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01 outubro 2012

Jerry Lewis: gênio incompreendido

Há uma sequência em O professor aloprado (The nutty professor) que resume bem a criatividade de Jerry Lewis. Aquela na qual o Professor Kelp, após a explosão experimental em sua sala de aula, é chamado pelo diretor (o impagável Del Moore) para dar explicações a respeito do desastre. Desde a sua entrada, até que senta diante do diretor, e fica alguns segundos a se entreolharem, o silêncio invade a tela. A comédia se estabelece pelos gestos, pelas gags, Ultrapassada a fase da dupla com Dean Martin, na qual há bons filmes como Ou vai ou racha/Hollywood or bast, Artistas e modelos/Artists and models, ambos de Frank Tashlin, entre outros, Lewis parte para a carreira solo sob as ordens deste diretor, que considera seu mestre. Mas somente a partir de O mensageiro trapalhão (The bell boy, 1959), quando começa a dirigir seus próprios filmes, é que o gênio lewisiano se insinua, tornando-se, com eles, um verdadeiro autor capaz de entusiasmar os críticos franceses, notadamente os do Cahiers du Cinema. François Truffaut e Jean-Luc Godard colocaram-no  nas alturas e, se se for pesquisar as antigas revistas, no conselho dos críticos, pode-se constatar que filmes como O professor aloprado, O terror das mulher (The ladie's man, 1961), O otário (The patsy, 1964) estão cotados com cinco estrelas (o máximo: chef d'ouvre) pela maioria de seus integrantes (críticos famosos e historiadores como Georges Sadoul). Considerada a obra-prima do autor, O professor aloprado é um filme inventivo e de particular encanto na exposição poética de sua fábula. Mas Jerry Lewis, que ainda está vivo e atuante, apesar de seus passados 80 anos, ainda não foi considerado o gênio do cinema que já merecia há tempos. Ruy Castro espantou-se: "Será que Jerry Lewis vai precisar morrer para ser considerado um dos autores mais importantes da história do cinema?" Vejam aqui o trailer de uma obra-prima!!

Um comentário:

Jonga Olivieri disse...

Jerry Lewis é, indubitavelmente, ao lado de Mack Sennett, Charles Chaplin ou Jacques Tati um dos grandes mestres da comicidade no cinema.
Sua fase com Frank Tashlin e a consequente a esta, em que dirigiu verdadeiras obras primas não é, no entanto, reconhecida plenamente.
Uma pena!
Preconceito? Sem dúvida consequência de sua primeira fase ao lado de Dean Martin... Em que mesmo assim, não somente já provava suas aptidões para a comédia, como ‘segurava’ a dupla com o ‘canastrão’ que fazia tudo para engoli-lo, mas nunca conseguiu.