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21 abril 2006

Amor na tarde



Um dos filmes menos citados de Billy Wilder, mas, nem por isso, menos importante, Amor na tarde (Love in the afternoon, 1957), com Audrey Hepburn, Gary Cooper, e Maurice Chevalier, baseado numa novela de Claude Anet, e roteirizado a quatro mãos com seu fiel colaborador I.A.L. Diamond, é uma deliciosa comédia romântica dotada de uma finesse que desapareceu, e acho que para sempre, do cinema contemporâneo. Hepburn é a filha de um investigador particular (Chevalier), que se apaixona por um cliente milionário de seu pai (Gary Cooper, que morreria três anos depois, em 1960). Para o conquistar, se faz passar por uma mulher que pratica o adultério nas tardes parisienses. A seqüência final, toda desenrolada numa estação ferroviária, é um primor de carismas e de direção de atores. Outro Wilder que considero muito é sua obra crepuscular Avanti!, (1973) que, no Brasil, tomou o título de Amantes à italiana, e que tem um inexcedível Jack Lemmon ao lado de Patricia Mills nos principais papéis. Avanti! é a síntese wilderiana.

4 comentários:

Anônimo disse...

André, seu blog é bárbaro. Foge completamente do que costumo ver em outros (que é o interesse naqueles filmes-pipoca como X-Men e Homem-Aranha). No seu caso, não. Seus gostos são parecidos com os meus (Sam Peckinpah, Sergio Leone, etc). Pretendo voltar aqui mais vezes, afinal de contas, o que é bom deve ser sempre revisto. Abraços de um admirador de blogs alheios. P.S: algumas sugestões cults:
a) Bravura Indômita;
b) Era uma vez na América (Sergio Leone);
c) Dr. Fantástico (Stanley Kubrick); e
d) Alice não mora mais aqui (primeiro filme de Scorcese).

Saymon Nascimento disse...

Setaro,
Você sabe como eu acho incrível esse filme, e como mesmo nesse ambiente sofisticado e elegante ("Em Paris todos fazem") Billy Wilder consegue ser cruel e irônico. Acho que Amor na Tarde por vezes está à beira de se transformar em um melodrama. Na cena em que Hepburn reencontra Cooper um ano depois e ele quase não se lembra, o filme passa muito perto de Carta de Uma Desconhecida, de Max Ophuls. A cena da estação de trem, com aquela música, as lágrimas de Hepburn anunciam um final infeliz que, se o filme fosse perfeito, aconteceria. O filme é uma comédia romântica, mas nesses desencontros de manipulação sexual, Amor na Tarde também tem suas sombras. Wilder sabe disso, tanto que adia ao máximo o final feliz, meio que pra marcar posição em relação a tudo o que está acontecendo e depois se render ao gênero e ao público. Ainda assim, o resultado é belíssimo. Audrey é sensacional, no papel mais adulto de sua fase virgem - ela parece que só conheceu o sexo a partir de Bonequinha de Luxo.

Amanda Luz disse...

O "Se Debora Kerr que Gregory Peck...", no meu comentário do post anterior é o verso da música de Rita Lee que vc citou. É o trocadilho "Se Debora 'quer' que Gregory 'peque', não vou bancar o santinho...".

Loquei hj o "Bonequinha de Luxo", com a Audrey, que ainda não vi...

Abraço!

Anônimo disse...

Correção, Roberto Queiroz! O uso do termo "cult" foi errado e o primeiro Scorsese é "Quem Bate a Minha Porta". "Alice Não Mora Mais Aqui" está prensado entre "Caminhos Perigosos" e "Taxi Driver". É seu quarto filme de longa-metragem/ficção.

Além disso, não é uma boa desmerecer cinema como o de "Homem-Aranha 2". Apesar de ter bilheterias estrondosas (que horror, um filme caro que cobriu seu investimento - no Brasil essa vergonha não acontece) é cinemear de primeira grandeza, o mesmo cinema, porém de resultados diferentes, de Leone, Peckinpah, Friedkin, De Palma e outros tantos e tantos. "Amor na Tarde" é um dos meu Wilder preferidos, com alguns dos diálogos mais doces e afiados que já "vi".