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01 abril 2009

Uma dose de Billy Wilder, para variar


Entre os realizadores cinematográficos que mais admiro está Billy Wilder. Seus filmes, além de proporcionar um imenso prazer de se estar no cinema, possuem uma visão ácida, irônica, mas não somente por isso. Porque nos seus espetáculos há engenho, graça, arte, envolvência, inteligência. Há uma espécie assim de savoir faire da vida e da observação da condição humana. O cinema não seria o mesmo sem Billy Wilder. Existem seus clássicos antológicos mais conhecidos (Quanto mais quente melhor, Se meu apartamento falasse, Crepúsculo dos deuses, Pacto de sangue, Sabrina...). Escolheria, porém, alguns outros como obras importantes, principalmente o corrosivo Cupido não tem bandeira (One, two, three, 1961), que não é muito citado nem conhecido. James Cagney é um executivo graúdo da Coca-Cola em Berlim já com seu famoso muro (e olhe que o filme é de 1961), que, arrivista, está sempre a querer agradar o presidente da empresa. Um belo dia, este lhe telefona para dizer que sua filha (a esfuziante Pamela Tiffin) vai passar uns dias em Berlim e ele gostaria que ela ficasse hospedada em sua casa. Tudo bem. O que não estava no programa é que ela, belíssima, vem a se apaixonar por um rapaz do outro lado do muro, um comunista de Berlim Oriental interpretado por Horst Buchholz (que brilhou em 7 homens e um destino e depois fez carreira no cinema americano, ainda que alemão). Cagney acaba por entrar escondido na parte Oriental e o filme apresenta uma série de reviravoltas até que tudo se resolve. Na sequência final, a família unida está no aeroporto e Cagney resolve distribuir latinhas de Coca-Cola (naquela época, as máquinas eram novidades), mas, de repente, tira uma latinha de Crush (concorrente pesado da Coca) e fica estupefato e, então, a imagem congela. Há um outro Wilder que tenho verdadeira veneração, que é Avanti!, com Jack Lemmon, Patrica Mills, obra crepuscular, do outono do cineasta, 1973. E não se pode esquecer de A vida íntima de Sherlock Holmes, um filme singular e pleno de poesia na sua mise-en-scène. O cartaz acima, de Sabrina, foi vendido por 35.000 reais. Uma raridade.

2 comentários:

Saymon Nascimento disse...

Cupido Não Tem Bandeira é realmente excelente. Não um cineasta hoje que tenha o tempo cômico bom o suficiente para fazer a cena da arrumação do noivo comunista para o casamento...

Chico Fireman disse...

Concordo plenamente. Billy Wilder é um dos diretores mais inteligentes do cinema.