Bastardos inglórios (Inglorious basterds, 2009), de Quentin Tarantino, coloca-se, ainda no mês de outubro, a faltar dois meses e meio para a tradicional lista dos 10 melhores do ano, no primeiro lugar: é, sem sombra de dúvida, o melhor filme apresentado no ano em curso, tal a sua mise-en-scène inteligente, tal a criatividade verificada a cada plano, a cada tomada. Filme sobre cinema, é cinema na mais alta extensão do vocábulo e um prazer do cinema, uma festa para cinéfilos, uma surpreendente demonstração de força cinematográfica em tempos de vacas magras, de crise no processo de criação. Tarantino reprocessa o seu imenso repertório cinematográfico (adquirido numa locadora quando era o seu gerente e passava os dias e as noites a ver filmes) com um pulso de cineasta, um sentido de espetáculo que surpreende a cada sequência. Recomendaria que os amantes do bom cinema fossem vê-lo ainda quando se encontra nas salas exibidoras para que possam sentir todo o seu impacto. Inglorious basterds não proporcionará a mesma sensação assim que estiver posto no disquinho (DVD). Escrevi terça passada, na minha coluna do Terra Magazine, um comentário sobre Bastardos inglórios e a carreira de seu autor:
Tivemos, neste 2009 que se encontra quase no ocaso, ótimos filmes que foram lançados no circuito exibidor, ainda que a maioria seja constituída de obras desmerecedoras e que se constituem em absoluta perda de tempo para o cinéfilo. Mas não se pode negar que Inimigos públicos, de Michael Mann, é um filme a respeitar. Assim como Amantes (Two lovers), de James Grat, Grand Torino e A troca, ambos de Clint Eastwood, Entre os muros da escola (Entre les murs), de Laurent Cantet, Beijo na boca, não (Pas sur le bouche, 2003), de Alain Resnais, Aquele querido mês de agosto, entre outros. Há filmes, portanto, para encher uma lista dos 10 melhores - o que não se revelou tão fácil em anos anteriores.
Faço parte da Liga dos Blogues Cinematográficos: http://ligadosblogues.wordpress.com/
12 comentários:
É verdade, o filme é uma aula de cinema. Apesar de não me tirar o impacto proporcionado por Pulp Fiction (agora eu já sabia o que podia esperar ao ir ao cinema), nem ter a inteligência do roteiro de Cães de Aluguel (conseguir fazer um longa de ação dentro de um galpão não é para qualquer um), Bastardos Inglôrios já está na minha lista de grandes filmes.
No comentário anterior, apertei algum botão errado que o blog publicou antes de eu terminar a assinatura...
Estou relutante quanto a Bastardos Inglórios. Não gosto dos filmes do Quentin Tarantino, salvo Pulp Fiction. Mas farei um esforço para assitir assim que puder.
Ainda não asssiti "Bastardos inglórios". No entanto, Tarantino é um nome de quem sempre se espera alguma qualidade.
Com a sua recomendação e aval então, melhor ainda...
Belo texto Setaro, e Bastardos Inglórios também é o meu preferido, mas continuo acreditando que o melhor filme do ano ainda é Gran Torino. Abraços.
Bastardos Inglórios é muito bom!
Tarantino ja estava pronto e definido em Cães de Aluguel. Não adianta. Cães... e Pulp Fiction são, desde então, provas de maturidade precoce. Bastardos Inglórios é muito bom. Para alguns até o melhor do homem. Na verdade, um grande Western que se passa na França, durante a segunda guerra, mas western, mesmo assim. Na forma.
neste ano aconteceu algo curioso... o número de filmes ruins aumentou bastante, mas o de grandes filmes foi generoso também.
A produção de lixo cresceu, é verdade, mas há, entre os lançamentos do ano, gratas surpresas, como 'Two lovers', 'Entre les murs', este de Tarantino, 'Gran Torino', 'Inimigos públicos', de Michael Mann, entre outros que a memória, agora, deixa escapar.
Nos últimos anos, o cinema passou de arte para indústria.Diante dessa realidade, foi um prazer assistir Bastardos Inglórios. Tarantino utliza, com muita maestria, os recursos que estavam esquecidos e devolve ao cinema seu status de arte.
anônimo, o cinema já nasceu indústria! leia benjamin!
AnônimoII,
não quero discutir o conceito de reprodutiblidade de Benjamin, para mim o cinema, embora cada dia menos, é uma arte.
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