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17 fevereiro 2009

Chaplin quase empata com Keaton

Na enquete para saber qual o maior comediante de todos os tempos, Charles Spencer Chaplin, o Carlitos, como era chamado no Brasil, ou Charlot, na França, quase que empata com Buster Keaton. O autor de City lights ficou com 20 votos (37%) de um total de 54 votantes, enquanto Keaton obteve 19 (35%), e o grande Jerry Lewis, 12 (22%). Oscarito, genial comediante brasileiro, que poderia ter ido para Hollywood, mas recusou o convite insistente de Bob Hope, porque não teria, lá, a sua feijoada em torno da família aos domingos na Penha, 2 votos (3%). Jacques Tati ficou apenas com 1 (e sei quem lhe deu). Peter Sellers e Jack Lemmon amargaram um tracinho.
O fato é que, inconteste, todos os citados são geniais, embora, comediantes mais strictu sensu, Chaplin, Keaton, Tati, Lewis, Oscarito, pois Peter Sellers e Jack Lemmon, sobre serem comediantes de primeiro time, eram, também atores dramáticos. Em Os sonhadores, de Bernardo Bertolucci, há uma conversa na qual os dois adolescentes conversam sobre a maestria de Keaton sobre Chaplin, e há críticos que consideram o primeiro maior que Charlot. Buster Keaton, no entanto, parou a sua carreira na beirada da década de 30, ainda que viesse a aparecer em pontas durante décadas (Crepúsculo dos deuses/Sunset Boulevard, 1950, de Billy Wilder, por exemplo, Luzes da ribalta, 1953, de Chaplin, alguns daqueles filmes de praia com Frankie Avalon e Annette Funicello, etc). The General, de Keaton, é uma obra clássica, cultuadíssima. Orson Welles a tinha como um dos maiores momentos do cinema em todos os tempos.
A foto mostra Charles Chaplin a dirigir Sophia Loren em seu canto de cisne de 1966: A condessa de Hong Kong, no qual ela contracena com Marlon Brando, uma amarga experiência para Chaplin, mas filme que tem seus defensores. Marlon Brando, em sua autobiografia, conta que se arrependeu de ter participado do filme e ficou estupefato com o tratamento autoritário de Chaplin para com seu filho, Sidney, que trabalha como ator.
Pessoalmente, tenho profunda admiração por todos eles. Mas meu voto foi para Jerry Lewis.

4 comentários:

Saymon Nascimento disse...

Não votei, mas ficaria com Chaplin mesmo. Às vezes a escolha óbvia é a mais sábia.

Apesar disso, acho que incluiria Cary Grant na lista geral. Ele é mais comediante nesse sentido tradicional do que Lemmon, já que interpretava quase sempre o mesmo papel, e maravilhosamente.

Aquela careta no final de Charada, de Stanley Donen, não tem preço.

Jonga Olivieri disse...

Justo que Chaplin tenha vencido. Justo também que keaton tenha ficado perto dele pois foram dois grandes e inesquecíveis comediantes do cinema.
Bom, votei em Tati, voto único.
Quanto a Jerry Lewis, tem sua importância. Não é à tôa que ficou em terceiro.
Outro dia mesmo revi "The patsy" que tem momentos hilariantes.

André Setaro disse...

Saymon,

A rigor, no sentido de 'clown', apenas Chaplin, Keaton, Lewis e Tati o são. Cary Grant é um comediante a levar em consideração o vocábulo 'commediante', que vem do italiano. Mas não o seria se comparado a Peter Sellers ou Jack Lemmon. Seria levar o termo 'commediante' muito ao pé da letra.
Aquela 'careta' final em 'Charada' é realmente genial, mas incapaz de elevá-lo ao sentido 'strictu sensu' de comediante.

André Setaro disse...

Jonga,

Considero Jerry Lewis, na sua fase autoral, um dos maiores cineastas da história do cinema. 'O otário' ('The patsy') não é simplesmente hilariante, mas obra de gênio.
Lewis, entretanto, é mais associado ao comediante que trabalhava, no início de sua carreira, ao lado de Dean Martin, ou mesmos nas fitas que fez 'solo' dirigidas por Tashlin, entre outros menos notáveis. Jean-Luc Godard é seu fã ardoroso e disse em entrevista que (exagerando) a única pessoa que fazia um cinema progressista nos Estados Unidos dos anos 60 era Jerry Lewis. O sisudo 'Cahiers du Cinema' lhe dedicou um número especial, com elogios rasgados de gente como Eric Rohmer, Jacques Rivette, o proprio Godard, Volcrose, Truffaut, etc.