
Jack Lemmon é um executivo típico de um escritório de seguros que vive em Nova York solitário em seu apartamento. A rotina lhe é cruel, mas, porque típico representante do american way of life, tem-na como favas contadas. A rotina é sua vida. Naquela época, circa anos 50, as estrepolias extra-conjugais eram muito mais difíceis do que atualmente e se precisava de muito cuidado, além do mais ir a hotéis poderia se constituir num fator suspeito. Para ascender na carreira, homem de carteira que é, Lemmon começa a emprestar o seu apartamento para funcionários mais graduados sempre com a promessa de uma recompensa funcional. Quando retorna a seu lar, encontra-o bagunçado e, cansado, ainda tem que arrumar tudo. Um belo dia, é chamado pelo presidente da empresa (Fred MacMurray), que lhe solicita o apartamento como ninho de amor para ele e sua amante.
No dia-a-dia de sua rotina, Lemmom vem a reparar na beleza e na graça da ascensorista (Shirley MacLaine) e se atreve, inclusive, a convidá-la a um teatro. Promovido, Lemmon recebe as chaves de uma sala especial, ele que trabalhava misturado a centenas de funcionários. Mas sua grande decepção acontece quando vem a saber que a sua amada é que é a amante do chefão. A partir daí, surgem as confusões e a comédia toma o fôlego suficiente para se fazer valer como um extraordinário repositório da maestria de Wilder em criar situações engraçadas e envolventes, embora não desprovidas de crítica ácida e humor incessante. Mas a influência de Em busca de um homem (Will success spoil Rock Hunter, 1957), extraordinária comédia de Frank Tashlin (talvez a sua obra-prima) é patente (vide o post recente sobre a angústia da influência).
A abertura de Se meu apartamento falasse mostra Nova York como um formigueiro e o plano geral do escritório é uma alusão a A turba (The crowd, 1928), o grande filme de King Vidor. A cenografia é de um mestre, principalmente no plano citado de abertura: Alexandre Trauner, que trabalhou com Wilder em muitos de seus filmes. A partitura (que fica nos ouvidos depois de terminada a sessão) é do maestro Adolph Deutsch. E a iluminação de outro imenso artista da luz: Joseph LaShelle.
É filme para se ter em casa.
3 comentários:
caro prof setaro.
Nós da Comissão organizadora da II Semana de Cinema e História precisamos urgentemente conversar com o senhor. Desculpas por utilizar este espaço, sei que não é o apropriado, mas devido à urgência do contato, foi imperiosos fazê-lo. Nosso email é semanadecinemahistoria@gmail.com.
Prá não dizer que não falei do Oscar, The Apartment deu a Wilder sua segunda estatueta( a primeira foi em 1945 com Farrapo Humano). A excelente comédia levou ainda em 1960 os Oscar de Melhor Filme, Melhor Roteiro Original , Melhor Edição e Melhor Direção de Arte. Como sempre a Academia pagou mico ao não premiar a inovidable canção tema do filme.
Uma das maiores (até porque é muito difícil saber a maior de todas) da obra de Wilder, " The apartment" é um primor de filme.
I-NES-QUE-CÍ-VEL !!!
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