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14 fevereiro 2007

Risos deslocados e folia industrial



Gostaria de ter incluído, nos dez mandamentos para se ser um bom cinéfilo, um que considero de modelar importância para fazer valer o sossego do espectador: a proibição, se possível fosse, das risadas fora de hora. A patuléia costuma rir de certas situações que nada têm de engraçadas e, quando chegam os momentos certos de humor, desconhece-nos porque ignorante. Um filme de humor inglês, por exemplo, faz parte de uma cultura que nada tem a ver com a cultura baiana, por exemplo, principalmente a que se formou nas últimas décadas, bebendo de um caldo cultural ácido e desestruturante, que faz emergir a deselegância e a ignorância, nunca a inteligência, o bom senso, ou, mesmo, o non sense. A bem da verdade, o comportamento de vândalos não se restringe à Salvador, mas é fato em grandes cidades como São Paulo, Rio, Beagá, Porto Alegre, Curitiba, Recife, etc. Para ficar num exemplo do momento: estamos em pleno Carnaval, que, se antes, era romântico, melodioso, atraente, atualmente é um inferno. O Carnaval soteropolitano é excludente (o povo não tem mais vez pois esmagado pelos blocos e camarotes de luxo), é um espetáculo para ser visto por pessoas bem aquinhoadas pela sorte, que podem pagar uma fortuna por um camarote ,e por uma juventude que também tira do bolso boa soma para comprar o ingresso em bloco considerado, ingresso que se traduz no abadá. Industrializado, mina de ouro para poucos que enchem suas burras, o Carnaval de Salvador, na opinião deste bloguista, não tem graça nem espirituosidade, mas muito barulho, muito som, muita algazarra. Corro dele como o diabo da cruz. Não é mesmo 'cinéfilo'?

4 comentários:

4fantasticos disse...

Pararéns pelo Blob, André... sou leitor assíduo. Realmente esse problema de frequentadores de cinema mal-educados é um problema no Brasil Inteiro. Aqui no Rio é insuportável... Hoje baixo tudo da internet e vejo em casa. Sozinho, na meu quarto, sem pipoca nem confusão.
O carnaval carioca então nem se fala... "o horror, o horror" !!

Anônimo disse...

Setaro, tbem não quero discutir com vossa eminência, ó veneralvel mestre da crítica cinematografica. Ate concordo com o que diz, guardadas as diferencas culturais (voce deve entender de Cultura, pois lida com isso em seu dia-a-dia). Se tanto critica o Carnaval da Bahia, porque não tomou a oportunidade dada a voce pelo seu amigo cabelo de q-boa? Se pode fazer algo, não fez, e continua reclamando, haja paciencia: perdeu o direito de reclamar.

Anônimo disse...

Como canta um cara que eu considero grande poeta, um roqueiro gaúcho chamado Humberto Gessinger, "mas nós vibramos no silêncio, choramos no carnaval, não vemos graça nas gracinhas da tevê, morremos de rir no horário eleitoral..."

Um abraço!

Jonga Olivieri disse...

Ainda muito presente em minha memória os Carnavais inesquecíveis que passei aí na Bahia.
Década de 60. Cadeiras na avenida 7. A gente saindo de "caretä", e com a voz de flasête, gozando os conhecidos, sem que estes soubessem quem éramaos. Caramba!
Acho que é o seguinte. a gente vai ficando velho e acha que os novos tempos são decepcionante. Eu mesmo, aos 61 anos, já na terceira idade, não suporto o carnaval de hoje em dia. nem aqui no Rio.
Virou uma indústria para inglês ver.
E qto ao cinema, idem. A maioria não vai ao shopping para ir ao cimema, mas inversamente, vai ao ceinema, porque foi ao shopping.
É só mais um programinha, como comer um hamburguer no Mac Donalds, ou uma esfiha no Habib's...
Coisa de nós, velhos inconformados.
Ainda me lembro de tias mais velhas dizendo: "No meu tempo não era assim..." Hoje até as compreendo. isso não é reacionarismo, isso é choque pela decadência dos costumes.
Bom, papo pra muito chope. Ou, tanto no meu quanto no seu, pra muito guaraná diet.