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09 novembro 2011

A máscara da morte branca

Considerado pelo historiador e ensaísta francês Claude Beylie como uma das obras-primas do cinema, Os olhos sem rosto (Les yeux sans visage, 1960), insólito filme de George Franju, realizado no despertar da Nouvelle Vague, é uma obra atípica e bem característica desse estranho e genial realizador francês. Segundo Beylie, "esta obra de um dos grandes poetas do cinema situa-se a meio caminho entre o grand guignol e o documento clínico." Em Les yeux sans visage, o diretor parece, no começo, fazer um pastiche de algum filme expressionista alemão, lançando-nos, de repente, no mais glacial realismo. Beylie atesta: "de fato, o que mais chama a atenção neste filme não são os doutores sádicos, os subterrâneos escuros ou os cemitérios profanados, mas um carro preto entrando no pátio de um necrotério, os bisturis abrindo uma ferida, a necrose de um enxerto de carne humana. Nenhuma complacência no horror, mas uma rigidez da forma, próxima da catalepsia." Claude Beylie tem um livro essencial, As obras-primas do cinema,  e traduzido em português pela editora Martins Fontes (ao que tudo indica, esgotadíssimo).

Um cirurgião célebre (interpretado por Pierre Brasseur) tem sua única filha (Edith Scob) horrivelmente desfigurada num acidente automobilístico, restando, apenas, intactos, seus olhos. Para tenta restituir-lhe a beleza de antes, ele, com a cumplicidade de uma enfermeira (Alida Valli), não hesita em raptar e mutilar moças sadias para fazer ensaios de enxertos de pele, que, aliás, fracassam um após o outro.

O crítico baiano Adalberto Meireles, em seu blog .C de Cinema (http://pontocedecinema.blog.br/blog/), considera que Os olhos sem rosto é o molde de A pele que habito (La piel que habito), último filme de Pedro Almodóvar que se encontra ainda em cartaz no circuito exibidor.E, realmente, ele tem razão: não é possível que Almodóvar não tenha visto Les yeux sans visage e se impressionado com a obra de Franju.

Deixo aqui o trailer desta obra-prima, chef d'oeuvre do cinema francês em todos os tempos e que foi devidamente distribuida em dvd às locadoras do Brasil para gáudio de todos os amantes do cinema.



3 comentários:

Jonga Olivieri disse...

Não me recordo de ter assistido este filme, ma sem dúvida tem tudo a ver com o clima de "A pele que habito" de Almodovar.

ANTONIO NAHUD disse...

Concordo com Adalberto, com certeza existe uma conexão entre esse filme de Franju e o de Almódovar. OS OLHOS SEM ROSTO é impressionante, obra-prima absoluta. E de quebra, a ótima participação de minha musa Alida Valli.

- Seus filmes serão enviados amanhã.


O Falcão Maltês

Carla Marinho disse...

Post indicado nos melhores da semana nos Blogs de Cinema classico. Abraço
http://blogsdecinemaclassico.blogspot.com/2011/11/links-da-semana-de-7-1311.html