, Stalin, à guisa de uma explicação, teria perpetrado esta jóia de humor negro : “Ordenei a retirada das forças russas convicto que Hitler faria o mesmo com as forças alemãs”... Vade retro...
Leiam o livro, vejam o filme..."
15 fevereiro 2009
Minnelli: estesia e sofisticação
Todos os historiadores do filmusical americano não têm dúvida ao afirmar que o gênero se transforma radicalmente com a chegada de Minnelli à Hollywood, pois o seu gênio faz integrar os elementos ficcionais da história com a música e as canções. Estas se tornam o próprio assunto do filme. Grande especialista em espetáculos musicais, Vincente Minnelli, após conceber Agora seremos felizes (Meet me in St. Louis, 1944), O ponteiro da saudade (The clock, 1944), Yolanda e o ladrão (Yolanda and the thief, 1946), e O pirata (The pirate, 1947) - que exerce influência poderosa em Gene Kelly, que, aqui, trabalha ao lado de Judy Garland, a qual se casa com o realizador, encantado que fica Minnelli pelo extraordinário talento dessa cantora e atriz única, revoluciona o gênero, inaugurando, com eles, uma nova escola do musical cinematográfico, que logra seus títulos oficiais de nobreza com Sinfonia de Paris (A american in Paris, 1951), filme pelo qual recebe o Oscar de melhor direção, que voltaria a ganhar em 1958 por Gigi.
Martin Scorsese, em sua aula sobre o cinema americano, que saiu completa em três vídeos, destaca, entre as suas seqüências preferidas, a de Meet me in St. Louis, quando a menina, numa noite de Natal, ao saber que vai sair de sua cidade, quebra todos os bonecos de neve que ela constrói no quintal. Há, nesta seqüência admirável, uma conjunção musical e dramática poucas vezes superada. Em Sinfonia de Paris, que tem roteiro assinado por Alan Jay Lerner (My fair lady), com a partitura recheada de George Gershwin, um pintor americano (Gene Kelly), que vive em Paris, é cortejado por bilionária (Nina Foch), mas gosta de uma linda moça (Leslie Caron), que, no entanto, é noiva de seu amigo francês (Georges Guétary).
Segundo o historiador francês Georges Sadoul, este cine-balé não é uma revista em estilo de teatro de revista, mas uma ópera cujas danças e músicas fazem parte de uma ação dramática. A coreografia, criada por Gene Kelly, é esplendorosa, principalmente nos 17 minutos finais, quando presta uma homenagem aos grandes mestres franceses: Toulouse-Lautrec, Raoul Dufy, Utrillo, Renoir, etc. Minnelli, porém, não se consolida apenas como um brilhante diretor de filmes musicais. Em sua extensa filmografia, podem ser distinguidas três vertentes: a do musical, que tem em A roda da fortuna (The band wagon, 1953) sua obra mais perfeita, a que se deve aplicar o termo obra-prima do gênero, a dos dramas ásperos e desesperados, cujos exemplares mais notórios são Assim estava escrito (The bad and the beautiful, 1953), Deus sabe quanto amei (Some came running, 1959), A cidade dos desiludidos (Two weeks in another town, 1962), entre outros, e a da comédia agridoce, que se inaugura com O papai da noiva (Father of the bridge, 1950), passando por Chá e simpatia (Tea and sympathy, 1956), Brotinho indócil (The reluctant debutante, 1958) entre outras, até atingir a sua culminância absoluta em Papai precisa casar (The courtship of Eddie's father, 1963) - considerada por muitos minnellianos talvez a sua obra maior, comédias que constituem um dos testemunhos mais lúcidos e agudos da burguesia americana. Para o colunista, os melhores filmes de Minnelli são: Deus sabe quanto amei, Assim estava escrito, Papai precisa casar, A cidade dos desiludidos, e A roda da fortuna.
No primeiro, obra-prima absoluta, lancinante radiografia do american way of life em que Minnelli, num drama áspero, tenso, utiliza elementos do filmusical, resultando, com isso, uma mise-en-scène deslumbrante, de pura estesia, principalmente perto do final, quando da perseguição num parque de diversões. Neste momento supremo do cinema minnelliano, que reflete a trágica invasão da realidade num mundo ideal onde os personagens pensam em se refugiar, as cores, os objetos, as pessoas e o espaço são praticamente coreografados; e quase nunca se vê, na estética da arte fílmica, um testemunho tão intenso da eficácia de um autor que se utiliza dos elementos componentes da linguagem cinematográfica de maneira tão marcante. Neste filme, cujo título em português nada acrescenta a sua excelência, antes ridicularizando-o (o original Some came running quer dizer como uma torrente), um romancista volta à sua cidadezinha natal para reencontrar o irmão rico, Mas, a seu lado, viaja uma prostituta que se apaixona por ele. Com Frank Sinatra, Dean Martin e Shirley McLaine, todos inexcedíveis.
Se Billy Wilder, no expressionista Crepúsculo dos deuses (Sunset boulevard, 1950), oferece um retrato crítico de Hollywood, Minnelli, em Assim estava escrito, o consegue superar não somente pelo elo semântico - a força do tema - como pelo elo sintático - a mise-en-scène que, sobre ser a de Wilder impecável, atinge aquilo que alguns estetas chamam de maravilhoso. Não dá, aqui, neste espaço, para falar de The bad and the beautiful, tal a sua riqueza, tal a sua imensa beleza. Em poucas palavras: um escritor (Dick Powell), uma atriz (Lana Turner), e um diretor(Barry Sullivan), recordam em flash-backs como um famoso produtor (Kirk Douglas) os traiu. Partitura de alto nível de David Raksin. Papai precisa casar é um primor de comédia, a maior, sem dúvida, do autor, no gênero. Encontra-se aqui toda a maturidade de um mestre do cinema, que sabe equilibrar, com uma fluência assustadora, os elementos da linguagem, a utilizar, com engenho e arte, o espaço e o tempo cinematográficos.
Realizado em 1963, Papai precisa casar, no apogeu da desconstrução, quando a crítica mais enragé exige dos filmes uma rigorosa falta de linearidade, Minnelli, desprezando as circunstâncias, e, com isso, fazendo valer o seu modo de fazer cinema, recusa-se à abdicação do linear. O resultado é mais que perfeito, ainda que, o filme, alta voltagem como cinema, como arte, como testemunho, como comédia que sabe deliciar o espectador, passe despercebido pelas autoridades que carimbam o atestado de valor. Glenn Ford é um viúvo que se vê às voltas com três lindas mulheres que o cercam. Seu filho, um garoto de 10 anos (o futuro diretor Ron Howard), o ajuda na escolha, O trio é esplendoroso: Shirley Jones, Dina Merrill e Stella Stevens, que vem a trabalhar nesse mesmo ano em O professor aloprado, de Jerry Lewis.
No magistral A roda da fortuna, Tony Hunter (Fred Astaire), no ocaso de sua carreira, regressa a New York, onde é recebido por seus velhos amigos. Minnelli sinaliza, aqui, já em 1953, no ocaso do personagem interpretado por Astaire, num rasgo premonitório, a decadência do filmusical. A roda da fortuna tem alusões e citações, e o autor, avant la lettre, introduz, no cinema, a referência. Os antigos colegas do dançarino projetam montar um grande espetáculo na Broadway, com uma bailarina clássica, Cyd Charisse. A princípio desconfiado, Astaire, no entanto, com o desenrolar das situações, acaba por se apaixonar por ela. Um famoso diretor, Jeffrey Cordova (interpretado por Jack Buchanan) transforma o espetáculo numa pomposa versão musical de Fausto, expressionista e pedante, que redunda em estrondoso fracasso. Astaire, porém, tenta reformula-lo com a ajuda de Charisse e consegue, na remontagem, um êxito surpreendente. Apogeu admirável da primeira etapa das experiências de Minnelli, filme-síntese, portanto, A roda da fortuna oferece uma imagem da vida pública e privada dos artistas que fazem o espetáculo. A sua atração, porém, reside nos pequenos, mas significativos, detalhes do cotidiano dos bastidores, em notações autobiográficas e satíricas. Mas onde o filme alcança sua dimensão mais específica está na singular identificação entre Fred Astaire e seu personagem, talvez a expressão mais acabada do mito pessoal do grande bailarino em números admiráveis como, logo no início, com o engraxate, e a dança de amor no parque - com uma Cyd Charisse na plenitude de suas faculdades. A culminação espetacular do filme se encontra no balé Girl Hunt - brilhante e violenta sátira dos filmes de detetive e do chamado cinema noir, que, sem nenhuma dúvida, é um dos mais completos e inteligentes números musicais da história do cinema.
Na vertente dos dramas ásperos, além de Assim estava escrito, um outro, que lhe parece uma espécie de continuação, e de impacto extraordinário, é A cidade dos desiludidos, de 1962. A história gira em torno de Jack Andrus (interpretado por Kirk Douglas), que, após temporada de descanso numa clínica, é chamado por Kruger (Edward G. Robinson), que está, em Roma, dirigindo um filme. Jack toma o avião e vai se encontrar com o amigo, ainda que amargurado e deprimido pela vida. O contato, no entanto, com a doce beleza de Dahlia Lavi, e a volta à atividade profissional, oferece-lhe a possibilidade de recomeçar de novo, ofertando-lhe um novo ânimo, de libertar-se de suas obsessões e das amargas lembranças de sua mulher (Cyd Charisse). Mas há um acidente de percurso com o ataque cardíaco de Kruger, que fica impossibilitado de trabalhar e Jack se vê obrigado a assumir a direção do filme. A chegada da ex-esposa, no entanto, e o stress do trabalho, levam Jack a uma crise. Contornada, e definitivamente curado, Jack retorna aos Estados Unidos para recomeçar sua carreira de diretor. O título original do filme, traduzido, é Duas semanas em outra cidade, tempo que Jack passa em Roma. Um ator (Douglas) e um diretor (Robinson) vivem encerrados em um mundo de sonhos para escaparem da realidade de seus fracassos. Mas somente o primeiro consegue se libertar, sendo que sua penosa experiência constitui a trama de A cidade dos desiludidos. Continuação espiritual de Assim estava escrito - uma das cenas desse filme serve para precisar a evolução psicológica de Jack, o filme oferece uma visão ácida do mundo cinematográfico de Roma. Pleno de observações incisivas e justas, como o tumulto da Via Veneto - o filme é realizado dois anos depois de La dolce vita - em torno da estrela italiana (Rosanna Schiaffino), as relações entre o produtor e o diretor, o ambiente das filmagens, etc. Minnelli, no entanto, não se limita somente a este aspecto, mas, superando as limitações melodramáticas da intriga, leva a cabo uma reflexão moral sobre a condição do cineasta, que vem a sintetizar o eterno conflito do homem entre a ilusão e a realidade, tema básico de sua obra.