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09 novembro 2006

"O criado", de Joseph Losey


Fábula didática sobre as relações humanas, eis O criado (The servant, 1963), de Joseph Losey, que acaba de sair em DVD para surpresa de todos, que pensavam ser um filme de difícil revisão.

Ao voltar de uma viagem pela África, um aristocrata inglês, Tony (interpretado por James Fox, irmão de Edward) decide alugar uma casa num bairro londrino elegante, e, para servi-lo, contrata um criado de boas referências, Barrett (Dirk Bogarde). Este, sobre ser um homem aparentemente amável e serviçal, não é bem visto por Susan (Wendy Craig), a noiva de Tony. Pouco tempo se passa e Barrett toma a liberdade de introduzir na casa alheia uma mulher, Vera (Sarah Miles, a atriz de A filha de Ryan, de David Lean), que diz ser sua irmã, mas as circunstâncias logo levam a jovem a se converter em amante de Tony. A crescente influência de Barrett sobre este, no entanto, sofre um grande abalo quando ele o surpreende com Vera (que dizia ser sua irmã), e, então, ambos são sumariamente despedidos. Tony, aborrecido com Susan, termina seu relacionamento com ela. Passa um tempo e, um belo dia, Barrett encontra Tony, rogando-lhe que o aceite de volta como criado. Fraco, com pouco personalidade, ele acaba sendo convencido e aceita Barrett de volta. Mas, nesta volta, suas relações vão se tornando cada vez mais ambígua, até que se produz uma inversão total nos papéis.

Baseado numa novela de sucesso de autoria de Robin Maugham, e roteirizado pelo famoso dramaturgo Harold Pinter, The servant tem uma narrativa de grande força sugestiva sobre a misteriosa atração entre dois personagens - amo e criado - que se absorvem mutuamente. Iniciada como um retrato de costumes, o filme toma um rumo no qual, ao final, o clima é de pesadelo ou de divagação onírica. Trata-se de uma obra de mestre. A ver obrigatoriamente.

3 comentários:

Anônimo disse...

Assisti O Criado ontem e como fiquei tão maravilhado com o filme o revi hoje. Trata-se de uma realização cinematográfica perfeita. Não resisti e fui a uma biblioteca pública de minha cidade onde encontrei um livro sobre Losey editado pela Record (autoria de Christien Ledieu). Li compulsivamente. Como se não bastasse - e não bastou porque o livro não aborda filmes como Casa de Bonecas, Galileo, A Inglesa Romântica, Cidadão Klein e Don Giovanni, já que foi editado em 1970 - procurei mais informações na Net, onde cheguei até teu blog. Gostei de teu texto e da homenagem feita a este diretor por quem tenho grande admiração, apesar de conhecer pouco de sua obra. O Criado é filme obrigatório não só para ver, mas para rever quantas vezes for possível.

Anônimo disse...

Por incrível que pareça nunca assisti a um filme sequer de Joseph Losey (apesar de conhecer um pouco da vida do diretor). Fiquei intrigado com O Criado. Vou procurá-lo. Atualmente tenho procurado em DVD uma outra obra-prima que assisti a alguns anos atrás: o filme Farrapo Humano, com Ray Milland. Abraços do crítico da caverna cinematográfica.

André Setaro disse...

'Farrapo humano' ('The lost week-end'), de Billy Wilder, é um dos melhores filmes sobre o vício do álcool. Tem também, sobre o tema, 'Vício maldito' ('Days of wine and roses'), de Blake Edwards, com Jack Lemmon e Lee Remick, além de outros, evidentemente.