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24 maio 2009

"Metrópolis", de Fritz Lang

Curiosa esta fotografia que mostra Fritz Lang a dirigir Brigitte Helm em Metropólis (Metropolis, Alemanha, 1926), obra-prima do cinema mundial que, segundo o historiador francês Georges Sadoul, custou 7 milhões de marcos (uma fortuna para a época). A produção (UFA) determinou que fossem rodados 629 mil metros de negativos e empregados 8 estrelas, 25 mil homens, 11 mil mulherers, 1 mil e 100 carecas, 250 crianças, 25 negros, 3 mil e 500 pares de sapatos especiais, 50 automóveis, etc. Atualmente, com a tecnologia de ponta, muita coisa é feita através de efeitos especiais. Mas, antes, uma batalha, por exemplo (e cito aqui a de Spartacus) exigia uma multidão de extras. Hoje a tecnologia tem o poder de multiplicar as pessoas por milhões e aquela multidão em Washington em Forrest Gump, de Robert Zemeckis, é de mentira, pois foram apenas utilizadas vinte ou trinta pessoas que se multiplicaram, como no milagre dos pães, em milhões.
Metropólis tem a sua ação localizada no século 21 numa gigantesca metrópolis autoritariamente governada por um superindustrial (Alfred Abel), que vive com o filho (Gustav Froelich) e os principais colaboradores no paradisíaco jardim suspenso de Yoshiwara. Seus operários são relegados aos subterrâneos e exortados à resignação por uma bela integrante do Exército de Salvação (Brigitte Helm). Um inventor louco (Rudolf Klein-Rogge) fabrica uma mulher artificial que é uma cópia dela. O robô (a mulher artificial) incita os trabalhadores a uma revolta cujas primeiras vítimas são os filhos deles. No final, um contramestre reconcilia-se com o grande patrâo, enquanto seu filho casa-se com a moça do Exército de Salvação. "O caminho da dignidade humana e da felicidade é o senhor de todos os nós, é o grande Mediador, é o Amor", diz o industrial, no fim do roteiro de Thea Von Harbou, mulher de Lang, que, na época, era já nazista de carteirinha.
O filme, apesar de sua grandiosidade, foi bastante criticado pelo final de reconciliação reformista e cristã entre o capital e o trabalho, e com sua demonstração de que uma revolução provocada por intelectuais irresponsáveis fazia como primeiras vítimas os filhos dos trabalhadores. Sadoul diz que "esta ficção-científica era, sob muitos aspectos, expressionista e medieval: a mulher máquina e malfeitora é parenta de Golem e do Homúnculo, homem de Caligari e Nosferatu"
A versão realizada nos anos 80 por Giorgio Moreder de Metrópolis, com a coloração em sépia e a utilização de música pop, é horrenda.

3 comentários:

Jonga Olivieri disse...

Lembro de ter assistido este filme no MAM, aqui no Rio.
Mas tenho a imptessão de tê-lo visto aí no ICBA com você nos anos 1960. Será? Ou estou enganado?

André Setaro disse...

É verdade. Vi "Metrópolis", pela primeira vez, em 1967, primeiro semestre, no Instituto Goethe (Icba) e, lembro-me bem, você estava presente. Apesar de ter apreciado a 'mise-en-scène' de Lang, saiu dizendo ser um filme fascista por causa, como é dito no 'post', da união final entre o capital e o trabalho.

Jonga Olivieri disse...

Sim, o filme tem um final - até citado por você - contraditório.
O que, no entanto, não exclui o seu valor como obra de arte...