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14 março 2010

Mostra completa de Jean Rouch em Salvador

É a primeira vez que Salvador recebe uma mostra de tal magnitude do cineasta Jean Rouch. Oportunidade única de se ter uma visão geral e abrangente do poder desse realizador cinematográfico no registro das imagens em movimento. Transcrevo aqui o release que me foi enviado por Sérgio Borges:
O cineasta-antropólogo francês Jean Rouch, autor da obra mais importante de todos os tempos no campo do filme etnográfico, ganhou no ano de 2009 - ANO DA FRANÇA NO BRASIL - sua maior retrospectiva no país – comparável apenas à realizada pela Cinemateca Francesa, em 1999. Pesquisadores e cinéfilos brasileiros tiveram a oportunidade de assistir a rigorosamente todos os filmes do autor e participar de colóquios bastantes enriquecedores sobre sua obra, sua relação com a antropologia e com a linguagem cinematográfica. 91 filmes foram exibidos e debatidos por pesquisadores de renome internacional nas cidades de São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Brasília.

No intuito de levar a um público maior esta obra essencial para a construção do cinema etnográfico, a Associação Balafon (proponente do projeto), em parceria com a Secretaria do Audiovisual e o Ministério da Cultura, estendeu a retrospectiva para mais 07 capitais brasileiras, dentre elas Salvador.

A Sala Walter da Silveira exibe, entre os dias 19 de março e 01 de abril, filmes do grande documentarista francês. Curtas-metragens e produções raras – a maioria inédita no Brasil – serão exibidos ao lado de clássicos do cineasta, como “A Pirâmide Humana”, “Pouco a Pouco” e “Jaguar”.
 Sob a curadoria do doutor em filosofia, ensaísta de cinema e tradutor Mateus Araújo Silva, o atual ciclo trata-se de uma versão reduzida da mostra de 2009. Com um conjunto de 36 filmes, divididos em 17 programas (veja programação completa em anexo), Araújo delimitou um recorte mais conciso, mas não menos representativo da obra e do itinerário de Rouch nos aspectos temáticos, geográficos e nos valores estéticos.

O desenho da mostra oferece ao espectador brasileiro duas entradas ao universo de Rouch, como se ele pudesse observar a mesma paisagem com lunetas diferentes, verificando por conta própria sua fidelidade a suas preocupações, ou a constância de suas pesquisas, ou as transformações do seu estilo ao longo dos anos, ou as fases atravessadas em seu itinerário de cineasta.

Segundo Araújo “Se muitos sabiam que Rouch é um cineasta fundamental e um africanista importante, pouquíssimos haviam tido um contato direto e efetivo com o conjunto de sua obra. Seus escritos numerosos ainda esperavam a iniciativa de editores audazes para serem traduzidos entre nós, e sua vasta filmografia ainda esperava uma retrospectiva mais ampla”. O que torna a iniciativa da mostra em 2009 e seus desdobramentos – itinerância, lançamento do catálogo e do site - fundamental para o enriquecimento da nossa cultura cinematográfica.

Sobre Jean Rouch
Cineasta de mais de cem filmes e antropólogo de extensa obra escrita, Jean Rouch (1917-2004) atravessou o século como se vivesse sete vidas cheias de facetas e paradoxos. Ele foi ao mesmo tempo eminência parda do cinema francês moderno, antropólogo africanista com Doutorado defendido na Sorbonne em 1952 sobre os Songhay, pesquisador do CNRS por anos a fio e autor da obra mais importante de todos os tempos no campo do filme etnográfico. Como objeto privilegiado do seu trabalho, elegeu alguns países da África Ocidental (sobretudo Níger e Mali, mas também Costa do Marfim e Gana), dos quais nos deixou um acervo de imagens e sons sem paralelo. Mas também filmou muito na França e noutros países, revelando sempre, por onde tenha andado, curiosidade pelas diversas culturas e vontade de compreendê-las.

Seus filmes influenciaram a geração de cineastas da Nouvelle Vague e nos anos 60, ele fez parte de uma vertente do documentario que ficou conhecida como "cinema verdade". Sua obra, diversas vezes premiada em Veneza, Cannes e Berlim, se compõe de documentários etnográficos (“Maîtres fous” e “Sigui synthèse”), sociológicos (“Chronique d’un été”) e ficções (“Moi, un Noir”, “Cocorico Monsieur Poulet”).
Rouch inovou técnica, ética e esteticamente. Procurou tratar seus personagens como sujeitos e não apenas objetos do discurso fílmico. Na sua visão, o desejo de investigação do filme etnográfico oferece um ponto de convergência entre a subjetividade do criador e a objetividade do pesquisador –ou, de outro modo, entre arte e ciência. 
Em oposição a mestres da antropologia como Claude Lévi-Strauss (para quem o registro cinematográfico era “como um caderno de notas, que não deveria ser publicado”), Rouch entendia o documentário etnográfico como uma forma de estabelecer um diálogo com o sujeito do seu estudo, em vez de apenas descrevê-lo. Esta mudança de paradigma seria, para Rouch, uma maneira de contribuir para que a antropologia deixasse de ser “a filha mais velha do colonialismo”.
Sobre o Curador
Mateus Araújo Silva - Organizador, com Andrea Paganini e Juliana Araújo, das Retrospectivas e dos Colóquios Jean Rouch em 2009, Mateus Araújo Silva é Doutor em Filosofia pela Université de Paris I (Sorbonne) e pela Universidade Federal de Minas Gerais (com uma tese sobre o problema da imaginação em Descartes), ensaísta de cinema e tradutor. Publicou estudos filosóficos sobre Platão, Aristóteles, Descartes e Adorno, e ensaios críticos sobre o cinema de Humberto Mauro, Glauber Rocha, Jean-Luc Godard, Alain Resnais, Manoel de Oliveira, Serguei Paradjanov, Federico Fellini, Carmelo Bene, Jean-Marie Straub & Danièle Huillet, Pedro Costa e o pensamento de Ismail Xavier e Jean-Claude Bernardet, entre outros. Co-organizou o volume coletivo francês Glauber Rocha / Nelson Rodrigues (Magic Cinéma, 2005), um número especial da revista Devires (UFMG) sobre Jean Rouch (Vol.6, n.1, 2009) e traduziu Glauber Rocha na França (Le Siècle du Cinéma, 2006), onde vive e trabalha desde 1998.
Sobre a Instituição Proponente

ASSOCIAÇÃO BALAFON . Fundada em 2004, sediada em Belo Horizonte, dirigida pelo eminente percussionista Djalma Correa e pela professora e pesquisadora Juliana Araújo, a Associação Balafon vem desenvolvendo projetos sobre a cultura brasileira, seu patrimônio e seus diálogos, dos sinos das Minas Gerais à sua Estrada Real, dos acervos da nossa música popular às manifestações cinematográficas que dialogam com as nossas.

SERVIÇO
MOSTRA JEAN ROUCH Salvador – Um recorte conciso com 36 filmes da mais ampla retrospectiva do antropólogo-cineasta francês já realizada no país. Quando?: de 19 de março a 01 de abril em horários variados (programação em anexo), com copias em DVD legendadas. Onde?: Sala Walter da Silveira – R. General Labatut, 27 – subsolo da Biblioteca Pública dos Barris / 71-3116-8120. Quanto?: Entrada franca. Informações adicionais:
www.balafon.org.br.

CONTATOS:
Adolfo Gomes (programador da Sala Walter da Silveira)
cineadolfogomes@yahoo.com.br) / 71-3116-8120
site:
www.dimas.ba.gov.br e twitter: http://twitter.com/SalaWalter

Sérgio Borges: (coordenação de divulgação)
sergio@teia.art.br / 31 99792986

4 comentários:

Jonga Olivieri disse...

Sem dúvida a reunião de obras importantes que podem dar uma ideia abrangente de Rouch, um autor impressionante e que poucos conhecem o conjunto de sua obra.
Só uma restropectiva assim pode oferecer este panoramm.

Anônimo disse...

parabens pelo blog...
Na musica country VIRGINIA DE MAURO a LULLY de BETO CARRERO vem fazendo o maior sucesso com seu CD MUNDO ENCANTADO em homenagem ao Parque Temático em PENHA/SC. Asssistam no YOUTUBE sessão TRAPINHASTUBE, musicas como: CAVALEIRO DA VITÓRIA, MEU PADRINHO BETO CARRERO, ENTRE OUTRAS...
é o sonho eterno de BETO CARRERO e a mão de DEUS.

Anônimo disse...

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é o sonho eterno de BETO CARRERO e a mão de DEUS.

Anônimo disse...

Não consta a programãção "em anexo" da mostra Jean Rouch, como informado no texto.