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21 agosto 2007

Os crimes do Telecine

Como se não bastasse a deformação do formato original dos filmes realizados originariamente em cinemascope, que são mostrados, nos canais Telecine, em abominável tela cheia (full screen), estes canais, que tanto gostam de maltratar a arte do filme, estão a editar os créditos finais, podando-os ou acelerando a sua passagem pela tela. Aí já é demais e estou a pensar, seriamente, em cancelar a minha assinatura. Já escrevi, aqui neste blog, que quando assinei a Net, e, com ela, os telecines, havia respeito aos formatos e a programação era tão boa que considerava ter uma cinemateca em casa.

O fato é que o público somente se interessa pela história do filme, pela sua trama, pelo seu enredo. E o prefere em tela cheia, bem espichado, e, se possível, dublado, pois neste país cuja maioria dos alfabetizados é analfabetos funcionais há imensa preguiça de se ler as legendas. Constatei que num dos canais, ou o Action ou o Première, estão agora a intrometer um gato que dança durante o desenvolvimento da narrativa fílmica. O que estão pensando que os assinantes são? Débeis mentais? Segundo li por aí, o que o Telecine faz é em função de uma maior audiência, e os assinantes estão satisfeitos com os filmes deformados em tela cheia, com o gato que dança, com os créditos que sobem em velocidade alucinante, etc.

Resta, infelizmente, considerar o público como um bando de analfabetos, um bando de débeis mentais, que precisa ser educado, que precisa ficar mais refinado, que precisa sair de sua imensa ignorância, que precisa ter mais finesse em relação às obras cinematográficas. Mas são débeis mesmo, haja vista que, numa sala de exibição, atendem, sem a menor cerimônia, o desgraçado do celular, e conversam durante a projeção, além do barulho das pipocas, etc.

Além de não se poder mais ir ao cinema, considerando que a sala de exibição é um palco de vandalismo, agora não se pode mais ter uma assinatura de canais especializados em filmes, porque estes são deturpados. O que resta fazer? Dar um tiro na cabeça?

3 comentários:

Jonga Olivieri disse...

Dar um tiro na cabeça do responsável por estes crimes.
O pior de tudo é que o "Cult" ainda é onde se pode assistir filmes de melhor qualidade. E eu digo isso porque como não tenho este canal, e na semana passada a NET deu uma canja (de vez em quando fazem isso) abrindo todos os Telecines, pude assistir alguns filmes que não passam nos outros canais.
Mas já havia observado este detalhe (o mais novo) da aceleração dos créditos. Não dá para se ler absolutamente nada. Até me lembrou um programa cômico do Chico Anísio que tinha um telejornal e no final os créfitos eram exatamente assim: aceleradíssimos.
Vício da Rede Globo (são farinha do mesmo saco) que inclusive corta todos os créditos.
Coisas do "fantasma" do dr. Mabuse (digo Marinho) hehehe

André Setaro disse...

Disse 'dar um tiro na cabeça' como força de expressão. Mas tenho muita vontade de cancelar a assinatura do Telecine. O que o Telecine está a fazer é em decorrência da ignorância cada vez mais assustadora, da miséria cultural crescente, do analfabetismo funcional, entre outros fatores lamentáveis. O Telecine quer audiência e os assinantes preferem mesmo, ignorantes que são em termos cinematográficos (desculpem-me a expressão, mas não há outra), os filmes dublados, porque têm preguiça de ler as legendas, espichados, em tela cheia, para ver melhor os rostos dos personagens, ainda que o enquadramento se deforme. Uma das 'maravilhas' da tecnologia que me aborrece muito, por exemplo, é o celular. Por que seus usuários não os desligam quando num cinema, num teatro, numa reunião? Será que é preciso ficar falando a todo momento com os outros? Se um médico, compreende-se. Tenho um celular, mas o deixo em casa. Aliás porque mo deram, senão não o iria comprar. Já basta meu telefone de sala, o chamado fixo. Gostaria que fosse descoberto que o celular, considerando seu magnetismo, viesse a ser considerado um fator de risco para o câncer, assim como o cigarro o é e ficou tão desprezado. Radicalismo? Mas sinto isto.

Stela Borges de Almeida disse...

Concordo plenamente com a intolerância expressa à ignorância cinematográfica. Atendimento de celular nas sessões, consumo de guloseimas, entre outras, os sacos de pipoca ,deformações na película apresentada em tela cheia, créditos rápidos quando não cortados pela pressa em prosseguir a próxima sessão, são frutos do consumismo e hedonismo, melhor mesmo é garantir o lucro. Que fazer? Montar um telecine em casa? Parte resolvida da danação. Cortar a assinatura? Caro André, realmente não encontro saída a curto prazo, mas melhor mesmo é resistir ao analfabetismo, já dizia Cosme de Farias.