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20 março 2008

O gosto dos outros

Muito bom o début de Agnès Jaoui como diretora em O gosto dos outros (Le goût des autres, 2000), que pode ser encontrado em DVD, ainda que lançamento há cinco anos ou mais. Jaoui aprendeu com Alain Resnais (trabalha como atriz e participou do roteiro de Amores parisientes/On connaît la chanson, 1997) a observação dos comportamentos humanos e a maneira simples e inteligente de abordá-los. Le goût des autres, lembra, na sua concepção geral e no andamento da situações, o modo resnaisiano de fabulação dos últimos filmes, a exemplo do magistral Medos privados em lugares públicos/Coeurs, o melhor filme, de longe, do ano passado. Em O gosto dos outros são três corações que descobrem novas possibilidades na vida. Jaoui é delicada e sensível como diretora e também, em Le goût des autres, trabalha como atriz ao lado de Jean-Pierre Bacri (seu companheiro de longa data).

Sempre achei Laís Bodansky inteligente e simpática. Chega de saudade, seu segunda longa (o primeiro: Bicho de sete cabeças), está sendo lançado neste fim de semana em quase todas as capitais do país. Agradou muito em Brasília, aplaudido pelo público presente ao festival, cujo juri preferiu premiar Cleópatra, de Júlio Bressane. Chega de saudade tem sua ação localizada em um baile para pessoas da terceira idade. Para alguns, lembra um pouco O baile, de Ettore Scola, embora as propostas diferentes. E tem um elenco de se tirar o chapéu: Tonia Carrero, Leonardo Villar, Jorge Lordelo, Stepan Narcessian, entre muitos outros notáveis. De repente, no meio do filme, aparece a fabulosa ("Lata d'água na cabeça...") Elza Soares. Assim que for lançado, vou, logo, assisti-lo.
Ninguém tomou conhecimento, mas Agnès Jaoui esteve em Salvador para lançar - há alguns anos - Amores parisienses, de Alain Resnais, filme do qual ela participa não somente como atriz mas, também, como uma das roteiristas. O lançamento se deu numa das salas do Aeroclube. Saiu uma nota em A Tarde. Jaoui é uma mulher extremamente inteligente e que se destaca pelo seu poder criativo. Infelizmente não tive oportunidade de ver os outros filmes que dirigiu a partir de Le goût des autres, a exemplo de Comme une image (2004).
O blog do grande crítico de arte, Professor Jorge Coli, pode ser conferido em
http://bravonline.abril.com.br/participe/blogs_listarpublicacoes.shtml?1316 Coli, sobre ser um dos mais eruditos críticos de arte no Brasil, é polêmico quando fala de cinema. Adora os filmes oriundos da indústria cultural de Hollywood, os chamados blockbusters, que os tem em alta conta. Tem opiniões que conflitam com a intelligentzia crítica (o que é sempre bom), quando, por exemplo, elogia o diretor Moacyr Goes, e, também, Miguel Falabella, a considerar estes, por exemplo, mais talentosos do que um Cláudio Assis, por exemplo. Vale dar um conferida no blog cujo endereço já se encontra acima dado.
Este não é um blog, mas um site. Trata-se de Escrever Cinema (http://www.escrevercinema.com/), de José Carlos Avellar, um veterano da crítica cinematográfica. Passou anos com uma coluna no Jornal do Brasil, onde dividia a crítica dos filmes com Ely Azeredo, que se encontra a completar 50 anos de atividade no colunismo cinematográfico. A existência de dois críticos no Jornal do Brasil era muito interessante, pois Ely Azeredo é o antípoda do pensamento de Avellar sobre cinema. A concepção estética de um diverge em número, gênero e grau ao do outro. E, para completar, em matéria de novidades, um outro blog que recomendo é o de Diego Assunção, que pode ser acessado através do seguinte link: http://www.cinema-setima-arte.blogspot.com/
A campanha antitabagista que toma conta dos politicamente corretos é puro fascismo. Quem fuma, agora, é um marginal. O seu livre-arbítrio não é respeitado. Concordo com Carlos Reichenbach sobre este fascismo que se está a alastrar pelo Brasil afora contra os fumantes. Há poucas semanas, por exemplo, o fumódromo do Cine Sesc em São Paulo foi abruptamente fechado.
A imagem que ilustra este post mostra Jean-Pierre Bacri e sua companheira Agnès Jaoui, a diretora de Le goût des outres.

Um comentário:

Jonga Olivieri disse...

Agnes Jaoui teve uma escola invejável. Ter estado desde o início ao lado de Alain Resnais, é um privilégio para quem saiba aproveita-lo.
Agnes Jaoui e Jean-Pierre Bacri foram roteiristas de “Smoking/no smoking” de Resnais.
A propósito de fumar/não fumar, concordo com você (e com o Carlão) quanto ao teor fascista da campanha anti-tabagista que se está a alastrar, na verdade não somente pelo Brasil, como no mundo inteiro contra os fumantes.
Deixei o cigarro em 1982, mas mesmo assim fico revoltado com as pessoas que têm que quase se esconder para saborear um cigarrinho. E essa “historia” de “fumante passivo” é um exagero, num meio poluído como o que vivemos. Pior são as descargas dos automóveis, das fábricas e etc, etc...