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10 junho 2010

Programação comemorativa dos 60 anos do Clube de Cinema da Bahia


De 26/06 a 01/07 –– SESSÕES DE 16:30 e 19:00 HORAS
SALA WALTER DA SILVEIRA

Dia 26/06
6h30
Filme:
Em Busca do Ouro (The Gold Rush , EUA-1925)
Direção:Charles Chaplin
Elenco:Charles Chaplin,Mack Swain e Tom Murray.
Duração: 83 min
Sinopse: Um pobre vagabundo, seguindo os rastros de outros tantos, viaja em busca do ouro no Alasca. No meio de uma tempestade de neve, ele consegue encontrar uma cabana, mas lá tem que disputar espaço com outro homem, um bandido. Jim McKay, outro que está em busca do ouro, surge e acaba salvando a vida do vagabundo, e os dois tornam-se amigos.
19h
Filme:
Cidadão Kane (Citizen Kane, EUA, 1941)
Direção:Orson Welles
Elenco:Orson Welles,Joseph Cotten,Dorothy Comingore,Agnes Moorehead e Ruth Warrick.
Duração:119 min
Sinopse: Figura mitológica da imprensa norte-americana, o multimilionário Charles Foster Kane morre sozinho na sua extravagante mansão e dá um último sussurro: “rosebud”. Na tentativa de descobrir o significado da palavra, um repórter procura pessoas que conviveram e trabalharam com Kane. Elas relatam a vida e a ascensão dele, mas não ajudam a decifrar a charada de sua morte.
Dia 27/06
16h30
Filme:
O Encouraçado Potemkin (Bronenosets Potyomkin, URSS, 1925)Direção:Sergei Eisenstein
Elenco: Aleksandr Antonov, Vladimir Barsky e Grigori Aleksandrov.Duração:75 min.
Sinopse: Baseado em fatos reais, conta peculiaridades da Rússia czarista, que, em 1905, viu um levante anteceder a Revolução de 1917. Estamos no navio de guerra Potenkim, com marinheiros cansados de serem maltratados, comendo carne estragada pensando que ela estava perfeita. Alguns marinheiros se recusam a comer e, então, os oficiais ordenam a execução dos “desertores”. A tensão aumenta e a situação perde o controle.
19hFilme:
Rashomon (Rashômon ,JAP – 1950)
Direção:Akira Kurosawa
Elenco:Toshirô Mifune, Masayuki Mori e Machiko Kyô.
Duração:88 min.
Sinopse:No Japão do século 12, um fazendeiro e sua mulher são atacados numa floresta. Ela é violentada; ele morre. Ao longo do julgamento do caso, cada uma das quatro testemunhas, inclusive o fantasma do fazendeiro assassinado, conta o ocorrido segundo diferentes pontos de vista. Na busca da versão real, o drama questiona o próprio conceito de verdade.
Dia 28/06
16h30 e 19hFilme:
Desencanto (Brief Encounter, GB, 1945)Direção: David Lean
Elenco:Celia Johnson e Trevor Howard.
Duração:86 min.
Sinopse:Em um café numa estação de trem, a dona de casa Laura Jesson encontra o doutor Alec Harvey. Embora ambos já sejam casados, gradualmente apaixonam-se um pelo outro. Eles, então, continuam encontrando-se toda semana no mesmo local, mesmo sabendo que seu amor é impossível
Dia 29/06
16h30 Filme:
Vidas Secas (Brasil- 1963)
Direção:Nelson Pereira dos Santos
Elenco:Átila Iório,Genivaldo Lima, Gilvan Lima e Orlando Macedo.
Classificação:14 anos
Sinopse - Família de retirantes, Fabiano, Sinhá Vitória, o menino mais velho, o menino mais novo e a cachorra Baleia, que, pressionados pela seca, atravessam o sertão em busca de meios de sobrevivência.Inspirado na obra de Graciliano Ramos
19h Filme:
Antes da Revolução (Prima della revoluzione,Itália, 1964)Direção:Bernardo Bertolucci
Elenco:Adriana Asti e Francesco Barilli.
Duração:115min
Sinopse: Parma, 1964. Fabrizio, um jovem de 22 anos, passa por uma fase de indecisão política e afetiva. Apesar de renegar a burguesia, não se sente à vontade no movimento revolucionário, pois se considera à frente das ideologias da esquerda. Ao mesmo tempo, vive um amor conturbado com sua tia.
Dia 30/06
16h30 Filme:
Deus e o Diabo na Terra do Sol (Brasil,1964)
Direção:Glauber Rocha
Elenco:Othon Bastos,Geraldo Del Rey,Sonia dos Humildes e Yoná Magalhães.
Duração:115 min
Sinopse:O cangaceiro Manuel e sua mulher Rosa são obrigados a viajar pelo sertão, após ele ter matado o patrão. Em sua jornada, eles acabam cruzando com um Deus negro, um diabo loiro e um temível homem. Esta é considerada a obra-prima de Glauber Rocha.
Dia 1/07
16h30 Filme:
Paixão dos Fortes (My Darling Clementine, EUA - 1946)Direção:John Ford
Elenco:Walter Brennan,Victor Mature,Linda Darnell e Roy Roberts.
Duração:97 min
Sinopse: Wyatt Earp é o lendário xerife de Dodge City, mas hoje ele se limita a viajar com seus irmãos carregando gado. Em uma das viagens, ele deixa seu irmão mais novo tomando conta do rebanho enquanto vai ao saloon. Quando volta, encontra o pequeno morto e decide aceitar trabalhar no cargo de xerife da cidade, tentando trazer a justiça ao local.
19h Filme:
Bandido Giuliano (Salvatore Giuliano, Itália -1961)
Direção:Francesco Rosi
Elenco:Frank Wolff, Salvo Randone, Pietro Cammarata e Ugo Torrente. Duração:125 min.
Sinopse:O filme conta a história verídica do bandido siciliano Salvatore Giuliano, e de suas relações com a Máfia e o poder.

A composição da imagem é de autoria de Jonga Olivieri.

"A Noite", de Michelangelo Antonioni

Um dos filmes que me despertaram, no decorrer dos anos 60, para a compreensão do cinema como uma verdadeira expressão da arte, foi, sem dúvida, A Noite (1961), de Michelangelo Antonioni. Visto pela primeira vez no Clube de Cinema da Bahia, La Notte, com o domínio da anti-narrativa, promovia o êxtase diante de um cinema que procurava mostrar as difíceis relações entre as criaturas humanas, principalmente no se refere à incomunicabilidade que se manifesta na rotina de um casal. La Notte se constituiu, por assim dizer, numa introdução à cultura superior cinematográfica, formado que era, então, e apenas, pelo cinema de gênero oriundo de Hollywood. A partir de La Notte, vim a conhecer não somente os outros filmes de Antonioni, como as obras dos grandes autores no já citado Clube de Cinema da Bahia (que, neste ano de 2010, cumpre os seus 60 anos de fundação): Resnais, Godard, Truffaut, Kurosawa, Welles, Kenji Mizoguchi, Eisenstein, Fellini, Buñuel, entre tantos. Foi a minha iniciação.

Falar de A Noite, de Michelangelo Antonioni, é falar de uma obra-prima, de um filme emblemático da história do cinema. Responsável pela sublimação da linguagem no ser fílmico, Antonioni praticou um corte longetudinal na evolução da narrativa cinematográfica, com a desdramatização, ou seja, a recusa do espetáculo, a desteatralização, que pode também ser vista em Roberto Rossellini em seu fundamental Viagem à Itália (Viaggio in Itália, 1953), que, a bem da verdade, precedeu o realizador de La Notte. Segundo Marcel Martin, a partir dos anos 50, assiste-se a um progressivo ultrapassar da linguagem, àquilo que se poderia chamar de rejeição das regras tradicionais - da gramática de ferro - para fazer da narrativa fílmica não mais um meio, um veículo de sentimentos e idéias, mas um fim em si: a própria narrativa tornando-se o objeto primeiro da criação. Assim, ficou mais difícil aplicar aos filmes que se colocaram na vanguarda da pesquisa estilística - como a famosa trilogia de Antonioni constituída de A Aventura/L'Avventura, 1960, A Noite, e O Eclipse/L'Eclisse, 1962 - os velhos esquemas da "explicação de textos" habitual, ou seja, a distinção escolástica entre a forma e o conteúdo se tornou impossível e absurda. Antonioni, pode-se dizer, instaurou a estética do filme.

Giovanni Pontano (Marcello Mastroianni), um escritor de sucesso, encontra-se prisioneiro em um universo fictício, incapaz de escrever algo sério, verdadeiro. Sua mulher, Lídia, (Jeanne Moreau) se sente excluída do mundo do marido. A morte de um amigo de ambos (interpretado pelo diretor alemão Bernhard Wicki) faz ainda mais patente o abismo aberto entre eles. Gherardini, o poderoso industrial, tenta comprar o escritor, apesar de seu elevado nível de vida e o orgulho que sente por seu poderio capitalista. Sua filha Valentina (Mônica Vitti), afogada no vazio de seu próprio ambiente burguês, sente uma urgente necessidade de se libertar. Cada um desses personagens de Michelangelo Antonioni permanece preso num beco sem saída. Está exposta a equação existencial tão ao gosto do cineasta de "A Aventura".Antonioni, que rodou o filme em Milão, fixou sua atenção sobre os meios industriais e intelectuais da populosa cidade italiana. A mesma Milão que serviu de cenário a outra obra-prima do cinema italiano: Rocco e seus Irmãos(Rocco i suoi Fratelli, 1960), de Luchino Visconti, tragédia exemplar que estabelece a cinematografia italiana como a mais poderosa do momento cinematográfico nos sessenta, agrupando verdadeiros gênios como Antonioni, Visconti, Fellini, entre tantos outros como Valério Zurlini. Assim, a fixação da inação em Milão não é aleatória, mas tem um objetivo e um propósito. Antonioni quando elege a profissão de seus personagens sabe perfeitamente o que está a fazer: "Exijo sobretudo intelectuais, porque são os que têm a consciência mais exata da realidade, além de uma sensibilidade, uma intuição, mais sutil, através da qual posso filtrar a realidade que desejo expressar. A expressão dessa realidade nos seus filmes se faz pelo exterior ou pelo interior.Antonioni em A Noite aprofunda a linha estabelecida em A Aventura. O esquema dramático maneja uma série de abstrações até então inéditas no cinema de Antonioni. Que, pela primeira vez, reúne Jeanne Moreau e Mônica Vitti, as duas atrizes que melhor souberam expressar as facetas da mulher moderna - a mulher contemporânea dos anos 60, quando a libertação se fazia urgente e o cinema um conduto que muito bem expressava o profundo estado de crise da sociedade burguesa. Um estilo que se caracteriza pelas tomadas longas, estabelecendo, com isso, uma espécie de anti-narrativa cuja exasperação chegou em O Eclipse.
Em A Noite, o industrial Gherardi e sua esposa são realmente figuras da alta burguesia milanesa, assim como em sua maioria os convivas são sócios do Barlassina Golf Club (perto do lago Como), transformado em residência daqueles. Antonioni não incide no jogo duplo em relação a esses atores voluntários. Sua serenidade de artista permite-lhe colocar, ao lado da análise implacável nos diálogos e nos planos, o orgulho do capitalismo que escreve ou roteiriza segmentos da História com personagens verdadeiros, casas verdadeiras, cidades verdadeiras.

Walter da Silveira, ensaísta baiano, após a primeira visão de La Notte, entusiasmado, escreveu um ensaio sobre Antonioni do qual destaco aqui esta parte - que se encontra no livro Fronteiras do Cinema: "Ao contrário do que se tem dito, Antonioni seria, por um paradoxo, o cineasta que mais acredita na sensibilidade e na inteligência do público, dispensando-se de ser evidente para ser claro. E se constrói seu relato fílmico sem excluir o elemento não visual do cinema, dando-lhe a importância de um fator de interpretação ou acentuação da imagem, no final de cada filme transmite-nos uma longa cena silenciosa em que só o gesto define e comunica toda a sua essência vital, ética. Em A Aventura, a mão de Claudia desce, hesita, volta a descer sobre o ombro de Sandro, numa indecisa porém insistente vontade de existência a dois, numa dolorosa porém aguda intuição de que, malgrado todas as demissões, resta ainda ao homem uma tênue possibilidade de libertar-se. Em A Noite, o par cujo casamento já no décimo ano foi tomado pelo tédio, a lassidão conduzindo à incerteza, abraça-se sobre a relva numa cópula de desespero, inseguro da permanência além da madrugada. E em O Eclipse já nem se vêem os recantos em que se encontravam - documentação e também metáfora de uma vida comum abandonada."

A iluminação dessa obra-prima é de um artista: Gianni Di Venanzo.
Publicado no Terra Magazine em 08.06.2010

07 junho 2010

"Rear Window" empata com "Vertigo"

A enquete sobre qual o melhor filme de Hitchcock levou mais de quinze dias em votação. No meio dela, Janela indiscreta (Rear window) passou à frente de Um corpo que cai (Vertigo) e se pensou fosse a obra vencedora, mas, nos últimos dias, houve um aumento nos votos para este último. Resultado: a janela empatou com a vertigem. Assim, ambos com 35 votantes (29%) cada um são os vencedores da pesquisa. James Stewart, nunca ocasião que veio ao Rio de Janeiro (1984), declarou à imprensa que Rear window é o seu preferido de Hitchcock. No total, 120 leitores do blog exerceram o direito de opinar, votando na enquete, o que agradeço. Janela indiscreta é uma verdadeira teoria do cinema, um filme sobre a representação do cinema, a tela que se dá ao olhar, e não se pode deixar de considerá-lo uma obra fundamental não apenas para a filmografia do mestre, mas para a história do cinema. Assim como Um corpo que cai, que numa enquete da Folha de S.Paulo, entre críticos de todo o mundo, para comemorar o centenário da sétima arte, tirou segundo lugar, ficando atrás apenas de Cidadão Kane, de Orson Welles.
Em terceiro lugar, Psicose (Psycho) com 15 votantes (12%), obra de impacto. E, em quarto, Intriga internacional, que considero, particularmente, um dos melhores filmes de Hitch. O quinto ficou com Pacto sinistro (Strangers on the train). Sombra de uma dúvida (Shadow of the doubt), que Hitchcock, em diversas entrevistas, disse ser o seu melhor filme, não recebeu boa votação (3, 2%). Será que os leitores deste blog não o conhecem?

06 junho 2010

Meteorango Kid, o herói intergalático

Na segunda metade dos anos 60, dá-se, na Bahia, o surto underground, cujos filmes podem ser considerados a antítese do chamado Ciclo Baiano de Cinema da primeira metade (Barravento, de Glauber Rocha, A grande feira e Tocaia no asfalto, ambos de Roberto Pires, O caipora, de Oscar Santana, Sol sobre a lama, de Palma Neto e Alex Viany, O grito da terra, de Olney São Paulo, entre outros). Se o Cinema Marginal brasileiro se situa como uma reação ao Cinema Novo e seus postulados, o surto que se verifica na Bahia vem influenciado pelo espírito da época e, principalmente, pelo carro-chefe, que é, indiscutivelmente, O bandido da luz vermelha (1968), de Rogério Sganzerla.

Ainda que André Luiz Oliveira, com seu Meteorango Kid, o herói intergalático (1969) seja o mais consagrado cineasta do surto, há, porém, outros filmes que merecem ser citados, a exemplo de Caveira, my friend (1968), de Álvaro Guimarães, A construção da morte (1968), de Orlando Senna (o produtor Braga Neto, apavorado com o Ato Institucional número 5, distribui aleatoriamente as latas com os negativos que se perdem), e o média Voo interrompido (1969), de José Umberto. Obras radicais nas suas estruturas narrativas, a rigor, nada propõem, mas são extremamente reveladoras da angústia de uma geração e da tentativa de instaurar um cinema mais voltado para a expressão pessoal e desvinculado dos padrões convencionais do espetáculo cinematográfico.

André Luis Oliveira, baiano de Salvador (1948), começa a se interessar pelas imagens em movimento, quando toma um curso livre de um ano (1968) da Universidade Federal da Bahia ministrado por Walter da Silveira e Guido Araújo. Neste curso, vem a conhecer pessoas idealistas que também têm como sonho a realização cinematográfica. Neste mesmo ano, realiza, em parceria com José Umberto, o curta Doce amargo, que, inscrito no Festival Amador Jornal do Brasil/Mesbla, é premiado em segundo lugar. Doce amargo é uma tentativa poética de registrar a vida atormentada de um vendedor de pirulitos que passa por várias situações amargas. Já há, aqui, o uso da alegoria, de figuras de linguagem e uma fragmentação narrativa que iria se acentuar mais em Meteorango Kid, o herói intergalático.

Intitulado a princípio O mais cruel dos dias, e produzido por seu pai, Meteorango é a estréia de André Luiz Oliveira no longa, que, apresentado no Festival de Brasília, obteve o Prêmio do Público e a Margarida de Prata da Central Católica de Cinema. Em 1969, com o reinado do Ato 5, a censura está atenta a todos os filmes da mostra competitiva e disposta a proibir Meteorango. No ano seguinte, em 1970, um outro filme underground baiano, Caveira, my friend, de Álvaro Guimarães, mostrado no mesmo festival num clima asfixiante, tem suas cópias queimadas em plena Praça dos 3 poderes - Caveira, my friend leva quase 20 anos sem ser visto até que consegue ser encontrado.

Estruturado em fragmentos, sem um fio condutor resistente dentro dos cânones da lei de progressão dramática griffithiana, e a utilizar, na sua construção narrativa, materiais de procedências diversas (cartazes, gráficos, letreiros...), Meteorango Kid, o herói intergalático é uma manifestação de rebeldia e desalento bem ao estilo da época em que é realizado: os turbulentos anos do final da década de 60.

A imagem inicial do filme mostra o personagem Lula Bom Cabelo a sair da cruz em filmagem invertida e em câmera lenta. No dia de seu natalício, Lula passa por experiências reais e fantásticas - aqui se pode perceber a justaposição de tempos diferentes: um tempo real que dá conta das andanças de Lula, e um tempo fantástico (a luta dos pseudos-piratas na Baía de Todos os Santos, a estréia de gala de seu filme imaginário, etc). Pela manhã, transforma-se em Batmãe e surra os pais; na escola, assiste a uma assembléia estudantil que não o convence; e decide realizar um filme que o tem como personagem de Tarzã; comparece ao enterro de um homossexual e se recorda dele em vida; participa de uma sessão de maconha em um apartamento com mais dois amigos (uma das sequências mais perturbadoras do filme); e, além do mais, é atacado, no Pelourinho, por um vampiro. Mas, apesar de todo o itinerário agitado, chega, finalmente, em casa, onde aguardam-no seus pais para a festa de aniversário. No final, a repetição da imagem inicial, com Lula a permanecer crucificado no meio das palmeiras.

André Luis Oliveira passa mais de 5 anos sem fazer outro longa até que, em 1975, resolve realizar A lenda de Ubirajara, adaptação de um romance de José de Alencar, que se caracteriza por uma visão romântica e nostálgica do universo primitivo dos índios brasileiros. O longa seguinte somente aparece 20 anos depois: Louco por cinema, em 1995. Cineasta bem bissexto, portanto, que também realiza, neste tempo curtas (Ladeiras de Salvador, por exemplo).

Em Meteorango Kid, o herói intergalático, vale ressaltar a iluminação primorosa de Vito Diniz (em película preta e branca), um dos mais capacitados fotógrafos do cinema brasileiro pouco conhecido porque nunca quis sair da velha província, mas responsável pela direção de fotografia de toda uma geração de cineastas baianos. No elenco, a figura de destaque é Antonio Luis Martins, que faz Lula. Também estão presentes: Nilda Spencer, Milton Gaúcho, Carlos Bastos, Manoel Costa Junior (Caveirinha), Antonio Vianna, Aidil Linhares, Sonia Dias, Ana Lúcia Oliveira, João Di Sordi.

Pode ser encontrado em DVD na coleção dedicada por Eugênio Puppo ao Cinema Marginal