Sinceramente, os golpes têm sido diários. Ontem, Bergman, mestre supremo, hoje, e ao acordar, Michelangelo Antonioni, geometra cartesiano dos sentimentos humanos que com sua trilogia composta dos filmes A aventura, A noite, e O eclipse, trilogia da incomunicabilidade, revolucionou a estética da arte do filme, com a instauração do domínio da anti-narrativa. A surpresa não me permite entrar em mais considerações já que pretendo registrar o desaparecimento no blog da maneira mais rápida possível. Não gosto de fazer isso, mas, para adiantar, roubei o texto que vai abaixo da Folha On Line, que informa sobre a vida e a obra desse regista italiano, que tanto me inflenciou vida afora para entender melhor a dimensão estética do cinema. Seria o caso de perguntar: a bruxa está solta?
O diretor de cinema italiano Michelangelo Antonioni, 94, morreu na noite desta segunda-feira, em Roma. De acordo com a agência italiana Ansa, Antonioni morreu às 20h (15h de Brasília), em sua casa, ao lado de sua mulher, Enrica Fico.
O corpo do diretor italiano será velado nesta quarta-feira na Prefeitura de Roma e depois será levado para a sua cidade natal, Ferrara, no norte da Itália.
Lois Bernstein/AP
Diretor Michelangelo Antonioni morreu ontem em Roma aos 94 anos.
"Com Antonioni desaparece não só um dos nossos maiores diretores, mas também um mestre do cinema moderno. Graças a ele chegaram à grande tela as problemáticas mais duras do mundo contemporâneo, como a falta de comunicação e a angústia", disse o prefeito de Roma, Walter Veltroni.
Antonioni despontou na cinematografia italiana com uma forma original de fazer filmes com "Crimes da Alma" ("Cronaca di un Amore", 1950). Em 1960, rodou "A Aventura", que receberia o Prêmio da Crítica do Festival de Cannes.
Entre suas musas, destacou-se Monica Vitti, estrela de "A Aventura", "A Noite" (1960) e "O Eclipse" (1962).
Em seguida vieram "O Dilema de Uma Vida" ("'Deserto Rosso", 1964) e seu período americano, com "Depois Daquele Beijo" ("Blow-up", 1966), "Zabriskie Point" (1970) e "Profissão: Repórter" (1974).
Outra de suas obras foi realizada com o alemão Wim Wenders, "Além das Nuvens" ("Al di là Delle Nuvole", 1995). O filme se baseia num livro do cineasta italiano.
Com "Blow Up", seu primeiro filme em inglês, recebeu a indicação para o Oscar de melhor diretor. Mas só recebeu a estatueta dourada em 1995, num prêmio por toda a sua carreira.
O corpo do diretor italiano será velado nesta quarta-feira na Prefeitura de Roma e depois será levado para a sua cidade natal, Ferrara, no norte da Itália.
Lois Bernstein/AP
Diretor Michelangelo Antonioni morreu ontem em Roma aos 94 anos.
"Com Antonioni desaparece não só um dos nossos maiores diretores, mas também um mestre do cinema moderno. Graças a ele chegaram à grande tela as problemáticas mais duras do mundo contemporâneo, como a falta de comunicação e a angústia", disse o prefeito de Roma, Walter Veltroni.
Antonioni despontou na cinematografia italiana com uma forma original de fazer filmes com "Crimes da Alma" ("Cronaca di un Amore", 1950). Em 1960, rodou "A Aventura", que receberia o Prêmio da Crítica do Festival de Cannes.
Entre suas musas, destacou-se Monica Vitti, estrela de "A Aventura", "A Noite" (1960) e "O Eclipse" (1962).
Em seguida vieram "O Dilema de Uma Vida" ("'Deserto Rosso", 1964) e seu período americano, com "Depois Daquele Beijo" ("Blow-up", 1966), "Zabriskie Point" (1970) e "Profissão: Repórter" (1974).
Outra de suas obras foi realizada com o alemão Wim Wenders, "Além das Nuvens" ("Al di là Delle Nuvole", 1995). O filme se baseia num livro do cineasta italiano.
Com "Blow Up", seu primeiro filme em inglês, recebeu a indicação para o Oscar de melhor diretor. Mas só recebeu a estatueta dourada em 1995, num prêmio por toda a sua carreira.
3 comentários:
Mas será o Benedito? Ontem, Bergman, hoje, Antonioni. Se, com Bergman, um jornal europeu disse, talvez apressadamente, que 'morreu o último grande cineasta', é o caso de se dizer: com o desaparecimento de Antonioni: realmente todos os grandes realizadores cinematográficos já se foram. O cinema também morreu.
Gostei muito de sua citação ao mestre nas palavras que se seguem: "(...) geometra cartesiano dos sentimentos humanos que com sua trilogia composta dos filmes A aventura, A noite, e O eclipse, trilogia da incomunicabilidade..." (sic).
E lembrando que realmente há uma pobreza de espírito reinante no mundo do cinema-videoclipístico dos tempos atuais, onde restam muitro poucos realizadores que possam fazer algo tão inovador e revolucionário quanto o ele (e Bergman) o fez.
Que o grande cinema desapareceu com o falecimento de Bergman e Antonioni, disso não tenho a menor dúvida. Mas, lembrei-me agora, resta ainda Alain Resnais, que conta 85 anos e está com filme novo em cartaz. Mas, e Almodóvar, Kiarostami, aquele coreano, aquele isso e aquilo. Nada. São bons, são talentosos, mas não são gigantes, não são genias. Bergman e Antonioni ajudaram na renovação da linguagem cinematográfica. O cinema cristalizou, por assim dizer, a sua linguagem na segunda metade dos anos 60. O último grande filme do cinema, a rigor, foi 'O ano passado em Marienbad', de Resnais, em 1961. Com a linguagem constituída e amadurecida, os cineastas que vieram depois apenas repetiram fórmulas, ainda que de forma inteligente e talentosa, como é o caso de Almodóvar, entre outros. E Clint Eastwood de que você tanto gosta, perguntou-me um imbecil, ontem. Tá certo, é muito bom, mas não é um gênio, não é um Bergman, um Antonioni. Será que estou escrevendo em grego?
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