Tuna Espinheira escreveu o artigo que vai abaixo sobre as pegadinhas que estão colocadas no Regulamento do DOCTV, que, também concordo, revelam desconhecimento do processo de criação no documentário. A foto é histórica e foi tirada num intervalo das filmagens de um documentário sobre o grande advogado Sobral Pinto, um dos poucos (senão o único) depoimentos do inesquecível homem do Direito. Vê-se, na foto, o velho advogado, e Tuna é o barbudo e, na época, cabeludo, estando a seu lado, de óculos escuros, a sua companheira de sempre Yara. Os outros, sem contar os já citados, da direita para a esquerda: o maestro Jaceguai Lins, que fez o som direto, Nonato Estrela e o iluminador Antonio Luiz Mendes. Mas vamos ao texto de Tuna:
"Na Bahia, o IV Edital do DOCTV, chega com uma auspiciosa novidade: serão seis projetos premiados. Nos demais Estados da Federação apenas um, ou no máximo, dois serão escolhidos . Motivo de justa alegria para os documentaristas da terrinha. Mas, no bojo destas boas novas, tem uma invencionice novidadeira, tipo: decifra-me ou te devoro. É que, para o Tribunal do Júri, além da Justificativa do Projeto, do tradicional Roteiro, colocaram umas “pegadinhas”, exigindo contar, em palavras, o que vai ser escrito em imagens (o trabalho pronto, o filme/vídeo). Eis alguns exemplos: “descreva sua visão original sobre o processo contemporâneo abordado, a ser traduzido pela idéia audiovisual”. “Não se trata de descrição do tema ou de sua importância, mas da proposta formal do filme...” Ora, a linguagem, a “proposta formal do filme”, só terá vida depois de rodado/filmado, quando se permite a sua “visura”.
Sabe-se que, entre o roteiro e o filme pronto, existe um poço abissal, entretanto, para um bom decifrador, dá para enxergar uma espécie de retrato falado da arte em movimento anunciada. O Script está longe de ser uma peça literária, não tem vida própria, mas é o filme traduzido em indicações técnicas, fornece a idéia do projeto, vislumbra o que se pretende fazer.
Na arte, o “como se faz” é que faz a diferença, o estilo/linguagem, como dizia Noel: “Samba não se aprende no Colégio”. Não se explica, não se advinha, não se escreve, não se visualiza a linguagem, esta só vai ter vida depois da obra pronta e vai depender, fatalmente, do estilo e talento, de cada autor.
A Justificativa do Projeto e o Roteiro, são as principais matérias que permitem, ou pelo menos, dá uma luz, para o julgamento de um projeto cinematográfico, o que, não deixa de pressupor, um inerente contrato de risco. O Regulamento citado põe arapucas e pedras no caminho, mas todos serão obrigados a macaquear esta tal “linguagem” que, queira ou não, vão ter de expor no projeto.
Tudo o que foi dito redunda em um comentário/desabafo inútil. Só resta: Fé em Deus e pé na taboa." Assinado: Tuna Espinheira.
Sabe-se que, entre o roteiro e o filme pronto, existe um poço abissal, entretanto, para um bom decifrador, dá para enxergar uma espécie de retrato falado da arte em movimento anunciada. O Script está longe de ser uma peça literária, não tem vida própria, mas é o filme traduzido em indicações técnicas, fornece a idéia do projeto, vislumbra o que se pretende fazer.
Na arte, o “como se faz” é que faz a diferença, o estilo/linguagem, como dizia Noel: “Samba não se aprende no Colégio”. Não se explica, não se advinha, não se escreve, não se visualiza a linguagem, esta só vai ter vida depois da obra pronta e vai depender, fatalmente, do estilo e talento, de cada autor.
A Justificativa do Projeto e o Roteiro, são as principais matérias que permitem, ou pelo menos, dá uma luz, para o julgamento de um projeto cinematográfico, o que, não deixa de pressupor, um inerente contrato de risco. O Regulamento citado põe arapucas e pedras no caminho, mas todos serão obrigados a macaquear esta tal “linguagem” que, queira ou não, vão ter de expor no projeto.
Tudo o que foi dito redunda em um comentário/desabafo inútil. Só resta: Fé em Deus e pé na taboa." Assinado: Tuna Espinheira.