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16 julho 2007

O esporte favorito do homem





De repente, e sem saber estar programado, vejo O esporte favorito do homem (Man's favorite sport, 1964), de Howard Hawks, no Telecine Cult. Uma surpresa, pois filme difícil de ser visto e que há tempo não dá notícias - a Globo há muito o passou dublado. Velho como estou, vi no seu lançamento, em fins de 1964, aqui em Salvador, no simpático cinema Tamoio, e fiquei impressionado com a modernidade da dinâmica cômica de Hawks, principalmente, na visão do jovem, quando Rock Hudson beija Paula Prentiss e a imagem que se segue é a de trens se espatifando ou, no final, com a imagem repetida e um casal a dizer que o filme acabou. Hawks, cineasta admirável, que incursiou por diversos gêneros sem deixar de ser considerado um autor, tem duas maneiras de conduzir a sua filmografia, por assim dizer. Quando se trata de comédia, há a irrupção de uma certa loucura nos personagens, estabelecendo uma anarquia do mundo, dos homens e das coisas, como são notáveis, a este respeito, Levada de breca, Bola de fogo, O inventor da mocidade, entre tantas outras. Poder-se-ia dizer que o homus hawkisiano é um na comédia e outro nos diversos gêneros percorridos pelo brilhante realizador. Um de meus filmes favoritos, de todos os tempos, é Hatari! (1962), que vi pela primeira vez no Bruni Flamengo, quando este cinema se inaugurou. Há um estilo palpável em Hawks, uma característica que percorre toda a sua filmografia. Em Rio Bravo (Onde começa o inferno, 1959), talvez uma das obras mais que perfeitas da história do cinema, muito mais do que um filme de ação, é uma fita que se passa quase toda em recintos fechados (a delegacia, o hotel), havendo, apenas, o grande tiroteio final. Em Hatari!, o que mais interessa é o que acontece nos intervalos das caçadas.

3 comentários:

Julio disse...

Setaro:
Por falar em mestres, já viu que lançaram (finalmente) em DVD o sensacional "Pacto de Sangue", de Billy Wilder?! E este blog aceita pedidos? Em caso positivo, tenho dois: aproveitando os lançamentos em DVD dos filmes de Zurlini, gostaria de vê-lo comentando "Verão Violento", "A Moça com a Valise" ou "A Primeira Noite de Tranquilidade". E pra encerrar com chave de ouro o imbroglio do Seminário, porque ainda não publicou neste espaço o excelente artigo de Claudio Leal, publicado originalmente na edição de sábado passado de "A Tarde"?!

André Setaro disse...

Vou procurar nas locadoras os DVDs de Valerio Zurlini, um diretor que sempre muito admirei ('Dois destinos' e 'A primeira noite de tranquilidade' são duas obras supremas). O DVD resgata, realmente, caro Júlio, a memória do cinema e é uma dádiva ver Zurlini assim, em bloco, quase todos de uma vez a fim de se poder notar as suas constâncias temáticas e estilísticas. Ficávamos, antes do disquinho, ao sabor dos lançamentos, escravos da boa vontade dos exibidores. Via-se um Bergman e se levava anos e anos para se ver o outro Bergman e, assim, a visão sempre ficava esfacelada, e a memória, às vezes madrasta, fazia um trabalho de cupim a destruir a coerência de fichas filmográficas se não devidamente anotadas 'na hora' e comentadas em tempo hábil. O artigo de Cláudio Leal, que está um primor, já o coloquei 'no ar'.

Anônimo disse...

Esse eu perdi, Setaro. Mas Rio Bravo realmente é magnífico.

abraços