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21 dezembro 2008

Cinema Baiano (11): Cineastas baianos reagem ao golpe contra "Revoada"



Cineastas baianos reagem ao golpe sofrido por José Umberto, que teve o seu longa Revoada montado completamente à sua revelia. O filme, que os produtores dizem estar pronto, nada tem a ver com a concepção original de seu autor. É uma obra espúria. Registro aqui algumas opiniões. A primeira delas, enviada por Edgard Navarro a Umberto, dá conta de sua indignação.


Prezado amigo José Umberto,

Quero me solidarizar mais uma vez com você e manifestar o meu repúdio à atitude desonesta e perversa perpetrada pelos produtores de seu filme REVOADA, justamente num momento de fragilidade em que você se encontrava, acometido de grave doença e tendo que se submeter a uma cirurgia urgente que, felizmente, lhe trouxe de volta a saúde. Em qualquer lugar do mundo, o seqüestro de um filme inacabado, seguido de montagem feita à revelia do diretor, terá que ser considerado um crime e um desrespeito primário ao direito sagrado do criador artístico. Penso que você deveria encaminhar o assunto (se é que já não o fez) à associação de classe, que certamente não se negará a apoiá-lo em sua reivindicação mais do que justa. Há que se pressionar de todas as maneiras possíveis as autoridades constituídas, de modo a que seu direito elementar de autor seja reconhecido e devolvido a tempo de você poder concluir o trabalho que começou por mérito exclusivo de seu roteiro, escolhido entre muitos como vencedor de concurso público a que se submeteu. Saiba que pode contar com o meu incondicional apoio nesta campanha que se inicia em favor do restabelecimento do direito e da justiça, restituindo-lhe a obra intacta, para que ela possa vir a ter a feição única que só o seu criador poderá lhe conferir. Conseqüentemente,punindo aqueles que tentaram usurpar-lhe um poder legítimo; você que, entre os cineastas de minha geração, possui grande crédito, conquistado por uma vida dedicada à atividade cinematográfica, quer contribuindo na construção de uma cinematografia baiana, quer na preservação da memória do cinema na Bahia. Com o meu respeito, meu apreço, e sinceros votos de que esta situação absurda encontre logo uma decisão que, para ser justa, terá que lhe ser favorável, libertando-o desta condição de mártir-vivo que você vem a público denunciar.

Um abraço,

Edgard Navarro


Esta outra, recebida por mim, é de Carlos Alberto Gaudenzi (Kabá):

"Isso é um absurdo. Zé Umberto foi destroçado e viu ser usurpado um sonho de> tantos anos. E, parece, não existir meio legal de se reparar esta violência.> Quando se está cheio das melhores intenções, não se pensa no que pode> acontecer, partindo do inidônio e do ilícito, muitas vezes de pessoas tão> próximas.. Resta-nos a denúncia e o repúdio."


Tuna Espinheira já deu aqui o seu parecer indignado com a atitude dos produtores de Revoada, e mandou um artigo para o jornal A Tarde. Mas vale a pena se ler a mensagem por mim recebida de Walter Webb, que vai ipsis literis:


"Prof.Setaro....Envio previa do cartaz do Revoada em ingles, e a seguir os em> portugues....Salvamos o filme do seu amigo, e ele deveria ser grato e nao> sujar os pratos que lhe serviu comida aBUNDAnde......Saudacoes...WW..."

Sic, sic, sic, e sic.


Na foto, uma reunião histórica acontecida na casa de José Umberto. Vê-se Tuna Espinheira, Umberto, Carlos Alberto Gaudenzi (Kabá) e este blogueiro depois de ter tomado umas e outras. Clique na imagem para vê-la aumentada.

6 comentários:

Jonga Olivieri disse...

É um caso de ROUBO, pura e simplesmente,
Não sou advogado, não entendo de leis, mas o Zé Umberto pode e deve entrar com um processo de APROPRIAÇÃO INDÉBITA.

Anônimo disse...

Uma verdadeira reunião de comadres do cinema baiano! Quanto brilhantismo em sugar nas tetas do estado! Quanta erudição balofa, e cagação fora do penico! Longa vida ao cinema baiano inexistente! Who cares about fucking Revoada?!

Anônimo disse...

Setaro, acredito que uma reação concreta seria acionar o Ministério Público ( sim, trata-se de um patrimônio produzido com verbas públicas, logo é público também) para embargar a fita( e o material publicitário) até resolver em dedfinitivo a questão autoral. Se a pendenga chegar no STF não tenho dúvida que Zé Umberto ganha de 7 a zero.

spring disse...

Caro André Setaro
Feliz Natal e Bom Ano 2009 para si, são os nossos votos sinceros deste lado do Atlântico.
Abraço cinéfilo
Paula e Rui Lima

Stela Borges de Almeida disse...

Que vivam os sonhos e Revoada. O nome do filme sugere intensidade, que percorra seu curso.

André Setaro disse...

O cinema baiano é muito corporativo e não admite que seja criticado. Qualquer crítica que se faça a um de seus filmes, o responsável por ela é logo chamado de 'inimigo do cinema baiano'. E num momento em que o processo de criação artística é solapado por produtores com interesses comerciais, a classe fica muda. O caso de 'Revoada' é um caso grave e que pode se repetir com algum outro filme. O fato do contrato ter sido assinado pelo produtor e o Ministério da Cultura não implica que a obra cinematográfica fique em poder do primeiro, que se permitiu, inclusive, montar o filme segundo os mais comezinhos interesses mercantilistas, a impedir que seu autor, o cineasta José Umberto, interferisse na montagem. Como bem disse Tuna Espinheira, a montagem é fator fundamental para a criação cinematográfica. A cópia que está pronta de 'Revoada' é uma cópia espúria. O filme se encontra todo transfigurado, retalhado, estraçalhado, e nem de longe responde às intenções de seu autor. Não seria o caso da Associação Baiana de Cinema e Vídeo tomar uma posição?