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02 março 2009

Para Tuna, a indignação bate mais forte


O velho Tuna Espinheira me enviou um texto no qual mostra a sua indignação porque Cascalho, seu primeiro longa, produto genuinamente baiano, não foi exibido no Espaço Glauber Rocha.

“La Nave Vá...” Esta seria a doce resposta que daríamos aos que nos perguntam sobre o
lançamento de Cascalho. Os ditames das circunstâncias nos impedem de retrucar com esta placidez de espírito.
É uma situação embaraçosa exercitar explicações suficientes para dirimir que, embora “Lá Nave Vá”, segue enfrentando uma atroz calmaria.

Não seria muito difícil escrevinhar um relatório sobre as mazelas inerentes a uma produção de baixo orçamento, mas isto não passaria de uma tentativa de requentar um assunto velho e indigesto, correndo o sério risco de cair no “Muro das Lamentações”, desaguando em mágoas e outras inúteis perquirições no campo da metafísica.

Mas, em meio a tantas perguntas que me fazem, uma acerta agônicamente e, praticamente, me emudece: “Porque não passou no escurinho do cinema Glauber Rocha?” Decifrar este enigma que o diabo amassou realmente me devora!

O Complexo que trás o nome do luminoso Cineasta, possui quatro salas de exibição, com equipamentos de última geração, contando-se aí, projetores para filmes em película e Mídia Digital (o Código Raien). Coincidentemente, o nosso filme em questão, possui os dois formatos. Ralou para ficar pronto. Hoje está apetrechado, com todos os requisitos técnicos exigidos para toda e qualquer requintada projeção comercial.

O Complexo de Cinemas Iguatemi, brindou o nosso filme com uma luminosa festa de pré-estréia, cedeu uma sala em Salvador e outra em Feira de Santana. Quase um mês depois veio a inauguração deste outro “Complexo”ao qual estamos nos referindo, portanto em pleno lançamento da nossa fita, fizemos o devido contato, reiteramos, por incrível que pareça, nada foi respondido, perpetrou-se o mais completo e abominável “Ouvido de Mercador”.

O filme barrado no baile é um produto genuinamente baiano, 80% dos técnicos e atores são prata da casa, sua produção deve-se a um Edital promovido pelo Governo Estadual. Neste 2009-DC estamos comemorando o cinquentenário do Cinema Baiano (de longa metragem) que se iniciou com o filme, Redenção, de Roberto Pires ( o verdadeiro Borba Gato do cinema baiano), Cascalho completa este período emblemático. É uma mera convenção, mas faz parte das comemorações de cinqüenta em cinqüenta anos, acontece agora com Redenção e Cascalho.

A Bahia sempre teve os seus burocratas da cultura, agora temos um “coronelete” de plantão, uma raça julgada extinta. Censor, porteiro kafkiano, entrincheirado sob os podres poderes, enodoando o nome do libertário Glauber Rocha. Vai chegar o dia em que o personagem, António das Mortes, descerá das telas para prestar contas com este dito cujo. Da nossa parte, sem entrar no mérito do valor, podemos afirmar: Cascalho não é um filme datado. O silencio imposto pela inexplicável e cruel proibição no espaço que resultou da briga do cinema baiano como um todo, não vai ofuscar o direito à vida desta fita, ficará apenas como sendo uma espécie de marca da maldade.

No momento nosso filme está em cartaz na gloriosa Sala Walter da Silveira, pode ser visto e conferido.

2 comentários:

Beto Magno disse...

Sou fã de Tuna Espinheira e de seu trabalho cinemtográfico,não concordo com o que estão fazendo co o "O CASCALHO" esses "burrocratas" que aparecem na vida cultural baiana já era pra ter desaparecido... quem é esse cretino? coveiro da cultura, que não quer exibir o filme de Tuna? vamos dizer não a esse beócio.

Franchico disse...

Só acho engraçado como tirando as manifestações do próprio Tuna, Setaro e um ou outro gato pingado, como o companheiro aí de cima, paira um silêncio quase espectral sobre esse caso. Mistério......