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11 fevereiro 2006

Coluna do Setaro

Para ler a Coluna do Setaro, eis o link: http://www.coisadecinema.com.br/default.asp

Desaconselhável, porém, para cardíacos e pessoas nervosas.

Da crítica cinematográfica


A função do crítico não é trazer numa bandeja de prata uma verdade que não existe, mas prolongar o máximo possível, na inteligência e na sensibilidade dos que o lêem, o impacto da obra de arte.”
ANDRÉ BAZIN

Creio que a tarefa dos críticos especializados em cinema – não considerando, aqui, os comentaristas meros aficcionados – é a de atuar como mediadores entre a obra cinematográfica e o espectador comum, oferecendo um modelo de leitura da primeira e sublinhando os eventuais valores poéticos nela presentes. Refiro-me aos críticos que atuam em jornais e revistas ou que escrevem em suplementos culturais cujo público alvo não se restringe ao meio acadêmico. A função daqueles que escrevem sobre cinema é ajudar – e não complicar – ao leitor a percorrer o itinerário do filme com um mínimo de conhecimento lingüístico – de modo a permitir que se reconheça, durante o trajeto, aquilo que é importante e o que não o é. Uma função, portanto, que, mesmo antes de se reportar à apreciação estética da obra considerada no seu conjunto, incide sobre a sua sucessiva racionalização, quer dizer, a tradução em termos lógico-discursivos do sentido poético que ela exprime através dos procedimentos de significação que lhe são próprios.

(Percorro um itinerário de colunista no jornal Tribuna da Bahia desde agosto de 1974. Três décadas, que se completam no ano em curso. Neste período, tenho tentado escrever para o leitor, mas sempre procurando salientar que o filme somente pode se consolidar como obra expressiva, se houver, por parte do realizador, um ato criador na manipulação dos elementos da linguagem cinematográfica. De boas intenções, de boas idéias, o inferno está cheio. Um bom roteiro somente pode ser transformado em filme dotado de qualidades específicas quando existe o talento natural do cineasta na manipulação do processo sintático da lingüística fílmica. Se a crítica do passado – incluindo, aí, nomes como Paulo Emílio Salles Gomes, Alex Viany, entre outros, exceção se faça a Moniz Vianna, Almeida Salles e José Lino Grunewald – sempre estava a procurar o elo semântico da obra cinematográfica, a crítica a partir dos anos 60, compreendendo, afinal, que o cinema é uma linguagem, concentrou-se na procura do elo sintático.)

Sempre que não se queira ficar pelo desempenho de uma mera atividade de informação cronística – como sói acontecer no fracassado e desesperado jornalismo cultural baiano, o crítico de cinema deve valorizar a obra examinada, fazendo emergir, dela, as suas valências ocultas e interpretando-as em ligação com o macrocontexto cultural em que a primeira vem à luz. Na condição, naturalmente, de que tal ação seja desempenhada com uma certa discrição a fim de garantir o respeito pelo texto fílmico contra o perigo de leituras forçadas e de distorções generalizadas – muito comum, aliás, nos neófitos que se arvoram em críticos nesta província da Bahia. De resto, a própria polivalência que caracteriza o filme, como sistema orgânico de sinais susceptível de múltiplas leituras, favorece a pluralidade interpretativa. Portanto, se o espectador normal se limita geralmente a ver um filme, o crítico lê-o por ofício e ajuda o primeiro a fazer outro tanto.

Porém, nesta sua função de intérprete e guia, o crítico de cinema deve contar com uma dificuldade resultante da natureza não-homogênea da linguagem escrita por ele utilizada relativamente à linguagem visual empregada pelo filme. Dificuldade esta que o intérprete dos textos literários não conhece, podendo entremear tranqüilamente o seu discurso crítico com o do texto analisado em virtude da identidade lingüística que preside a ambas as manifestações expressivas. Isto se mostra tanto mais intrigante quanto mais presente se tiver o caráter narrativo do filme, caráter assente nas outras artes visuais que também têm as suas práticas críticas correspondentes, não obstante serem igualmente irredutíveis às formas da linguagem verbal. A complicar ainda mais o caso está a natureza de linguagem sem língua – como gostam de dizer os semiólogos – que é típica do filme. De fato, a partir do momento em que não existe um sistema abstrato preeexistente ao filme, mas, apenas, obras fílmicas isoladas, não parece possível – como acontece, pelo contrário, na análise dos textos literários – estimar o eventual afastamento, entre a parole-film e a langue-cinema, afastamento do qual derivaria a poeticidade do texto fílmico. Trocando em miúdos: é impossível distinguir entre um uso banal ou cotidiano da linguagem cinematográfica e uma sua utilização que obedeça a propósitos artísticos, e isto pela simples razão de que no filme o plano de denotação coexiste sempre com o da conotação e que, por conseguinte, não existe um grau zero da escrita fílmica a partir do qual se possam avaliar os eventuais afastamentos efetuados em sentido expressivo pela linguagem examinada.

(O que tento explicar acima me embasei em rudimentos de semiótica que são bem racionais no tratamento da crítica, embora reconheça valor naquela impressionista feita por homens cultos e inteligentes. Ainda que sem emitir, mas, nas entrelinhas, já emitindo, juízos valorativos, não acredito numa cientificização da crítica cinematográfica, quando o analista mais se assemelha a um cientista pacientemente a procurar significados na obra cinematográfica e, com isso, destruindo não apenas a emoção do filme – essencial em toda obra que se queira de arte – como também o prazer de ler o resultado da investigação. Sigo, desde sempre, as palavras do eminente jurista Vicente Rao – sou também formado em Direito e advogado de carteirinha, embora não saiba entrar nos labirintos forenses, quando escreveu no volume 60 de seus comentários ao Código de Processo Civil: “A clareza tem o direito de fazer parecer superficial, mas que não se infira desse aviso a conveniência de ser obscuro para parecer mais profundo.”)

(O grande crítico José Lino Grünewald gostava de dizer: 'Cinema se aprende indo ao cinema'. Há de se adquirir o hábito de ver filmes, assim como se adquire o hábito de ler. É um processo que leva tempo o conhecimento cinematográfico. Existe, no curso universitário, uma disciplina chamada Crítica Cinematográfica, destinada aos alunos de Comunicação Social, que tem como objetivo precípuo a ilustração sobre o que isto significa e, também, para dar a conhecer os textos dos grandes críticos e pensadores da arte do filme. Mas, interessante observar, muitos alunos pensam que, num semestre, podem se tornar, fazendo-a, críticos de cinema. Ledo e ivo engano. Serve, para aqueles que realmente se interessam, como um primeiro passo, um empurrão, no sentido do despertar os vocacionados. A necessidade de se ter a habitualidade da contemplação fílmica é fundamental e para se conhecer cinema é preciso ver filmes e filmes. O que leva tempo. E ver com atenção, procurando estar sempre antenado com leituras paralelas de críticos qualificados - no Brasil, entre outros, e correndo o risco de omissão, considero Inácio Araújo, da Folha de São Paulo, um dos mais lúcidos e conscientes, pois possui, como poucos, sentido aguçado dos procedimentos cinematográficos, do timing e, principalmente, da natureza específica da arte cinematográfica. Poderia dizer que Luiz Carlos Merten, este do Estadão, também é um excelente crítico. E na área propriamente dita da Teoria Cinematográfica o grande mestre é Ismail Xavier, ensaísta de erudição - seu livro O discurso cinematográfico é exemplar raro e quase ninguém no Brasil pensou a natureza do cinema como ele, ainda que se possa discordar de seus pontos de vista.)
Em suma, deve-se deixar à viagem fílmica toda a sua componente de prazer se quisermos que não se transforme num calvário em direção à crucificação final da fábula e do respectivo discurso. O academismo e o preconceito são tão mortais para o cinema como para a vida.

10 fevereiro 2006

Bridget Fonda



A indústria cultural hollywoodiana está a descartar atrizes que passam da faixa dos 40 ou, mesmo, antes disso. É o caso da simpática Bridget Fonda, que parou de aparecer no cinema desde a segunda metade da década de 90. Neta do grande Henry Fonda, e filha de Peter, Bridget fez algum sucesso nos anos 80 e 90 e, de repente, não mais recebeu convites. Seu último trabalho, segundo consta no infalível IMDB, foi para a televisão em 2001. Nasceu em 1964, e se encontra com 41 anos, idade que os produtores já riscam de suas agendas. Bridget começou num filme que o pai fez com Dennis Hooper, o famoso Sem destino (Easy rider, 1969). Participou do terceiro The godfather, de Jackie Brown, entre muitos e muitos outros, mas destaco um, em particular, que considero um dos melhores da década de 90: Atraídos pelo destino (It could happen to you, 94), de Andrew Bergman, onde trabalha ao lado de Nicolas Cage, Rosie Perez, Isaac Hayes, Red Buttoms, etc. Comédia que faz lembrar Capra e de inusitada importância no panorama cínico do cinema contemporâneo. Mas a crítica, desatenta, não soube lhes ver as qualidades.

09 fevereiro 2006

Flagrantes nada odontológicos em Tiradentes (4)



Ruy Guerra, que apresentou seu último filme "Veneno da madrugada", foi o grande homenageado em Tiradentes.

Flagrantes nada odontológicos em Tiradentes (3)


"Eu me lembro", de Edgard Navarro, foi exibido na noite de encerramento. Na foto, um debate que aconteceu, de tarde, no Centro Cultural Yves Alves.

Flagrantes nada odontológicos em Tiradentes (2)


A Nona Mostra de Cinema de Tiradentes procurou ressaltar o debate sobre a crítica cinematográfica. Na foto, da esquerda para a direita, Inácio Araújo, este bloguista, José Tavares de Barros, Cleber Eduardo, Ricardo Calil, e José Carlos Avellar.

Flagrantes nada odontológicos em Tiradentes (1)


Este sou eu, o bloguista, em Tiradentes, cidade histórica de Minas Gerais, onde aconteceu importante mostra de cinema entre os dias 20 e 28.

Era uma vez na América



Creio que o filme que me causou mais impacto na década de 80, época de desalento, quando a infantilização temática do cinema americano já estava imensa, foi Era uma vez na América (Once upon time in America, 1983), obra capaz de fazer uma emoção quase perdida em relação ao cinema emergir novamente. A mise-en-scène de Sergio Leone é assustadora e bela, e o filme, um filme-ópera. Mas não pretendo, aqui, fazer uma apreciação dessa obra-prima, mas, e tão-somente, fazer notar alguns aspectos significativos, como o funcional uso do som aplicado pelo cineasta de Era uma vez no Oeste. O chamado do telefone, por exemplo, que persiste; quando De Niro, após ter estuprado Elizabeth McGovern, chega, pela manhã, ao escritório, e seus colegas ficam a observá-lo enquanto toma café. Nesta seqüência, a significação provém do ruído da colher mexendo o café, o ruído da chícara. Ela é toda construída em torno desse ruído. E há um belíssimo momento, entre tantos outros, quando o menino compra um sorvete de chantilly, com uma cereja a coroá-lo, para ir ter um carnal knowledge com a garota, que aceita o sexo tendo como pagamento um sorvete. Mas ela está tomando banho e ele tem que esperá-la sentado na escada. Os dois desejos se bifurcam, o desejo do sexuar e o desejo da gula. Ele não resiste e vai, pouco a pouco, tirando os pedacinhos do creme e, de repente, partitura de Ennio Morricone a toda, devora a guloseima, ficando, por isso, sem a posse da garota. Robert DeNiro, tão decadente nos tempos atuais, tendo se tornado uma caricatura de si próprio, está excelente como Noodles. Destaque para uma musa de meus tempos de cinéfilo: Tuesday Weld. Fruta madura e de sabor inigualável. Por falar em Leone, como já disse há meses neste blog, outro impacto foi a revisão de Quando explode a vingança e Era uma vez no Oeste. Leone aparece em América como o vendedor de passagens, quando Noodles, após a suposta morte dos companheiros no grande assalto, compra aleatoriamente um bilhete para Buffalo.

08 fevereiro 2006

Contos da loucura pouco ordinária


Dos grandes fulllers que vi, considero a sua obra-prima Paixões que alucinam (Shock corridor, 1963), que conheci pela primeira vez semana passada, com o lançamento do DVD pela Aurora. Fiquei impressionado com o tratamento de choque dado pelo cineasta ao tema. Dando uma olhada no livro As obras-primas do cinema, que saiu pela Martins Fontes, e que reúne, ano por ano, os melhores filmes de todos os tempos segundo Claude Beylie, ensaísta francês de nomeada, deparei-me, na página 233, com Shock corridor. Vou transcrever aqui o que disse Beylie sobre Paixões que alucinam:
"Samuel Fuller realizou com este filme uma fábula moderna cheia de barulho e fúria, característica de seu temperamento, caloroso, explosivo, de seu estilo, todo feito de fulgurações barrocas e de síncopes visuais, de seu humor também, sarcástico até o delírio. Todos esses traços contribuíram para fazer dele um fenônemo do cinema contemporâneo. É um especialista da violência emocional, segundo Martin Scorsese; um democrata, generoso, idealista, cínico e, ao mesmo tempo, um visionário, segundo Bertrand Tavernier; um bárbaro, para Jean-Luc Godard - que o colocou judiciosamente numa cena chave de seu filme Pierrot le fou.
Em Paixões que alucinam, Fuller pretende denunciar os três cânceres que corrompem o mundo atual: o racismo, a intolerância e a ciência cega. Ele não recua diante de nenhum excesso, não se preocupa com nenhuma verossimilhança (as terapêuticas médicas praticadas no filme são mais que fantasiosas) para embasar sua demonstração. É verdade que este ex-correspondente de guerra sempre fez cinema com lança-chamas: cada seqüência é como que uma praça-forte a ser atacada, um terreno a ser neutralizado.
Às vezes quebra a cara, mas pouco importa! Paixões que alucinam contém, sem dúvida, algumas matérias residuais, mas estas são arrastadas pelo fluxo torrencial em que navega essa nau dos insensatos, um navio sem mastreação, sem bússola, sem linha de flutuação, mas não sem piloto."

Três Fullers essenciais




A Aurora, distribuidora de DVDs, que é do crítico Ernesto Barros e um sócio, lançou três filmes fundamentais de Samuel Fuller: Eu matei Jesse James (I shot Jesse James, 1949), Paixões que alucinam (Shock corridor, 1963), e O beijo amargo (The naked kiss, 1964). Obras essenciais, principalmente os dois últimos, para todos aqueles que desejam conhecer o cinema de impacto de Fuller, um dos diretores mais vigorosos do cinema americano em todos os temposAs imagens são de Shock corridor.

07 fevereiro 2006

O amigo gaúcho de Reichenbach

Não conheci nem nunca li os textos de Luiz César Cozzatti, dublê de psiquiatra e crítico cinematográfico, que faleceu semana passada (4 de fevereiro), deixando abalados seus amigos e admiradores. Faço aqui o registro para também lamentar a morte do crítico, que, a julgar por opiniões abalizadas, como a do cineasta Carlos Reichenbach e de Inácio Araújo, entre outros, era um profundo conhecedor da arte do filme. Pontificava em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, e, por isso, nunca tive acesso às suas publicações mas, tenho certeza, se vier a conhecê-las, passarei a admirá-las. Luiz César Cozzatti era também membro permanente da comissão de seleção do Festival de Gramado. Há também a assinalar, na morte do crítico, que o brasileiro somente toma conhecimento das críticas cinematográficas publicadas no eixo Rio-São Paulo. A internet, nesse particular, tem prestado um bom serviço na divulgação de certos talentos. Transcrevo abaixo o lamento de Reichenbach pelo desaparecimento de Cozzatti, seu amigo gaúcho:

"Confesso que o impacto gerado pelo e-mail de Marcus Mello, me deixou inerte por vários minutos. Pensei imediatamente em escrever um post para o REDUTO a respeito da minha admiração pelo notável crítico gaúcho, cuja cultura cinematográfica me surpreendeu tanto quando nos conhecemos, lá pelos idos dos nos 70. Lembro de ter falado muito ao amigo Jairo Ferreira a respeito de Cozzatti e quando Ferreira leu os textos críticos dele, imediatamente incluiu em seu livro CINEMA DE INVENÇÃO. Assim como nosso outro grande amigo, o Dr. Luiz Ribas, Cozzatti era um "psiquiatra louco por cinema", daqueles raros garimpeiros de autênticas pepitas cinematográficas. Ficamos amigos, não só por ele gostar irrestritamente de AMOR, PALAVRA PROSTITUTA e FILME DEMÊNCIA, mas - e sobretudo - por uma "descoberta" mútua: SCANNERS, de Cronemberg, numa época em que o cineasta canadense era uma incógnita.Cozzati vai ficar na minha memória como daqueles raros "irmãos de universo" que cultivamos para sempre por comprenderem o mesmo dialeto da cinefilia."

Mais sobre Cozzetti no site de Carlos Reichenbach:
http://redutodocomodoro.zip.net/

06 fevereiro 2006

Da psicose antitabagista


Tenho consciência dos males causados pelo cigarro e gostaria, inclusive, de não ter esse vício., que foi adquirido na adolescência. Mas detesto a psicose antitabagista que se instalou. Numa viagem de avião, que não fica restrita ao vôo propriamento dito, mas à espera no aeroporto, à chegada uma hora antes para o check in, o tempo que se leva na sala de embarque, não se pode fumar. Nos shoppings centers também não. Frqüentava, por exemplo, uma choparia num restaurante árabe, que fica no Shopping Barra, em Salvador, mas após a probição rigorosa do tabaco em abril de 2005, desde esta data perdi meu chopp, pois somente posso beber quilometricamente se fumo. Buñuel, em seu livro de memórias escrito por Jean-Claude Carrière, Meu último suspiro, mas ditado por ele, tem um capítulo magistral onde faz a apologia do cigarro e da bebida. Claro, quem não fuma tem todo o direito de não se contaminar com aqueles que fumam, mas que sejam reservadas áreas para fumantes nos bares e restaurantes e nas aeronaves. Há, também, o direito de fumar. Por falar nisso, e vendo, ontem, O preço da traição (Mulholland falls, 1996), de Lee Tahamori, reparei que Nick Nolte fuma em todas as tomadas, e não apenas com o cigarro na mão ou na boca, mas acendendo-o com um isqueiro. Também seus parceiros, quando ele oferece cigarro, todos aceitam-no. Nos filmes dos anos compreendidos entre 30 e 60, praticamente todos os personagens fumavam. E era chic a mulher fumar, ter uma cigarreira folheada a ouro, etc.

Estive na Nona Mostra de Tiradentes e me impressionei com a possibilidade de se fumar nas mesas dos debates. Um avanço, considerando a proibição fechada em outros estados. Um cinzeiro estava à disposição de cada debatedor nos seminários programados. Além do êxito da mostra em si, vale registrar a abertura ao cigarro, um verdadeiro alívio para os fumantes inveterados como este bloguista.
O Hollywood que aparece aí ao lado, de maço verde, não é o que fumo. Fumo o vermelho, cor de sangue, o Original Blend, authentic taste.

05 fevereiro 2006

Thriller nada delicado


O Setaro's Blog está bastante desatualizado pela conjunção de compromissos, falta de tempo, viagens e preguiça. Mas pretendo ser mais assíduo com aqueles que gostam de perder seu tempo com a leitura de suas postagens.
Vi hoje, domingo, O preço da traição (Mulholland falls, 1996), de Lee Tamahori, diretor que veio da Nova Zelândia e se deu bem em Hollywood. Thriller, cuja ação se passa na década de 40, tem a visão cruel peculiar ao realizador, mas uma criação de atmosfera toda especial, principalmente pela iluminação de um artista que é Haskell Wexler, e a partitura de extrema funcionalidade de Dave Grusin. Vendo o filme, em DVD - já o tinha visto no cinema na década passada, lembrei-me de Chinatown, o genial trabalho de Roman Polanski. No elenco, Nick Nolte, a bela Melanie Griffith, filha de 'Tippi' Hedren, John Malkovich, Chazz Palminteri, Chris Penn, irmão de Sean Penn, que faleceu prematuramente na semana passada aos 40 anos, Treat Williams, Jennifer Connelly, que, menina, trabalhou em um dos meus favoritos de todos os tempos, Era uma vez na América, e, recentemente, apareceu em Água negra, de Walter Salles, entre outros. Gosto de um bom thriller. Como este Mulholland falls.
Mas mudando de um polo a outro, devo registrar que um dos melhores filmes brasileiros das duas últimas décadas é, sem dúvida, Crime delicado, de Beto Brant, que se tornaria, só com este trabalho, um dos maiores realizadores da cinematografia nacional, não existissem obras fortes como Matadores, Ação entre amigos e O invasor.