Kibe, como é chamado, já tem em seu currículo os seguintes títulos: Pênalti (vídeo, 2000) e Babavida, a Cidade de Cabeça para Baixo (vídeo). É o primeiro de Moacyr Gramacho, que tem participações no cinema como diretor de arte (á exemplo de Cascalho, de Tuna Espinheira). Tudo isto me parece um sonho, documentário de 150 minutos do consagrado Geraldo Sarno, também foi premiado.
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29 novembro 2008
Filmes baianos premiados em Brasília
27 novembro 2008
O filão da comédia sofisticada
26 novembro 2008
Vendaval de arrogância e cretinice
NOTA (DESESPERADA) DE BRASÍLIA
"Uma autêntico vendaval de arrogância e cretinice o que vem acontecendo nas salas brasileiras de cinema (e, infelizmente, também aqui no cine Brasília).
Como se não bastassem o fedor de manteiga rançosa das pipocas e o papo animado - e em voz alta - de gente estúpida durante as sessões, os idiotas resolveram agora exibir - em público e de forma acintosa - seus moderníssimos equipamentos hi-tecs (sobretudo, enormes iPhones).
Durante a exibição de O MILAGRE DE SANTA LUZIA, na quarta-feira, um babaca na fileira da frente do júri oficial da competição 35mm ficou assistindo ao jogo Brasil-Portugal, durante toda sessão, incomodando várias pessoas que acompanhavam com interesse o bonito documentário que tem o genial Domiguinhos como guia.
PIOR: o cidadão na certa devia fazer parte de alguma equipe dos curtas metragens em competição, pois estava sentado na fileira reservada aos concorrentes. Deu vontade de perguntar ao mocinho o nome do curta de que ele havia participado e sumariamente "queimar o filme" do Mané.
O procedimento, infelizmente não foi exclusivo do boçal em questão, mas vem se repetindo todos os dias, à despeito da solicitação que é feita pelos apresentadores antes das exibições (inclusive, à meu pedido). Ontem, outro Mané passou meia hora - na minha frente - lendo e-mails e consultando sites de horóscopo. Como o cara não se tocava, toquei eu, enfiando a sola do meu 46 (bico largo) em sua vasta cabeleira. Ao pedir desculpas pelo descuido de "escorregar" o pé em sua cabeça, aproveitei para "sugerir" (de forma civilizada, claro) ao camaradinha desligar o seu moderníssimo iPhone ("que está enchendo o meu saco há meia-hora").
Alguém me contou ontem, que David Lynch declarou recentemente, que cada dia que passa as pessoas estão indo ao cinema menos para ver os filmes, mas para sairem do anonimato e se exibirem."
- Carlos Reichenbach está no 41° Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, como jurado dos filmes em 35 milímetros (longas e curtas)
25 novembro 2008
Viagens com minha tia
Não mais existe um diretor do nível, da competência, da qualidade, da finesse, de um George Cukor. Realizador de extraordinária habilidade, sabia, como ninguém, dirigir atrizes e destilar, nos seus diálogos, fina ironia, um sense of humour particular. Se inexistem diretores, hoje, como Cukor, há filmes, por outro lado, que apesar de excelentes, que caíram na vala do esquecimento. Lançados, passaram em brancas nuvens e é como se não existissem. É o caso do agradabilíssimo Viagens com minha tia (Travels with my aunt, 1972), de Cukor, com Maggie Smith (atriz inglesa feia e fleugmática que ganhou o Oscar por sua performance em A primavera de uma solteirona), Alec McCowan (que neste mesmo ano faria,, com Hitchcock, Frenesi/Frenzy, na pele do inspetor cuja esposa é especialista em arte culinária e inferniza, com seus quitutes, a vida e o estômago do personagem), Robert Stephens (cast altamente britânico, como se vê), Lou Gossett, entre outros. Baseado em Graham Greene (também parece não existir mais um escritor tão agradável como Greene e obras de um humor dilacerante como Nosso homem em Havana), Viagens com minha tia foi roteirizado por Jay Presson Allen (que assinou o roteiro do filme doente, e esplêndido, de Hitchcock, Marnie) e Hugh Weeler.
Durante o funeral de sua mãe, o funcionário de banco Henry Pulling (Alec McCowan) encontra sua tia Augusta (Maggie Smith), uma elegante e excêntrica senhora com quem nunca teve muito relacionamento. Mas a simpatia da mulher conquista Henry, que será guiado pela tia numa grande aventura cujo objetivo (dela) é o resgate de um grande amor do pretérito.
Há, pelo menos, pelo menos, dois filmes crepusculares de Cukor que nunca foram exibidos no Brasil (a não ser pela televisão): Amor entre ruínas (Love among the ruins, 1975), com Katherine Hepburn e Laurence Olivier, que, dizem aqueles que o viram, é obra de grande intensidade dramática, e, também com Katherine, O milho está verde (The corn is green, 1979). É chegada a hora, com a facilidade do DVD, de que distribuidoras procurem lançar no mercado brasileiro estas duas preciosidades.
23 novembro 2008
Marilyn Monroe: o mito eterno
Carroll Baker: uma boneca de carne
Na formulação da enquete sobre os mitos sexuais do cinema, que se encontra prestes a se encerrar e tem em seu topo Marilyn Monroe, cometi um ato falho, imperdoável, ao esquecer de colocar entre as opções o nome de Carroll Baker. Devo confessar que a primeira atriz que despertou a minha libido como mulher foi indiscutivelmente Brigitte Bardot, mas Carroll Baker também, principalmente depois que a vi, ainda bem jovem, fêmea apaixonante, em Baby Doll (Boneca de carne, 1956), filme esquecido de Elia Kazan, baseado em Tennessee Williams, com ela, uma verdadeira, como diz o título em português, boneca de carne, Karl Malden, Eli Wallach. A aparição de Carroll Baker, neste filme avançado tematicamente para a época no tocante ao tratamento do sexo, provocou frisson inusitado.
Em seguida, ainda que vestida, veio Da terra nascem os homens (The big country, 1958), vigoroso western de William Wyler, mas antes de Baby Doll já tinha trabalhado em fitas televisivas e em Assim caminha a humanidade (Giant, 1956), de George Stevens. Para recordar Baker, e sem o propósito de colocar aqui todos os seus filmes, alguns momentos de sua divina presença: Harlow, a vênus platinada (Harlow, 1965), de Gordon Douglas, Os insaciáveis (The Carpetbaggers, 1964), de Edward Dmytryk, com Alan Ladd, baseado em best-seller de Harold Robbins, Crepúsculo de uma raça (Cheyenne Autumn, 1963), de John Ford, Sylvia (1966), de Gordon Douglas, Quando a vida é cruel (Something Wild, 1961), de Jack Garfein, A maior história de todos os tempos (The Greatest Story Ever Told, 1965), de George Stevens, no papel de Verônica. A partir de meados dos anos 60, ainda bela e extremamente sexy, partiu para a Europa e trabalhou em filmes pseudo-eróticos e alguns westerns-spaghettis, a exemplo de O doce corpo de Débora (Il Dolce corpo di Deborah, 1968), de Romolo Guerrireri, Captain Apache (1971), de ilustre desconhecido sob pseudônimo, filmes insignificantes. Mas em 1987 participou de Ironweed, de Hector Babenco, ao lado de Jack Nicholson e Meryl Streep.
Para o cinema, a importância de Marilyn Monroe como mito sexual foi, realmente, maior. Mas as minhas duas bonecas de carne são Brigitte Bardot e Carroll Baker. Fica registrado, então, o grande erro, que é corrigido em tempo hábil.
Carrollzinha tem apavorantes 77 anos.
Cinema Baiano (6): "A Grande Feira"
A narrativa, em A grande feira, filme baiano realizado em 1961 por Roberto Pires, está mais a serviço da fábula, ainda que o realizador tenha se preocupado em estabelecer uma mise-en-scène para o seu desenvolvimento. Há graus de narratividade que procuram o específico fílmico na transmissão do aspecto fabulístico ou, se se quiser, na ilustração da história. E estes graus de narratividade podem ser conferidos em algumas seqüências: aquela em que Rony, indo procurar Maria, após ser ameaçado com a navalha, rompe o vestido dela; o passeio turístico de Rony e Helena e, principalmente, a pontuação da seqüência com a lancha e os personagens dentro dela; o momento no qual Chico Diabo vai tocar fogo nos tanques com o dinamite e o desenvolvimento de uma montagem paralela baseada na lei de progressão dramática griffthiana da corrida contra o tempo; o prólogo, com a partitura de Remo Usai; o plano geral que antecede o epílogo, com campo visual aberto onde, no quadro fílmico, vê-se o cais do porto em toda a sua dimensão e, pequenos, os dois protagonistas (o marido que, com a porta do carro aberta, espera a esposa arrependida); etc.
Em outros momentos, o realizador estabelece a sua condução fílmica nos diálogos, desenvolvendo pouco a capacidade de articulação cinematográfica. São exemplos desses momentos: as diversas seqüências no bar de Pedro, onde, nota-se, flagrante, a ausência de um maior desenvolvimento no que tange a um melhor ritmo especificamente cinematográfico, a predominar um nítido confinamento dos protagonistas num espaço asfixiado, quando o realizador poderia ter dimensionado este mesmo espaço em termos de uma maior flexibilidade de ação geométrica para a câmera. Aqui, neste caso, valeria mais usar, por exemplo, o campo e o campo contrário ou, melhor, o campo e o contra-campo. Há, também, um abuso virtuosístico que, ao contrário de abrilhantar a narrativa, fá-la apenas decorativa, enfeitada: os ângulos inusitados e insólitos da sequência na qual Rony dança com Maria no cabaré de Zazá.