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17 junho 2010

Abaixo a pipoca!!

Como é público e notório, detesto pipoca em cinema. Achei na internet um excelente texto que tomo a ousadia de publicá-lo sem pedir autorização ao autor, Guss de Lucca. O site, que recomendo, é: http://screamyell.com.br/site/2010/05/27/censura-a-pipoca-no-cinema/
"Um boato sobre a produção surge na internet. Semanas depois o estúdio confirma o projeto. Não custa muito para que divulguem os roteiristas, diretor e nomes que encabeçam o elenco. O coração palpita e a imaginação vai a mil por hora. Você pensa no ator vestindo o figurino da personagem, imagina algumas cenas e tenta até adivinhar as escolhas da direção.
Meses depois um site divulga a primeira foto. Misteriosa, ela serve para aguçar a necessidade de saber mais sobre a produção. Nos fóruns de discussão as pessoas já comentam e muito tempo depois surge o primeiro trailer. Imagem e som editados. Atores em ação. Sequências desconexas sobre uma possível grande história. “Uau! Preciso ver esse filme ontem”, você pensa enquanto assiste ao trailer pela vigésima vez.
A data de lançamento é marcada e você compra o ingresso para a pré-estreia. O dia parece que não passa. O relógio, que até então avançava vagarosamente, só começa a correr quando você deixa o trabalho e voa para a sala de cinema. Não se atrasar pode ser a garantia de um bom lugar, caso você prefira o disputado miolo da sala de projeção.
Já acomodado em sua poltrona você se distraí com a música ambiente e observa a enorme tela branca, ciente de que em poucos minutos o processo que começou meses atrás - às vezes anos! - está para se encerrar. As luzes se apagam. O projetor é ligado. Você prende a respiração. O filme começa. E nesse momento mágico um filho da puta enfia a mão no gigantesco saco de pipoca de seu colo e começa a mastigar aquele milho salgado e barulhento.
Feita a introdução, vamos ao que interessa.
Quem gosta ver filmes não come no cinema. Ponto. E não há argumento algum que me convença de que tal afirmação está errada. Assistir a um filme é uma atividade que requer atenção, concentração e conforto. Se você é uma das pessoas que não consegue ficar sem comer, beber, ir ao banheiro e conversar durante duas horas de sua vida, considere-se uma idiota.
Uma pessoa idiota, de acordo com o Dicionário da Língua Portuguesa Novo Aurélio, sofre de idiotia, que nas palavras da mesma obra consiste em “atraso intelectual profundo, caracterizado por ausência de linguagem e nível mental inferior ao da idade normal de três anos”. Uma ótima definição para quem não consegue prestar atenção durante o tempo de um filme.
Pessoas inteligentes não falam no cinema. Tampouco comem. Elas se alimentam antes ou depois das sessões. Jamais durante. E sempre vão ao banheiro antes do filme começar, afinal, dentro do cinema seu objetivo é um só: assistir a uma história.
Quando compram um ingresso na bilheteria do cinema, as pessoas que gostam de filmes sabem que estão pagando por uma poltrona e pelo direito de assistir a uma projeção sossegadamente. E seria justo que as demais pagantes se portassem de acordo com a ocasião, respeitando o direito sagrado de ver um filme no mais completo silêncio. Se isso não fosse importante, para que construiriam salas com proteção acústica?
Defensores da pipoca dizem que ela tem tudo a ver com cinema. Sempre que ouço isso eu lhes pergunto: Como assim?! Pipoca é um dos alimentos mais barulhentos do mundo. E de boa, é também um dos mais sem graça - tem gosto de sal, fede a manteiga, suja os dedos de quem come e enche os vãos dos dentes de lascas. E sequer é nutritivo ou mata a fome. Comer pipoca e não comer nada só não é a mesma coisa porque o nada não faz barulho.
E até onde sei, quem come pipoca no cinema não o faz nos teatros, igrejas ou durante o sexo - bom, alguns devem comer pipoca durante o sexo, mas não vou me ater a bizarrices. Então por que diabos as pessoas precisam comer pipoca durante um filme? É tão difícil imaginar-se durante uma sessão de cinema sem comer nada, emitir opinião ou ir ao banheiro?
O cinema é o instrumento utilizado para se contar uma história, e a única maneira de entender uma história é prestar atenção em quem a conta - no caso, um diretor por meio de uma câmera. Quem não tem interesse em ouvir - ou no caso assistir - uma história, não deve ir a uma sessão de cinema. Mas a relação das pessoas com os filmes é diferente.
Com o passar dos anos, ir ao cinema tornou-se um programa qualquer, deixando de ser uma grande ocasião. E é curioso analisar que as pessoas não vão a um restaurante quando não estão com fome, ou não vão ao motel quando não querem fazer sexo - mais uma vez melhor ignorar as bizarrices. Porém, muitas vão ao cinema sem sequer saber qualquer informação sobre o filme que assistirão. Idiotas que, para infelicidade geral, só sabem atrapalhar.
Não custa imaginar o futuro, sonhar com o surgimento do “cinema dos justos”, que um dia há de ser construído e onde não serão permitidos alimentos, conversas e idas ao banheiro durante a projeção. Em suma, um cinema à prova de idiotas. Será que vai demorar muito?
*******Este texto é dedicado ao amigo e editor do site Marcelo Costa, que se divertiu com minha inflamada defesa da proibição da pipoca nos cinemas durante um almoço e me convenceu a escrever isso.
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Guss de Lucca é jornalista e historiador, e trabalha no iG Cultura.

16 junho 2010

Pedro Cardoso ataca o preparador de elenco

O ator Pedro Cardoso ataca o preparador de elenco. Eu não estou sozinho. Vejam:

http://canalbrasil.globo.com/index.php?idvideo=6418

Lição das coisas

1) Mais um vídeo sobre a deformação que um filme pode ser vítima quando exibido na televisão ou distribuído em DVD (é verdade que muitas distribuidoras respeitam o formato). Ontem, au hasard, deparei-me com Se meu apartamento falasse (The apartment, 1960), uma das melhores comédias de Billy Wilder, sendo mostrada em cinemascope no Telecine Cult. Qual o critério, pergunto de novo, pois alguns filmes passam deformados em fullscreen (ou foolscreen, como quer Romero Azevedo), sendo que em outros são preservados seus formatos originais.
2) Sobre preparador de elenco, um comentário de Rodrigo faz remeter a um bom artigo sobre o assunto publicado na Revista Piauí que tem como foco central a preparador-mor do cinema brasileira: a polêmica Fátima Toledo, que se diz influenciada por Stella Adler, famosa professora de arte dramática do Actor's Studio ao lado de Lee Strasberg. Vejam o indispensável link:
3) Há, isto sim, um componente de sadismo exacerbado na preparação dos elencos dos atuais filmes brasileiros. Cheguei ao radicalismo de afirmar: não vejo filmes cujos elencos tenham preparadores de elenco. Ou, então, esta chiquérrima: preparador de elenco e merda para mim são a mesma coisa.


15 junho 2010

Preparador de elenco

Creio de uma inutilidade hercúlea a existência de um preparador de elenco para a direção de atores nos filmes brasileiros (ou estrangeiros) como atualmente virou um modismo. Estou até com um certo desconfiômetro quando vou ver um filme que tem seu elenco preparado por fulano ou sicrano. Segundo leio e ouço falar, na preparação do elenco há uma verdadeira sessão de psicanálise e os atores sofrem o pão que o diabo amassou. Em alguns casos, chega-se à tortura chinesa. Um bom diretor tem que saber dirigir seus atores. É o contato diretor-ator que estabelece as nuances interpretativas, salvo se o cineasta é um incompetente. Aliás, no cinema brasileiro, são poucos os realizadores que possuem familiaridade com a dramaturgia e, por isso, contratam um preparador, que faz lembrar aqueles preparadores de lutas radicais. Aqui vai o meu protesto contra esta preparação de elenco. Mas qualquer realizador tem a sua liberdade. Se despreparado, que tenha, como muleta, o tal preparador. Mas tudo, na minha opinião, não passa de grande falácia.

13 junho 2010

Dos crimes praticados contra a obra cinematográfica

Os canais televisivos que não exibem os filmes, quando originariamente realizados com lente anamórfica, em CinemaScope, estão a cometer um verdadeiro crime contra a integridade da obra cinematográfica, pois o quadro fílmico se destrói, e a tela cheia (fullscreen) é um atentado à ideia original como a obra fora concebida. O vídeo que apresento explica didaticamente o processo de degradação do filme quando se dá a aplicação do fullscreen em cima de um filme em CinemaScope, com explicações mais que pertinentes de cineastas como Martin Scorsese, Michael Mann, entre outros. Trata-se, a rigor, de uma verdadeira aula sobre o assunto.
Mas não somente os canais televisivos aplicam tal atentado. Algums distribuidoras de DVDs (a Europa, inclusive, que destruiu, entre outros, Menina de Ouro, de Clint Eastwood no lançamento do disco no mercado, apresentando-o em fullscreen) também fazem o mesmo. Mas o público, alheio e apático, apenas se interessa pela fabulação, pelo enredo, pela trama, e prefere mesmo, na sua ignorância, a tela cheia e, mesmo, para pasmo dos amantes do cinema, que os filmes venham dublados em português.
Vejam o vídeo. É uma lição. Apenas.