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22 maio 2011

Fest Brasília 2011 provoca polêmica


J. Procópio, Presidente da Associação Brasiliense de Cinema e Vídeo, em carta a seus colegas abdistas, critica algumas novidades que foram introduzidas no tradicional Festival de Brasília do Cinema Brasileiro: Aqui vai sua carta:

Caros amigos Abdistas,
Fomos ontem assombrados pela arrogância e a demagogia com que a secretaria de cultura do distrito federal segue impondo às questões caras ao audiovisual. Na coletiva de anuncio das modificações para o 44º Festival de Brasília, resoluções mais polêmicas foram descartadas e, agora, trago a todos para pedir mobilização da ABD Nacional diante do que foi posto.

1 - A Secretaria de Cultura celebra que a premiação de melhor longa-metragem passará a ser de R$ 250 mil reais (antes eram R$ 80 mil). Parece uma boa notícia, mas o que não foi anunciado é que o preço disso, quem paga, somos os curtametragistas: 2/3 da possibilidade de participação dos filmes de curta duração foram retirados do festival, com o fim da mostra digital, além de considerável redução dos valores dos prêmios para curtas, em todas as categorias, chegando casos a representar METADE do valor já anteriormente consagrado;
2 - A Mostra Festivalzinho contemplará apenas animações. Compreendemos que restringir a participação de ficções, visto a produção crescente, é mais um equívoco de encaminhamento;
3 - O ineditismo caiu. Assunto ainda controverso, havíamos anteriormente, ABCV e APROCINE, apresentado proposta em que o ineditismo da mostra competitiva seria mantido e, visto o festival de Brasília ser o último do calendário brasileiro, tiraríamos proveito disso com a realização de uma mostra competitiva paralela, uma espécie de "festival dos festivais", onde os longa metragens contemplados pelo prêmio de melhor filme nos principais festivais brasileiros automaticamente comporiam essa programação, dando a oportunidade de o público conferir essa representativa produção do ano.
4 - A comissão curadora do festival, formado apenas por profissionais locais, não goza de representatividade das associações de Brasília e não representa a pluralidade nacional. A essa comissão, conforme a portaria nº 20, de 7 de abril de 2011, art 3º, "caberá o papel de PROSPECTAR FILMES DE LONGA METRAGEM E DECIDIR SOBRE OS SEIS LONGAS QUE COMPORÃO A MOSTRA COMPETITIVA, além de SUGERIR ao secretário e presidente do Festival, os nomes que poderão compor as comissões de seleção em outras categorias". A proposta que apresentamos para a secretaria de cultura do DF contemplava uma pluralidade representativa nacionalmente, artistica e politicamente, com o objetivo de trazer ao Festival uma estratégia de estreitamento com Itamaraty e Embaixadas, na qual o Festival de Brasília se transformaria em uma vitrine internacional da produção brasileira, no avanço de que nossas obras ultrapassassem as fronteiras, com a presença de curadores internacionais prestigiando nossa progr amação. Proposta essa, alcançada em debates maduros, não foram consideradas. Ao contrário, a comissão curadora constrange a todos aqui, pois apesar de pessoas importantes à produção local comporem a comissão, não gozam do crivo democrático de indicação das associações. Pelo entendimento do secretário Hamilton Pereira, uma comissão curadora é uma "assessoria do gabinete" e, por isso, é indicação do secretário, pois ele "gosta de escolher com quem trabalha". Defendemos que é um completo não compreendimento da responsabilidade e significado conceitual do que é um conselho curador de um Festival.Estamos em Brasília mobilizados para reivindicar responsabilidade e participação nessa questão que nos é tão cara. PRECISAMOS DE APOIO EXPRESSIVO DAS ENTIDADES DE CINEMA DO PAÍS. Peço à ABD Nacional que reivindique amplamente explicações, encaminhem para outras listas essas e outras questões que virão, e principalmente no que diz respeito ao item 1 que aponto acima, pois os curtametragistas fomos sensivelmente prejudicados na configuração que Nilson Rodrigues, coordenador da próxima edição do Festival, impôs e constrangeu a todos."Muito grato,J. ProcópioPresidente da ABCV Associação Brasiliense de Cinema e Vídeo.

O documentarista Sílvio Tendler (Os anos JK, Jango, Glauber, labirinto do Brasil, entre muitos outros) também se manifestou:
"Aplaudo as mudanças operadas no Festival de Brasília que, no me entender, revigorarão o mais importante dos Festivais Brasileiros. Incorporar o digitals as midias possíveis na apresentação de filmes de longa metragem em competição significa trazer o festival para o séulo XXI. Abrir mão do ineditismo e antecipar o festival para setembro darão novo vigor ao Festival. A política de selecionar sómente filmes inéditos é extremanete prejudicial, aos filmes, ao cinema e ao festival. Acho que a política deveria ser mais ousada ainda e não excluir os filmes com prêmio de melhor filme em outros festivais. O Festival de Brasília pode voltar a ser o grande Festival Nacional. E o maior prêmio brasileiro vai fazer de Brasília o mais cobiçado festival."
Parabéns aos organizadores pela iniciativa
Silvio Tendler

O baiano Tuna Espinheira em mensagem para o presidente da APCB (Associação de Produtores e Cineastas da Bahia) cutuca a onça com vara curta:
"O Sílvio deu algumas opiniões sobre as transformações do Festival de Brasília (vide no correr dos e-mails, abaixo). Acho que a nossa Associação deveria se manifestar. Os Festivais são parte da carreira dos filmes. Esta é uma polêmica boa e oportuna. Confira... Eu, falando por mim, cutuquei a onça, sabendo que certamente será em vão, esta coisa de mexer com o Júri é uma heresia!"

E em carta a Beré: "
"Concordo com o Silvio em tudo que disse, ( Festival de Brasília) mas tenho um pequeno adendo, gostaria que, o Júri, após escolher os sortudos premiados, principalmente, o primeiro prêmio, tivesse o a obrigação de explicitar as razões da sua escolha. Isto, acho eu, diminuiria, o mínimo que fosse, o poder dos “lobbystas”, sempre de plantão, certamente com maior apetite, ante a carne suculenta dos ricos prêmios. Afinal, o público merece alguma satisfação. Chega de ações entre amigos! A sugestão para clarear a sentença do Juri não é nenhuma ofensa, entendo que valorizaria mais o prêmio. Caso seja do seu alvitre, repasse para a Rosário. Só não quero que ninguém se avexe"

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