Avanti!, de Billy Wilder, que aqui teve acoplado um sub-título (Amantes à italiana), comédia crepuscular de um extraordinário realizador (que, depois, ainda faria, A primeira página/The front page, 1974, Fedora, 1978, e Amigos, amigos , negócios à parte/Buddy, Buddy, 1981) sintetiza, admiravelmente, o cinema e a visão de mundo wylderianas.
Jack Lemmon é o milionário americano Wendell Armbuster, Jr, que, com o falecimento do pai ocorrido na Itália, vê-se obrigado a deixar as suas atividades para ir a este país para resolver os problemas da transferência do corpo para os EUA. O ponto de partida, antes da apresentação dos créditos, já dá uma idéia da graça e da espirituosidade do autor: enquanto um avião está parado à espera de levantar vôo, um jatinho pousa a seu lado, diminuto, a trazer Lemmon, ainda em roupas esportivas, que sobe, apressadamente, no outro. No interior da aeronave, conversa com um desconhecido e lhe segreda alguma coisa. Os dois se levantam sob os olhares estupefatos dos passageiros e se trancam no banheiro. Quando saem, Lemmom está vestido com o paletó e gravada enquanto o outro fica com as suas roupas de golfe. Dá-se a decolagem. Plano de detalhe das rodas do avião a se fechar para alçar voo. Partitura inebriante de Carlo Rustichelli. E os créditos se apresentam no espaço.
Ao chegar à Itália, Lemmom vem a saber que seu pai viera a morrer num acidente de carro ao lado da amante. E, para sua surpresa, vem a conhecer a filha dela (Juliet Mills), cuja estadia italiana também tem como objetivo a resolução dos trâmites protocolores em relação da corpo da progenitora. O conflito entre os dois se instaura mas, aos poucos, estabelece-se uma afetividade e uma relação amorosa. No final, apaixonados, Lemmom promete voltar todos os anos à Itália para se encontrar com ela - exatamente como seu pai.
Filmado in loco, Avanti! é uma comédia romântica tão engenhosa quanto inteligente. Mas, dito assim o seu argumento, apenas se pode ter uma idéia do que é realmente o filme. O mais importante nele é o tratamento dado ao tema, a maneira pela qual Wilder articula os elementos da linguagem cinematográfica, a lhes dar um dinamismo impressionante, além do mais considerando ser Avanti! baseado em uma peça teatral de autoria de Samuel A. Taylor, mas roteirizado com a energia e a esperteza de seu colaborador habitual I. A. L. Diamond
Quando vi Avanti! pela primeira vez, na tela grande do cinema, em 1974, impressionei-me pelos diálogos ironicos, envolventes, e, principalmente, pela mise-en-scène wilderiana. Sátira aos filmes viaggio in Italia, Avanti!, sobre ser uma comédia delirante, resume o cinema de Billy Wilder na sua visão do homem em conflito com o mundo e na sua peculiar esperteza de driblar as situações.
Não se tem mais, no cinema contemporâneo, uma comédia como Avanti! nem um diretor como Billy Wilder. A indústria cinematográfica americana marginalizou-o, quando, ainda em plena capacidade criativa, deixou-o sem trabalho, até a sua morte, ocorrida em 2002 (é de 1906), por longos 21 anos, considerando que seu derradeiro filme é de 1981: Amigos, amigos, negócios à parte. Wilder queixava-se amargamente da falta de oportunidade, porque aos 75, quando assina o seu último filme, ainda se encontrava em pleno vigor.
O cinema americano, após a crise de bilheteria dos anos 70, quando apostou, em sua primeira metade, nos cineastas mais arrojados e independentes, descoberto o filão guerra-nas-estrelas e a constatação de que o grande público era infanto-juvenil, concentrou-se na infantilização temática, a perder em invenção e ousadia até chegar, hoje, ao abominável cinema-montanha-russa das tomadas rápidas e dos efeitos mirabolantes.
Avanti! é um exemplo de como o cinema pode ser ao mesmo tempo um espetáculo agradável e inteligente.
Jack Lemmon é o milionário americano Wendell Armbuster, Jr, que, com o falecimento do pai ocorrido na Itália, vê-se obrigado a deixar as suas atividades para ir a este país para resolver os problemas da transferência do corpo para os EUA. O ponto de partida, antes da apresentação dos créditos, já dá uma idéia da graça e da espirituosidade do autor: enquanto um avião está parado à espera de levantar vôo, um jatinho pousa a seu lado, diminuto, a trazer Lemmon, ainda em roupas esportivas, que sobe, apressadamente, no outro. No interior da aeronave, conversa com um desconhecido e lhe segreda alguma coisa. Os dois se levantam sob os olhares estupefatos dos passageiros e se trancam no banheiro. Quando saem, Lemmom está vestido com o paletó e gravada enquanto o outro fica com as suas roupas de golfe. Dá-se a decolagem. Plano de detalhe das rodas do avião a se fechar para alçar voo. Partitura inebriante de Carlo Rustichelli. E os créditos se apresentam no espaço.
Ao chegar à Itália, Lemmom vem a saber que seu pai viera a morrer num acidente de carro ao lado da amante. E, para sua surpresa, vem a conhecer a filha dela (Juliet Mills), cuja estadia italiana também tem como objetivo a resolução dos trâmites protocolores em relação da corpo da progenitora. O conflito entre os dois se instaura mas, aos poucos, estabelece-se uma afetividade e uma relação amorosa. No final, apaixonados, Lemmom promete voltar todos os anos à Itália para se encontrar com ela - exatamente como seu pai.
Filmado in loco, Avanti! é uma comédia romântica tão engenhosa quanto inteligente. Mas, dito assim o seu argumento, apenas se pode ter uma idéia do que é realmente o filme. O mais importante nele é o tratamento dado ao tema, a maneira pela qual Wilder articula os elementos da linguagem cinematográfica, a lhes dar um dinamismo impressionante, além do mais considerando ser Avanti! baseado em uma peça teatral de autoria de Samuel A. Taylor, mas roteirizado com a energia e a esperteza de seu colaborador habitual I. A. L. Diamond
Quando vi Avanti! pela primeira vez, na tela grande do cinema, em 1974, impressionei-me pelos diálogos ironicos, envolventes, e, principalmente, pela mise-en-scène wilderiana. Sátira aos filmes viaggio in Italia, Avanti!, sobre ser uma comédia delirante, resume o cinema de Billy Wilder na sua visão do homem em conflito com o mundo e na sua peculiar esperteza de driblar as situações.
Não se tem mais, no cinema contemporâneo, uma comédia como Avanti! nem um diretor como Billy Wilder. A indústria cinematográfica americana marginalizou-o, quando, ainda em plena capacidade criativa, deixou-o sem trabalho, até a sua morte, ocorrida em 2002 (é de 1906), por longos 21 anos, considerando que seu derradeiro filme é de 1981: Amigos, amigos, negócios à parte. Wilder queixava-se amargamente da falta de oportunidade, porque aos 75, quando assina o seu último filme, ainda se encontrava em pleno vigor.
O cinema americano, após a crise de bilheteria dos anos 70, quando apostou, em sua primeira metade, nos cineastas mais arrojados e independentes, descoberto o filão guerra-nas-estrelas e a constatação de que o grande público era infanto-juvenil, concentrou-se na infantilização temática, a perder em invenção e ousadia até chegar, hoje, ao abominável cinema-montanha-russa das tomadas rápidas e dos efeitos mirabolantes.
Avanti! é um exemplo de como o cinema pode ser ao mesmo tempo um espetáculo agradável e inteligente.
Veja o trailer de Avanti! em meu outro blog: Momentos da arte do filme (http://setaroandreolivieri.blogspot.com/) E clique no cartaz para vê-lo maior.
3 comentários:
Curiosamente este "Avanti" foi filmado em 1973. Os estadunidenses tiveram o auge de sua veneração pela Itália (folclórica) nos anos 1950/60 ("Candelabro Italiano", "Quando Setembro Vier" só para citar alguns).
Também neste período fantasiavam uma França (Paris em particular)quase mitológica. Tão fantasiosa que os franceses não gostavam. Pore´m, "Irma la Douce" do próprio Wilder mostram a qualidade desses filmes...
"Avanti" é um filme excelente. Assisti na época e nunca mais o reví.
Quanto a Billy Wilder, nunca me liguei na marginalização que sofreu. Gostava tanto de seus filmes que jamais poderia esperar isto. Merece um estudo mais profundo de suas causas.
Somente "Se meu apartamento falasse" é a prova de sua genialidade.
Meu caro Setaro, homem da Resistência, postei em meu blog algo sobre o extraordinário Minnelli, autor que poucas vezes tem sido lembrado como bem merece.
www.alessandrocoimbrablog.blogspot.com (só não reparar os erros, pois escrevo nomalmente correndo das lans da vida).
Abraço, meu caro
É uma pena que o Wilder não tenha filmado mais vezes depois de 1981, sei que ele pretendia dirigir A Lista de Schindler, porém infelizmente o projeto acabou ficando com o Spielberg.
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