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23 setembro 2010

Mostra John Ford é o maior acontecimento do ano

Em São Paulo, no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), uma grande mostra John Ford com 36 longas. Ford, considerado o Homero do cinema, é um dos poetas da chamada sétima arte, e seus filmes verdadeiras baladas. O crítico Moniz Vianna escreveu que no dia em que Ford morresse, o que aconteceu em 1973, largaria a crítica de cinema. Dito e feito. Morto o autor de Rastros de ódio, Moniz não mais escreveu, aposentando-se para sempre. Considero um presente dos céus esta retrospectiva. Mas, aqui na Bahia, onde a mostra não vem, fico a ver navios. Para maiores informações: http://www.johnford.com.br


Leonardo Levis e Raphael Mesquita escreveram o texto abaixo no catálogo da mostra:
"Após voltar à cidade de Shinbone para o enterro de um velho amigo, o senador Ranse Stoddard decide contar a alguns jornalistas a verdadeira história sobre o acontecimento que, muitos anos antes, fez dele um homem célebre. Stoddard revela, para a surpresa de todos, que não foi ele quem matou o fora da lei Liberty Valance, e sim o pobre homem desconhecido que acabara de falecer. Ao terminar o relato, Stoddard vê o editor do jornal local rasgar todas as anotações e pergunta o porquê desta reação. A resposta é direta: "Quando a lenda se torna fato, imprime-se a lenda." 

A frase-marco de 
O homem que matou o facínora aplica-se não apenas ao próprio filme, mas a tudo que envolve, hoje, a figura mítica de John Ford. Talvez não haja, no mundo, um cineasta cuja vida e obra estejam tão imersas num ambiente de lendas. O homem que consolidou o western. O inventor do Monument Valley. O grande narrador da história americana. O maior poeta da era de ouro de Hollywood. O polêmico e controverso conservador. O sujeito que, avesso a entrevistas, deixou que todo um folclore fosse construído a respeito de si, definindo-se sempre da forma mais simples (e enganosa) possível: "Meu nome é John Ford. Eu faço westerns."

Mas há sempre o momento em que é preciso mostrar os fatos. A mostra John Ford recupera, enfim, o elemento que deu origem a toda uma lenda: seus filmes. Através de um vasto panorama de sua produção, composto dos mais diversos gêneros e períodos, todos poderemos atravessar a barreira do mito e experimentar o vigor e a beleza que o cinema de Ford conserva até hoje. Dentre as inúmeras lendas, verdadeiras ou não, que se impõem sobre o diretor, uma, no entanto, parece-nos especialmente acurada: ao ver sua obra em conjunto, entregando-se ao universo ao mesmo tempo primitivo e sofisticado que Ford constrói, é impossível não se tornar um verdadeiro fordiano."

Uma boa mostra a todos.
 
Leonardo Levis e Raphael Mesquita
Curadores

4 comentários:

Luiz Mario disse...

Caro Setaro,

aqui nós temos mostra de pagode arrocha e outros ritmos menos votados. Cadê a nossa FACEB e outros setores culturais do Estado? Será que o ntro Cultural Unibanco não poderia trazer essa Mostra para Salvador, se não na íntegra pelo menos as obras capitais de Ford. Ou vamos viver para sempre na periferia cultural do País?

André Setaro disse...

Resposta: Sim, Luiz Mario, vamos viver para sempre na periferia cultural do País.

pseudo-autor disse...

Também estou no aguardo dessa mostra. Dessa vez, nós cariocas demos sorte também...

Cultura na web:
http://culturaexmachina.blogspot.com

Jonga Olivieri disse...

"O Homem que matou o facínora" é um dos melhores filmes de Ford. E que mostra a sociedade em toda a sua crueza e "oportunismo" político. Uma obra prima!