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18 maio 2007

Sala de Arte e seu público 'cult'



Já cansei de falar aqui, neste blog, e alhures, acerca do vandalismo que tomou conta das salas de exibição, do comportamento debilóide da platéia dos Multiplex, etc. Mas tal comportamento também se verifica nas chamadas 'salas alternativas', point de encontro da maioria dos pseudo-cinéfilos soteropolitanos, que gostam de desfilar por elas para, como dizia minha avó, 'se amostrar'. Deixo para Victor Scarlato uma observação mais percuciente num texto escrito após ter ido à uma dessas famigeradas salas da cidade, em 9 de dezembro do ano que se findou. Abrindo logo as necessárias aspas:


"Pois bem, iniciarei, mais uma vez, a partir das intempéries do mundo cult. Tratarei, neste pequenino texto, sobre uma grande insatisfação minha para com um locus cult baiano: o Circuito Sala de Arte, mais especificamente, a Sala do Museu de Arte Moderna, MAM, localizado na belíssima Avenida Contorno.

Bem, antes de prosseguirmos com tais considerações, considero proveitoso retomar alguns pontos em relação à postura que possuo para com aqueles que se mostram como indivíduos pertencentes ao mais elevado padrão cultural: o movimento cult. É louvável que estes indivíduos estejam trilhando para suas vidas um caminho movido pela arte, pelo fascínio com o underground, pela espetacularização, por uma postura de "brutal crítica" e "engajamento social", além, é claro, de um demasiado louvor ao escapismo mundano a partir das drogas. Pois bem, meus caros, posso estar sendo exagerado com tais estereotipagens, mas, ainda assim, sabemos que algumas delas estão na formação do ethos cult; permitam-me esta construção típica weberiana. Tendo este cabedal em vista, o que podemos concluir de modo rápido? O público cult realmente é composto por indivíduos apreciadores da arte nobre, ou ainda, da medíocre arte contemporânea, com todas as suas produções rasas e intimamente pobres. Afinal, como sabemos, a arte está em crise, ou não? O que me importa evidenciar é que o discurso cult é um tanto cheio de questões pouco salutares e corroído por falsas problemáticas. Ah, um ponto que acabei esquecendo: além de tudo isso, o movimento cult brasileiro encontra a sua identidade no medíocre British Pop, com aquelas canções igualmente chatas e sem maiores reflexões, ou ainda, identificam-se com os barbudinhos cult do grupo Los Hermanos, sem contar, obviamente, com aqueles que se estabeleceram e ainda permanecem nos anos 60 e 70. Um filme que bem espelha este estereótipo é 9 Canções (9 Songs – filme de 2004, dirigido por Michael Witterbottom), na verdade, um verdadeiro emblema do furor cult. De todo modo, este é um fenômeno nas faculdades de comunicação, de artes e de ciências sociais, o estereótipo Los Hermanos. Desculpem-me pela extensão deste tipo, entretanto, considero-o essencial para a compreensão do que se passa na sala do MAM.

Nesta quinta-feira passada, ocorreu-me de voltar ao MAM e assistir à um filme que chamou a minha atenção e de minha namorada pelos comentários da fatídica crítica e da sinopse (Eu me lembro – filme dirigido por Edgar Navarro, 2006). Pois bem, para a minha lamentação, um filme deveras fraco, mas, isto é algo que comentarei na próxima postagem. Então, pelo que posso recordar, esta quinta-feira passada se constituiu como a minha quarta ida a tal sala de cinema. Como sou uma pessoa que gosta bastante de cinema e dos considerados filmes de arte, ou mesmo, filmes cult, considero-me como uma pessoa que pouco freqüenta este tipo de sala. Ainda assim, este fato é facilmente explicável. O primeiro ponto é que esta sala do Circuito de Arte é nova. No entanto, isso não é justificativa suficiente, desde a primeira vez que fui à sala do MAM, tomei uma ojeriza tão grande que nunca mais quis voltar. O que é algo muito ruim, uma vez que o MAM está situado no melhor sítio de Salvador, um local que possui a mais bela vista da Baía de Todos os Santos, um lugar realmente maravilhoso. Obviamente, devo explicar os fatores que me levaram a tomar certo repúdio por aquela sala de cinema. Em primeiro lugar, o atraso e a confusão que foi criada pela platéia para adentrar a sala, algo incrementado pelo próprio corpo do MAM. Além disso, o que me causou uma imensa indignação foi a educação do público ali presente. O filme que estava sendo exibido, quando fui nesta sala pela primeira vez, era de origem portuguesa, Um Filme Falado (dirigido por Manoel Oliveira, 2003), no qual se passa entre uma professora de história e sua filha num cruzeiro pelo Mediterrâneo. Obviamente, não farei outros comentários, não é um filme excelente, no entanto, é deveras interessante na sua proposta, vale a pena assistir. O que vale evidenciar é que o filme possui vários momentos de reflexão, e que, por parte da platéia, foram acompanhados de risos histéricos, conversas e chacotas. Então, pergunto-me: será este um público deveras diferente daquele que encontramos no “circuito comercial”? Tendo em vista a elevada apreciação cinematográfica e o elevado grau de crítica sobre cinema, considero que este público é ainda deveras ridículo com todo aquele espetáculo ali formado. Aliás, o cult adora a mise en scène barata, de sarjeta. Pois bem, é este o público deveras cult que freqüenta a sala de cinema do MAM.

Já no domingo passado, podemos compreender que os mesmos problemas ocorreram, à exceção do atraso no início do filme, e, pelo menos, não aconteceu, como na primeira vez, o filme não embolou no projetor. Imaginem vocês a deliciosa sensação de estar assistindo ao belíssimo Volver, de Almodóvar, e, de repente, as luzes se acendem e a projeção se apaga. Peripécias de uma sala do Circuito de Arte. Bem, antes de entrarmos propriamente para a sala de projeção, ficamos eu e minha namorada na fila. Como já foi dito anteriormente, eu, como todo bom aspirante a observador, fico de ouvidos atentos para as conversas alheias. E, obviamente, escutei algo que me incomodou muito. Dizia o indivíduo, com toda a indumentária cult ao outro: “Se estivéssemos no Multiplex (circuito comercial de Salvador, localizado no Shopping Iguatemi), estaríamos rodeados com aquelas crianças berrando e aqueles adolescentes ridículos”. Tendo esta fala em mente, resolvi declarar a minha insatisfação e, por conseguinte, evidenciar que nunca tive problemas nas salas do Multiplex (inclusive quando vou assistir às minhas desejadas animações) como os tenho na sala do MAM. Se a ante-sala do Multiplex é deveras barulhenta, com muitas crianças e adolescentes, dentro da sala de projeção, posso presenciar o contrário da palhaçada que presencio na sala do MAM, além de contar com uma projeção melhor, ambientação e conforto infinitamente melhores. Assim, meus caros, como não evidenciar um repúdio com este público medíocre e que se considera acima, a nata intelectual? Bem, para finalizar proveitosamente a semana, foi na quinta-feira que meu pesar com aquele lugar seu deu de modo avassalador. Antes mesmo da projeção, ainda com as luzes acesas, porém, bem fracas, escutei um arroto impressionante, vale observar que a sala estava muito vazia e, que para além dos vestidos como cult, contei apenas eu, minha namorada e mais um casal. Sendo assim, o grande indivíduo educado a dar este arroto foi um cult, uma vez que o outro casal estava à minha frente. Algo deveras cabível, não? Afinal, a onda cult é ser também escrachado. Bem, após as luzes se apagarem, foi difícil assistir ao medíocre filme, Eu me lembro (Edgard Navarro, 2006), por todos os motivos já evidenciados aqui: gritarias, risinhos e conversas intermináveis. Foi uma sensação tão ridícula que tive de pedir silêncio, em uma sala pequena, com poucas pessoas (em sua grande maioria cult) e, obviamente, este pedido se deu mais de uma vez.

Assim, como analisar esta sala de cinema, que já traz no seu nome algo ridículo, Circuito Sala de Arte, como um lugar aprazível? Desculpem-me aqueles que adoram este público cult ou ainda que são cult, considero que os mesmos deveriam rever esta atitude puramente de mise en scène. Pois bem, estas pequenas observações na sala do MAM são insuficientes para dar conta de toda a formação deste público, mas, ainda assim, nos são extremamente proveitosas para imprimir considerações acerca de tal público que me causa tanto repúdio. Afinal, o que importa, de fato, fruição artística ou encencação?"

33 comentários:

Anônimo disse...

Quanta besteira em tão poucas e mal traçadas linhas! Quanta falta de sensibilidade! Quanto preconceito!
É uma pena, meu caro Setaro, que você use o espaço do seu blog para fazer ecoar essa tolice.
Esse cara aí precisa se tratar.Se a namorada não é uma boa companhia, então que ele arranje um namorado.

jorge alfredo
E essa conversa mole de esculhambar "Eu Me Lembro" com a promessa de que depois volta a comentar o filme...
um arroto é pouco pra você.

Anônimo disse...

Talvez, de fato, a melhor alternativa seja cultivar uma consoladora (para quem?) diferenciação entre os considerados e autoconsiderados cult e a "massa" do Multiplex. Até onde vai essa distinçao? Meu caro Jorge, por que você nao questiona a respeito? Por que você se exime de apresentar argumentos ou exemplos que contradigam a inquietação exposta pelo autor? É fácil manter-se à esquiva com críticas vazias - ou seja, sem dizer nada. O texto do Victor traz uma reflexao (questão) que deveria ser enfrentada a partir de argumentos sérios, contra ou a favor. O que é ser cult? Até que ponto está sendo construído um grupo crítico seleto e apartado do grosso da multidão ignara (leia-se: as criaturas do Multiplex) e até onde a diferenciação de lugar e de autodenominações marcam uma postura realmente distinta? Não haverá aí também, em alguns ao menos, uma encenação que permita a confortável consideração de que "já que sou frequentador de sala de arte, sou cult. Sendo cult, estou acima dos meros mortais a que nos acostumamos a denominar massa", com também pouca reflexão acerca do que esse termo, cada dia mais em desuso, significa. "Se sou cult, não importa o que eu faça, é cult". Lembro, inclusive, no que se refere à música quando o Caetano Veloso compôs uma letra para o carnaval de Salvador, que, naquele ano, tinha a Tieta por tema (salvo engano). Os jornalistas ensandecidos perguntavam a ele o que significava a música, e ele repondeu algo assim: Nada, quis apenas fazer uma coisa fácil de as pessoas gravarem e cantarem. Creio agora ter me feito entender. Infelizmente, sou também uma testemunha de incômodos vários nas chamadas salas de arte e no Multiplex também. Não posso, pois, ser hipócrita em criticar apenas os freqüentadores de apenas um dos ambientes em questão. Em lugar de apenas confirmar preconceitos já existentes, considero ousado e produtivo discuti-los. Parabenizo a vocês, Victor e Setaro, pela mencionada ousadia. Isso sim é fazer discussão crítica. Até mais, Aurora Rocha.

Anônimo disse...

Caro Jorge,

Antes de demais assertivas, devo agradecer ao seu comentário e ao de Aurora. No entanto, fiquei um tanto impressionado com as suas palavras. Tal impressão se justifica por um único ponto: não pude evidenciar nenhuma contribuição sua para a questão por mim colocada, nem palavras que concordam ou discordam. O que você disse são palavras que apenas demonstram ofensas para comigo, nada mais. Provavelmente, é exatamente este o sentimento que aqueles que estão imersos na cena artística produzem, nenhuma crítica, apenas ofensas pessoais. De tal modo, fica muito complicado debater contigo, uma vez que nada me foi lançado como questão. Em relação a "Eu me lembro", a insatisfação é minha, como evidenciei, desde o início do texto, não pretendo discutir tal filme. A questão é outra: a estirpe cult e suas salas de arte. Por conseguinte, não lancei promessa para a discussão deste filme. E, por fim, o arroto não foi dirigido a mim, foi dirigido a todos presentes, inclusive uma forte exibição de "respeito" ao filme que você demonstra ter achado um grande feito do cinema baiano.

Um forte abraço,

Victor Scarlato

P.S.: De fato, como disse Aurora, é mais fácil e cômodo ficarmos criticando a massa opaca e acéfala que freqüenta o Multiplex, este bando levado pelos embalos do Chiclete com Banana...

Anônimo disse...

Victor,

Por outras - ou pelas mesmas - linhas, você bem retrata a classe média de hoje: burra, mal educada e sem vergonha, nos dois sentidos. É ela quem dita o mau gosto vigente em todos os canais. Isso reflete-se na arte, que há muito tempo perdeu o significado, e na total ausência de senso crítico. O pior é que a situação é tratada como normal. Que futuro aguarda a sociedade?
Gostaria de parabenizar você pelo texto justamente indignado e convidar você para conhecer também os meus protestos no seguinte endereço:
www.fotolog.terra.com.br/bossabrasileira
Por favor, se puder, deixe seu e-mail para contato.
Abraço!
K.

Anônimo disse...

O que Victor descreve em suas idas ao cineminha do Museu é uma realidade. Não somente as 'criaturas' que frequentam os famigerados multiplexes são debilóides e praticamtentes do vandalismo. Também aqueles que se dizem 'entendidos de cinema' - e que são, na verdade, 'entendidos' em outros 'assuntos'- não passam de pobres ignorantes, que se diferenciam dos outros por algum nível univertário. Mas todos sabem que a indústria da pós-graduação está colocando no mercado 'mestre' e 'doutores' completamente ignorantes. Também concordo com Victor quando diz que o comportamento de pessoas ditas universitárias e frequentadoras de salas 'de arte' deve ser levado mais a sério na sua repreensão. E se deve ater, neste particular, que o público dos multiplexes não é mais o grande público, considerando que este, como André Setaro escreveu em artigo recente em 'A Tarde', não pode mais frequentar cinema, porque muito caro. O público do Multiplex é um público constituído pela classe média alta. E a classe média atual é a mais deseducada de todas, a mais arrogante, a mais imbecil, a mais tola, a mais despreparada, considerando que o verdadeiro rico tem algum requinte - se tem tradição e não é 'nouveau riche' cuja riqueza vem dos cofres públicos - e os pobres são filósofos e amáveis, apesar de tanta amargura e sofrimento.

Cassiano Mendes disse...

Não conhecia a classificação 'cult'para aqueles que frequentam o circuto baiano. Não conheço Los Hermanos nem nunca vi '9 cancões'. Vou às salas do chamado Baiano quando lá estão bons filmes. Sou o que então? Viado (ou 'veado' segundo o GGB), tenho certeza, não sou não.

Anônimo disse...

Caro Leonardo,

Bem, assim como o caríssimo Jorge Alfredo, o conteúdo do seu comentário não teve maiores contribuições críticas. Novamente, houve um desvio para questões pessoais. Em momento nenhum a pauta do meu texto se edificou sobre um temática da sexualidade. Em relação ao grupo Los Hermanos e ao filme "9 Canções", foram apenas características para compor o ideal-tipo "cult". Assim como diz Weber, isso é uma generalização e, como tal, é pautada por abstrações. Mas, o tipo só serve para contrastar com o real que sempre porta diferenças e exceções.

Um abraço,

Victor

Anônimo disse...

Caros Kléssius e Demóstenes,

Kléssius, ainda não passei no seu fotolog, mas, assim que puder, por lá passarei e deixarei comentários. É interessante você trazer à tona a questão sobre a classe média, realmente nós (uma vez que integro esta classe) estamos passando por um momento de forte crise, como bem evidencia Demóstenes. Além, obviamente, de ser a classe mais moralista, tradicionalista, mesmo quando se vê vestida com máscaras alternativas. Agora, a questão referente à academia me é extremamente delicada, assim como para o próprio Setaro. Esta sede de academicismo está cada vez mais crescente e é, a partir dela, que se têm o grande caráter de distinção nas rodas ditas intelectuais. O universitário, em especial os doutores, são aqueles que podem falar e são ovacionados. Questiono-me a respeito disso, quando pensamos no romantismo alemão, por exemplo. Movimento em que a grande crítica se destinava aos moldes castradores das academias de arte. Ou ainda, por que o indivíduo com habilidades técnicas está sendo marginalizado? Esta fome por teoria é um grande problema, em especial quando ela é mal proporcionada e construída levianamente. Da Vinci, por exemplo, que precedeu o romantismo alemão, era um técnico de excelência, ou ainda, um conhecedor leigo, que não sabia escrever em latim, mas possuía uma erudição brilhante no tratar de objetos e construções. Por fim, a discussão a respeito deste academicismo é algo que dá muito pano para a manga, quem sabe, é objeto para uma nova postagem. A academia, entretanto, enclausura, ao invés de pensarmos em um locus de discussão (como era a compreensão da academia platônica), ela somente poda e massifica.

Um abraço,

Victor

Anônimo disse...

Contribuições críticas? O que isso significa pra cada um de nós? Engraçado é que você se cerca de uma suposta erudição como se isso o protegesse da sua falta de sensibilidade para com a população e os espaços culturais da nossa cidade. Essa cidade é feita de várias, meu caro. Não adianta citar Weber, Da Vinci pra dizer um monte de asneira, ô Victor!
“Eu me Lembro” pode ser tudo, menos um filme medíocre.
E quem freqüenta as salas alternativas vai à procura de filmes que não encontram espaço nos cinemas do Iguatemi, Aeroclube, Lapa ou Itaigara. É tudo muito mais simples do que você supõe. Nossa população é mal educada? Sua visão preconceituosa não contribui criticamente com nada. Tudo blá blá blá. Todos nós, profissionais de cinema, gostaríamos de uma pesquisa séria sobre o público que freqüenta as nossas salas. Mas o certo mesmo é que não devemos cair em procedimentos empíricos. Eu vou 3 a 4 vezes por semana ao cinema. Nas décadas de 50, 60, 70 eu também ia com a mesma freqüência. Sempre houve gente mal educada e sessões barulhentas nos cinemas. Walter da Silveira certa vez interrompeu uma sessão para expulsar o jovem Glauber Rocha, que fazia comentários durante a projeção de um filme de Eisenstein.
E sempre foram produzidos tanto filmes artísticos quanto filmes de puro entretenimento. Cinema é uma arte industrial e tenta agradar a todo tipo de público. Essa coisa de ficar preso ao passado, trancafiado em casa revendo clássicos em DVD e vociferando que o cinema e a magia se perderam eu deixo pro André Setaro. Freqüento os festivais e mostras do país, e sempre quando posso eu vou até mais longe, e cada dia amo mais cinema; sou um dependente químico confesso.
Aproveito a oportunidade para avisar que “Esses Moços”, de José Araripe Jr, entra na próxima sexta-feira no circuito da cidade. Mais um filme 100% baiano.

Jorge Alfredo

Alessandra disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Alessandra disse...

Concordo com Victor, caro Setaro, sobre a ambiência 'cult' de certos espaços intragáveis da nossa soterópolis. Detesto o academicismo de nossa universidade, pedante, pretensiosa, decadente. Médica, tenho meu consultório há anos, mas graduada apenas, nunca tive tempo para uma 'escalada' em direção ao mestrado ou ao doutorado. Marido, filhos, problemas da vida determinaram que ficasse apenas com minha clínica. Mas, modéstia à parte, sempre estou a estudar, participo de alguns congressos e tenho minha consciência do que estou a fazer, da responsabilidade com meus semelhantes. Minhas colegas, no entanto, que são 'doutoras', dizem-me que sem a PÓS vou ficar, vida inteira, a marca passo. Desculpe Setaro colocar aqui em seu blog tão cinematográfico um assunto tão particular. O artigo de Victor me levou a isso.
Alessandra Tavares

Arquivo do Setaro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Cassiano Mendes disse...

Acompanhante do blog de Setaro, ainda que na surdina, como 'voyeur', sem nunca ter me manifestado, venho agora para dizer que André Setaro tem tido coragem em suas análises sobre o vazio cultural que se estabeleceu na Bahia, contrariando o seu passado glorioso mesmo nessa área, quando conhecemos a Bahia como um centro de excelência nas artes (teatro, cinema, movimentos literários, música, universidade, etc).
Por outro lado, o Senhor Jorge Alfredo, que se diz cineasta (seu 'Samba Riachão' é apenas um documentário insípido) gosta de atacar todos aqueles que não rezam pela cartilha da louvação. O cinema baiano, para ele, não pode ser minimamente abalado em seus fracos alicerces de criatividade. Qualquer filme baiano para o 'autor' de 'Samba Riachão é bom. Uma espécie de dogma que parece dirigir a todos aqueles que, inocentes úteis, se aventuram na ilusão de 'fazer cinema na Bahia'. A verdade é que o rei está nú. Já se foi o tempo que se tinha na Bahia alguma criatividade. O cinema baiano, mesmo o tão festejado 'Eu me lembro', o melhorzinho de toda a safra, sofre de falta de criatividade, e seus filmetes curtos são desastrosos. Acho que Setaro tem sido muito diplomático, muito educado, ainda que a sua ironia peculiar, mas devia baixar o sarafo nesses pseudo-artistas e pseudo-cineastas que assolam uma terra antes abençoada por Cabral e que já deu frutos como Glauber Rocha e Roberto Pires. Para não 'encher meu saco', não vou ver 'Esses moços'. Basta!!!!!

Anônimo disse...

Não conheço os modismos do momento e não sei o que é ser 'cult' ou adepto ' Los Hermanos'. De que se trata? Sou apenas um contemplador de filmes, um mero cinéfilo, um cara que vai a cinema e presta atenção no que vê. Vi filmes baianos curtos e não gostei. Vi 'Eu me lembro' e achei bem razoável. Mas quem é Jorge Alfredo?

Anônimo disse...

Fiquei pensando; será que vale a pena responder a essa provocação?
- Sei não, mas vamos lá!
Quer dizer que “Samba Riachão” é insípido?
E para “Esses Moços”, aquela velha frase costumeira; “não vi e não gostei.”
Em respeito aos leitores do blog de André Setaro, e também por me sentir numa posição um tanto confortável devido ao reconhecimento vindo de fora a esse novo ciclo de produção baiana, eu volto a convidar a todos para que assistam os nossos filmes. O cinema produzido aqui na Bahia se esforça para conquistar o público local. Por mais que os franceses, alemães, cubanos e argentinos nos aplaudam, o que a gente mais quer de verdade é interagir com a nossa cidade. Já são 10 longas e 21 curtas em 35mm desde 1995, que acumulam os prêmios mais cobiçados dos mais prestigiados festivais. Mas isso não nos basta.
Se faltou um pouco de pimenta ou de alguma outra iguaria no meu documentário, me desculpe Cassiano; quem sabe da próxima vez o sabor do tempero seja do seu agrado.
Quanto a Glauber Rocha e Roberto Pires, deixem que eles descansem em paz. Afinal, a Bahia já os maltratou por demais! Isso aí não tem mais jeito.

Jorge Alfredo

Anônimo disse...

Caro Jorge Alfredo,

Bem, no seu último comentário, percebi, além das contínuas ofensas, um texto que perpassa questões interessantes. De fato, concordo contigo, em relação à pluralidade de públicos imersos em Salvador. Na verdade, isto é um fato em toda metrópole. Concordo novamente quando diz que o público do Circuito Sala de Arte não encontra filmes, de seu interesse, nas demais salas de Salvador. Obviamente, sempre operamos com esta lógica de diversos espaços para diferentes públicos. Mas, ao dizer que cinema é uma arte industrial, você enfatiza justamente uma propriedade que é muitas vezes ocultada para dar voz a uma certa intelectualização do cinema, ou ainda, confirmar que filmes devem promover reflexão. Esta postura me é problemática, por aquilo mesmo que você já colocou, cinema é uma arte industrial e, como tal, não é movida somente por um âmbito intelectualista. O que muitas vezes, o público cult procura são filmes intelectualistas, ou ainda, tal público tenta intelectualizar certos filmes. Obviamente, apesar de freqüentar, assim como você, as salas de arte e também o circuito comercial, antes de ser abatido por uma reflexão, dou-me ao prazer estético da obra. E diferentemente do que muitos gostam de afirmar, podemos encontrar prazer estético nos circuitos comerciais, ou ainda, a partir de filmes ditos comerciais. O tempo todo estamos tratando, ao longo desta discussão, sobre distinções que demarcam grupos. Por outro lado, quando você diz que é necessário uma pesquisa séria sobre os mais variados públicos, é válido ressaltar que toda pesquisa parte ou se destina ao confronto com o empírico; na verdade, é o empírico, o cotidiano, que nos lança questões para a prática de uma pesquisa e, por conseguinte, uma postulação teórica. Outro ponto é que, em momento nenhum, disse que devemos ficar assistindo filmes antigos e escrevendo sobre os mesmos, apesar de algo necessário. Por outro lado, a nostalgia é algo que está presente em todos nós, ela faz parte de nossa experiência. Você mesmo disse sobre a suas idas aos cinemas em décadas passadas. Por fim, acho que não devemos ter uma postura bairrista para analisar qualquer objeto artístico. O cinema baiano é ou já foi muito bom, mas, antes de baiano ele é brasileiro e, antes disso, ele é arte, ou seja, voltado para a contemplação. O fato de ser um filme baiano, não faz dele um objeto que não possa ser criticado. Por mais que eu compreenda a sua postura “militante” pelo cinema baiano, isso não o torna um objeto não-criticável, muito pelo contrário.

Um abraço,

Victor

André Setaro disse...

Nunca um 'post' de minha autoria recebeu tantos comentários como este que é de autoria de Victor Scarlato. Gosto da polêmica, mas sou da opinião que "em casa de ferreiro, espeto de pau".

Anônimo disse...

Victor, você se refere no seu texto às minhas contínuas ofensas. Creio que se esse nosso embate fosse tête-à-tête você não ficaria com essa impressão da minha pessoa. É que costumo me expressar de forma muito coloquial e às vezes carrego demais na tinta. Desculpe essa minha forma um tanto passional de expressão. Mas, creio que num espaço de comentários de um blog isso não chega a ser incomum. Ao mesmo tempo, noto que você acha normal e educado chamar o filme de Edgard Navarro de “medíocre” e não se dá ao trabalho de mais nenhum outro comentário até agora. Isso me irrita profundamente porque já se tornou um hábito aqui na Bahia esse descaso com as produções locais. Quanto a esse sentimento bairrista que você me atribui, não é bem assim. Essa fantasia auto destrutiva consensual de que cinema baiano parou em Glauber Rocha. Gosto de citar Paulo Emílio na sua célebre frase sobre o cinema brasileiro, mas, creia, não levo isso tão a sério não. Mas que eu sinto uma enorme identificação com o cinema nacional, isso é verdade. E com o cinema baiano mais ainda porque tenho muito envolvimento com as produções locais. Todos nós olhamos para os nossos filhos de forma amorosa, mas ao mesmo tempo também de forma muito mais crítica. Temos que conviver com essa realidade. Agora essa rejeição dos baianos a sua cultura é um problema sério. O que eu vi escrito sobre “Ó Pai Ó” é de doer! Ninguém se dá ao trabalho de soltar seus cachorros para esses filmes americanos que ocupam as nossas salas de cinema. Não é o cinema que perdeu a sua magia não. É a falta de auto estima que nos leva a essa situação lamentável. Reflita sobre esses números do mercado interno de cinema;
Irã detém 99 % de seu mercado interno
Índia ....95%
Coréia do Sul. 64,2%
China.........55%
Japão.........53,2%
Turquia.......51%
França........45%
Argentina... 11,3%
BRASIL........11%

Bem, já me estendi bastante.
“Olhos novos para o novo”

um grande abraço para todos

Jorge Alfredo

Anônimo disse...

O problema é que no Brasil o estrago já tá feito. Mesmo supondo a reversão do quadro de dominio do cinema estrangeiro, digamos, com uma canetada do nosso vil ministro Gil, vai levar algum tempo até que sejamos 're-educados'. Enquanto isso, ora convenhamos, não vai ser um 'Esses Moços', que vai fazer a cabeça da moçada. Não adianta Araripe vir com estoria da carochinha de "dziga vertov, mas porque o ethos do filme, bla-bla-bla...". Os cult-cineastas da provincia não acordam para tais fatos porque não querem, e continuam dando murro em ponta de faca. Edgard Navarro é um caso a parte no cenário baiano, não cabe na classificação.

Anônimo disse...

w

Anônimo disse...

Concordo com André Setaro a respeito de 'Ó, Pai, Ó', que é um exemplo bastante evidente da nossa miséria cultural (para empregar uma expressão de Setaro em artigo escrito para vespertino local). O filme reflete uma realidade medíocre, a 'carnavalização' da nossa identidade, a bestificação do 'ser enquanto baiano' e, além do mais, a construção da obra cinematográfica é deficiente, 'descosturada', apelativa. Fiquei com vergonha de ser baiano depois de ter visto o filme, este 'Ó, Pai, Ó'. Poucos os que tiveram coragem de enfrentar a unanimidade das opiniões a favor, de dizer algo a favor da dignidade da própria baianidade de ser, de existir e, por extensão, do próprio cinema. Ficar elogiando os filmes baianos é contraproducente, como faz Jorge Alfredo, um 'baba-ovo' de seu colegas. Compreendo sua atitutde corporativista, mas não concordo com ela. É como se fizesse parte de um partido, o "Partido do Cinema Baiano". Triste condição a do artista partidário. O artista deve ser um livre pensador, um homem sem amarras. Jorge Alfredo é um 'artista' com amarras. Precisa se soltar desses grilhões que tanto o reduzem. Precisa dar uma olhada em torno de si e ver a lama na qual se encontra submergido. Porque os filmes baianos são medíocres, e, novamente puxando Setaro, estão atolados na nossa miséria cultural. Outra coisa que quero agora protestar é esta mania de Jorge Alfredo menosprezar os velhos - e bons - cineastas baianos com a argumentação fajuta de que 'já passaram', 'já eram', 'estão mortos e enterrados'. O que vi do cinema baiano atual fez com que meus cabelos ficassem em pé. Gostei Victor, parabéns, vá em frente porque atrás vem gente.

Alessandra disse...

Mas o que dizer do pobre cinema baiano atual? Apesar de médica ocupada, sem tempo, reservo algum para acompanhar o movimento cultural (?) da cidade. É verdade que vou pouco a teatro, e principalmente teatro baiano, porque o besteirol me faz a sensação de perda de tempo, de perda de dinheiro. Shows musicais ligados ao axé, ao pagode ou ao arrocha, sinto dizer que tive uma educação musical esmerada, que meus pais me incutiram o gosto pela boa música. Cinema é que mais vou. Frequento as salas do Multiplex (as do Aeroclube nunca fui) e as do Circuito Bahiano, cujos frequentadores são os 'cults', segundo Victor, e adeptos de 'Los Hermanos', que não conheço. Mas vi '9 Irmãos', filme recomendado por uma prima 'cult'. Saí no meio. Do cinema baiano, vi 'Eu me lembro', que gostei - talvez pelo fato de torcer pelo cineasta baiano, 'Samba Riachão', do nosso amigo que está a escrever suas diatribes, Jorge Alfredo, que, devo confessar, é direitinho como documentário, mas se sustenta na figura do simpático retratado, e o que mais? Espero dar uma passagem por 'Esses moços', que, leio agora no blog, entra em cartaz sexta-feira. Apesar de estar escrevendo aqui no blog de Setaro, que o leio na Tribuna da Bahia há mais de 30 anos, mas não o conheço, sou pessoa discreta e reservada, e estou surpresa comigo mesmo por estar aqui manifestando opinião sobre área estranha a minha, que é a cultural. Mas alguém medianamente inteligente, como penso ser meu caso, não pode deixar de concordar com Setaro quanto à existência de uma imensa miséria cultural baiana (cinema incluído).

Anônimo disse...

Cara Doutora Alessandra, seus comentários são interessantes. Vou me ater apenas no que se refere ao “pobre cinema baiano” e deixar a música e o teatro, quem sabe, pra outra oportunidade.
Pelo que entendi, da nova safra você já viu “Samba Riachão” e “Eu me Lembro”, não é mesmo? Muito bom que tenha gostado de um e achado “direitinho” o outro. Isso é formidável! Mas, se é assim porque chamar de pobre o cinema baiano e incluir o cinema na “miséria cultural”? Puxa, o resultado não é tão ruim assim. São filmes num nível de produção e finalização compatíveis com o cinema latinoamericano ou não? O que você espera? A trajetória de ambos em festivais não fica nada a dever a outros bons filmes nacionais (ambos ganharam os principais prêmios no Festival de Brasília, entre outros, e continuam sendo exibidos pelo mundo afora e sendo bem acolhidos pela crítica e pelo público). O que nenhum dos dois conseguiu foi fazer um grande público no circuito comercial. Mas, também os resultados alcançados nas bilheterias não são tão ruins; o problema é que enquanto “Homem Aranha 3” invade nossas salas com 700 cópias simultâneas, os nossos filmes entram com 3 cópias apenas, e não contam nem com mídia na tv, nem os seus trailers são exibidos nos cinemas. (é uma luta desigual, doutora!) E mesmo estando com uma freqüência boa de público cedem o lugar logo para outro blockbuster. Você assistiu “Cartola”, “Vinicius” ou “Paulinho da Viola”? Por favor, me explique melhor porque você diz que “Samba Riachão” “se sustenta na figura do simpático retratado, e o que mais?” Para mim eu até fujo bastante de uma cinebiografia clássica, já que uso a trajetória do “malandro” para contar a história do samba da Bahia.
Sem diatribes. Já me desculpei no comentário anterior.
Vá assistir “Esses Moços” sim. E depois comente. O que a gente mais quer é interagir com a nossa cidade. Quando tiver um tempinho visite o endereço http://www.abcvbahia.com.br/novaonda/index.htm
Lá você encontra a nova produção e, quem sabe, quando puder conhece também os outros filmes.
Abraço
Jorge Alfredo

Cassiano Mendes disse...
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Anônimo disse...

Estou torcendo pelo filme de Araripe 'Esse moços', que vai entrar em cartaz sexta. Fiz aquele brincadeira do 'viado' e 'veado', mas foi somente uma brincadeira e somente se ofende quem tem culpa no cartório. Mas voltado ao cinema baiano, é impressionante que nunca tinha ouvido falar nele. Vi 'Eu me lembro', é fato, mas pensei se tratar de um filme brasileiro, sabia que era baiano, mas me ficou a impressão de um 'filme nacional'. Com a discussão aqui neste blog é que me veio a idéia de um 'cinema baiano'. Será que ele existe mesmo? É por isso que estou interessado em ver 'Esses moços' para constatar se existe alguma baianidade. Não conheço o superestimado Samba Riachão. Conheço o compositor, que fez, se não me engano, aquela música do cada macaco no seu galho que foi gravado pelo asqueroso Caetano Veloso, que dou um milhão de dólares para não ver pela frente. Se o cinema baiano fosse como Caetano Veloso, Deus, Meu Deus, o que seria da gente?
Sou o Leonardo, que vai aqui como 'anonimo' por problemas na postagem

Anônimo disse...

Jorge Alfredo,
Você não passa de um chato de galocha.

André Setaro disse...

Vixe Maria! Assombra-me a quantidade de comentários do post de Scarlato, que, aborrecido com os frequentadores debilóides da salinha do Unhão, colocou seus cachorros para morder incautos. Não sabia, e fiquei sabendo, que os frequentadores dos 'baianos' da vida se chamam 'cults'. Tem razão, nobre Scarlato - que descende, em linha direta, dos Habsburgos, os 'cults', chamei-os sempre de 'pseudo-cinéfilos', gente que nada entende de cinema mas que gosta de aparecer, ficar desfilando na antiga sala do Bahiano da Barra Avenida. Geralmente, esta 'gentalha' (assumo o dito) chega antes da sessão começar para ficar olhando os outros e se fazendo mostrar. Na saída, há o hábito de comentar o filme em voz alta para mostrar que entende de cinema. Em relação a Jorge Alfredo, outro nobre, e compositor consagrado, e cineasta renomado, aconselharia-lhe tomar Lexotan, um comprimido pela manhã e outro à noite.

Anônimo disse...

Caro Setaro,

Bem, obrigado, mais uma vez, por ter cedido o espaço do seu blog para meu texto. Fico contente que houve toda esta discussão. Porém, como todo bom debate, a conversa já tomou rumos outros, distanciando-se um pouco daquilo que estava em meu texto. De qualquer forma, é algo bacana termos esta discussão sobre cinema baiano.

Abraço a todos,

Victor

Anônimo disse...

Você notou que aqui na Bahia nem comentário no blog pode dar muito “ibope”?
Até isso incomoda. Sucesso por aqui é uma ofensa!
Valeu, Victor!
Dia desses a gente se encontra numa das salas da cinema.
Abraço a todos
Jorge Alfredo

André Setaro disse...

Escrevo tão-somente para agradecer a Victor Scarlato e a Jorge Alfredo a movimentação que deram a este tranquilo blog tão pouco importunado por comentários. Além do agradecimento, este 'post', meu, é o trigéssimo. Aleluia!!

André Setaro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Davi Lopes Ramos disse...

Sobre o comportamento do público: falta de educação é falta de educação. Essa relativização de tudo produz uma condescendência danosa. Que haja pluralidade, mas com respeito!

Sobre Eu Me Lembro: que eu saiba, o filme ainda não está no panteão dos grandes e intocáveis, tendo qualquer um o direito (e até o dever, se o faz com a necessária honestidade) de criticá-lo ou comentá-lo no momento em que desejar e da forma que desejar. A "criticabilidade" é um atributo de toda obra de arte.

Quanto a questões de mercado e à posição de nosso cinema em relação à ocupação de salas, devo dizer que não é a condescendência com relação a ele que vai torná-lo maior, melhor ou mais pujante. Muito pelo contrário! É esse sentimento protetor e paternal que dá guarida a filmes cada vez piores, de cineastas mais e mais irresponsáveis, pretensiosos e sem as mínimas condições intelectuais e técnicas para realizar uma obra cinematográfica (embora sejam muito bons em embromar nas entrevistas, debates, fóruns etc). Acho que está na hora de descer do palanque para, pura e simplesmente, se fazer bons filmes. E que fique claro: não estou falando só da Bahia, mas do Brasil. É isso.

Anônimo disse...

Em Cartola, a platéia fazia coro! minha estratégia é frequentar as salas em horários menos movimentados. é um absurdo mas é a única forma que achei para não ganhar uma úlcera nervosa.