Carlos Alberto Vaz de Athayde pintava com a luz de sua câmera Paillard Bolex, que seu pai lhe trouxera da Suíça. Sempre de paletó e gravata, uma vez o acompanhei para uma filmagem na praia. Todos os membros da equipe, feitas as rodagens necessárias, tomaram banho de mar, mas Athayde, sentado numa barraca, com sua quentinha cheia de cafezinho, ainda que convidado, recusou-se a tirar o paletó. Como relatam os testemunhos de Kabá, José Umberto e Tuna Espinheira, publicados ontem, Athayde foi um grande incentivador dos cineastas baianos. Morreu pobre e esquecido em 1990. É hora de algum evento baiano de natureza cinematográfica instituir um prêmio com o seu nome. A nova geração, da qual tomei o pulso, não o conhece nem de nome.
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29 agosto 2012
Carlos Alberto Vaz de Athayde
Athayde e sua filha Mara Athayde |
Poucos
os cineastas idealistas como Carlos Alberto Vaz de Athayde, que, falecido há
vinte e dois anos, em julho de 1990, vitimado por um fulminante enfarte, deixou imensa
lacuna no meio cinematográfico baiano, embora, considerando a falta de memória
típica dos soteropolitanos, a maioria não mais se lembre desse autêntico Don
Quixote. E Quixote em todos os sentidos, pois sua idéia fixa, sua vontade de
fazer cinema, sua abnegação pela causa, faziam com que lutasse contra moinhos de
vento. Vamos recordá-lo, portanto.
Fotógrafo, cineasta, escritor, Carlos Alberto Vaz de Athayde
fora, antes de tudo, um amante do cinema, um idealista, um sonhador que
acreditara nas possibilidades de o baiano poder vir a se expressar através das
imagens em movimento.
Humanista , de natureza tranqüila, lhano trato, caráter de
retidão indiscutível, Athayde, quando comprara, no Rio de Janeiro, em 1965,
durante o Festival Internacional de Cinema que ali se realizara, uma câmara
Paillard Bollex, decidira colocar esta a serviço do cinema baiano. No seu
retorno da temporada carioca, pensara num projeto há muito acalentado: realizar
em Salvador um curso de iniciação cinematográfica. Em 1967, no seu primeiro
semestre, conversando com o sociólogo Yves de Oliveira, sentira neste o
entusiasmo pela idéia e, principal responsável pela Escola de Sociologia e
Política, que ficava situada na Ladeira da Barra (logo no princípio), colocou
esta à disposição de Athayde como um espaço disponível para a realização do
curso desejado. Com sua câmara Bollex de 16mm, Athayde programara suas aulas de
"Fotografia no cinema" e, para ajudá-lo em outras disciplinas, convidara Orlando
Senna, que se encarregara de "História do Cinema", e Carlos Vasconcelos
Domingues, que ficara responsável pela "Sociologia Cinematográfica". Vendo uma
nota no jornal, este comentarista, ainda com seus dezessete anos incompletos,
resolvera se inscrever e, então, na Escola de Sociologia Política, que depois
seria fechada pela ditadura, viera a conhecer o cineasta Carlos Alberto Vaz de
Athayde.
O curso serviria de oportunidade para que várias pessoas
interessadas em cinema se conhecessem e daí partissem para a formação de um
grupo de estudos cinematográficos que, meses depois, estruturado, organizado,
tomara o nome de GIC (Grupo de Iniciação Cinematográfica), núcleo que dera
origem à evolução de alguns dos cineastas que hoje batalham no cinema da Bahia.
Athayde fora um animador, entusiasta do grupo, fazendo extrapolar o curso para
uma amizade com os demais integrantes deste, os quais, neófitos, procuravam dar
seus primeiros passos na arte da contemplação da obra fílmica. Reunindo-se, a
princípio, na Residência do Universitário, R2, na Vitória, o GIC não tardará a
tentar uma empreitada mais arrojada: a realização de um filme em 16mm,
curta-metragem, com roteiro escolhido democraticamente entre os apresentados
pelos membros do grupo. E surgira ”Perambulo”, obra impregnada de realismo
social, de cinema ’enragé’, influência do Cinema Novo, de Glauber e do
neo-realismo. Quem seria o diretor de fotografia? Athayde, evidentemente, que
emprestara sua câmera e seu trabalho, sempre disposto a animar a equipe, a
indicar-lhe os caminhos dos sonhos concretizados. Antes, porém, a mesma Paillard
Bollex servira a O Carroceiro,
de Ney Negrão (de saudosa memória), com Athayde mirabolante, entusiasmado,
fazendo as maiores estripulias para dotar o filme de ângulos inusitados. E para
isso, com suas propostas de enquadramentos ‘sui generis’, Carlos
Alberto Vaz de Athayde, com seu indefectível paletó e gravata, subira até em
árvores na tentativa de captar um ângulo melhor para O
Carroceiro.
.Outra característica de Athayde era a sua impontualidade. Nunca
chegara a um encontro na hora certa. Seu tempo não conseguira se ajustar à
temporalidade da rotina diária, vivendo num tempo à parte, particular. Numa
filmagem de “Perambulo”, marcada para as 9 horas da manhã, Athayde, como
fotógrafo, fizera a equipe lhe esperar até às 14 horas. Lembra-se este
comentarista que todos os componentes da equipe foram à casa de Athayde (que,
nesta época, morava na Princesa Isabel, perto o Clube Bahiano de Tênis) e o
encontrara ainda em pijama mergulhado (literalmente) num prato de feijão.
Poder-se-ia dizer que Athayde fora uma figura folclórica do cinema baiano, mas,
inegável e indiscutível, o seu prestígio como um homem abnegado que amara o
cinema sobre todas as coisas e nunca se recusara a participar e ajudar aqueles
que se iniciavam no ‘métier’ cinematográfico. E fora assim que ajudara
José Umberto no longa que este realizara em 1972 chamado “O Anjo
Negro”, participando, ainda, como ator na figura de um padre, papel,
aliás, que parecia lhe cair como uma luva, pois fora também como padre que
aparecera em “Doce Amargo”, de André Luiz de Oliveira e José Umberto, curta
premiado no Festival do "Jornal do Brasil" e
Mesbla.
Carlos Alberto Vaz de Athayde também filmara projetos
pessoais, como um filme inacabado sobre os monumentos de Salvador: “Ensaio de
Perspectiva”, cujo título já dá para se ter uma idéia da tentativa de
dimensionamento estético na arte de fotografar. Nos últimos anos, vivera
sozinho, num apartamento na Ladeira da Barroquinha, de onde vira o poente pela
última vez, por trás da imagem do poeta Castro Alves. Sozinho, meio desiludido,
o cinema ficara como coisa do
passado.
Carlos Alberto Gaudenzi, Kabá, cineasta baiano, depois de ter lido esta minha pequena homenagem ao grande Athayde, publicada nesta mesmo blog há três anos, enviou-me uma preciosa mensagem que faço questão de aqui registrar:
Carlos Alberto Gaudenzi, Kabá, cineasta baiano, depois de ter lido esta minha pequena homenagem ao grande Athayde, publicada nesta mesmo blog há três anos, enviou-me uma preciosa mensagem que faço questão de aqui registrar:
"Setaro,
Bela
homenagem a Athayde. Por merecimento, o exemplar amigo foi lembrado por você.
Meu quase primeiro curta O CORTIÇO (nada a ver com o livro do Azevedo), foi
rodado com a velha Paillard Bolex de Athayde. Ficamos no cortiço (Pelourinho,
bem perto do Hotel de mesmo nome) uns 3 dias, fazendo a pré-produção, anotando,
fazendo o roteiro, tomando depoimentos etc. Rodamos numa sexta-feira num
verdadeiro passeio de câmera sobre os 4 andares do casarão, cenas que serviriam
de base para o filme. Ali, moravam umas 30 pessoas de 5 ou 6 diferentes
nacionalidades e baianos mesmo em maioria. Lembro que no dia seguinte
encontramos o Cliton Vilella no Pelourinho e conversamos sobre amenidades do
meio no Rio e S.Paulo). No dia seguinte iríamos filmar 3 depoimentos (sem sync,
na base de 5 palavras e corte para off, flash back e outros
recursos improvisados). Athayde chegou a contactar um ex-comandante do Corpo de
Bombeiros, seu conhecido, pois precisava viabilizar umas cenas que eu queria
fazer de fora para dentro dos quartos, numa visão espacial e, certamente,
esteticamente ricas. Para tanto estava tentando conseguir a escada Magirus que
usaríamos como uma formidável grua. No domingo, lá estava a escada
Magirus...tentando apagar o fogo que destruira o casarão, o cortiço e o nosso
filme. Ficamos perplexos, sem acreditar no que víamos. Por muita sorte, ninguém
morreu. Morreram sonhos de muitas pessoas que perderam pequenos bens e muitas
referências. E também morreu ali o nosso sonho do primeiro filme, depois das
aulas de padre barçote, Paulo Emílio Salles Gomes e das palestras de Walter da
Silveira num breve curso, não me lembro promovido por quem, no Palácio
Arquiepiscopal, na Praça da Sé. Roberto Gaguinho à época trabalhando na Tv
Itapuã, resgatou um poucos dessa história, revelando os negativos 16mm P&B
que também se perderam no tempo.
Conto essa história para reverenciar a memória de Carlos Alberto Vaz de Athayde, ou simplesmente, Athayde, um apaixonado pelo cinema que fazia o que estivesse ao seu alcance sem nenhum interesse comercial, confirmando sempre grande apreço pelos seus amigos e pelo cinema que, para ele, era vida, era tudo".
abraços,
Kabá
* Acho
que a Paillard Bolex de Athayde deveria fazer parte do museu de Roque Araujo na
Dimas. Ele tinha um irmão que foi diretor do serviço de meteorologia do Estado
que ficava no alto de Ondina. Talvez seja uma pista para se contactar a
família.
Velho,
Por que não fez
um texto? (nota de AS: estou fazendo agora, Tuna). Athayde é uma figura do nosso cinema. Uma vez eu o encontrei no Rio,
ele me disse que iria procurar, em Cataguases, o cineasta Humberto Mauro, pois
estava com uma ideia de aplicar LSD numa aranha e filmar a mesma tecendo uma
teia. Queria a opinião dele. Perguntou o que eu achava. retruquei apoiando, mas
sugerindo que procedesse esta façanha, filmando desde a aplicação do alucinogéno
(não perguntei como ele o faria), até a ação do pequeno aracnídeo na urdidura de
sua teia. Tudo isto nasceu de um comentário do iluminado H. Mauro quando disse:
"seria incrível se pudessemos injetar LSD nma camera" (esta fráse é verdadeira,
talvez um pouco diferente, digo, com outras palavras). o saudoso Athayde achou
boa a minha sugestão, assim iria com seu projeto já realizado. Esta estória
acaba aqui, nunca soube do desfecho, nem se ele, de fato, chegou a abordar o
cineasta, com esta ideia, digna de Aldous Huxley, levando em conta As Portas da
Percepção.
Aproveito
para sugerir que você fale sobre o homem que tomava cafezinho de minuto a
minuto. Há toda uma geração que jamais ouviu falar dele...
Abs
Tuna
E um texto especial de José Umberto:
Athayde
recebera uma câmera Paillard Bolex, 16 mm, com o conjunto de três lentes:
grande angular, normal e teleobjetiva. Seu pai trouxera da Suíça. Essa câmera
fora o suporte básico para uma nova geração de cineastas baianos que procede o
Cinema Novo.
Carlos
Vaz de Athayde - símbolo exacerbado e caricatural da paixão pelo cinema
nos trópicos sul-americanos. Estando para Macunaíma assim como
Policarpo Quaresma estará para a Via Láctea. Uma questão de latitude,
senão de grandezas & misérias, por colocar com ufanismo a terra do Pau
Brasil na dimensão justa e precisa ao líquido amniótico da boceta de
Pandora.
Doce morada.
Repouso dos deuses e das deusas pagãs.
Sua figura
exótica marcou a paisagem da velha cidade de Salvador na década de 60. Sempre
portando paletó e gravata debaixo de um sol escaldante, não se separando jamais
de um cafezinho preto, bem quente, ele estimulou muitos jovens com o seu modo
livre, solto e original de experimentar a urbe.
Boêmio das
madrugadas intelectuais, amante da grande literatura universal, sobretudo a
libertária, mas acima de tudo um espectador inveterado que refletia tudo o que
via com o sabor e o entusiasmo da mais bela juventude.
Enfim, um rato
de cinema da boa cepa.
Athayde do
delírio na carne e no espírito. Capaz de filmar uma seqüência inteira com
inspiração... e depois descobrir que esquecera de por o filme no chassis da
câmera. Não importava, para ele, a revelação física, mas sim a inspiração do
instante absoluto. Do prazer em fazer, naquele momento, como numa graça ao tempo
que mística... romântica.
Daí a sua
entrega total. Desprendida. Uma pessoa que dá, que doa, simplesmente em troca da
luz. Da fotografia, sua companheira inseparável. E foi acreditando no brilho da
aurora que ele nos legou esse poema:
Novo
Horizonte
Talvez
carente de clara beleza
Vez que
acerca-sinto/olho/vejo
Quando sôlto
o pensamento
veleja ou
adeja,
muito além
do distante/horizonte
embora nada
se veja,
há um
monte/fonte
crescente/nascente
de outro
novo horizonte
distante
distante distante.
27 agosto 2012
Il Casanova di Federico Fellini
Casanova ( Il Casanova di Federico Fellini, 1976), obra de grande estilização de um dos mais fecundos realizadores do cinema mundial, não fez o merecido sucesso quando do seu lançamento. Mas se trata indiscutivelmente de um grande filme. A sequência dada aqui é uma obra-prima à parte: La Bambola Meccanica. O inglês Donald Stuherland é quem faz o libertino.
26 agosto 2012
Violência e Política (segunda parte)
Lista de filmes de resistência à
aliança imperialista entre Hollywood e governo dos EUA (II parte)
Jorge Vital de Brito Moreira
Em 29 de julho de 2012, o blog de André Setaro publicou a primeira parte do meu texto “Violência e política: lista de filmes de resistência a
aliança imperialista entre Hollywood e governo dos EUA” onde tratei de dar uma resposta à pergunta: - quais os filmes de ficção que você
recomendaria para estimular uma geração de jovens a procurar uma adequada
perspectiva histórica sobre a questão do poder e da dominação política no
Brasil, na América Latina e em outras regiões do mundo? No texto publicado,
fiz uma lista de 10 filmes que, na minha opinião, ajudariam e ajudarão os
jovens a obter uma perspectiva histórica e política mais apropriada para a
época que estamos vivendo.
Também
adverti que o texto não tinha o objetivo de oferecer uma valorização artística
dos filmes, pois dentro da forma narrativa nos limitaríamos ao nível da
história, da fábula (o que se conta), em sua relação de similitude com o real,
sem entrar na análise do discurso, da trama (como se conta), ou seja, que não
comentaríamos elementos da forma narrativa no cinema (ritmo, composição de
cenas, técnica fotográfica, uniformidade, etc.) nem mencionaríamos noções
específicas da linguagem cinematográfica (câmara/alta câmara/baixa,
campo/contracampo, etc).
Meu
objetivo central tem sido mostrar que, no nível da fábula, os filmes selecionados estão
intercompenetrados por uma visão de mundo e uma visão política (em oposição à
acostumada visão de mundo autoritária da classe dirigente) dos eventos sociais
que favorecem uma leitura (ou interpretação) da história social desde o ponto
de vista dos setores subalternos e dominados, com um alto grau de veracidade
cognitiva, e que decanta-se a favor da luta na defesa dos interesses dos indivíduos
e dos povos oprimidos.
Também informei que os filmes selecionados, na sua
grande maioria (com poucas exceções) se limitam, na minha opinião, a discutir
ou denunciar os problemas da sociedade capitalista dentro de uma perspectiva
liberal-reformista, ou seja, que eles duplicam o ideologema bastante difundido de que ainda é possível resolver as
contradições do capitalismo dentro do próprio capitalismo, através de reformas
do sistema que as produziu.
Ao revisar a lista dos selecionados, me dei conta de que era necessário
incluir mais um filme intitulado The Insider
que expõe e denuncia com notável contundência as novas formas (ilegais e
fraudulentas) de manipulação das corporações capitalistas, para assegurar o
consumo cativo e a adição infindável dos seus produtos pelos consumidores. Por essa razão, de agora em diante, a lista
contará com 11 filmes em vez de 10. Abaixo o leitor poderá observar as
alterações na nova lista.
Por uma questão de
espaço e de tempo, dos filmes selecionados, somente The Mission pode ser comentado no texto anterior. Neste, vamos
continuar e concluir o comentário dos 10 filmes restantes da lista que esperamos poderá ajudar
a despertar no leitor o interesse para conseguir os DVDs e assisti-los.
1) The Mission (A Missão,1986) de Roland
Joffé com Roberto de Niro, Jeremy Irons e outros.
2) Burn
(Queimada, 1969) de
Gillo Pontecorvo com Marlon Brando, Renato Salvatori e outros.
3) Ziemia obiecana (Terra
prometida, 1974) de Andrzej
Wajda com Daniel
Olbrychski, Wojciech
Pszoniak,
4) Deus
e o diabo na terra do sol (1964)
de Glauber Rocha com Geraldo del Rey e Yoná Magalhães
5) La battaglia di Algeri (A
Batalha de Argel, 1966)
de Gillo Pontecorvo com Brahim Haggiag, Jean Martin, Saadi Yacef.
6) Terra
em Transe (1967) de
Glauber Rocha com Jardel Filho, Paulo Autran.
7) Missing
(O desaparecido, 1982) de
Costa Gavras com Jack Lemmon e Sissy Spacek
8) The
Quit American (O americano tranqüilo, 2002) de Phillip Noyce com Michael Caine e Brendan Fraser.
9)
Thirteen Days (Trezes Dias Que Abalaram o
mundo, 2000) de Roger
Donaldson com Kevin Costner, Bruce Greenwood e otros.
10) The Insider(O informante, 1999) de Michael Mann com Russell Crowe, Al Pacino.
11) Syriana
(Syriana, A Indústria do Petróleo, 2005) de Stephen Gaghan com George Clooney, Matt Damon.
Queimada!
O segundo filme da lista é o italiano Queimada!
(Burn!) que está baseado no processo de mudança do Modo de Produção Colonial (fundado na exploração da força de
trabalho dos escravos), dirigido por Portugal e Espanha, para o Modo de Produção Capitalista (fundado na
exploração do trabalho assalariado), dirigido pela Inglaterra. O processo sucedeu na realidade histórica do
Brasil e em países da América Latina.
No plano
cinematográfico a ação do filme se desenvolve numa ilha fictícia do Mar Caribe
que pertencia ao domínio de Portugal e que gerará o conflito e a luta entre
este país e Inglaterra. Como muitos poderão intuir o roteiro está baseado
também na realidade da rebelião dos negros e da “Revolução Haitiana”
(1791-1804).
A
narrativa cinematográfica evolui
através das ações entre o protagonista, o agente e mercenário inglês, William
Walker (Marlon Brando) e José Dolores (Evaristo Marquez) o líder da rebelião
dos escravos negros.
O nome do
protagonista branco William Walker foi copiado no nome real do soldado e
mercenário estadunidense chamado William Walker que, financiado pelo magnata
imperialista Cornelius Vanderbilt, se tornou
presidente e ditador de Nicarágua em 1856.
No filme, o mercenário inglês é enviado ao
“Novo Mundo” para pregar a revolução nas colônias de Portugal e Espanha oferecendo
aos escravos negros o apoio financeiro do capitalismo inglês para subverter o
domínio português. Assim, Walker vai para a Ilha de Queimada, uma importante
colônia produtora de cana de açúcar, planejando encontrar o primeiro líder da
rebelião negra e oferecer a “ajuda” inglesa. Porém Walker chega tarde demais na
ilha, quando o referido líder já havia sido preso e executado pelas forças
armadas portuguesas.
Decidido a não voltar derrotado para
Inglaterra, Walker conhece o escravo José Dolores e fica convencido de que este
escravo pode substituir o falecido líder. Por isso, resolve ficar na ilha para
expor as idéias libertárias ao destemido escravo, até que juntos, conseguem
organizar uma grande rebelião vitoriosa, colocando os títeres do governo inglês
no poder. Então Walker viaja para
Inglaterra mas retorna dez anos depois para depor quem ele colocou no poder,
pois o momento histórico exigia um nova configuração política para a
ex-colônia. Mas desta vez, Walker terá que enfrentar a luta e a guerra de
independência de José Dolores e dos escravos negros.
Terra Prometida
Baseado em acontecimentos sucedidos na
Polônia na virada do século XIX para o XX, o filme Terra Prometida expõe e discute com grande lucidez o
desenvolvimento da competência brutal entre os próprios capitalistas (luta
intra classe) durante um período de crise econômica. A intensificação da luta
pelo reparto do lucro (pela plusvalia)
conduz a uma luta feroz entre os proprietários
que resulta na proliferação das falências, dos incêndios das fabricas e
dos suicídios dos prejudicados pela destruição massiva de capital no
interior da própria classe capitalista.
Embora sem a amplitude e profundidade dado à
luta intraclasses, o filme também discute a luta de classe entre capitalistas e
trabalhadores (luta entre classes) expondo a dominação, a exploração, a
superexploração e o abuso sexual dos últimos pelos primeiros.
O filme narra a história de Karol Borowiecki
(Daniel Olbrychski), um nobre polonês que é engenheiro-gerente da fábrica
têxtil alemã da família Bucholz. Ele pretende montar sua própria fábrica, com a
ajuda de seus amigos Max Baum (Andrzej Seweryn), um alemão herdeiro de uma
fábrica antiga de teares manuais, e Welt Moritz (Wojciech Pszoniak), um
empresário judeu independente.
Borowiecki mantém uma relação sexual com Lucy
Zucker (Kalina Jędrusik), a esposa do magnata têxtil judeu Zucker. Através da
relação, Borowiecki consegue a informação secreta e privilegiada sobre a futura
mudança nas tarifas de algodão. Desse modo, ele e seus amigos Max e Welt, conseguem
reunir o dinheiro para comprar
antecipadamente uma gigantesca quantidade de algodão por baixos preços para
revender no mercado futuro. Esta operação criminal, lhes proporcionam a maior
parte de capital que necessitavam para abrir sua fábrica.
Enquanto isso, Zucker suspeita da relação
entre sua mulher e Borowiecki, e contrata um espia para vigiá-los. Ao receber a notícia confirmando o engano e a
traição, Zucker, decide vingar-se do amante, mandando queimar a nova fábrica,
que ainda não tinha sido assegurada. Borowiecki e seus amigos perdem no
incendio tudo o que tinham conquistado.
No entanto, durante a evolução da crise
econômica, a competência entre capitalistas e a superexploração da força de
trabalho, forçam os trabalhadores a se organizar para defender seus interesses,
utilizando da greve geral como meio para melhorar as miseravéis condições de existência de suas
famílias.
Por seu lado,
Borowiecki, para evitar a derrota e a
falência total, vê-se obrigado a casar com a Senhora Muller, uma mulher
boba, mas rica herdeira, e desta forma, Borowiecki vem a possuir sua própria
fábrica. Mas a nova fábrica está ameaçada por uma greve dos seus trabalhadores.
Devido a esta, Borowiecki é forçado a decidir se deve ou não abrir fogo contra
os trabalhadores em greve.
Deus e o Diabo na Terra do Sol
Baseado em fatos,
processos e personagens concretos da realidade histórica do Brasil, Deus e o Diabo na Terra do Sol (obra
prima do cinema nacional) expõe e discute os mais importantes fenômenos sociais
do nordeste tais como a dominação religiosa da igreja católica e o mandonismo
dos coronéis; a oposição do cangaço e a reação do beatismo milenarista; a
divinização de Antônio Conselheiro (santo dos beatos) e o heroísmo de Lampião e
Corisco (chefes dos cangaceiros); a legenda de Antônio Pernambucano (jagunço, assassino
a serviço dos coronéis); a representação da história através da literatura popular do cordel e da literatura
culta de Euclides da Cunha e Guimarães Rosa, da música dos cegos violeiros do
nordeste á musica erudita de Villa-Lobos.
O filme narra a
história e a travessia do vaqueiro Manoel (Geraldo del Rey) e sua esposa Rosa
(Yoná Magalhães) através das veredas do grande sertão brasileiro. Um dia, Manoel
se revolta contra a exploração do seu patrão, o coronel Morais (Milton Roda) e
mata-o durante uma briga. Manoel foge com Rosa da perseguição dos jagunços e se
submete à tutela e proteção do “Santo” Sebastião (Lídio Silva), o chefe dos
beatos em Monte
Santo. Sebastião promete
conquistar a prosperidade e o fim dos sofrimentos (“O sertão vai virar
mar e o mar virar sertão”) através da obediência e da fé nos sacrifícios
rituais do misticismo milenarista. Mas
ao presenciar o sacrifício de uma criança, Rosa já não suporta e mata o beato.
Ao mesmo tempo, o jagunço Antônio das Mortes (Maurício do Valle), a serviço dos
coronéis latifundiários e dos padres da Igreja Católica, extermina os
seguidores do beato. Manoel e Rosa voltam a fugir e se juntam a Corisco (Othon
Bastos), o diabo loiro, companheiro de Lampião que sobreviveu ao massacre do
bando. A perseguição de Antônio das Mortes termina com a morte e a degola de
Corisco, provocando a nova fuga de Manoel e Rosa, desta vez em direção ao mar.
O filme tematiza a exploração, a fome, a
ignorância, a miséria e a violência no nordeste que na realidade são fatores da
história social brasileira que alimentam tanto a loucura do “santo” Sebastião
(que justifica os sacrifícios humanos) quanto a violência dos cangaceiros como
Lampião e Corisco.
A Batalha de Argel
A
Batalha de Argel trata de reconstruir os acontecimentos que
ocorreram na capital da Argélia Francesa, entre Novembro de 1954 e Dezembro de
1957, durante a Guerra de Independência da Argélia. A narrativa começa com a
organização das células revolucionárias da Frente Nacional de Libertação (FNL)
em Casbah (Cidadela). Inicia-se então a guerra civil entre os argelinos nativos
e colonos europeus, em que os dois lados trocam atos de crescente violência. Os
colonizadores, temendo perder a guerra, utilizam os pára-quedistas franceses do
exército para caçar os militantes do FLN. Através da tortura e o sistemático
assassinato, os pára-quedistas parecem ter vencido a batalha pela neutralização
de toda a liderança do FLN. No entanto, o filme termina com um adendo onde se
mostram as manifestações e os tumultos populares que conduziram à independência
dos argelinos. O filme conclui evidenciando que, embora a França colonialista
tenha vencido a Batalha de Argel, perdeu definitivamente a guerra pela
independência da Argélia.
O filme não poupa o expectador: as táticas
da insurgência guerrilheira FLN contra a repressão e a tortura implantadas pelo
colonizador francês (alem dos incidentes
da guerra), são mostrados sem contemplação.
Na guerra, colonizador e colonizado cometem
atrocidades contra a população civil. A FLN ordena em Casbah a execução sumária
dos franceses e dos nativos argelinos considerados traidores. Os colonialistas
franceses recorrem ao grupo de linchadores Alem da violência racista dos
colonizadores contra os nativos do país, os pára-quedistas torturavam,
intimidavam e assassinavam sem piedade os membros insurgentes da FLN.
Terra em Transe
Baseado nos acontecimentos que antecederam o
golpe militar de 1964 e a implantação da ditadura dos generais no Brasil (por
mais de 20 anos), o filme Terra em Transe
(outra obra prima de Glauber Rocha), expõe, discute e denuncia, por um lado, a
aliança entre a política populista, as forças de esquerda e o movimento
popular; por outro lado, a aliança oposta e contraria da direita e da burguesia
nacional com o imperialismo internacional na luta pelo poder.
No plano da representação cinematográfica, o
filme narra a história do poeta, jornalista e jovem político Paulo Martins
(Jardel Filho), em Eldorado, um país imaginário na América Latina. Paulo se encontra politicamente dividido entre o senador
Porfírio Diaz (Paulo Autran), o político colonialista-imperialista, vendido à
multinacional EXPLINT, e o governador Vieira (José Lewgoy), um político
demagogo e populista.
Depois de
abandonar a amante Silvia (Danusa Leão) e o amigo Porfírio Diaz, Paulo Martins
deixa a capital do Eldorado e viaja para a província de Alecrim. Lá, ele começa
a acreditar no discurso reformista de Vieira e com a colaboração de Sara
(Glauce Rocha), uma militante do Partido Comunista, decide trabalhar para
conduzir Vieira ao governo provincial, na esperança de que, como governador,
usaria o poder para defender os interesses do povo oprimido do país. Paulo
começa a agir contra os interesses fascistas do amigo Porfírio Diaz (e a
EXPLINT), apoiando o populismo do Governador Vieira. Após a vitória de Vieira,
Paulo é atraído pelas políticas populistas (1) do governo, porém, mais tarde, perde
a esperança quando percebe que a demagogia e a corrupção são políticas
sistemáticas do governo populista de Vieira e seus amigos.
Para modificar a correlação de forças, Paulo
Martins faz uma aliança com Julio Fuentes (Paulo Gracindo), um industrial
supostamente nacionalista, mas Fuentes permanece politicamente vacilante entre
apoiar o governador Vieira (e as forcas de esquerda) ou apoiar o senador
Porfírio Diaz e a EXPLINT.
Apesar de sua retórica nacionalista, Julio
Fuentes termina traindo as forças políticas ligadas a Paulo Martins, e se
associa definitivamente com o capital estrangeiro, apoiando o golpe de estado
liderado por Porfírio Diaz e a EXPLINT. Paulo Martins, ainda tenta convencer o
governador para armar a resistência e lutar contra o golpe militar, mas o
Vieira se recusa covardemente a usar seu poder para tomar a decisão em
benefício do movimento popular progressista.
Traído e derrotado, Paulo (com a
solidariedade de Sara), entra num carro com a metralhadora na mão, com o
objetivo de romper o cerco militar e se juntar à guerrilha.
O Desaparecido
O filme se baseia no livro The Execution of Charles Horman: An
American Sacrifice que conta os acontecimentos da vida real
de Charlie Horman, um jovem jornalista estadunidense que desaparece no Chile
durante o Golpe Militar (setembro de 1976) e a ditadura militar de Augusto
Pinochet.
O filme narra a história de Ed Horman (Jack
Lemmon), o pai do jornalista Charlie (John Shea) e Beth (Sissy Spacek) a esposa
de Charles. Ed é um individuo politicamente conservador que viaja contrariado
para o país sulamericano para procurar seu filho desaparecido. No Chile, Ed
Horman se junta com a sua nora Beth (que tem, como o marido, uma posição
política oposta à do sogro), para tentar encontrar Charles através da
burocracia militar e da Embaixada dos EUA. No processo toma consciência de que
está no meio de uma intriga política perigosa para eles. Pouco a pouco, o pai
compreende, aterrorizado, que seu próprio governo, o dos EUA não está dizendo a
verdade e é cúmplice do golpe, da ditadura militar no Chile e do assassinato do
seu filho.
O americano tranquilo
Baseada no livro The Quiet American de Graham Greene
(Premio Nobel de Literatura), o romance e o filme contam uma profética história
de amor, de traição e de assassinatos que revelam a origem histórica da guerra
americana no Vietnã.
Durante o ano de 1952, Saigon, uma cidade bonita,
exótica e misteriosa está no centro da guerra vietnamita de libertação do
colonialismo frances. O filme narra a história de um correspondente inglês do London Times, Thomas Fowler (Michael
Caine) e a sua amizade com o jovem estadunidense Alden Pyle (Brendan Fraser),
um funcionário “idealista” americano que chega no Vietnã para ajudar
(aparentemente) a amenizar os efeitos da guerra colonial entre franceses e
vietnamitas. Quando Fowler introduz o amigo Pyle a sua bonita e jovem amante, a
vietnamita Phuong (Do Thi Hai Yen), os três ficam envolvidos num triângulo
amoroso que conduz a uma série de revelações surpreendentes que finalmente
mostram a Pyle o que realmente é: um agente secreto da CIA responsável pelo
assassinato massivo de vietnamitas e por jogar a culpa dos assassinatos nos
comunistas. Na narrativa e no filme, nada, nem ninguém, é o que parece: a
aparência dos acontecimentos é completamente diferente da sua essência real.
Treze Dias Que Abalaram
o Mundo
Baseado no livro The
Kennedy Tapes: Inside the White House During the Cuban Missile Crisis
de Ernest May e Philip Zelikovo, o filme narra a luta da
administração do presidente Kennedy para conter os chefes militares
estadunidenses (ligados à Secretaria da Defesa e do Pentágono) na crise dos
mísseis cubanos e evitar a terceira guerra mundial.
Em outubro de 1962, aviões espiões estadunidenses
sobrevoam ilegalmente a ilha de Cuba e tiram fotos dos U-2 que revelam que a
União Soviética está em processo de colocação de armas nucleares em Cuba. Estas armas,
supostamente, têm a capacidade de destruir a maior parte do leste e sul dos
Estados Unidos em questões de minutos, caso as armas se tornem operacionais. O
Presidente John F. Kennedy (Bruce Greenwood) seus assessores Robert Kennedy
(Steven Culp) e Kenneth O’Donnell (Kevin Costner) devem elaborar um plano de
ação contra os soviéticos. Kennedy está determinado a mostrar que seu governo é
bastante forte para enfrentar a ameaça, porem, tem que lutar contra o plano dos
generais que o aconselham a realizar
ataques militares contra a ilha de Cuba, caminho que conduziria a uma nova
invasão de Cuba pelos EUA. Mesmo relutante, Kennedy resiste aos conselheiros
militares, pois sabe que uma invasão dos EUA poderia fazer com que os
soviéticos retaliassem a Europa aliada. Um confronto nuclear entre EUA e URSS,
parece ser quase inevitável.
Insider
Baseado na
realidade dos acontecimentos revelados no programa "60 Minutes" da TV
CBS, o filme conta a história de Jeff Wigand (Russell Crowe) um químico pesquisador,
que é vitima do sistemático ataque pessoal (e profissional) e ameaças de morte
quando ele decide aparecer no programa "60 Minutes" para expor as mentiras e os enganos de Brown
& Williamson, a companhia de tabaco onde trabalhava. Na entrevista para a
CBS, Wigand denunciou as
manipulações que a companhia fazia com a mistura do tabaco com o
objetivo de aumentar a nicotina, a adição e a dependência dos fumantes de
cigarros. Inicialmente, o filme concentra-se
no desenvolvimento da luta do produtor Lowell Bergman (Al Pacino) para
convencer a Wigand de que deveria parar de honrar o acordo de confidencialidade
que assinou com a Brown & Williamson, e conceder uma entrevista revelando o
comportamento criminal das companhias de tabaco dos EUA.
Apesar das ameaças e da probabilidade de que seu
casamento fracassara, ele vai enfrentar as câmeras de TV para ser entrevistado
por Mike Wallace (Christopher Plummer), mesmo correndo o risco de ser preso,
acusado por desrespeito ao tribunal de Justiça.
Depois da entrevista, “60 minutos” engaveta a
edição do programa, pois a CBS estava sendo comprada pela companhia
Westinghouse e os seus advogados aconselharam a emissora a evitar uma ação
judicial contra ela. Embora a aliança entre a Westinghouse e a CBS seja estabelecida para evitar o
processo judicial de perjúrio contra os CEOs
das companhias de tabaco (The Big Tabaco), o incorruptível produtor Lowell
Bergman luta por todos os meios para evitar a destruição de Jeff Wigand e da
sua entrevista.
Syriana
Baseado no livro de memória See No Evil de Bob Barnes (um ex agente da CIA), o filme narra
múltiplas historias paralelas onde articula geopoliticamente a relação marital
entre o governo imperialista dos EUA e os interesses da indústria de petróleo
(dos proprietários das corporações) no médio oriente. O
filme concentra-se na política petroleira, na influência internacional das
corporações petrolíferas e nos efeitos políticos, econômicos, legais, e sociais
da política sobre o ministro de relações exteriores do emirado, o príncipe Nasir
(Alexander Sede), um agente
operacional (George Clooney) da CIA, Agência
Central de Inteligência dos EUA), um analista do mercado de energia (Matt Damon), um advogado de uma firma
corrupta de advocacia de Washington (Jeffrey Wright),
e sobre um jovem trabalhador imigrante Pakistani
(Mazhar Munir) no emirado árabe.
As múltiplas histórias poderiam ser descritas
como: - a história do príncipe herdeiro, que
narra a relação de Nasir com um analista do mercado de energia que o
príncipe converte em conselheiro do emirado; a história do assassinato
do príncipe pela Agência Central de Inteligência (CIA) que narra a elaboração
do plano secreto para eliminar Nasir e como a CIA seleciona o agente operacional
de inteligência para assassinar o príncipe; a história do jovem trabalhador
migrante Wasim que desempregado pela Connex é convocado por um clérigo
islâmico fundamentalista (Amir Waked) para executar um ataque
suicida contra um tanque da gás natural da ConnexKillen.
Todas essas
histórias estão articuladas e integradas pela história da fusão das companhias
Connex e Killen para explorar os poços de petróleo do Tengiz no Cazaquistão.
Esta historia ficcional da fusão das duas companhias está baseada na historia
da fusão real em 2003 das corporações Exxon e Mobil quando
oficializaram o acordo para explorar os campos de petróleo de
Tengiz.
A história ficional
da fusão entre a Connex e Killen pode ser resumida da seguinte maneira: A
Connex, a gigantesca corporação de energia, está perdendo o controle de
importantes jazidas de petróleo no reino (emirado) do Oriente Médio. O ministro
de relações exteriores (o príncipe herdeiro do emirado) deu os direitos de
exploração do gás natural a uma companhia da China, enfurecendo profundamente
os proprietários bilionários da indústria do petróleo e o governo dos EUA.
Assim, para
compensar a perda dos direitos no emirado, Connex despede
seus trabalhadores imigrantes, iniciando um processo corrupto e criminoso para
fundir-se com a companhia Killen,
uma pequena empresa petroleira que conseguiu recentemente o contrato bilionário para explorar os poços
do Cazaquistão.
Devo parar por
aqui. Para concluir, gostaria de dizer que espero que os 11 filmes selecionados
tenham respondido adequadamente à pergunta inicial: quais os
filmes de ficção que você recomendaria para estimular uma geração de jovens a
procurar uma adequada perspectiva histórica sobre a questão do poder e da
dominação política no Brasil, na America Latina e em outras regiões do mundo?
Também desejo
que os jovens leitores tenham encontrado (como eu encontrei) nos 11 filmes
selecionados, um roteiro pedagógico e divertido que funcione para destacar alguns elementos teórico-metodologicos que
preparem para melhor compreender as relações entre a questão política, a questão econômica e a sócio-cultural
no mundo atual da gigantesca crise do
sistema capitalista neo liberal.
Assim, gostaria
de precisar que os temas da religião e da política, da luta de classes e do
anti-colonialismo foram revelados a partir da identificação dos conflitos
formados pelas oposições entre diferentes religiões (catolicismo x candomblé,
etc.) entre diferentes classes (capitalistas x trabalhadores), entre diferentes
raças (índio x preto e branco), entre distintos gêneros (heterossexual x
homossexual) e distintas nacionalidades (nações imperiais x nações colonizadas;
nações do primeiro mundo x terceiro mundo).
Finalmente
também gostaria que os resumos por mim realizados não tenham carregado o leitor com excesso de
informações e que sejam capazes de motivá-los (o que é mais importante) para
assistir os filmes selecionados.
NOTAS
1) No meu texto Populismo, colonialismo e
imperialismo en dos películas de Glauber Rocha: “Terra em Transe” y “Der Leone
Have Sept Cabeças” tratei de analisar uma sequência de cenas
no filme Terra em Transe para mostrar didaticamente o modo característico
da manipulação política do populismo. O
leitor terá acesso al texto no link”: http://rebelion.org/noticia.php?id=133231
2) Convém esclarecer que atualmente o Secretário
Henry Kissinger, responsável pela elaboração e execução da política exterior
imperialista do governo de Richard Nixon, não pode viajar para fora de EUA
porque existe uma ordem internacional para sua captura pois tem sido acusado de
criminoso de guerra em muitos países do mundo civilizado por suas ações criminosas contra o povo do
Vietnã, do Chile e de outros países do terceiro mundo.
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