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22 junho 2010

"O nono mandamento", de Richard Quine

Tenho fascinação por O nono mandamento (Strangers when we meet, 1961), de Richard Quine, um príncipe da sofisticação, que dirigiu, entre outras, comédias notáveis e inesquecíveis como Aconteceu num apartamento, Quando Paris alucina, Como matar sua esposa. Quine tem um tal poder no domínio formal da mise-en-scène que a dota de uma, por assim dizer, estesia. Não existem mais cineastas de seu nível, de sua finesse, com uma escrita superior (outros existiam ainda melhor, a exemplo de Vincente Minnelli, Billy Wilder...). Em Strangers when we meet, Kirk Douglas, ao levar seu filho à escola infantil, vem a conhecer Kim Novak (também casada) e ambos se apaixonam. Novak era a atriz preferida de Quine, que, maltratado pela vida e pela indústria cinematográfica, suicidou-se. Segundo Carlos Reichenbach, Strangers when we meet está livre e desembaraçado de gralhas, e com legendas em português, para ser devidamente baixado na internet.
Nestes tempos medíocres e extremanente moralistas, e, além do mais, politicamente corretos, quando o cinema se transformou numa espécie de videogame (não gosto de avatares, ainda bem), ver um filme como Strangers when we meet é um bálsamo.

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