Seguidores

23 agosto 2009

Entrevista com o autor deste blog

Saiu, hoje, no jornal soteropolitano A Tarde, uma entrevista comigo, com este blogueiro que vos fala, dentro da série Memória Baiana que, sempre aos domingos, o antigo vespertino (hoje sai com as galinhas) publica com o propósito de resgatar tempos idos e vividos da velha província. A entrevista se encontra na íntegra em A Tarde On Line, gravada em vídeo, e, no jornal impresso, os trechos considerados os mais importantes pela repórter que me fez o interview. Não disse nada, como de hábito, bato nas teclas de sempre. Parece coisa de Narcísio ter colocado minha foto, mas, no afogadilho da pressa, não achei outra. De qualquer modo e de qualquer maneira, encontra-se condizente com o assunto. Muitas vezes, ao falar de certos assuntos, que, penso, são fatos e constatações da verdade, tocam a me chamar de saudosista. Costumo, nestes tempos de farta e abundante mediocridade, falar coisas desagradáveis, principalmente quando se trata da arte baiana, que se encontra em processo de metástase.
Para ver e ouvir a entrevista:

9 comentários:

Jonga Olivieri disse...

Vou assitir o vídeo mais tarde e volto a comentar. Sem falta!

Jonga Olivieri disse...

Excelente a sua entrevista.
Curta, porém bastante esclarecedora, principalmente no tocante à cultura baiana,

Achel Tinoco disse...

Caro amigo, parabens pela sua entrevista ao A Tarde, muito lúcida e correta. De fato na Bahia a cultura anda miserável e perneta. Eles vivem apenas a dizer que o baiana já nasce artista, estreia, e por ai vão deixando a sabedoria. Para o baiana cultura é apenas carnaval e futebol, e somente isso.

Tucha disse...

Li a entrevista, acho que algumas críticas são pertinentes, há um certo toque de saudosismo sim... mas afinal temos que lembrar do que foi bom.

Jonga Olivieri disse...

Conforme prometido (com certo atraso) segue o comentário sobre a sua entrevista.
Gostei demais de seu posicionamento sobre o vazio que se instalou sobre a cultura baiana. Gostaria de acrescentar, no entanto, que este esvaziamento é muito mais amplo do que se possa imaginar. E que nos centros menores ele se manifesta de forma bem mais evidente.
Estive na semana passada a conversar com um amigo mineiro sobre este fenômeno em Beagá, que é uma cidade do porte de Salvador e que pode muito bem servir de parâmetro. Belo Horizonte também gerou uma riqueza cultural nos anos 1960/70, principalmente através da música e expressões nas artes plásticas.
Em São Paulo e no Rio de Janeiro, a própria imensidão das cidades disfarça um pouco esta decadência. Mas eu posso garantir que embora naquela época tivéssemos menos locais geradores de cultura, qualitativamente tudo era muito mais presente. A velha Cinemateca do MAM exibiu filmes nunca d’antes vistos. O próprio Museu de Belas-Artes tinha uma cinemateca cuja atividade era muito intensa.
Certamente que a facilidade de mídias tecnologicamente avançadas gerou uma manifestação individualista da cultura. E claro que este comportamento interessa à burguesia, pois tudo que determina o fim de manifestações de massa reforça o seu caminho de perpetuar-se no poder através do enfraquecimento de toda e qualquer atitude coletiva.
O que acontece hoje é que cada vez mais ficamos em frente a um aparelho “multimídia”, isolados em nossas conquistas culturais. Outrossim, o cinema, a música e outras manifestações artístico-culturais são geradoras da alienação. Veja a nossa música popular e tente se lembrar que não éramos apenas Axé e música “Country”. E que nosso cinema produzia obras bem superiores a “Se eu fosse você”... Não que tenha nada contra a comédia. Pelo contrário, considero nossa chanchada uma experiência de saudosa memória.
Em suma: os tempos mudaram. A barbárie do sistema tende a isolar a humanidade em pequenos aquários, planetas distintos um do outro que impossibilitem sua manifestação conjunta. A não ser nos conglomerados de consumo que conhecemos como shopping centers. Onde estão os cinemas (cinemas?) multiplexados da vida!

CECÉ disse...

Primo, muito boas as entrevistas e videos. Adorei o video da Ivete Sangalo, pois adoro ela. bjssssssssssss
Cecé

André Setaro disse...

Excelente diagnóstico, Jonga, você tem razão, concordo com tudo que escreveu. Obrigado Cecé, esta, a sua primeira mensagem em meu blog. E Achel Tinoco e Tucha (sim, eu sou assimidamente um saudosista, mas o que tento relatar é a pura verdade, a constatação de uma miséria cultural que a todos nos ofende). Vide o comentário de Jonga.

O Neto do Herculano disse...

Sereno e realista, sem passar a mão na cabeça de ninguém. Saudações.

Anônimo disse...

Está no ótimo blog "O Último Baile", e eu concordo com todas as palavras:

"Com todo respeito que tenho a Prof. Setaro, ele incorre num erro comum de sua geração e de outras apenas um cadinho mais velhas do que as que hoje fazem o Pós-Axezismo, e que calhou de ser a minha: falam do passado como se presente fosse. Antônio Risério comete o mesmo erro: suas palavras são exactas para uma realidade de meia década atrás. Pra de hoje, são nefelibatas.

Para-além, Setaro comete um erro a mais: confunde “crítica cultural” com “crítica em jornal (impresso)”. E como a imprensa impressa está a morrer, decreta a morte da crítica. Ora, com a internet nunca o jornalismo (de boa qualidade) esteve tão vivo: e gratuito, colaborativo, livre. Nunca também a crítica foi tão vicejante: os críticos que exercem a crítica via internet (como eu aqui, o Omelete, o Zeta Filmes, Roberto Wagner, Luciano Matos, Filmes do Chico e tantos outros) pela primeira vez ao invés de impor e tutelar uma leitura teórica das obras, sucitam e coordenam debate. Mais: interferem de modo direto na autoralidade, naquilo que Deleuze apenas vislumbrou (sem conseguir por em prática) como “crítica = clínica”.

Aliás, o próprio Setaro diz que a crítica cultural morreu… fazendo crítica cultural! Tanto no Terra Magazine quanto no Coisa de Cinema (embora o formato deste último ainda esteja muito ligado a mídia tradicional – sem poder deixar comentários, por exemplo). É como estar cego de tanto vê-la. Ou como José Saramago dizendo que twitter é uma regressão ao monossílabo: se assim o fosse, os aforismos também o seriam, e também os haikais, bem como as manchetes de jornal e as epígrafes que ele cria para suas obras. Epígrafes que têm sido melhores que as próprias: desde que abandonou sua fase de ficcção histórico-geográfica (que nos deu obras-primas como O Ano Da Morte De Ricardo Reis, Jangada de Pedra e Memorial do Convento), Saramago tem optado por um international style meio Paulo Coelho. Não atoa Ensaio Sobre A Cegueira virou um filme mequetrefe, em inglês. Cousa que jamais aconteceria com o Evangelho Segundo Jesus Cristo, por exemplo."

Fonte: http://ultimobaile.com/?p=1579