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23 janeiro 2008

O chicote dos amestradores

Chego até a ser radical: filme que tem preparador de elenco eu não vejo de jeito nenhum. É uma aberratio, sem dúvida, a aparição desse diretor de atores cuja característica mais sobressalente é o sadismo e a ânsia de psicanalizar os intérpretes, a os levar ao esgotamento físico e mental. Para que isso? Já falei nesta monstruosidade que é um modismo da contemporaneidade e que tanto tem encantado os inocentes úteis. Mas, conversando ontem com o Velho Tuna, Tuna Espinheira, cineasta baiano, ele também a julgar, isso, uma monstruosidade, me relatou, depois, em mensagem enviada:
"Velho,
O que são, verdadeiramente, a figura da moda dos Diretores de Atores? As produções atuais, digo: aquelas que levam a parte mais polpuda da grana que o Governo renuncia para as famigeradas Lei de Incentivo, somando com os ricos subsídios do BNDS, Furnas, Petrobrás, etc, etc , formando, certamente um caixa mais adiposo que o orçamento, costumam se orgulhar e alardear a presença destes técnicos mágicos, milagrosos, que tiram leite em pedra. (Refiro-me aos atores), pouco importa o nível de qualidade de cada um. Críticos e comentaristas eunucos já começam a antepor um selo de qualidade
nos filmes rodados sob o chicote destes amestradores... Vade Retro.
O importante livro, “Afinal Quem Faz Os Fimes”, de Peter Bogdanovich, traz como epígrafe o seguinte: “ Eu gostava de quase todos que me fazia perceber quem diabos estava fazendo o filme [...] Porque o diretor é quem conta a história, e deve ter o seu próprio método de conta-la”. Ass. Haward Hawks. Ora, a relação do diretor/ator é viceral para o sincronismo dramático de um para o outro na feitura de filme. A batuta tem que ser do maestro e não do afinador de instrumentos. Será que a observação, uma feliz definição do fazer cinema, está defasada!? Parafraseando o título do livro citado: afinal o que fazem os diretores quando o filme está sendo filmado? Recebem a massa pronta e põe no molde?
Aproveito para recomendar a leitura do livro ao qual me referi. Editado pela Companhia das Letras. Gostosissimo de ler e aprender."
Tuna Espinheira

Um comentário:

Jonga Olivieri disse...

Acho que um diretor de cinema, obviamente deve ser um bom diretor de atores.
A verdade é que nem todos o são. Ou estão preocupados com tantas outras questões --que por algum instante possam parecer mais importantes--, que às vezes acho que alguém com uma função assim não seja tão desprezível quanto possa parecer.
Quanto a algumas atitudes numa direção de atores, tem horas que a coisa pega... Indo de um polo a outro, isto me faz lembrar um depoimento de Glauber Rocha em que ele afirmava que havia dado algumas porradas em Ioná Magalhães quando a dirigia em "Deus e o diabo...". Mal sabia ela que talvez fosse a única coisa que prestou na sua carreira de atrizinha noveleira.