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25 julho 2007

A personificação da ressaca



Quem lê este blog já deve saber que sou apreciador de uma cervejinha. O que gosto mesmo é do chopinho carioca, mas, aqui, nesta soterópolis, é muito difícil encontrar um chopp que preste. Fica-se na cerveja. A que mais aprecio é a Heineken naquelas garrafinhas verdes long-neck, mas geralmente não são encontradas pelos bares da vida. Há também a Calsberg. Á Brahma já foi uma grande cerveja. Hoje não presta. A decadência também se reflete nas cervejas por incrível que pareça.

Mas me perguntaram outro dia o que acho da ressaca. A ressaca é suportável se você sabe dirigi-la. Mas encontrei a expressão perfeita e acabada, cuspida e escarrada, da ressaca. A personficação da própria ressaca, encontrei-a na foto de um amigo, jornalista, Mestre em Comunicação, crítico de cinema bissexto, que se chama Sandro Santana. Não sei que momento de inspiração estava a pessoa que tirou a foto de Sandro - uma moça - ao acordar depois de ter tomado todas as cervejas de um bar e ter fumado vários maços de cigarro. A foto que ilustra a postagem, uma obra-prima, mostra o momento no qual Sandro, após la notte brava, acorda para a fotógrafa, que o surpreende nesse momento de extrema e dolorosa ressaca. Está quase que totalmente verde.

15 comentários:

Franchico disse...

A.K.A. Satã, morador das profundezas do Canela! Vai tomar uma água de coco, meu filho!

Franciel disse...

Rapaz,
Satã tá tão estranho que tá parecendo até com aqueles, digamos assim, músicos dos Los Hermanos.

Jonga Olivieri disse...

Putz, que expressão. Dá dó, sô!
Mas você falou uma coisa que é certeira. Pelo menos na época que eu fumava cigarro (lá se vão mais de 25 anos), a ressaca do cigarro é tão ou mais braba que a do próprio álcool.
Pra dizer a verdade, depois que deixei de fumá-los -- ressacas, as poucas que tive -- foram sempre mais brandas...

MOLOI LORASAI disse...

Moloi, ex/undergound dos anos 70, ainda está na ativa:

http://moloi-2022.blogspot.com

André Setaro disse...

Um antigo 'underground', contraculturalista da pesada dos esquecidos anos 70, quando viu o rosto esverdeado de Sandro Santana, carinhosamente apelidado de Satanás, ficou estupefato. Trata-se de Moloi Lorasai (veja o seu blog na postagem acima). Mas quem é capaz de ficar indiferente diante da foto de Satanás 'acordando'? Profissional do copo, ainda resiste ao modismo de 'beber pouco' e 'entorna' com uma fluência admirável. Como ele gosta de dizer: é capaz de chegar num lugar 'e beber todas'. No outro dia, o azedume, o cansaço, o desânimo, a indisposição, a ausência de 'animus' para fazer as coisas, o 'ficar verde', como é o seu caso, que, segundo me contou uma de suas inúmeras namoradas, toma susto quando vê, a seu lado, Satanás acordar. Mas o blog tomou rumo inesperado, disse-me ontem um imbecil. Não, não tomou não, o retrato verde, e diria mesmo retrato verdade, de Sandro Santana é uma boa inspiração para um curta que se queira sério e afetuoso sobre a ressaca. Diante de tanta falta de idéia boa no cinema baiano, não seria o caso de se tentar um roteiro nesse sentido?

Cassiano Mendes disse...

Que expressivo o olhar desse ressaqueado que acima o blog! Que esplêndida fotografia! Ela expressa, e muito, a ressaca. Para aqueles que nunca passaram por ela, e não sabem como ela se apresenta no organismo do homem, basta que se olhe, para ter idéia clara, para a fotografia de Sandro Santana, que não o conhecia, mas que tive o imenso prazer de conhecê-lo neste blog e nesta imensa fotografia tão cheia de sentidos e de signficados. O esverdeado conseguido se ajusta perfeitamente ao agônico acordar de um homem que muito bebeu na noite anterior, ou, como diz Setaro, 'la notte brava'.

MOLOI LORASAI disse...

Tenho que confessar que fiquei estupefato, sim.

Deve ter ativado, inconscientemente, as minhas memórias de Pituassu nos anos 70. Tempo de Eulina Rosa, Silvio Varjão e Fernando Noy.

Anônimo disse...

Setaro, vc não entendeu o espírito da foto: penso que o olhar do comunicólogo contempla, blasé, o espírito da contemporaneidade hehehehe!!!! E por falar em contemporâneos, será que os orixás da imagem ouviram sua admostação no Seminário e deitaram o olhar sobre nós?! Digo-o por conta das recentes noícias que iluminam o coração de qualquer cinéfilo: Mostra no Multiplex, às terças, com direito a "Noites de Cabiria"; sala Walter em projeto de revitalização, mas já exibindo "Quanto mais Quente Melhor" e "Tenda dos Milagres"; mostra de animação e, uau!, mostra MIZOGUCHI (!!!!!) a partir do dia 29, com direito a exibições de "Amantes Crucificados" e o "Intendente Sansho"!!! Mais uma bolha especulativa no mercado ou finalmente estamos vivendo um esplendor renascentista-cineclubista na província? rsrsrsrs O tempo dirá...

André Setaro disse...

Realmente Júlio, o céu está de brigadeiro para os cinéfilos baianos. De todas as programações anunciadas, destaco a mostra de Kenji Mizoguchi,um gênio do cinema japonês que muitos estudiosos consideram superior a Akira Kurosawa, porque este é mais ocidentalizado e Mizoguchi, neste caso, representaria a cultura japonesa em sua pureza original. Há outros grandes cineastas no Japão, a exemplo de Kaneto Shindo, Masaky Kobayashy, Shohei Inamura, o grande Yasuhiro Ozu, entre tantos. O fato é que quando vi, adolescente, 'Contos da lua vaga' fiquei absolutamente traumatizado pela sua força, pela suas imagens, pela seu fantástico, pela sua mise en scène.
Até que enfim os donos dos complexos de salas passaram a compreender que há necessidade de se programar filmes bons e importantes em algumas das salas, pois há demanda reprimida, pessoas que já não aguentam mais o lixo que a indústria cultural hollywoodiana está a oferecer. 'Noites de Cabíria' no Multiplex é algo a bater palmas, não é mesmo?

Cassiano Mendes disse...

Estou espantado com tais notícias oriundas de Júlio Gomes - sempre atento às coisas do cinema e cinéfilo exemplar - e de André Setaro. Como é mesmo a história? O Multiplex vai reservar sessões para clássicos do cinema? Kenji Mizoguchi vai ter retrospectiva na Bahia? Quanto mais quente melhor esta em 35mm na Sala Walter da Silveira. Meus sais aromáticos, meus sais aromáticos, por favor! E Satã, hein, que bela imagem, que ressaca desgraçada, mas quando o 'diabo' bebe a coisa explode mesmo.

Anônimo disse...

O olhar inerte, lábios ressecados, pele de indefinível tom de verde...
Não conheço o Sandro Santana mas gostaria, nessa hora extrema, de apresentar meu anônimo conforto aos seus entes queridos.
Eles haverão de honrar sua memória, tenho certeza.

André Setaro disse...

A ressaca pode virar um tema nobre e ser motivo de inspiração para um curta metragem. Um filme que se queira fazer sobre a ressaca, no entanto, precisaria de Sandro Santana, pois ele é 'conditio sine qua non' para o êxito da idéia posta em imagens em movimento. Não seria exagero comparar este 'close up' de Santana com um 'close' de Falconetti em 'La passion de Jeanne D'Arc', de Carl Theodor Dreyer. Se neste há o sofrimento, a dor, a de um mulher sob julgamento tortuoso, no 'close' de Santana o que se pode observar é o contrário: a palidez verde reflete um certo alívio, uma sensação, por assim dizer, 'de alma lavada'. Como se Santana estivesse acordando de um sonho, de uma 'viagem' (no caso, a farra alcóolica da noite anterior, a referida 'notte brava'). Estou recebendo mensagens indagadoras sobre a disponibilidade de Sandro Santana para tirar fotos com filtros verdes. Respondo que de nada sei, que nada posso dizer, que não tenho nem o e-mail 'do esverdeado'.

Alessandra disse...

Satanás, pelo que conheço dele, não é, pessoalmente, esverdeado, mas a foto, exemplar, dá uma idéia precisa do que é se 'estar de ressaca'. Fiquei impressionada com a figura de Sandro Santana assim de ressaca e, porque não muito habituada a tê-la, agora tenho uma idéia bem mais precisa do que seja a tal ressaca. Obrigado Satanás por este momento sublime.

Anônimo disse...

Temos agora a quem apelar quando a ressaca dá em cima da gente. Já tirei a foto de Sandro, que pretendo ampliar, ainda hoje, para estampá-la na parede do bar de minha confortável mansão. Acho que este homem esverdeado vai inspirar a todos os meus amigos enquantos estivermos bebendo. Agradeço a você, Setaro, por conhecer uma pessoa capaz de nos acrescentar algo à bebida nossa de cada dia. Sou seu criado

Anônimo disse...

A interpretação da foto polêmica de "Satã" é de certa forma errônea no que diz repeito ao clima do momento em q foi tirada, a ressaca foi de outra coisa. Perdoem-me os boêmios imaginativos.