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25 janeiro 2008
O chicote em ação
23 janeiro 2008
O chicote dos amestradores
O que são, verdadeiramente, a figura da moda dos Diretores de Atores? As produções atuais, digo: aquelas que levam a parte mais polpuda da grana que o Governo renuncia para as famigeradas Lei de Incentivo, somando com os ricos subsídios do BNDS, Furnas, Petrobrás, etc, etc , formando, certamente um caixa mais adiposo que o orçamento, costumam se orgulhar e alardear a presença destes técnicos mágicos, milagrosos, que tiram leite em pedra. (Refiro-me aos atores), pouco importa o nível de qualidade de cada um. Críticos e comentaristas eunucos já começam a antepor um selo de qualidade nos filmes rodados sob o chicote destes amestradores... Vade Retro.
O importante livro, “Afinal Quem Faz Os Fimes”, de Peter Bogdanovich, traz como epígrafe o seguinte: “ Eu gostava de quase todos que me fazia perceber quem diabos estava fazendo o filme [...] Porque o diretor é quem conta a história, e deve ter o seu próprio método de conta-la”. Ass. Haward Hawks. Ora, a relação do diretor/ator é viceral para o sincronismo dramático de um para o outro na feitura de filme. A batuta tem que ser do maestro e não do afinador de instrumentos. Será que a observação, uma feliz definição do fazer cinema, está defasada!? Parafraseando o título do livro citado: afinal o que fazem os diretores quando o filme está sendo filmado? Recebem a massa pronta e põe no molde?
Aproveito para recomendar a leitura do livro ao qual me referi. Editado pela Companhia das Letras. Gostosissimo de ler e aprender."
Tuna Espinheira
22 janeiro 2008
Graça, beleza e estilo: Shirley MacLaine
20 janeiro 2008
Tuna Espinheira manda ver
A comentar o meu artigo recente no site Coisa de Cinema (http://www.coisadecinema.com.br/matArtigos.asp?mat=2220), Tuna Espinheira acha que deveria ter tocado no lobby das agências de propaganda que toma conta dos marketeiros encarregados da liberação de recursos das empresas para o financiamento dos filmes pelas chamadas leis de incentivo. Seu desabafo:
"Seu artigo “Cascalho no Dolby ou para que se produzir se não há exibição?" mostra algumas irrefutáveis verdades sobre a miséria do cinema baiano. Enfatiza, principalmente, a quase impossibilidade dos filmes, depois de prontos, adentrarem no escurinho do cinema comercial, ou seja, a finalidade precípua, o sopro de vida, o caminhar com as próprias pernas que é a vocação de toda obra cinematográfica. Repito uma frase que exemplifica: O cinema não têm nada a ver com a clandestinidade. Já teve o seu apogeu como arte destinada às massas. Fez rir, chorar, entortou cabeças, mudou costumes, transportou culturas num imenso dialogo entre os povos, os mais diversos. Hoje já não é mais aquele brioso Trio Elétrico, não mais arrasta multidões, mas entre aqueles que não morreram, ainda tem muita gente que lhe segue o rastro. O mundo precisa, o Brasil e a Bahia idem, do registro da imagem em movimento. Ante de tudo o cinema é arte, a mais universal e completa, e, no bojo de tudo isto, poderoso instrumento sócio-cultural e político. Quero referir-me, exatamente, a estes filmes a que você toca quando fala na enorme pedra no caminho para as salas de exibição. Há que se aprender a nadar contra a correnteza, nossa briga significa a resistência do cinema brasileiro de baixo orçamento, que mostra a cara do Brasil, sem sotaque, despido da “estética cosmética”, o “voyerismo” masturbatório, a vulgarização da violência, etc, etc. É a utopia que não abrimos mão, é a renovada briga: “O Petróleo é Nosso”
Depois me sugere atacar o lobby, o que concordo: "Li o seu artigo. Acho que é realista, mas uma faca de dois gumes. Não resta dúvidas que produzir um filme e não conseguir exibi-lo é algo calamitoso, patético, um desperdício. Agora deixar de produzir e permitir o vagão da mediocridade correr solto, essa não! Conselho e água só se oferece a quem pede, portanto vou só sugerir: Porque você não fala, usando a coluna com milhares de leitores, sobre grande fraude das famigeradas “Leis de Incentivo”? É de amplo conhecimento que um grupelho de aquinhoadas pessoas, grilaram este terreno. Esta é a principal “saúva” que corroi o cinema brasileiro. São as grandes empresas de publicidade, com seus esgrimistas marketeiros que dão apoio a esta gente. Em cada portão, como no Castelo de Kafka, seja da empresa privada ou que restou da pública, têm um porteiro-marketeiro, cabe a eles selecionar os projetos sedentos de um lugar ao sol debaixo das asas destas, cartas marcadas, leis de incentivo. O chapéu do Governo financia todos os filmes destes amigos do Rei. No quadro atual a finada Embrafilme que, com erros e tropeços, prestou muito serviço ao nosso cinema, principalmente, no que toca a distribuição, fica na lembrança como uma época de ouro. Como faz falta um Alex Vianny, um Dr. Walter da Silveira. Os andrajos do cinema de baixo orçamento é o que resta do antigo vigor do nosso cinema.
Fui informado que já se encontra em curso uma mega produção, já com todo apoio do Estado, na surdina, mais duas estão por vir. É neste sentido que falo em faca de dois gumes. E os Editais? E a prata da casa? Vamos continuar sempre como a província doadora de sangue? Dr, Walter foi um grande defensor do filme produzido na Bahia, trabalhado por baianos. Pelo visto a boa terra vai voltar, mais uma vez, a ser a casa da mãe Joana. Vade Retro..."
Francis Vale, cineasta de Fortaleza (Ceará), comenta, em mensagem enviado ao Velho Tuna, a grande esculhambação que reina, aboluta, no reino do dinheiro e coisas públicas: Abrindo aspas:
"Velho Tuna,
Li com atenção o material que você mandou.É a legítima expressão da verdade. A situação não está nada animadora. As leis de incentivo que, em princípio,parecem democráticas, viraram privilégio de uma minoria. E os editais constituem jogo de cartas marcadas. Hoje em dia, só se fala em filmes de três, quatro, seis milhões. E o pior:aqueles que não são distribuidos pela Globo ou pelas "majors" são exibidos apenas em alguns festivais e depois ficam mofando nas prateleiras. O Poder Público está adotando uma política de total desperdício. Financiafilmes que não são nem serão vistos, por falta de uma ação mais realista,maispé no chão. Para você ver como nós retrocedemos. Depois daquela histórica reunião deOlinda, ficou estabelecido que a Embra patrocinaria dez custas portrimestre,o que dava um total de quarenta por ano. E muitos desses filmes eramexibidosno circuito exibidor antes do filme estrangeiro. Hoje, os editais do MINC e de outros entes estatais não chegam a financiar nem os quarenta por ano e aexibição fica limitada a alguns festivais. Sem contar que esses editaisrecebem milhares de projeto. Se você fizer as contas direitinho, a proporção entre os projetos apresentados e os selecionados vai ficar algo em torno de setenta pra um. Ou seja, um completo absurdo. Quando se fala no B.O. doMINC a proporção é mais de cem pra um, uma vez que são apenas cinco projetosselecionados para muito mais de quinhentos projetos inscritos. É maisdifícildo que ganhar na centena do jogo do bicho. Estou pensando uma coisa com a qual certamente você não vai concordar. Creio que com o advento da TV digital o espaço para os nossos filmes será aTV. Com a multiplicação dos canais, as emissoras terão que adquirir um número maior de programas. Certamente esses programas ainda serão filmesamericanos.No entanto, já há articulação e discussão no Governo no sentido de forçar asemissoras a adquirir obras da produção independente, respeitando percentuais de cada região. Aquilo que está na Constituição e até hoje não foiregulamentado. O projeto de lei foi aprovado na Cãmara mas empancou noSenado. Pois bem. Se o mercado que pode nos restar é esse, o Poder Público deveriafinanciar mais filmes ( curta, médias e longas) em digital. Aumentaria a quantidade e, em consequência, apuraria uma melhor qualidade. E teria um local de exibição até certo ponto garantido. Por outro lado, a exibição digital já está acontecendo em alguns lugares e tende a se generalizar. Basta dizer que festivais como Cannes e Veneza já estão exibindo em digital. Com relação aos curtas, eu não tenho a menor dúvida. Vou lhe citar meu caso particular. Filmei em digital. Gastei uns trinta por cento do orçamento para fazer o transfer. Resultado: a película foi exibida em três festivais. Aúltima vez foi aí na Jornada da Bahia. Em compensação, em DVD eu já fizváriasexibições e distribui algumas dezenas de cópias. Também passou na TVE daqui.Quer dizer: se eu fosse esperar pela exibição da película, teria ficado nos festivais e na prateleira. Por conta disso, eliminei qualquer veleidade de filmar em película. Passaranos para fazer um filme que não vai ser exibido não é mais comigo. E se você for ver, a Kodak e os laboratórios ficam com uma parte expressiva da grana.Eliminando negativos e serviços laboratoriais, fica menos difícil. Outra coisa: no caso dos curtas, há hoje uma rotatividade muito grande. Temgente que ganha um edital hoje(como estreante), faz seu primeiro filme em 35,fica frustrado com a pouca repercussão da obra e desiste de fazer cinema. É isso que tenho observado. Então, a essa moçada que está estreando deveria ser oferecido financiamento para trabalhos em digital. As obras em 35 deveriam ser financiadas apenas para quem já tivesse alguma estrada. Aí odesperdício seria bem menor. Mas no Brasil ninguém tá ligando pra isso. Se agente for falar nisso em público arrisca levar umas boas porradas.É isso. Falei mais que deputado baiano. Desculpa aí. Mas quero que você fale bem mais, pois sua opinião é muito importante pra mim."
Um abraço doFrancis
O rei da comédia
Quando o conheceu pessoalmente, em carne e osso:
"Hollywood, sábado, 2 de novembro de 1963, por volta das 18 horas. A alguns metros de mim, Jerry Lewis em carne, osso, volteios e caretas. Dos jornalistas convidados para a estréia mundial do filme Deu a Louca no Mundo, eu era o mais jovem, quase uma criança, e, certamente, o mais ardoroso fã de Lewis na platéia de seu show de TV, naquela noite dedicado à multiestelar comédia de Stanley Kramer. O que significa que ao show compareceu quase todo o elenco do filme: de Milton Berle e Sid Caesar a Mickey Rooney e Jimmy Durante, passando por Ethel Merman, que nos brindou com um pot-pourri de Cole Porter. Não obstante, o infante aqui só tinha olhos para o mestre-de-cerimônias. Que não me decepcionou, roubando a cena com os pés nas costas - ou quase isso, literalmente. Agitado, sarcástico, inteligente (145 de Q.I., a mesma marca de Benjamin Franklin e Galileu), cheio de cacoetes, inteligente, fumando sem parar. Nenhuma decepção: era esse mesmo o Jerry Lewis que eu imaginara encontrar - o meninão espasmódico, o bagunceiro arrumadinho, o biruta absurdista. Podem ficar com Jim Carrey. Não aceito imitações."
E mais: "Como explicar, sem a psicanálise, as freqüentes posições fetais de seus personagens, o gosto pelas calças curtas e meias soquetes, as carências afetivas, os constantes conflitos familiares, os pesadelos, as fobias, as transferências, a fixação em heróis dos quadrinhos? Seu incontrolável narcisismo seria o único responsável por sua volúpia transformista? Lewis se desdobrava em dois em Mensageiro Trapalhão, O Professor Aloprado e O Fofoqueiro, e em sete em Uma Família Fulera. Ok, Alec Guinness encarou oito papéis em As Oito Vítimas, mas nunca encarnou, de lambujem, a própria mãe, como Lewis fez em O Terror das Mulheres."
Descoberto pelos franceses: "Desprezado pelos críticos americanos, inclusive por aqueles mais afinados com o gosto da crítica francesa, como Andrew Sarris, Lewis transformou-se na segunda maior idiossincrasia francesa aos olhos dos francófobos da direita americana. A primeira continua sendo o escargot, que talvez já tivesse perdido a supremacia se Lewis ainda fosse o que era na década de 60. O governo francês lhe deu a Légion d'Honneur, a Cinemateca Francesa dedicou-lhe uma retrospectiva em 1964 e o Festival de Cannes o convidou para jurado e para receber um prêmio especial em 1979. Saiu na França, em 1970, o primeiro ensaio monográfico a seu respeito: o volume 59 da coleção Cinéma d'Aujourd'hui, da Seghers, escrito por Gérard Recasens."
Ainda mais: "Por estas bandas, as mais simpáticas acolhidas às comédias de Lewis traziam a assinatura de Moniz Vianna, que aprendera a gostar do comediante nas melhores patuscadas (Artistas e Modelos e Ou Vai ou Racha) da dupla Jerry Lewis-Dean Martin dirigidas por Frank Tashlin, e José Lino Grünewald, para quem o Lewis cineasta, discípulo assumido, porém mais ousado, de Tashlin, até porque mais metalingüístico, "fez o cinema absorver o moderno com uma precisão avassaladora" - notadamente a partir de O Terror das Mulheres, atingindo o ápice com a mais inventiva e perturbadora adaptação de O Médico e o Monstro, de Robert Louis Stevenson: O Professor Aloprado. Claro que não foi da refilmagem de The Nutty Professor, com Eddie Murphy, que tiraram o professor John Frink da série Os Simpsons.
"A dupla Martin-Lewis (sim, por incrível que pareça, era nessa ordem) encheu de alegria a minha infância.