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21 maio 2009

O gênio está em Cannes




Da AFP
O cineasta francês, Alain Resnais, 86 anos, e que há 50 anos deixou para a posteridade o austero e inovador Hiroshima meu amor, fez soprar nesta quarta-feira em la Croisette um vento de fantasia e leveza com Les Herbes folles (As ervas daninhas) - uma história interpretada por um casting surpreendente.
Alain Resnais, que completará 87 anos no dia 3 de junho, não colocava um filme em competição em Cannes desde 1980, com Mon Oncle d'Amérique /Meu tio da América, que lhe valeu o Grande Prêmio Especial do Júri e o da Crítica Internacional.
O filme Les Herbes folles, muito aplaudido na projeção para a imprensa, representa a adaptação fiel do romance L'incident, de Christian Gailly. O título do filme evoca as plantas que crescem à mercê do vento, em local onde não são esperadas. A dentista Marguerite Muir (Sabine Azéma) tem a bolsa roubada. Georges Palet (André Dussolier) encontra a carteira e a entrega a uma delegacia de polícia. Intrigado pela fotografia da identidade desta mulher, ele procura entrar em contato com ela.A história poderia parecer banal, mas não o é em seu desenvolvimento nem em seu tratamento, tanto por parte do diretor do filme quanto do escritor do livro.
Alain Resnais lembrou, durante entrevista à imprensaa, que se seguiu à projeção, que Christian Gailly havia sido saxofonista, para explicar o ritmo "sincopado de jazz" do filme. A maneira de Christian Gailly empregar a sintaxe "dava os efeitos que me parecem muito perto das improvisações do jazz e da música em geral", explicou o diretor, indicando que a música de Mark Snow foi utilizada durante a filmagem para dar o ritmo.
O filme, do começo ao fim surpreende o espectador de mil maneiras: diálogos inesperados, absurdo de situações, turbilhão de achados visuais.Tudo isso é apresentado por um casting brilhante, com Sabine Azéma e André Dussolier na cabeça, assim como Roger Pierre num papel coadjuvante. Em outros papéis mais ou menos importantes, estão presentes Anne Consigny, Emmanuelle Devos, Mathieu Amalric, Michel Vuillermoz, Annie Cordy, e a voz de Edouard Baer. O realizador de Hiroshima meu amor e O ano passado em Marienbad (1961) passa ao mundo, desde o início, a imagem de um cineasta cerebral, adaptando autores difíceis como Alain Robbe-Grillet, Marguerite Duras e temas complexos.
Fotos de Kleber Mendonça Filho diretamente de Cannes, que apanhei na internet.

3 comentários:

Jonga Olivieri disse...

Bom ver que Resnais, além de longevo é persistente como realizador.
Ele, que um dos grandes autores do cinema mundial.

André Setaro disse...

Vê-se pela foto tirada agora que Resnais, apesar de já em idade provecta, está firme e forte, caro Jonga.

Mara Santos disse...

Setaro, voce conhece o diretor teatral Paulo Dourado? Ele é mais um outro genio incompreendido das arte. E pior, vive pertinho de nos. Eu não consigo entender porque a umanidade é tao hipocratica.