Em homenagem a Tony Curtis, um momento de Quanto mais quente melhor (Some like it hot, 1959), de Billy Wilder.
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30 setembro 2010
IM MEMORIAM: TONY CURTIS
Com Tony Curtis (1925/2010) morre praticamente a grande comédia americana. Impossível esquecê-lo em Quanto mais quente melhor (Some like it not, 1959), de Billy Wilder, A embriaguês do sucesso (ao lado de Burt Lancaster) ou como Antoninus de Spartacus.
IN MEMORIAM: ARTHUR PENN
Arthur Penn (1922/2010), grande cineasta americano, que morreu por estes dias, teve seu apogeu nos anos 60, quando fez O milagre de Anne Sullivan, Bonnie and Clyde, Caçada humana (The chase), Mickey One, e, nos 70, a desmistificação do heroísmo americano em Pequeno grande homem (Little big man) e o thriller instigante e insólito Um lance no escuro (Night moves, 1975), que dá uma idéia da América sombria pós-Watergate.
28 setembro 2010
Ben-Hur
1.) "Ben-Hur", o maior espetáculo épico de todos os tempos, realizado em 1959, está a completar, neste ano, 51 anos. Exibido em cópias restauradas em Veneza e Berlim, para a comemoração da data, ano passado, surpreendeu pela sua espetaculosidade, pela artesania de sua construção dramática, e, principalmente, pela sequência da corrida de bigas - que tem uma montagem perfeita à altura de um Griffith. Há filmes que podem ser visto em DVD, mas "Ben-Hur" é um caso especial, é um espetáculo que somente pode ser plenamente apreciado na tela grande da sala exibidora. No esplendor do seu Super 70mm ou, mesmo, em cinemascope 35mm.
2) Realizado em 1959, "Ben-Hur" somente foi lançado em Salvador dois anos depois, em 1961, no cine Tupy, cinema que apresentava as superproduções da época ("Spartacus", "Os dez mandamentos"...). Naquela época, um filme estrangeiro demorava alguns anos para ser lançado no Brasil. Primeiro no eixo Rio-São Paulo, e nas outras capitais havia um atraso de mais de um ano. Era um tempo em que se ia ao sul para ver filmes, porque em Salvador somente apareciam um ano depois. Atualmente o panorama mudou muito, pois os filmes têm lançamentos simultâneos em todo o mundo.
3) O grande William Wyler é o diretor de "Ben-Hur". O filme, não se pode negar, é magnífico. Wyler é um cineasta requintado, que realizou, ao longo de sua carreira, obras fundamentais: "Os melhores anos de nossas vidas" ("The best years of our lifes", 1946), que considero um dos maiores filmes que já vi, "Jezebel", "O morro dos ventos uivantes" ("Wuthering Heights”, 1939), que é, sem dúvida, a melhor adaptação do livro de Emily Brönte, com Laurence Olivier e Merle Oberon, "Infâmia" ("The children's hour", 1961), o western "Da terra nascem os homens" ("The big country", 1955), com Charlton Heston e Jean Simmons, entre muitos outros. E não se pode deixar de fazer uma alusão a uma obra crepuscular e de inusitada importância como "O colecionador" ("The collector", 1963), com Terence Stamp.
4) A Metro Goldwyn Mayer, apesar de ter gastado uma fortuna para os padrões da época, lucrou muito, pois o filme foi um sucesso estrondoso em todo o mundo. Ganhou 11 Oscars, e, para falar a verdade, quando adolescente, época que vi o filme em seu lançamento, como já disse, em 1961, não conhecia ninguém que não tivesse visto "Ben-Hur", que teve "première" concorridíssima no dia 18 de novembro de 1958 no New York City.
5) Baseado na novela de Lew Wallace, "uma história dos tempos de Cristo", os créditos do filme dão como roteirista Karl Tunberg, mas outros tiveram muita influencia, ainda que não creditados, como Christopher Fry e Maxwell Anderson, além do escritor Gore Vidal, que tentou dar "uma alusão homossexual" ao relacionamento entre Judah Ben-Hur (Charlton Heston) e Messala (Stephen Boyd), principalmente na sequência, logo no princípio, do efusivo reencontro entre os dois.
6) A ação de "Ben-Hur" se passa em Jerusalém, no início do século I. Judah Ben-Hur (Charlton Heston), um rico mercador judeu, vive tranquilamente. Mas, com o retorno de Messala (Stephen Boyd), um amigo da juventude, que agora é o chefe das legiões romanas na cidade, um desentendimento, devido a visões políticas divergentes, faz com que Messala condene Ben-Hur a viver como escravo em uma galera romana, mesmo sabendo da inocência do ex-amigo. Mas o destino vai dar a Ben-Hur uma oportunidade de vingança que ninguém poderia imaginar.
7) O elenco é soberbo. Charlton Heston, ator sempre recrutado para os épicos ("Os dez mandamentos", "El Cid") é Ben-Hur. O inglês Jack Hawkins faz Quintus Arrius. Para o principal papel feminino foi recrutada uma atriz israelense: Haya Harareet (Esther), que, depois de "Ben-Hur", parece que desapareceu das telas. Stephen Boyd é Messala, ator que teve morte prematura (ataque cardíaco) antes de completar cinquenta anos. Mais: Hugh Griffith, Martha Scott, Cathy O'Donnell, Sam Jaffe, entre outros. A partitura, que ficou para sempre na memória, é do maestro Miklós Rózsa. "Cinematografado" por um artista da luz: Robert Surtees.
8) Apesar do Oscar de melhor diretor, Wyler não dirigiu a melhor seqüência de “Ben-Hur”, que é a corrida das bigas. Os responsáveis são os diretores da segunda unidade Yakima Kanutt, principalmente, e Mario Soldati. Não seria exagero dizer que esta seqüência pode ser inclusa nas antologias sobre a história do cinema.
9) “Ben-Hur”, lançado em DVD em edições de colecionador e de luxo, pode ser visto no disquinho. Por melhor que o cinéfilo tenha o seu ‘home-theater’, não terá a oportunidade de ter a mesma sensação daqueles que o viram na telona das salas exibidores na espetacular bitola 70mm – hoje desaparecida. A bem de ver, via-se os filmes com muito mais intensidade e as projeções ofereciam maior impacto do que atualmente quando as versões digitais, que deformam os filmes, estão a se espraiar pelos cinemas. Ver “Ben-Hur” baixado na internet e em tela de computador? Nem pensar.
10) Apesar de toda a admiração que tenho por “Ben-Hur”, meu melhor épico no cinema continua sendo “Spartacus”, de Stanley Kubrick.
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27 setembro 2010
O jardim das folhas sagradas
Trailer de O jardim das folhas sagradas, de Pola Ribeiro, o mais recente filme genuinamente baiano que tem estréia no Festival do Rio.
Tuna faz documentário sobre Anísio Teixeira
Da esquerda para a direita: o cineasta baiano Tuna Espinheira, o historiador Luis Henrique Dias Tavares e Nide Nobre (representante da Secretaria de Educação da Bahia e que assessora as filmagens). Clique na foto para vê-la ampliada. Tuna Espinheira, um dos mais profícuos documentaristas baianos, com uma filmografia que conta quase duas dezenas de títulos (a ficção, incursionou-a em apenas dois filmes: Cascalho - o primeiro longa, e O cisne também morre), está agora realizando um documentário sobre o grande educador baiano que foi Anísio Teixeira. Pela riqueza do material que está colhendo (depoimentos, filmagens in loco...), o filme talvez possa resultar num longa metragem. Tem tido a colaboração do historiador (e contista celebrado) Luis Henrique Dias Tavares. Transcrevo abaixo, tirado da Wikipédia, algumas informações importantes sobre o bravo educador, que morreu misteriosamente, caindo num poço de elevador, quando dos anos de chumbo da ditadura militar. Anísio Spínola Teixeira (Caetité, 12 de julho de 1900 — Rio de Janeiro, 11 de marçode 1971) foi um jurista, intelectual, educador e escritor brasileiro. Personagem central na história da educação no Brasil, nas décadas de 1920 e 1930, difundiu os pressupostos do movimento da Escola Nova, que tinha como princípio a ênfase no desenvolvimento do intelecto e na capacidade de julgamento, em detrimento da memorização. Reformou o sistema educacional da Bahia e do Rio de Janeiro, exercendo vários cargos executivos. Foi um dos mais destacados signatários doManifesto dos Pioneiros da Escola Nova (ver sua íntegra em [1]), em defesa doensino público, gratuito, laico e obrigatório, divulgado em 1932. Fundou a Universidade do Distrito Federal, em 1935, depois transformada em Faculdade Nacional de Filosofiada Universidade do Brasil. Biografia de um educador
Formação e início da vida públicaSeu pai, o médico Deocleciano Pires Teixeira, foi chefe político do município de Caetité, casara-se com três irmãs, sucessivamente, sendo sua mãe a terceira delas. A família Spínola, secular na região, tinha já vários expoentes na vida social e política nacional - a exemplo de Aristides Spínola e Joaquim Spínola, que foi presidente do Tribunal de Justiça da Bahia, e fundador daRevista dos Tribunais. Em sua cidade natal iniciou os estudos no Colégio São Luís Gonzaga, de jesuítas, continuando depois sua formação basilar em Salvador, em 1914, no Colégio Antônio Vieira, também desta Ordem Religiosa. Sob a influência desta instituição, cogitou tornar-se um jesuíta - sonho veementemente combatido por seu pai, que projetara uma carreira política para o filho. Ainda aos dezessete anos teve sua inteligência reconhecida por Teodoro Sampaio, que o convida para proferir uma palestra no Instituto Histórico e Geográfico da Bahia. Formando-se em 1922 na Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro (atualFaculdade de Direito da UFRJ), dois anos depois foi nomeado pelo Governador Góes Calmon Inspetor Geral de Ensino da Bahia - cargo equivalente hoje ao de Secretário da Educação. O educador na BahiaA fim de melhor desempenhar esta função viaja, em 1925, para a Europa, onde observa o sistema educacional de diversos países - implementando em seguida várias reformas no ensino do estado. Anísio consegue ampliar o sistema educacional, privilegiando a formação de professores. Em sua terra natal, Caetité, reinaugura a Escola Normal, fechada em 1901 por Severino Vieira. Em 1927 vai aos Estados Unidos, onde trava conhecimento com as ideias do filósofo e pedagogoJohn Dewey, que muito vão influenciar seu pensamento. No ano seguinte demite-se do cargo pelo fato do novo governador não concordar com suas ideias sobre mudanças no ensino. Volta aos Estados Unidos (1928), onde faz pós-graduação. De volta ao Brasil traduz, pela primeira vez em português, dois trabalhos de Dewey. No Rio de JaneiroMuda-se para o Rio de Janeiro, ocupando a Diretoria da Instrução Pública do Distrito Federal, em 1931, em cujo mandato institui a integração da "Rede Municipal de Educação", do fundamental à universidade. Diversas melhorias e mudanças foram feitas, mas a que maior polêmica gerou foi a criação da Universidade do Distrito Federal, em 1935. Em 1932 participa do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, tendo publicado neste período duas obras sobre educação que, junto a suas realizações, deram-lhe projeção nacional. Política, realização e perseguiçãoDurante a última fase do Estado Novo, Anísio afasta-se da vida pública. Dedica-se, então, à mineração - atividade de alguns parentes. Aproxima-se mais do amigo Monteiro Lobato e publica Educação para a Democracia, além de realizar diversas traduções. Na década de 1940 foi Conselheiro da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). Voltando o país ao regime democrático, em 1946, Anísio é convidado por Octávio Mangabeira - socialista, fundador da UDN, também exilado e então eleito para o Governo da Bahia - para ser o Secretário de Educação e Saúde. Dentre outras realizações, constrói naLiberdade - o mais populoso e pobre bairro da capital baiana - o "Centro Educacional Carneiro Ribeiro", mais conhecido por Escola Parque, lugar para educação em tempo integral e que serviria de modelo para os futuros CIACs e CIEPs. Nos anos 50, dirigiu o Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos, ou INEP, órgão do Governo Federal, que desde o governo de Fernando Henrique Cardoso se chama Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (ver seu site em [2]). Foi também o criador e primeiro dirigente da Campanha Nacional de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (atual CAPES), criada em 11 de julho de 1951, pelo Decreto nº 29.741, pelo presidente Getúlio Vargas, e que Anísio dirigiu até o golpe de 1964. A CAPES subordinava-se diretamente ao Presidente da República mas, depois de 1964, passou a integrar o organograma do Ministério da Educação (ver [3]). De todo modo, com a ditadura militar, Anísio deixou a sua direção. Foi um dos idealizadores do projeto da Universidade de Brasília (UnB), inaugurada em 1961, da qual veio a ser reitor em 1963, para ser afastado após o golpe militar de 1964. Uma morte misteriosaDiversas circunstâncias obscuras cercam a morte de Anísio Teixeira. Dois meses antes da sua, ele escreveu: "Por mais que busquemos aceitar a morte, ela nos chega sempre como algo de imprevisto e terrível, talvez devido seu caráter definitivo: a vida é permanente transição, interrompida por estes sobressaltos bruscos de morte". (numa carta a Fernando de Azevedo) Por intercessão do amigo Hermes Lima, Anísio candidata-se a uma vaga da Academia. Inicia, assim, a série de visitas protocolares aos Imortais. Depois da última visita, ao lexicógrafo Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, Anísio desaparece. Preocupada, sua família investiga o paradeiro, sendo informada pelos militares de que ele se encontrava detido. Uma longa procura por informações tem início - repetindo um drama vivido por centenas de famílias brasileiras durante a ditadura militar. Mas, ao contrário das desencontradas informações e pistas falsas, seu corpo é finalmente encontrado. Anísio estava no fosso do elevador do prédio do imortal Aurélio, na Praia de Botafogo, no Rio. Dois dias haviam se passado de seu desaparecimento. Não havia sinais de queda, nem hematomas que a comprovassem. A versão oficial foi de "acidente". Calava-se, para um Brasil mergulhado em sombras, uma voz em defesa da educação - portador da "subversiva" ideia de um país melhor. Era o dia 14 de março de 1971. O legado
Pensamento de AnísioAlgumas de suas ideias, expressas nos vários livros e artigos, revelam sua constante preocupação com uma educação livre de privilégios, cada vez mais valorizada.
Depoimentos sobre o educadorComo exórdio da importância de Anísio para a intelectualidade brasileira, o trecho da seguinte carta a ele dirigida, escrita por Monteiro Lobato, reflete como suas ideias podem animar os que verdadeiramente acreditam no Brasil:
Aqui seguem-se algumas das opiniões acerca deste importante educador:
BibliografiaDentre as sua obras, destacam-se:
HomenagensDepois de muito tempo relegado ao esquecimento, com o fim da ditadura militar, a memória de Anísio Teixeira foi, aos poucos, sendo resgatada. Sem dúvida, o maior passo neste processo, deu-se com o lançamento, em 1 de outubro de 1993, da cédula de mil Cruzeiros Reais, lembrando o grande educador, que ficou em vigor até julho de 1994, quando foi substituída pelo Real. O ano de seu centenário de nascimento, 2000, foi marcado por diversas homenagens. Muitas entidades educacionais ou, mais especificamente, pedagógicas, realizaram eventos em comemoração. Inúmeras instituições de ensino no país levam seu nome, em especial o Instituto de Educação Anísio Teixeira, na sua terra natal. A cadeira número 3 da Academia Caetiteense de Letras, em sua cidade natal, traz como patrono o grande educador. |
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