Poucos os filmes que, nos últimos tempos, conseguiram exercer um forte impacto. Se, antigamente, era mais suscetível à emoção do cinema, nos dias que correm sou muito seletivo no que quero ver (locomover-me custa paciência, principalmente agora nas salas multiplexadas com o comportamento vândalo da platéia débil mental). Vejo, por outro lado, muito filme em DVD. Nesta semana, a confirmação de um assombro que tive nos anos 90 em cinema: Aconteceu na primavera (Fiorile), de Paolo e Vittorio Taviani, cuja ação se localiza na beleza solar de Toscana na Itália. Estou ainda sob o impacto do filme e me sinto incapaz de falar qualquer coisa. O cinema, pelo menos neste momento, para mim, está nos irmãos Taviani. Há sublimidade, beleza, poesia. Tudo indescritível.
Paolo e Vittorio Taviani possuem uma poética singular, uma mise-en-scène particular de impressionante impacto, poder de sedução, capaz de causar no espectador uma sensação de estranheza que se desdobra, com o processo de seu conhecimento, em pura beleza. Basta ver, para ficar em poucos exemplos, estas preciosidades: Pai patrão, Bom dia Babilônia, Noites com sol (Il solo anche di notte, 90), A noite de São Lourenço (este um dos maiores de toda a história do cinema), As afinidades eletivas (Le affinità eletive), Allonsanfan, etc, etc.
Seus filmes mostram porque o cinema é uma expressão artística. Revisto hoje Fiorile, resta-me não ver mais nada por alguns dias.
Um comentário:
Honestamente, valeu pela lembrança! Pois nem me recordava mais da existência dos taviani!
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