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25 maio 2011

"Lola Montès: obra-prima incompreendida


Filme maldito, rechaçado pela crítica em sua época, retalhado na montagem pelos produtores que não viam nele viabilidade comercial, e repudiado pelo público, Lola Montès (1955), de Max Ophuls, é considerado, hoje, uma das mais importantes obras da história do cinema e cultuada pelas cinematecas de todo o mundo.
Avant la lettre (avançada para o seu tempo), esta obra-prima de Ophuls ainda permanece, no entanto, desconhecida de boa parte daqueles que se dizem conhecedores da arte do filme. É preciso, portanto, ressaltar a sua excelência e a urgência de ser vista e apreciada em sua exata dimensão de obra excepcional, de grande magnitude.
O Telecine, há alguns anos, ainda no Classic, apresentou-a em seu formato original (cinemascope), quando ainda não deturpava as imagens dos filmes mostrados em sua grade programativa. Extinto o Classic, surgiu o híbrido Cult, e quem perdeu enormemente foi o cinéfilo assinante, porque este canal, com raras exceções, verdade seja dita, costuma passar os filmes originariamente feitos em cinemascope espichados no horrível e deformado full screen (tela cheia) para gáudio daqueles debilóides que confundem alhos com bugalhos e pensam, ainda, que existe um cinema de arte. Mas que não se perca mais tempo com isso. O que importa, aqui, é Lola Montès.
Realizado simultaneamente em três versões (alemã, francesa e inglesa), Lola Montès é um afresco deslumbrante da decadência de uma cortesã que acaba na "fogueira" de um circo. Ophuls é um esteta, e seus movimentos de câmera permitiram que dessem origem a uma estética da mobilidade pela assombrosa agilidade de seu manejo, que faz malabarismos com os cenários, os acessórios, os personagens e os sentimentos.
A ação se passa no século XIX e o centro é um circo em Nova Orleans onde o apresentador (Peter Ustinov) anuncia uma atração insólita: uma dançarina, a Lola Montès do título, cuja conduta dissoluta entreteve a crônica internacional durante meio século. E ela é Martine Carol, atriz famosa do cinema francês nos anos 50. A partir dela como centro de um espetáculo circense, na arena de um circo, rodeada de palhaços, trapezistas, acrobatas, anões e um público ávido, sedento, Ophuls faz desfilar a sua vida, que é vista, no filme, através de flash-backs.
Max Ophuls (1902/1957), realizador globetrotter, e de raro brilhantismo e singularidade na história da chamada sétima arte, começa a fazer filmes na Alemanha na década de 30 e depois na Itália, Estados Unidos (onde fez uma obra-prima do intimismo cinematográfico de todos os tempos: Carta de uma desconhecida/Letter from an Unknown Woman, 1948, com Louis Jordan e Joan Fontaine), e França, quando, nos anos 50 realiza três preciosidades de sutileza, de "finesse", de delicadeza no trato da alma feminina e na análise do meio social circundante com um apuro estético inexcedível: Conflitos de amor (La ronde, 1950), com Anton Walbrook, Simone Signoret, O prazer (Le plaisir, 1952), com Jean Gabin, Jean Servais, Daniel Gélin (que foi amante de Danusa Leão nesta época), Danielle Derrieux, Desejos proibidos (Madame de..., 1953), com Danielle Derrieux, Charles Boyer, e Vittorio De Sica.
Tomo emprestadas as palavras de Claude Beylie, ilustre ensaísta cinematográfico francês para situar melhor a importância de Lola Montès. Antes, porém, lembrar que François Truffaut, uma vez, escreveu o seguinte: "Quem nunca viu Lola Montès não pode entender de cinema". Mas vamos às palavras de Beylie: "Hoje, que as paixões se aplacaram, devemos reter Lola Montès. Antes de mais nada, uma rigorosa denúncia do sensacionalismo espetacular e da promoção da mídia. Ophuls que, a este respeito, estava vários passos à frente de sua época, ocultava suas intenções: "As perguntas que o público do circo faz a Lola me foram inspiradas pelos jogos radiofônicos de programas publicitários tremendamente impudicos. Acho apavorante esse vício de tudo saber, essa falta de respeito diante do mistério." No entanto, ao mesmo tempo e paradoxalmente, ele realiza o desejo wagneriano de um espetáculo "total": o tratamento original da cor (na tradição de Jean Renoir e Vincente Minnelli), o uso de "caches", que permitem modificar à vontade o formato da imagem em cinemascope (o que cria a impressão de uma tela variável, submetida a sutis mudanças de cenário na mesma tomada..."
Além da já citada assombrosa agilidade da câmera. Os travellings e as panorâmicas de Ophuls são, por assim dizer, coisa do outro mundo. É bem de ver o que disse Beylie: a cor é trabalhada com tal intensidade que se ajusta como uma luva ao tecido dramático, tornando-se um elemento de composição importante da "mise-en-scène". E na melhor tradição de um Renoir (vejam A carruagem de ouro, French Can Can) e de Minnelli (sim, o grande Minnelli, um dos mais sofisticados e estilizados diretores que o cinema já teve em sua história - basta reparar no sentido cromático que tem "O pirata" (1948), musical revolucionário, esteticamente falando, bem entendido, com a encantadora Judy Garland a sonhar com o seu príncipe encantado que aparece na pele de um "pirata", Gene Kelly, ou o colorido marcante de Agora seremos felizes (Meet me in StLouis, 1944).
A estrutura narrativa original de Lola Montès se pulveriza entre flash-backs, mas não havia um sentido cronológico na cópia desejada pelo autor, cronologia imposta pelos produtores, que cortaram e resumiram esta obra-prima (a mesma coisa seria se arrancar páginas e páginas de um livro para fazê-lo menor). Mas o tempo se encarregou, e o tempo sempre é o melhor juiz da obra de arte, de resgatar a integridade de Lola Montès. Quem vê Lola Montès deve ficar algum tempo de quarentena sem assistir a outro filme.
Baseado num argumento de Cecil Saint-Laurent. A fotografia é de um esteta: Christian Matras, que pinta com a luz. E a partitura, de Georges Auric. Além de Martine Carol, a mulher de conduta dissoluta, e de deslumbramento indiscutível, e Peter Ustinov, estão presentes no elenco: Anton Walbrook (como o rei Luís I da Baviera), Ivan Desny (o tenente James), Lise Dalamare (Craigie), Oscar Werner (o estudante que pega carona), Will Quadflieg (o compositor Liszt), Henri Guisol (o cocheiro), Paulette Dubost (a camareira), e a trupe do circo Kröne.

22 maio 2011

Do advento do cinema moderno

Jean-Paul Belmondo e Jean Seberg em Acossado (A bout de souffle, 1959), de Jean-Luc Godard

Segundo os estudiosos no assunto, existem um Cinema Moderno e um Cinema Pós-Moderno. O primeiro tem início no final dos anos 50 e termina em meados do decurso dos 70. Começa, portanto, com a explosão da Nouvelle Vague francesa até a chamada Nova Hollywood e o Cinema Novo Alemão (quando surgem realizadores do porte de Alexander Kluge, Werner Herzog, Fassbinder, Wim Wenders, entre outros, imbuídos de uma nova visão e de novas propostas).
A Nouvelle Vague, que já foi aqui objeto de dois artigos, completa no ano em curso os seus 50 anos. Quer queiram ou não os seus detratores, muda o cinema a partir de filmes como Acossado (A bout de souffle, 1959), de Jean-Luc Godard, Hiroshima, mon amour (1959), de Alain Resnais, Os incompreendidos(Les quatre-cents coups, 1959), de François Truffaut, etc. A Nouvelle Vague transforma o sistema de produção, dá aos temas um tratamento mais livre, além de se constituir num sopro renovador na linguagem cinematográfica clássica e influenciar outras cinematografias, a exemplo do Free Cinema inglês, o Cinema Novo brasileiro...
Todo bom filme, segundo Truffaut, deve saber exprimir ao mesmo tempo uma concepção da vida e uma concepção do cinema. Antonio Costa (que, apesar do nome, é italiano) em seu livro Compreender o cinema(Saper vedere il cinema, 1987), editado no Brasil pela Globo dentro da Coleção Umberto Eco, sintetiza com muito acerto os quatro pontos inovadores que incidem sobre a instituição cinematográfica no mundo inteiro.
Estrutura narrativa: é abandonado o enredo romanesco tradicional e a construção da personagem acabada e são adotadas soluções mais próximas das novas tendências literárias (embora nem sempre ou não necessariamente nelas inspiradas).
Linguagem fílmica: abandono das formas sintáticas e expressivas tendentes a ocultar o procedimento de encenação e adoção de técnicas de filmagem, de recitação e de montagem de tipo antinaturalista e destinadas a evidenciar a subjetividade do autor.
Ideologia: em vez de evidenciar uma mensagem ideológica unívoca e direta, confiada geralmente a um herói positivo (como no passado o chamado realismo socialista, em alguns momentos do neorrealismo italiano e do realismo poético francês), surgem formas mais fluidas e indiretas, baseadas em procedimentos metafóricos ou alegóricos.
Estruturas de produção: manifesta-se sempre uma exigência de mudança, mesmo que de formas muito distintas segundo as diferentes situações; pode-se variar dos projetos de um circuito de distribuição radicalmente alternativo, como aquele esboçado nos Estados Unidos por Jonas Mekas e pelos film-makers do New American Cinema Group, às propostas reformistas dos cineastas dos países do Leste Europeu, que lutam para conquistar um mínimo de controle sobre o sistema de produção e de distribuição.
As duas etapas que sancionam a formação de um movimento de vanguarda cinematográfica nos Estados Unidos se encontram na fundação, em Nova York, em 1960, do New American Cinema Group, à qual se segue pouco depois a constituição da New York Film Makers Cooperative (1962). É a emergência do Cinema Underground (subterrâneo) no qual afloram os nomes de John Cassavetes (Sombras/Shadows, 1960), Stan Brackhage (Dog star man, 1965), Gregory Markopoulos (Twice a man, 1981), Jonas Mekas (The brig, 1964), Shirley Clarke (The connection, 1961), Sleep (1964) e Empire (1965), de Andy Warhol. Warhol realiza filmes com um único enquadramento fixo num único assunto. Sleep, por exemplo, mostra durante seis horas um homem que dorme, enquanto Empire tem como tema único o Empire State Building, filmado ao longo de oito horas.
Há a explosão renovadora do Leste Europeu após a morte de Stalin (1953): na União Soviética, com o degelo cinematográfico (A infância de Ivan, 1962, de Tarkovsky, Quando voam as cegonhasA balada de um soldado...), na Polônia, com a Escola de Lodz, Wajda (Cinzas e diamantes), Munk, Kawalerowicz (Madre Joana dos Santos), Polanski (A faca na água, 1962), Skolimowski (Sinais particulares: nenhum, 1964). Também na Tchecoslováquia chega-se a se falar numa nouvelle vague com os filmes de Milos Forman Cerny Petr (1963), Os amores de uma loura (1965), entre outros, todos estimulados pela liberação promovida por Dubcek até que os tanques soviéticos, para sustar o sopro de liberdade, invadem o país (1968). E na Hungria, há, na década de 60, um clima de renovação, que revela grande vitalidade e originalidade com Jancsó (Os sem esperança, 1964), Gaal, Kovacs, Zzabo, etc.
As sementes do Cinema Moderno são plantadas, porém, ainda nos anos 50 com a desdramatização efetuada por Michelangelo Antonioni e Roberto Rossellini (Romance na Itália/Viaggio in Italia, 1953). A desdramatizaçãoaqui entendida como a recusa do espetáculo, a desteatralização. Antonioni é fundamental na eclosão deste novo cinema com a sua imprescindível trilogia constituída por A aventura (1959), A noite (1960), e O eclipse(1962, na qual, este geômetra cartesiano dos sentimentos humanos, introduz o domínio da antinarrativa - geralmente, no padrão da linguagem oriunda da indústria, nos filmes sempre há de acontecer alguma coisa, mas nos filmes de Antonioni nada acontece). Outro ponto determinante é o aparecimento do Cinema Direto, que se manifesta inicialmente nos filmes do etnólogo e cineasta Jean Rouch para depois desabrochar no chamado Cinema Verdade, segundo a famosa fórmula de Dziga Vertov, que se propôs a "captar a vida ao vivo". Suas principais características: a filmagem direta, o estilo de reportagem, a forma improvisada, a rejeição das estruturas dramáticas convencionais. Talvez o filme mais completo do Cinema Verité seja Crônica de um verão(Chronicle d'un éte, 1960), de Jean Rouch e Edgard Morin.

Fest Brasília 2011 provoca polêmica


J. Procópio, Presidente da Associação Brasiliense de Cinema e Vídeo, em carta a seus colegas abdistas, critica algumas novidades que foram introduzidas no tradicional Festival de Brasília do Cinema Brasileiro: Aqui vai sua carta:

Caros amigos Abdistas,
Fomos ontem assombrados pela arrogância e a demagogia com que a secretaria de cultura do distrito federal segue impondo às questões caras ao audiovisual. Na coletiva de anuncio das modificações para o 44º Festival de Brasília, resoluções mais polêmicas foram descartadas e, agora, trago a todos para pedir mobilização da ABD Nacional diante do que foi posto.

1 - A Secretaria de Cultura celebra que a premiação de melhor longa-metragem passará a ser de R$ 250 mil reais (antes eram R$ 80 mil). Parece uma boa notícia, mas o que não foi anunciado é que o preço disso, quem paga, somos os curtametragistas: 2/3 da possibilidade de participação dos filmes de curta duração foram retirados do festival, com o fim da mostra digital, além de considerável redução dos valores dos prêmios para curtas, em todas as categorias, chegando casos a representar METADE do valor já anteriormente consagrado;
2 - A Mostra Festivalzinho contemplará apenas animações. Compreendemos que restringir a participação de ficções, visto a produção crescente, é mais um equívoco de encaminhamento;
3 - O ineditismo caiu. Assunto ainda controverso, havíamos anteriormente, ABCV e APROCINE, apresentado proposta em que o ineditismo da mostra competitiva seria mantido e, visto o festival de Brasília ser o último do calendário brasileiro, tiraríamos proveito disso com a realização de uma mostra competitiva paralela, uma espécie de "festival dos festivais", onde os longa metragens contemplados pelo prêmio de melhor filme nos principais festivais brasileiros automaticamente comporiam essa programação, dando a oportunidade de o público conferir essa representativa produção do ano.
4 - A comissão curadora do festival, formado apenas por profissionais locais, não goza de representatividade das associações de Brasília e não representa a pluralidade nacional. A essa comissão, conforme a portaria nº 20, de 7 de abril de 2011, art 3º, "caberá o papel de PROSPECTAR FILMES DE LONGA METRAGEM E DECIDIR SOBRE OS SEIS LONGAS QUE COMPORÃO A MOSTRA COMPETITIVA, além de SUGERIR ao secretário e presidente do Festival, os nomes que poderão compor as comissões de seleção em outras categorias". A proposta que apresentamos para a secretaria de cultura do DF contemplava uma pluralidade representativa nacionalmente, artistica e politicamente, com o objetivo de trazer ao Festival uma estratégia de estreitamento com Itamaraty e Embaixadas, na qual o Festival de Brasília se transformaria em uma vitrine internacional da produção brasileira, no avanço de que nossas obras ultrapassassem as fronteiras, com a presença de curadores internacionais prestigiando nossa progr amação. Proposta essa, alcançada em debates maduros, não foram consideradas. Ao contrário, a comissão curadora constrange a todos aqui, pois apesar de pessoas importantes à produção local comporem a comissão, não gozam do crivo democrático de indicação das associações. Pelo entendimento do secretário Hamilton Pereira, uma comissão curadora é uma "assessoria do gabinete" e, por isso, é indicação do secretário, pois ele "gosta de escolher com quem trabalha". Defendemos que é um completo não compreendimento da responsabilidade e significado conceitual do que é um conselho curador de um Festival.Estamos em Brasília mobilizados para reivindicar responsabilidade e participação nessa questão que nos é tão cara. PRECISAMOS DE APOIO EXPRESSIVO DAS ENTIDADES DE CINEMA DO PAÍS. Peço à ABD Nacional que reivindique amplamente explicações, encaminhem para outras listas essas e outras questões que virão, e principalmente no que diz respeito ao item 1 que aponto acima, pois os curtametragistas fomos sensivelmente prejudicados na configuração que Nilson Rodrigues, coordenador da próxima edição do Festival, impôs e constrangeu a todos."Muito grato,J. ProcópioPresidente da ABCV Associação Brasiliense de Cinema e Vídeo.

O documentarista Sílvio Tendler (Os anos JK, Jango, Glauber, labirinto do Brasil, entre muitos outros) também se manifestou:
"Aplaudo as mudanças operadas no Festival de Brasília que, no me entender, revigorarão o mais importante dos Festivais Brasileiros. Incorporar o digitals as midias possíveis na apresentação de filmes de longa metragem em competição significa trazer o festival para o séulo XXI. Abrir mão do ineditismo e antecipar o festival para setembro darão novo vigor ao Festival. A política de selecionar sómente filmes inéditos é extremanete prejudicial, aos filmes, ao cinema e ao festival. Acho que a política deveria ser mais ousada ainda e não excluir os filmes com prêmio de melhor filme em outros festivais. O Festival de Brasília pode voltar a ser o grande Festival Nacional. E o maior prêmio brasileiro vai fazer de Brasília o mais cobiçado festival."
Parabéns aos organizadores pela iniciativa
Silvio Tendler

O baiano Tuna Espinheira em mensagem para o presidente da APCB (Associação de Produtores e Cineastas da Bahia) cutuca a onça com vara curta:
"O Sílvio deu algumas opiniões sobre as transformações do Festival de Brasília (vide no correr dos e-mails, abaixo). Acho que a nossa Associação deveria se manifestar. Os Festivais são parte da carreira dos filmes. Esta é uma polêmica boa e oportuna. Confira... Eu, falando por mim, cutuquei a onça, sabendo que certamente será em vão, esta coisa de mexer com o Júri é uma heresia!"

E em carta a Beré: "
"Concordo com o Silvio em tudo que disse, ( Festival de Brasília) mas tenho um pequeno adendo, gostaria que, o Júri, após escolher os sortudos premiados, principalmente, o primeiro prêmio, tivesse o a obrigação de explicitar as razões da sua escolha. Isto, acho eu, diminuiria, o mínimo que fosse, o poder dos “lobbystas”, sempre de plantão, certamente com maior apetite, ante a carne suculenta dos ricos prêmios. Afinal, o público merece alguma satisfação. Chega de ações entre amigos! A sugestão para clarear a sentença do Juri não é nenhuma ofensa, entendo que valorizaria mais o prêmio. Caso seja do seu alvitre, repasse para a Rosário. Só não quero que ninguém se avexe"