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09 março 2008

O CinemaScope como presença

Minha formação cinematográfica, feita nos anos 50 e 60, foi construída pelo cinema de gênero de Hollywood: os grandes e inesquecíveis westerns (Shane, Rastros de ódio, tantos!), os musicais (Gigi, Cantando na chuva, 7 noivas para 7 irmãos...), os épicos históricos (Os dez mandamentos, Ben Hur, Spartacus...), os thrillers, os filmes de guerra, de aventuras, as comédias de Frank Tashlin, Billy Wilder, Michael Gordon (a inesquecível Confidências à meia-noite/Pillow take, 1959, com Rock Hudson e Doris Day, sophisticated comedy), Blake Edwards, entre tantos outros. O encanto pelo cinema veio pelo cinema americano. Mais tarde é que vim a conhecer os filmes de Eisenstein, do neo-realismo italiano, do expressionismo alemão, assombrar-me com a mise-en-scène de realizadores como Michelangelo Antonioni e Federico Fellini.
Mas volto a Tashlin. Em Salvador, circa 1960, o melhor cinemascope que existia era o do cinema Guarany, na Praça Castro Alves, praça do poeta. Recordo-me que vi, com tenra idade, e fiquei impressionado, Adorável pecadora (Let's make love, 1960), de George Cukor, com Yves Montand e Marilyn Monroe. Um programa cinematográfico, naquela época, constava, geralmente, de um complemento nacional (as atualidades ou o cine-jonral), dois trailers, um documentário (para preencher horário), um short, e o filme propriamente dito. Como quase todas as salas tinham cortinas, via-se, por elas, se o filme era no formato cinemascope, porque, findos os complementos, elas se abriam mais para que a tela ficasse completamente ociosa para receber a luz vinda da lente anamórfica. O cinemascope era uma presença e também uma alegria. Nada a ver com o widescreen dos disquinhos. A sensação da tela larga era afeita a uma cultura determinada, a uma época localizada.
Ver um filme na majestade do cinemascope do Guarany era um privilégio. Em som stéreo. Este cinema, reformado para dar lugar ao cinemascope, foi reinaugurado para exibir O manto sagrado (The robe, 1953), com Richard Burton e Jean Simmons. O público soteropolitano ficou encantado com a grandeza da tela e, quando Richard Burton, do lado esquerdo da tela, passou para o seu lado direito, o som o acompanhou para espanto da platéia.
Mas voltando a Tashlin, deixei de citar outros filmes que considero importantes do realizador. Jerry Lewis já diretor consagrado de filmes ainda se submetia, por respeito e contrato, a ser dirigido por Frank Taslin e na década de 60 trabalhou, com o amigo e mestre, em quatro impagáveis filmes: Cinderelo sem sapatos (Cinderfella, 1960), Detetive mixuruca (It's only money, 1962), Errado pra cachorro (Who's miding the store?, 1964), O bagunceiro arrumadinho (The disordely ordely, 1965). Entre outros, realizou também, nesta década, O homem do Diner's Clube (The man of Diner's Club, 1963), com Danny Kaye, Capricho (Caprice, 1967), este já nos estertores de sua carreira, uma comédia com Richard Harris e Doris Day e, com esta, também quase na mesma época, a divertida A espiã de calcinhas de renda.
O poster deste post é de Sabes o que quero (The girl can't to help it). Por que não se promover uma retrospectiva desse realizador de escol?

3 comentários:

Jonga Olivieri disse...

Concordo com o comentário de Frank Ferreira sobre a enquete de captação de recursos. Também, como ele, votei na segunda opção, mas acho que é redundante com a primeira.
Mas o cinemascope foi uma “revolução” na sétima arte. Possibilitou uma visão mais ampla da película. Na época, quando o cinema estava às voltas com a televisão, partiram para este recurso. Como também para o cinerama (que acabou não vingando).
O cinemascope veio para ficar. Foi responsável pelo acréscimo de um trecho a mais na trilha de apresentação da XX Century Fox.

Anônimo disse...

Prezado Setaro,

O título original do "Confidências à meia-noite" não seria "Pillow Talk" em vez de "Pillow Take"?

Sebastião Ramalho disse...

Setaro e Amigos!

Escrevi um comentário sério e dentro do tema, inclusive com história real vivida. Pena, rejeitado. Não vou repetí-lo. Gostaria muito de trocar idéias sobre Cinema.
E-mail: sebastiao.ramalho@yahoo.com.br
Abraços