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02 dezembro 2009

"Joanna D'Arc" promove o teatro baiano


Publicado originariamente na revista eletrônica Terra Magazine (em 01.12.2009).
A montagem baiana de Joanna D'Arc, ora em cartaz na Sala do Coro do Teatro Castro Alves, em Salvador, sobre ser uma peça de altíssimo nível profissional, faz redivivo o teatro baiano, que, nas últimas décadas, salvo as honradas exceções de praxe, vive atolado num besteirol incontrolável. Com texto de Cleise Furtado Mendes, e direção de Elisa Mendes, tem a grande atriz Jussilene Santana como a sofrida personagem que passa por um martírio, uma via-crucis, por causa de sua personalidade, sua retidão, sua fé, e, talvez, sua ingenuidade. Jussilene Santana desponta como a intérprete maior da cena baiana contemporânea.

A concepção cênica tem eficiência dramática, com acentuado sentido da utilização funcional do tempo e do espaço teatrais. Poder-se-ia dizer, até, que Joanna D'Arc é uma peça em movimento, por causa do sentido dramático em que se propõe a construção do espaço, com os cenários que se armam ou se desarmam em função do estabelecimento da agilidade da mise-en-scène. Os intérpretes, quando não estão "em cena", permanecem sentados, e calados, nas laterais do proscênio. Há, nisso, uma proposta de desmistificação do teatro realista para assumir a sua condição de ação dramática especificamente teatral.

Se o uso do espaço é funcional, o do tempo também o é. Joanna D'Arc é apresentada, no início, presa e prestes a ser julgada e, por meio de flash-backs, por assim dizer em linguagem cinematográfica, retorna-se aos momentos nos quais ela luta pela França, com a sua perseverança e ânimo guerreiro. Assim, o espetáculo entrelaça momentos presentes com momentos pretéritos. O fato em si, desse procedimento, que já é lugar comum no teatro, não daria a Joanna D'Arc um maior valor na articulação de sua temporalidade, não fossem a "construção" do tempo por meio do décor e da luz, além dos movimentos dos atores em cena. E entra, de repente, a "desconstruir" esta aparente dualidade temporal (passado/presente) um "hiato", quando a personagem confessa as suas hesitações ao público diretamente. Há, neste procedimento, um acento brechtiano, de distanciamento dramático. A atriz procura a catarse da dor, mas, ao mesmo tempo, "sai" da construção heterodoxa da personagem para uma abrangência maior no seu diálogo com o público.

Assim como no cinema, quando o valor cinematográfico de um filme se expressa pela "maneira" através da qual o realizador articula os elementos da linguagem fílmica, no teatro o texto, a rigor, é um conduto para o estabelecimento de uma mise-en-scène. O valor teatral a ser aferido por uma obra posta em cena pode ser encontrado na articulação dos elementos feita pelo diretor: a cenografia, a indumentária, a luz (fundamental), e, principalmente, pelo poder de convencimento dos atores. Mais do que no cinema, o ator surge como conditio sine qua non para o êxito de um espetáculo teatral. Sem bons intérpretes que consigam convencer, envolver, os espectadores, toda peça se vê condenada ao fracasso.

Joanna D'Arc, neste particular, tem atributos inegáveis capazes de situá-la como um espetáculo profissional, inventivo, que encanta pela conjunção dos elementos específicos da linguagem teatral: o "tratamento" criativo do texto por meio da utilização funcional do décor, do tempo, do espaço, como já dito, e um elenco homogêneo, onde se destaca, no papel-título, a presença de Jussilene Santana (que, além, de excelente atriz é, também, escritora, autora de Impressões modernas, livro desmistificador sobre os tempos de Martim Gonçalves na Bahia).

Por que tanto fascínio por Joanna D’Arc? Carl Theodor Dreyer, cineasta dinamarquês, filmou, em 1928, a obra definitiva sobre esta personalidade histórica em La passion de Jeanne D’Arc, que tem, no papel, uma atriz inexcedível, que sofreu, durante as filmagens, um martírio quase semelhante ao de sua personagem: Renée Falconetti, que, finda a produção, amargurada, depressiva, internou-se num sanatório para curar os traumas impostos pelo perfeccionista diretor na construção do personagem. Walter da Silveira, ensaísta baiano de cinema, numa lista de seus melhores, publicada na extinta revista “Filme/Cultura”, colocou La passion de Jeanne D’Arc no topo de sua lista, como o melhor filme de todos os tempos. Robert Bresson, o mais ascético dos realizadores, inspirou-se nela para seu O processo de Joanna D’Arc, datado de 1961. Há uma Joanna contemporânea, que não vi, dirigida pelo francês Luc Bresson.

Joanna D'arc surge na história da França durante a Guerra dos 100 Anos (1337-1453) entre franceses e ingleses. Há, segundo os historiadores, dois motivos fundamentais para a guerra: a intenção do rei da Inglaterra, Eduardo III, em ocupar o trono francês e outro, de ordem econômica, sobre a disputa franco-britânica pela região de Flandres, rica na produção de tecidos.

Em 1429, ocorre uma importante mudança nos rumos da guerra em favor dos franceses. Trata-se da libertação da praça forte de Orleans, dominada pelos ingleses, por Joana D’Arc, até então vista apenas como uma camponesa mística. Sua liderança e carisma se aliaram e, à frente de um pequeno exército, Joana leva os franceses à vitória e, com isso, contribui para exaltar o sentimento nacionalista, vital para a posterior formação do Estado Moderno francês. Com a intenção de abafar o nacionalismo francês, Joana D’Arc é aprisionada e acusada pelos ingleses de heresia e bruxaria, para depois ser condenada por um tribunal da Igreja e queimada viva em Ruão em 1431.

Há muito não se via, na Bahia (mas Joanna D’Arc vai viajar ao eixo Rio-São Paulo) espetáculo de tal magnitude. Além de Jussilene, destaque especial para o elenco: Carlos Betão, Caio Rodrigo, Jefferson Oliveira, Hamilton Lima (excepcional em dois papéis: o conselheiro do rei e o bispo), Antonio Fábio e, last but not least, Widoto Áquila.
A imagem mostra a atriz Jussilene Santana e, a outra, além dela, o excelente Hamilton Lima em duplo papel, aqui como o conselheiro do rei.

45 comentários:

Anderson Souza disse...

Não há como assistir esta peça sem se apaixonar por Jussilene Santana. Sua interpretação vibrante e sincera é muito carismática. Parabéns pelo texto.

Romero Azevêdo disse...

Não falo da peça pois não vi, mas Joana Darc é mesmo uma das maiores mulheres já surgidas neste planeta. Tinha apenas dezesseis anos (!)quando comandou um exército de fracassados e os levou ao triunfo sobre o inimigo.Mark Twain escreveu o livro definitivo( para mim) sobre a extraordinária heróina francesa (inclusive abordando a infancia dela). O filme de Luc Besson é ridículo, só para ter uma idéia da trapalhada: o filme é falado na lingua dos algozes de Joana (putz !). Não vi ainda o de Dreyer, mas tem uma versão bem honesta com Jacqueline Bisset como a mãe da guerreira e Leelee Sobieski no extremamente dificil papel de Joana (tem que ser doce e firme ao mesmo tempo, obstinada sem ser fanática, frágil como um cristal e forte como a lâmina de uma espada).
O melhor de tudo nessa história é que ela aconteceu mesmo, não tem nada de ficção nessa trajetória única e exemplar.
Talvez inspirada nela Maria Quitéria ingressou no exército brasileiro e foi para a guerra defender a Bahia e o Brasil.

Anderson Souza disse...

A propósito Jusilene já fez Maria Quitéria numa Radio Novela do Irdeb aqui na Bahia... Foi um prazer que não sentia a muito tempo assistir ao espetáculo. O que é aquela cena sozinha, no monólogo das santas??! Muito lindo. Os demais atores também dão um show.

Fernanda Bezerra disse...

professor, bom saber que você anda prestigiando o teatro baiano. um beijo. fernanda

Geová Reis disse...

Esse texto deu mais vontade de assistir à peça! Parabéns! Sou leitor assíduo do seu Blog.

Romero Azevêdo disse...

Só para esclarecer: não vi a peça, que acredito ser uma excelente montagem,porque moro a cerca de 800 quilometros do teatro.

Anônimo disse...

Assisti à peça e a achei muito ruim. Não vejo o menor sentindo em montar uma peça a partir de um novo texto sobre um velho acontecimento, já narrado e descrito por tantos autores. Se a dramaturga baiana, Cleise Mendes, autora do texto, oferecesse uma nova visão, um prisma diferente... Não, a história é a mesma e, pior, a partir de um viés feminista... Para agravar, a Joana D'arc de Jussilene tem tanto texto que parece uma intelectual, quando todos sabem que a moça era uma jovem camponesa analfabeta. Para mim a peça é muito ruim, a direção é pior ainda e apenas três atores se salvam do "drama" das atuações: Widotto Aquila, Carlos Betão e Hamilton Lima. O resto é piada. Henrique Wagner

Anderson Souza disse...

Caro anônimo, não sei de que área tu és, mas no teatro escrever é re-escrever...Se não, vejamos, Skakespeare não teria re-escrito lendas de um príncipe da dinamarca e nos legado o incrível Hamlet (!) e, para ficarmos em joana, se Bertold Brecht pensasse assim ("basta um texto!") ele não teria escrito a santa Joana dos Matadoruros, e ainda depois O processo de joana d'arc, isso depois de Bernard Shaw ter escrito sua joana...enfim basta olhar em qualquer bibliotca para ver quantas joanas de quantos autores já foram escritas, isso para não falar dos filmes (Dreyer, Bresson, etc) que o professor andre setaro aqui nos explicaria muito melhor. Joana dark é um tema da dramaturgia como A santa ceia é um tema da pintura...muitas visões são possíveis. Achei fascismo se achar o contrário....Achei tambem meio confuso você dzer que a Joana de Cleise não oferece nenhum nova visão quando depois você também diz que há uma visão feminista no texto... Isso não seria uma visão? Mas, enfim, não acho que há uma linha feminista no texto. Onde você viu isto? Quanto ao muito texto na boca de joana/jussilene você já ouviu um comicio de lula? sim...ele fala pelos cotovelos!! palavras comuns, de ordem, senso comum, me pareceu que é o caso de joana, esta filha do povo...quantos aos atores, não citar Jussilene é que me pareceu uma piada estranha.

Anderson Souza disse...

Desculpa, só vi agora, a mensagem anterior deveria ser dirigida ao Wagner acima.

André Setaro disse...

Opiniões são opiniões. Mas concordo com Anderson e não concordo com Wagner. O mais está no texto.

Anônimo disse...

Bom, antes de mais nada, não sou anônimo. Assinei meu nome logo abaixo do meu texto. BEm, vamos ao comentário do Anderson. Justamente por haver tanta coisa escrita sobre Joana, textos que vc cita, é que a Cleise não deveria ousar escrever suas palavrinhas anódinas por aqui... VC, Anderson, corrobora minha afirmação. Há muita obra de qualidade tratando do mesmo assunto, e todas com um viés, no mínimo, pessoal, que dá à nova obra um sentido de existir.
Quanto a ser feminista a construção da montagem, essa é uma novidade em demérito da peça, na minha opinião, de modo que não há contradição de minha parte, porque se eu considerar essa nova construção em torno da história de Joanna, a coisa vai ficar bem pior...
Quanto à comparação entre Lula e a analfabeta Joanna, considero-a infeliz. Lula faz parte de um teatro de comédia dellarte... Joanna, definitivamente não.
E, para fechar, Jussilene realmente não me agrada. Falta entrega. Parece que ela atua com a cabeça - a gárgula - e não com tudo o mais...
Desconfio que o Setaro se contenta com uma peça séria, para achar que o teatro se livrou do besteirol. O pior besteirol é aquele que nem ao menos faz riz, como essa montagem de Joana. Henrique Wagner

Anderson Souza disse...

Meu caro Wagner(será que assim Nietsche escrevia para Richard antes da debacle de tão frondosa amizade?), agora vejo que não concordo com você nem em número e nem em grau. O texto é lindo, tem frases lindas e no dia que assiti vi que comunicou muitísimo com a platéia... Mais uma vez, esta autora e qualquer outro ser humano tem mais do que o direito de retomar um tema quaisquer da história da dramaturgia e revisitá-lo! E ela o fez com um corte tão preciso na difícil história de joana d'arc, utilizado-a a serviço da montagem teatral! Adoro as fusões de tempo/espaço que a montagem traz: delírio, imaginação, lembraça, tempo presente...Sim, nada disso é novo...Mas e daí? Fez-se bem. E o teatro não é novo há dois mil anos... Também não concordo com você em Gênero...De novo: Onde vistes feminismo nesta peça???! E (juro que sem querer entrar em política, NÃO sou PT!!) Lula é um personagem da comédia de'la arte só em seu teatro, porqe fora do Brasil, vá por mim, ele é levado muitíssimo a sério, como "qualquer homem do povo que ousa chegar lá e ameaçar os grandes".. Bom, e quanto a incrível jussilene...Puxa...Não estaria vc a confundír a atriz com a personagem? Afinal todos sabemos o quanto articulada e instigante a figura é fora dos palcos....Faltou ENTREGA???!!! Num portugues chulo: ela literalmente se lasca! Ela é atriz dramática das grandes. E olhe que eu ja vi fazendo srta julia, dirigida por um alemão que vivi há anos na Bahia, professor Ewald Hackler, um clássico. Só te digo que, pela primeira vez, me emocionei num palco de Salvador. Isso diz muito, pelo menos para mim... Bom, para não dizer que nao há nada, achei que ela, como os outros atores gritaram mais do que deviam... Enfim, mas foi muito bom te ouvir porque sua voz dissonante equilibra o ditado que diz que toda a unanimidade é burra.

Anderson Souza disse...

Meu caro Wagner(será que assim Nietsche escrevia para Richard antes da debacle de tão frondosa amizade?), agora vejo que não concordo com você nem em número e nem em grau. O texto é lindo, tem frases lindas e no dia que assiti vi que comunicou muitísimo com a platéia... Mais uma vez, esta autora e qualquer outro ser humano tem mais do que o direito de retomar um tema quaisquer da história da dramaturgia e revisitá-lo! E ela o fez com um corte tão preciso na difícil história de joana d'arc, utilizado-a a serviço da montagem teatral! Adoro as fusões de tempo/espaço que a montagem traz: delírio, imaginação, lembraça, tempo presente...Sim, nada disso é novo...Mas e daí? Fez-se bem. E o teatro não é novo há dois mil anos... Também não concordo com você em Gênero...De novo: Onde vistes feminismo nesta peça???! E (juro que sem querer entrar em política, NÃO sou PT!!) Lula é um personagem da comédia de'la arte só em seu teatro, porqe fora do Brasil, vá por mim, ele é levado muitíssimo a sério, como "qualquer homem do povo que ousa chegar lá e ameaçar os grandes".. Bom, e quanto a incrível jussilene...Puxa...Não estaria vc a confundír a atriz com a personagem? Afinal todos sabemos o quanto articulada e instigante a figura é fora dos palcos....Faltou ENTREGA???!!! Num portugues chulo: ela literalmente se lasca! Ela é atriz dramática das grandes. E olhe que eu ja vi fazendo srta julia, dirigida por um alemão que vivi há anos na Bahia, professor Ewald Hackler, um clássico. Só te digo que, pela primeira vez, me emocionei num palco de Salvador. Isso diz muito, pelo menos para mim... Bom, para não dizer que nao há nada, achei que ela, como os outros atores gritaram mais do que deviam... Enfim, mas foi muito bom te ouvir porque sua voz dissonante equilibra o ditado que diz que toda a unanimidade é burra.

Mosca na Sopa disse...

Joana "analfabeta" fez o que fez, imaginem se soubesse "ler". A retórica do sr. Henrique é pura logorréia mental. Viva Joana "analfabeta", abaixo o intelectualóide HW.Queremos fatos, não papo furado.

Unknown disse...

Após mais de vinte anos de democracia muita gente ainda não aprendeu a conviver com opiniões divergentes. Setaro deixou bem claro,como um voltariano, sua posicão. As patrulhas ideológicas são coisas do passsado A democracia pressume a convivência pacífica dos contrários. Abaixo o patrulhamento!!!

Anônimo disse...

Não há mais feminismo do tipo soutien queimado em praça pública - a melhor parte do movimento, aliás. Quero com isso dizer que vi feminismo na dramaturgia de Cleise Mendes, um feminismo sutil, em que a mulher não precisa coçar o saco. Conhecendo Cleise e sua obra,sabendo que a direção é de sua filha, Elisa, e a escolha de Jussilene, que rouba o papel da própria Joana, no espetáculo, fica fácil, ao menos para mim, perceber um feminismo de quinta grandeza, mas um feminismo.
Quanto a Lula, quem o colocou numa discussão de teatro foi vc, não eu, e uma vez no teatro, prefiro que nosso presidente analfabeto seja um bufão.
Eu me sinto muito bem, estando sozinho - será? alguns atores da própria peça me confidenciaram não gostar da peça... - em minha opinião, afinal, para mim, quase tudo o que vem sendo feito na Bahia não me agrada, ultimamente.
E para ser explicativo, eu só entrei no blog do Setaro por uma coincidência. Eu havia acabado de escrever uma resenha sobre a peça quando recebo um mail de um amigo, comentando a Joana de Cleise/Elisa/Jussilene - puxa, só tem mulher, não? - e anotando o endereço deste blog. Apenas por isso abri a página e li o texto. Porque o fato é que não frequento blogs e sequer deixo comentários. Não tenho o menor interesse em catequizar, em fazer amigos e influenciar pessoas etc. Não desejo que ninguém compactue com minhas idéias, não pretendo convencer ninguém e dei apenas uma opinião, agora arrependido, porque não me interessa nada discutir assunto algum, menos ainda com desconhecidos... Eu não gosto da peça e, segundo Setaro, a maioria gosta. Para mim está ótimo assim... Henrique Wagner

Anônimo disse...

Não é muito inteligente comparar o analfabetismo de um homem com mais de 50 anos ao analfabetismo de uma adolescente, caso da Joana D'Arc. Lula pode falar pelos cotovelos sim, porque tem história para contar. Tem muito o que dizer sim, experimentou uma porção de coisas na vida. Fala mal, mas tem o que falar. Agora, uma moça de 18 anos ou menos, analfabeta e camponesa é uma outra história. Lula foi líder de sindicato, posto em que se aprende justamente a aglutinar pessoas pela palavra e pela ação. Aprende-se, no mínimo, a se comunicar... Joana não teve tempo senão de ser queimada viva. E de ser queimada "viva" de novo, por Cleise e Elisa Mendes... Henrique Wagner

Anderson Souza disse...

Wagner, já que você insiste (dois posts falando sozinho, valha me Deus...)Vamos lá. Com calma, para você entender desta vez. O fato da peça contar com 1 autora, 1 diretora, 1 atriz é o que configura feminismo na peça para você? É isso? (E sobre ter 7 atores em cena e + 1 cenógrafo e sei lá quantos homens nos bastidores? Hahah, vc não fala nada?) Porque falar da OBRA é o que você menos fala... Você diz: “Conhecendo Mendes como comenhço fica fácil ver feminismo”. Valha me Deus! Onde NA OBRA, e não NAS PESSOAS, vc analisa? Cansativo isso...Seus argumentos são insconsistentes. E pior: como você mistura com um monte de informações do senso comum (Lula foi do sindicato) e frases de efeito (lula é um bufão, Joana foi queimada viva de novo nesta peça) cria um texto até engraçadinho, com a "aparência" de articulado. Você diz: “Não é inteligente comparar o analfabeto Lula com a analfabeta Joana”, mas Wagner, o que você entende sobre analfabetismo, sobre Lula, sobre Joana? Mais uma vez digo: Senso comum+frases de efeito para capturar um olé da platéia, sim, meu caro, é o que vc mais almeja....Joana pareceu ser, antes de tudo, uma carismática (inclusive no sentido religioso) um ser humano dotado de carisma que convencia as pessoas pobres, desnutridas, desanimadas a lutar COM ela, a favor dela... Esta é a HISTÖRIA. Bom, e como bem disse Fernando Guerreiro lá no seu blog, aquela crítica que vc escreveu não estava pronta nada... Ela é, segundo ele, claramente uma resposta a todos os tópicos debatidos aqui, e, pior, feita por encomenda! Depois. Triste. Quanto a mim, sou tão desconhecido quanto você. Importa, afinal, meus argumentos, não é? E não de ONDE venho (Unifacs), e quem eu SOU!

Anônimo disse...

Que tal deixar o Fernando Guerreiro de fora desta? Por que não assina seu próprio nome nas mensagens, seu covarde? Discuta comigo sem envolver terceiros. Até o presidente vc já envolveu na discussão... Como vc pode afirmar que escrevi o texto depois dessa discussão (tola)? Vc pode provar? Vc mora comigo? Como pode usar algo tão subjetivo como argumento e ainda dizer que meus argumentos são refutáveis, inconsistentes? Vc é mais um a querer construir apadrinhamentos e confrarias no teatro baiano. Acontece que eu, sozinho, sou uma confraria. A confraria dos espadas, em torno da Jussilene, é uma confraria formada por velhinhos sátiros sem a mínima ereção... Não contavam com a possibilidade de surgir um sujeito como eu, que está pouco se lixando para amigos na hora de fazer crítica. Sua atitude afunda o teatro baiano e qualquer teatro, no que ele já está afundado. Esqueça quem sou - eu não estudei na Unifacs; não estudei em lugar algum, sequer prestei vestibular em minha vida - e pense um pouco no teatro bainao e no direito de ter uma opinião, e de fazer crítica. E se quer aparecer, crie um espaço para vc e elogie seus amigos ou pessoas que possam lhe dar uma retribuição qualquer. Ah, e seja macho, assine seu nome. Depois lhe dou meu endereço completo caso deseje resolver isso pessoalmente. Henrique Wagner

Anônimo disse...

Ia me esquecendo: eu adoro falar sozinho. Vc imagina se eu gostasse de falar contigo? E outra, "aquilo lá" não é um blog, é um site. Eu não tenho blog. Eu não sou blogueiro. Eu escrevo naquele site porque fui testado para tal... E estou achando ótimo ter uma opinião sobre as coisas, que pega a contramão da suposta unanimidade citada pelo dono deste blog, que sobe pelas paredes de amor pela jovem atriz baiana. Henrique Wagner

André Setaro disse...

Calma pessoal. Vamos com calma. Mas podem discutir à vontade. As diatribes de um não são, necessariamente, as diatribes de outros. E Joana D'Arc já morreu na fogueira do tempo rediviva, embora, no proscênio baiano.

Anderson Souza disse...

O que é isso, "resolver pessoalmente"? A proposta de um duelo? Pois aceito. Sábado, as 15h, no Porto da Barra. Você escolhe as armas e eu as testemunhas. Em nome da donzelaaa!

haha, tudo isso que você falou é tão louco...E deixe o professor andre seitaro de fora disto...

André Setaro disse...

Gosto muito de duelos, mas nos moldes do século XIX. Ofereço-me para ser o juiz, que poderia ser no Farol da Barra. Um dos dois morrerá, como num título de um filme de Arthur Penn com Paul Newman. Mas tudo por Joana D'Arc, que continua a perturbar gregos e troianos. Quem vencer, no entanto, está obrigado a abraçar Jussilene Santana. Se Anderson, a tarefa não será difícil. Se Henrique Wagner...

Anônimo disse...

Abraço a Jussilente com todo prazer, porque eu a admiro como atriz sim. Só não gostei da autação dela nesta peça. Apenas nesta... Assisti a Jussilente em três outras peças e gostei de todas... Quanto à Joana, assisti antes do público, porque assisti a um ensaio da peça, lá no Forte do Barbalho. Ou seja, muito antes do blog do Setaro sequer pensar em dar uma opinião. Isso me coloca em situação óbvia de antecessor da crítica em torno da peça. O que escrevi nada tem com a leitura que fiz do texto do André Setaro, que não é nem jamais foi meu professor, razão por que não me sinto pressionado ou influenciado por ele, no sentido de concordar com o que o dito escreve.
Aproveito, Setaro, para pedir desculpas pelo teor das mensagens em seu blog. Vc realmente não merece isso, não tem nada com as inflamações dos outros. Henrique Wagner

André Setaro disse...

Gostei dessa celeuma toda aqui no blog. Divertiu-me. Mas, caso haja duelo, por favor, quero escolher as armas.

Couto de Novaes disse...

Olá, senhores.
Meu nome é Hedre Lavnzk Couto.
Me permitam ter a honra de também integrar este (espero eu) inofensivo debate de pontos de vista (de espectadores)a respeito desta local montagem de 'Joana D'Arc'. Seguem, pois, uma reflexão crítica feita por mim no início de uma madrugada de domingo, após ter visto a peça no último sábado 12/12:

Couto de Novaes disse...

‘Joana D’Arc’ empalidece o TCA
Sábado, 12 de dezembro de 2009. Pouco antes das 20 horas saí de casa apressado... Queria ver ‘Joana D’Arc’! Entrei na Sala do Coro do TCA, às 19h 57min, confiante que seria uma imperdível oportunidade. E...

Couto de Novaes disse...

Tudo conspirava para que eu fosse testemunha de uma arrebatadora representação: havia um bom pretexto (a saga de Joana D’Arc); havia a promessa da presença de uma personagem feminina forte, marcante, versátil e bem delineada psicologicamente. Havia a experiente assinatura dramatúrgica da professora Cleise Mendes; havia a encenação de Elisa Mendes, de quem anos atrás eu vi um ótimo Lapião e Maria Bonita; havia uma produção de Vírginia Da Rin; e haveria de ter, um brinde, às consistentes construções de personagens, alcançadas pelos seis bons atores que integram o elenco.

Couto de Novaes disse...

Não obstante as indagações de muitos sobre o porquê de se escrever, montar ou mesmo ver espetáculos que abordem acontecimentos e ícones históricos, o óbvio ululante, sem dúvida, é que a História nos ensina. Seja em sua totalidade, seja em seus fatos e acontecimentos determinantes. Os gregos já sabiam disso e há mais de 20 séculos já faziam uso didático da história, através da obra dos grandes tragediógrafos, promovendo diversas reflexões em seu meio social. Negar a importância instrumental da história na arte, portanto, é duvidar da capacidade de compreensão do homem. Por isso congratulo a iniciativa da dramaturga em trazer a peito a arriscada tarefa de parir uma Joana D’Arc, sobretudo com aspirações contemporâneas. Por outro lado esse texto de Cleise Mendes

Couto de Novaes disse...

surpreende pela fraqueza e insuficiência. Não consegue, nem timidamente, dar conta de comunicar e acender aquelas questões ‘atuais’ que a dramaturga relata (no folder) estar tratando em sua peça. Não consegue, pois, transformar Joana D’arc (século XV) em uma história do século XXI, para pessoas do século XXI.

Couto de Novaes disse...

Tarefa também espinhosa e não raro cheia de armadilhas é a arte da direção. Elisa Mendes perdeu a mão no espetáculo. A despeito da falta de profundidade do texto, a diretora tratou de impossibilitar à peça qualquer alternativa de mínimo sucesso. O que se viu como resultado de sua direção de atores foi uma coletânea de descuidos, equívocos e falhas, desembocando num penoso desperdício de talentos.

Couto de Novaes disse...

Vejamos o caso de Joana D’Arc. Esta personagem ora defendida por Jussilene Santana para que alcançasse suficiência teria de ter tantos ingredientes e minudências quantos necessários fossem, para despertar no público as paulatinas facetas e estádios da campesina-menina-guerreira-livre-mulher-iluminada-sedutora-aprisionada-confusa-santa! Não é uma personagem fácil. Levada como foi, a catástrofe é inevitável! E o que se verifica é uma mistura insuportável de pieguice com um waldeville mal executado. E aí, este espetáculo que mais do que qualquer outro necessita de uma protagonista, torna-se mutilado.

Couto de Novaes disse...

B. Brecht dizia que ‘infeliz do povo que necessita de heróis’. Discordo dele! Hoje, como nunca antes, precisamos de heróis, de bons exemplos de coragem e caráter. E eu, o espectador - o único motivo do teatro - precisava escutar o conclamar tocante da donzela francesa, e após a peça, mesmo que se passassem anos, relatar aos meus filhos e netos sobre a personalidade peculiar de uma grande mártir chamada Joana D’Arc. Como espectador receptivo precisava que diante de mim, uma heroína bem entendida e bem

Couto de Novaes disse...

concebida, me incitasse à coragem para ajudar a amenizar os meus problemas e os problemas do mundo! Não ouvi, não vi, nem senti. Aquela que eu vi não era Joana D’Arc. Lembrava mais uma personagem do seriado global Malhação... uma menina desinteressante, banal, chorona e estridente. Foi o que Vi. Os únicos dois momentos em que acredito na heroína, foram, ironicamente, aqueles onde a direção fez a opção pela quebra, pelo distanciamento, onde a atriz-personagem faz depoimentos ao público. Aqui está o reforço de minha convicção de que a Jussilene Santana é plenamente apta a interpretar Joana D’ Arc brilhantemente, apenas necessita ser melhor conduzida.

Couto de Novaes disse...

No tocante a construção dos outros personagens destaca-se o Promotor, interpretado por Carlos Betão, que, talentoso e competente como sempre, cria um personagem muito interessante, mas que é prejudicado seriamente pelas opções de movimentação cênica adotadas pela direção. Caio Rodrigo, na pele do Duque D’Alençon, tem interpretação sem relevo, parou na forma. Os Soldados de Jefferson Oliveira apresentam graves distúrbios de dicção, sem dúvidas decorrentes de uma desatenção vocal por parte do ator. O

Couto de Novaes disse...

Conselheiro do Rei defendido por Hamilton Lima é ótimo, com destaque para a cena em que simula uma conversa com o Rei ausente (?). Já o mesmo Hamilton deixa a desejar no papel do Bispo, que aparece vacilante e débil, quando, penso, deveria ser astuto e menos doce. Com La Hire, Antonio Fábio mostra mais uma vez que tem uma notável presença de palco, uma luz peculiar, mas tem seu personagem comprometido, ao passo que a diretora não tratou de tirar-lhe certos vícios corporais e vocais. Por último, o Warwick de Widoto Áquila tem bons momentos, mas traz uma fala ‘arranhada’ e, por vezes, um certo histerismo que faz fronteira perigosa com a canastrice. No geral as relações dos personagens entre si, e

Couto de Novaes disse...

entre os personagens com o público, bem como as situações dramáticas foram definitivamente prejudicadas pelas movimentações cênicas estabelecidas pela direção. E os atores poderiam ter ido muito mais além, uma vez que tivesse ocorrido uma preocupação maior com a direção de ator.

Couto de Novaes disse...

Além de ter optado por uma inábil movimentação do atores sobre o palco, Elisa Mendes também explora de maneira pouco hábil a geografia espacial do palco no que respeita a definição dos ambientes, e o ‘desenho de cena’. Às vezes sentimos que determinado ambiente teria sua dramaticidade melhor explorada se estivesse localizado não na direita baixa, mas sim na esquerda alta e assim por diante, por exemplo. Ou então aparecem resoluções de transição de cenas escandalosamente forçadas, como, por exemplo, num momento onde o ator que faz o Promotor vê-se numa transição espacial mal formulada, forçado a improvisar e, ainda sentado em uma cadeira, arrastar-se atabalhoadamente do centro do palco à esquerda média. Para esse tipo de arranjo, não há discurso de teatro anti-realista ou moderno que o salve.

Couto de Novaes disse...

Chegando agora numa apreciação geral da relação da direção com os elementos do espetáculo, a cenografia de Zuarte não ajuda, talvez até piore o espetáculo. Não sou um daqueles que entendem que o artista tem que inventar a roda a cada novo trabalho, mas a visão espacial, plástica e semântica de Zuarte para este espetáculo é no mínimo pouco ousada, além do que, mesmo embora tendo visto vários trabalhos notáveis deste cenógrafo, começo a desconfiar que neste espetáculo ele confunde acomodação com estilo.
A iluminação de Elisa não é satisfatória. Compromete muito o espetáculo. Não ajuda na delimitação e definição dos ambientes físicos e psicológicos. As velas utilizadas

Couto de Novaes disse...

como iluminação auxiliar e móvel foram uma boa opção. Mas a luz perdeu, juntamente com a cenografia, de fazer um bom trabalho. Tiveram timidez em criar, ou mesmo sugerir uma imagem inesquecível da fogueira.
A sonoplastia também com assinatura de Luciano Bahia é talvez uma das melhores coisas do espetáculo. A composição da trilha é impecável, neste item tanto Elisa quanto Luciano foram muito hábeis. Por outro lado penso que efeitos sonoros poderiam ter auxiliado no tom adequado das cenas do julgamento.

Couto de Novaes disse...

Já nos figurinos foi feita uma opção de desenho e palheta tradicionais. Pouco ousado que, se no geral das vestimentas masculinos não agridem, essa falta de ousadia no figurino da heroína ajuda a apequenar ainda mais a já inexistente presença da personagem.
Em linhas gerais o que se ver neste espetáculo Joana D’Arc é um desencontro. Um texto que já nasceu frágil e que fez rima de debilidade com uma encenação tímida, lançando a bela Jussilene Santana e CIA em ‘horas mortas’. Fui ver um espetáculo e acabei vendo um ensaio aberto.

Por Hedre Lavnzk Couto

Couto de Novaes disse...

Só pra concluir, agora um comentário sobre essa afirmação creditada pelo Anderson a Fernando Guerreiro: Não li, não tenho certeza se o referido diretor a fez ou não, em todo caso, se Fernando Guerreiro disse isso em seu Blog ou seja lá onde, se ele afirmou algo dessa natureza acho gravissimo, agressivo e de mal tom. Salvo o caso de ele ser amigo, companheiro de trabalho, ou saber muito da vida do henrique ou ter recebido essa informacao de alguém que possa provar, como Fernando pode saber,prever, ou deduzir a hora, o dia, ou as circunstâncias que influeciaram a criação do texto do henrique? Isso é arrogância, patrulha ideológica por parte de quem se acha rei da provincia. discordo peremptoriamente desse tipo de reação. Apesar de respeitar muito a pessoa e importância artistica de Guerreiro pra Salvador, sou obrigado a reconhecer que esta, em sendo veridica a informacao do Anderson, não seria uma atitude aprovável eticamente.

Espectador comum da "polêmica" disse...

Pano rápido.

Clap,clap,clap,clap !( aplausos)

Maria Carolina Oliveira disse...

Assisti a peça domingo e gostei muito... Tanto de jussilene santana quanto dos outros autores.

Anônimo disse...

De fátima silva: achei linda a peça e gostei muito de ter assistido. os atores todos estao de parabens. parabens para a joana! gostei muito de jussilne. e gostei de ter lido e aprendido sobre teatro aqui no blog! obrigada a todos.