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10 julho 2011

Cine-Theatro Rio Branco fecha suas portas

Um dos mais antigos cinemas do Brasil, o majestoso Rio Branco, fundado em 1929, situado na cidade de Nazaré das Farinhas (Bahia), fechou suas portas pela incúria das administrações municipal e estadual e federal.  Em 2000, o jogador Vampeta, natural do município, chocado com o estado de ruínas do velho cinema, resolveu reformá-lo com recursos próprios, conseguindo, com isso, reabrir a sala de exibição em evento festivo. Mas, com o passar dos anos, entregou a gerência da casa de espetáculos à prefeitura da cidade. Se, no início da reabertura, alguns filmes foram exibidos, logo depois, porém, o cinema virou um centro cultural para eventos esporádicos, e os recursos para a manutenção foram minguando até o desaparecimento. O Cine Rio Branco, construído em estilo art nouveau, tem 600 lugares.

Causa espanto que não se tome nenhuma providência para reabri-lo. O jornal A Tarde, de domingo passado, 3 de julho, tem uma grande reportagem sobre a bela casa de espetáculos de Nazaré das Farinhas. Mas incorre num imprecisão: o Cine Rio Branco não é o mais antigo do Brasil, como diz, mas um dos mais antigos ainda em condições de funcionar. Com o advento dos shoppings centers, os cinemas de rua do Brasil inteiro fecharam suas portas, e, já há algumas décadas atrás, as salas de exibição interioranas desapareceram.  O fechamento do Cine Rio Branco não se constitui apenas no fim de um cinema de interior, mas num ato de lesa-cultura, pois uma edificação de inegável valor histórico, registro de uma época. 

Enquanto em Brasília o dinheiro público, sorvido pela corrupção, favorece quadrilhas governamentais, o desprezo pela memória histórica é flagrante. Cabe à Secretaria de Cultura do Estado da Bahia alguma palavra a respeito dessa incúria monumental.

Transcrevo aqui parte da reportagem que saiu em A Tarde de autoria de Cristina Santos Pita:


"Clássico teatro e cinema de Nazaré das Farinhas (a 216 km de Salvador), no Recôncavo baiano – revitalizado em 2000 pelo ilustre filho da cidade, o ex-jogador de futebol Marcos André Batista Santos, o Vampeta –, o Cine-Teatro Rio Branco está desativado. Sem apoio ou patrocínio do poder público, não abre sua imponente porta há muito tempo. Além disso, não oferece espetáculos e nem a exibição de filmes à comunidade local. Vampeta bancou a manutenção do cinema com recursos próprios até 2007, mas depois disso confiou na prefeitura do município e no Estado.


Construído em 1929, por Felisberto Ribeiro Soares, o mais antigo cinema do Brasil está perdendo sua função por falta de atividade. Os dois projetores alemães originais estão parados por falta de manutenção. A água e a energia já chegaram a ser cortadas, e assim o espaço vai aos poucos voltando a ser sucata. Desde que saiu das mãos da família Ribeiro Soares, em 1971, o cinema fechou as portas várias vezes. Inativo desde meados da década de 90, voltou a cartaz em 2000, completamente restaurado, com 670 lugares e equipado para funcionar como espaço multicultural. Mas agora voltou a ser desativado.Uriel Santiago, amigo de Vampeta e responsável à época pelas obras de reforma do cinema, lamenta a situação em que se encontra o espaço, que só mantém conservada a parte física. “Estamos precisando de apoio da Fundação Cultural do Estado e do município para manter o cinema funcionando. Estou preocupado, pois o cinema precisa do apoio das autoridades e da comunidade”, preocupa-se."

2 comentários:

Rafael Galvão disse...

Uma curiosidade homônima: ao que parece, o mais antigo cinema brasileiro em funcionamento contínuo era o Rio Branco de Aracaju, fundado em 1905. Mas depois de anos exibindo apenas filmes pornográficos, foi demolido no final de 2002 ou começo de 2003.

Isso leva a outra questão. Recentemente o MinC anunciou a intenção de construir 600 cinemas em todo o Brasil. Duas perguntas merecem ser feitas: é realmente necessário? E se é necessário, vai funcionar?

Eu responderia não às duas questões.

Cine São Paulo disse...

Eu responderia: SIM!
As duas perguntas merecem um Sim, principalmente, à primeira! O poder público tem que gastar, quando pode, com cultura, e não com as campanhas anti-drogas, posteriomente!