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22 novembro 2008

A aventura como ritmo e emoção

François Truffaut escreveu, naquele fabuloso livro de entrevistas que fez com Hitchcock, que toda a série James Bond (pelo menos nos seus filmes iniciais) foi fortemente influenciada pela estrutura audiovisual de Intriga internacional (North by northwest, 1959). Acompanhei a trajetória do agente James Bond desde o seu primeiro filme, O satânico Dr. No (Dr. No, 1962) e não posso negar que me empolgava com as suas eletrizantes aventuras, a seqüência antes da apresentação dos créditos, a música-tema de John Barry, o carisma de seu primeiro intérprete (e único), Sean Connery. O segundo filme, Moscou contra 007 (From Russia with love, 1964), de Terence Young (um chinês metido a inglês que também dirigiu o primeiro, entre outros) se tornou numa verdadeira coqueluche, filas quilométricas, um sucesso absoluto que seria confirmado com o estouro de 007 contra Goldfinger, desta vez regido por Guy Hamilton. A emoção, porém, tinha prosseguimento com 007 contra a chantagem atômica (Thunderball, 1965), Com 007 só se vive duas vezes. O interregno com George Lazenby como um Bond deslocado, no entanto, esfriou a trajetória bondiana. Mas eis que Connery volta em Diamantes são eternos (Diamonds are forever), ainda que meio careca e mais gordo - estava se tornando um intérprete expressivo, principalmente em Marnie, do mestre, e A colina dos homens perdidos (The hill, 1966), de Sidney Lumet (o mesmo que, aos 84 anos, dirige a pérola que é Antes que o diabo saiba que você está morto). Para esta sábado melancólico, uma foto de Connery em Moscou contra 007. Spielberg declarou uma vez que sempre sonhou em fazer um filme de James Bond e a série Indiana Jones, estruturalmente falando, tem muito a ver com os filmes do agente secreto, com direito para matar, a serviço de Sua Majestade, 007. Roger Moore ainda sustentou o movimento bondiano que se foi arrefecendo. Confesso que hoje a ação ininterrupa de 007 - Quantum of Solace não me toca mais. Mudou 007 ou mudei eu?

Um comentário:

Jonga Olivieri disse...

Mudaram "double'o'seven" e você, certamente.
O fato é que depois de Sean Connery vieram uma série de atores que, na minha opinião, não se enquadram no perfil do personagem.
De Roger Moore a Pierce Brosnam, todos têm cara de bonzinho, alguns até de 'babaca'. Talvez as únicas excessões sejas Timothy Dalton e o "deslocado" George Lazenby.
Daniel Craig tem cara de mau. E isso se encaixa. Ou será que um indivíduo que mata à vontade pode ter uma carinha de 'bom menino'?
Mas senti falta de duas coisas em "Quantum of Solace": a música tema no início (só entra no final) e a famosa frase: "My name is Bond... James Bond". Ou eu estava muito chateado com as pipocas ao meu redor ou ele realmente não falou. É... mudou James Bond.