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15 janeiro 2007

Perdigão faz lembrar 'Shane'

O livro de Paulo Perdigão sobre Shane (cuja capa ilustra o 'post') transcende o filme de Stevens, pois se trata na verdade de uma análise perfuratriz da mitologia do western, o cinema americano por excelência na definição do célebre crítico francês André Bazin. Perdigão, que faleceu nos estertores de 2006, foi um importante ensaísta cinematográfico num tempo em que aquele que escrevia sobre cinema possuia um amplo conhecimento geral, cultura literária e, por isso mesmo, havia um estilo, uma marca registrada na maneira de articular a sintaxe da língua portuguesa. Com o advento da internet, vale o que disse Ruy Barbosa sobre gafanhotos e bacharéis: "Há mais bacharéis no Brasil do que gafanhotos no Egito". Ao que se poderia atualizar: "Há mais críticos de cinema no Brasil do que gafanhotos na Síria". Salvo as sempre honrosas exceções, que sempre existem, há uma ânsia pelo comentário fílmico nesta fajuta pós-modernidade e, com isso, atropelos imensos na língua pátria, ausência de estilo, pensamentos obscuros para a aparência de profundidade. Mas, outra história. O fato é que o desaparecimento de Paulo Perdigão fez com que fosse a uma locadora alugar cópia luzidia em DVD de Shane (ou, como quer o título original, Os brutos também amam). O filme, que sempre vejo através do tempo, ainda é capaz de compor a emoção daquele que o vê atualmente. É uma obra-prima.

Um comentário:

Saymon Nascimento disse...

Comprei minha cópia em DVD na semana passada, por 15 reais nas Lojas Americanas.
Revisto, ainda mais impressionante é a morte de Torrey, atirado na lama pelo tiro de Wilson, no mesmo quadro. Como escreveu Roger Ebert, acho, essa é a morte mais triste do western ao lado da de Keith Carradine em McCabe & Mrs. Miller.