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22 junho 2006

A aventura e seus aventureiros


Como o tempo voa! Vi Hatari!, de Howard Hawks, em 1963, na inauguração do Bruni Flamengo, no Rio de Janeiro, num tempo em que o cinema era cinema mesmo. Revi-o, depois, em VHS e, agora, surpreendido no híbrido Telecine Cult. Obra-prima. Filme sobre a espera, analítico no que se refere ao comportamento e relação humanas. Prova inconteste de que Hawks é um autor, pois há, patente, constâncias temáticas e estilísticas. Mas o grande realizador, com Hatari!, que deve ser de 1961 (antigamente os filmes demoravam muito para ser lançados no Brasil; basta dizer que Os dez mandamentos, de Cecil Bem Demente, realizado em 1956, somente estreou em território tupiniquim em 1959, sendo que, aqui, em Salvador, em 1960). John Wayne, em Hatari!, comanda um grupo de caçadores em plena África (filmagem in loco). Truffaut disse que Hawks, com este filme, satisfez seu amor pelo cinema, pela aventura e pela caça. O grupo é formado por pessoas de diferentes nacionalidades. De repente, um acidente de percurso com a entrada de Elsa Martinelli, que, como em todos os filmes do realizador de Bola de fogo, provoca uma confusão entre os homens. A mulher como elemento deflagrador de uma desestabilização, tema recorrente nos filmes daquele que fez Rio Bravo (Onde começa o inferno, 1959, título em português). Jean-Luc Godard cita Hatari! em O desprêzo (Le mépris) numa tomada na qual aparece Brigitte Bardot, tendo, ao fundo, colado na parede, um grande cartaz do filme. Na época de seu lançamento, na primeira metade dos anos 60, Hatari! foi saudado com entusiasmo pelos jovens turcos do Cahiers du Cinema. Aliás, Howard Hawks, na politique des auteurs, foi um dos cineastas mais aclamados, mais elogiados, exemplo perfeito e acabado de um autor dentro do sistema americano, um autor que não deixava de impor a sua marca registrada mesmo que incursionando no cinema de gênero. O cartaz que se vê aqui no blog é da capa do long-play, o soundtrack do filme.
Em Hawks, não há necessidade de uma procura subtextual porque sua narrativa é límpida e cristaliana, isto é: o significado predomina sobre o significante. Hatari! é uma demonstração da força de Hawks, e, poder-se-ia dizer, filme-síntese do cineasta, ainda que tenha realizado uma obra extraordinária logo depois, que foi O esporte favorito do homem (Man's favorite sport), comédia maluca com Rock Hudson e Paula Prentis na qual o seu gênio criativo não revela ainda o crepúsculo da carreira. A apreciação dos filmes de Hawks vem a revelar o predomínio da mise en scène sobre o roteiro, o que vem a lhe conferir um lugar de honra no panteão dos grandes diretores do cinema americano de todos os tempos. O outono do cineasta está, sim, ainda que belos filmes, em Eldorado, Rio Lobo, sem considerar o antipenútimo, Faixa vermelha 7000, sobre corrida de automóveis e seus corredores, mas, mesmo assim, embora obra menor não deixa de ter importância na filmografia de um autor.
A música Baby Elephant Walk ficou famosa na época, havendo, inclusive, uma versão em português. É o tema de Elsa Martinelli composto por Mancini, principalmente na seqüência na qual ela, querendo fugir, é perseguida por seus elefantinhos de estimação. Não sei se já saiu em DVD, porque em caso afirmativo vou comprá-lo imediatamente, pois filme para se ter em casa.

3 comentários:

Iris de Oliveira disse...

que bom que voltou!!!
que BOM
Abraços
Iris

Anônimo disse...

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Anônimo disse...

André, tudo bem?

Preciso, com urgência, assistir a "Hatari". Procurei aqui em Salvador na GPW e na Megastore (Video Hobby Pituba), e não dispõem do dvd - nem sei se foi lançado no Brasil. Você saberia informar onde consegui-lo por aqui? Pode ser em vhs mesmo.

Grato, desde já, por qualquer informação.

Abraço,
Kléssius
leao_1_2@yahoo.com.br