Seguidores

20 maio 2011

Por causa de minha querida Brigitte Bardot

Por ter publicado no Facebook duas fotos de Brigitte Bardot nas quais ela aparece nua, minha conta foi deletada dessa rede social. Postadas na terça, quarta, quando fui fazer o login para entrar, veio em seguida o aviso: conta desativada por denúncias de pornografia e indecências Há pornografia no corpo belo de uma mulher como BB? Contando o fato, uma amiga me disse que a sua foto, amamentando o filho, com seus seios de fora, também foi deletada. O moralismo protestante dos americanos não perdoa. A culpa, assim é se me parece, como diria Luigi Pirandello, também é dos usuários da citada rede, que, para denunciar algo que os incomoda, basta clicar em denunciar. Também as mal amadas, por inveja, ficam furiosas quando se deparam com um corpo de mulher perfeito. De qualquer forma e de qualquer maneira, o fato é que perdi todo o meu acervo de fotos, comentários, notas, os contatos dos amigos, entre outras coisas, que tinha no Facebook. Mas, com outro e-mail, já abri, um novo perfil, que é este: http://www.facebook.com/profile.php?id=100002428544003

18 maio 2011

"A marca da maldade", de Orson Welles


Será possível que A marca da maldade (Touch of evil) já tenha feito meio século de existência? Sim, faz, neste ano em curso, cinqüenta e três anos, pois realizado em 1958. Trata-se de obra imprescindível para quem quiser compreender e entender o cinema contemporâneo (e há cópias em DVD nas melhores locadoras).
Orson Welles (numa interpretação inexcedível, obeso, desfigurado, para dar a impressão da configuração da maldade) é Hank Quinlan, policial de uma cidade da fronteira entre o México e os Estados Unidos, que tem o costume de fabricaras provas com as quais acusa os supostos culpados perseguidos. Um colega mexicano, Vargas (Charlton Heston, que mostra não ser apenas ator de épicos hollywoodianos, mas um ator de amplos recursos), que acaba de se casar com uma jovem americana, Suzie (Janet Leigh), vem a descobrir os arranjos de Quinlan e ameaça desmascará-lo. Com a ajuda de Grandi (Akim Tamiroff), um traficante local que serve à polícia com informações, Quinlan faz seqüestrar e drogar Suzie, matando logo em seguida seu cúmplice no quarto do hotel onde ela se encontra trancafiada. Uma sucessão de acontecimentos proporciona a um fiel subordinado de Quinlan, Menzies (Joseph Callea) a constatação de seu caráter e acaba ajudando Vargas no total desmascaramento de Quinlan.
Touch of evil (o toque do mal, se traduzido ipsis litteris) marca o retorno de Orson Welles a Hollywood após uma ausência de dez anos. Os constantes estouros nos orçamentos, o seu comportamento muito além dos parâmetros convencionais, e as ameaças de interferência dos estúdios em seus trabalhos, fizeram-no se afastar da meca do cinema. Na década que fica fora (1948/1958) realiza, porém, na Europa, alguns filmes, a exemplo de Othello (personalíssima versão do texto célebre de William Shakespeare, que leva dois anos para ser realizada: 49/51), eGrilhões do passado (Mr. Arkadin ou Confidential report, 1955).
A marca da maldade é montado, na sua versão final, à revelia de seu autor. Há alguns anos, encontradas as anotações de Welles sobre como proceder à montagem do filme, Touch of evil é remontado tal qual a concepção do realizador de Cidadão Kane (as duas versões são exibidas, há cinco anos, no Telecine, quando este ainda é Classic e não Cult, com um documentário especial sobre as diferenças entre as duas cópias).
Apesar de sua base literária como ponto de partida do roteiro, uma sub-literatura de Whit Masterson (aliás, Hitchcock sempre diz que nunca gosta de fazer adaptações de grandes livros, a preferir a sub-literatura encontradiça em bancas de jornais, as chamadas pulp-fictions, mas a sua extração é sempre de um procedimento cinematográfico exemplar e reveladora de uma escrita que estabelece uma mise-en-scène de puro cinema, de pura estesia), A marca da maldade é uma de suas obras mais interessantes e reveladoras. Alguns historiadores, inclusive, estão a considerá-la como mais importante ainda do queCitizen Kane (o que se nos afigura um absurdo, ainda que Touch of evil seja um filme excepcional, e grandioso, e impactante, e genial).
A figura de Quinlan representa à perfeição a postura wellesiana ante a sociedade em que vive. Não que o autor se identifique com o personagem. É que, através de sua monstruosa personalidade, submete, com ela, a crítica ao mundo que o rodeia e no qual certos valores deixam de ter vigência. Em torno da figura de Quinlan, evolui uma série de personagens que, na verdade, não são mais que elementos de uma antítese mediante a qual Welles pretende chegar a uma visão dialética. E quem faz o resumo desta visão é a cigana interpretada por Marlene Dietrich no final do filme numa espécie de epitáfio cínico e emocionado.
O fabuloso plano-sequência inicial, longo e complicado, fica definitivamente nos anais da história do cinema mundial. E dá a tônica estilística de A marca da maldade, uma das mais barrocas de seu autor (a influência do expressionismo alemão, com o contraste das sombras e das luzes, é impressionante). Welles utiliza os inquietantes elementos de uma trama enviezada e a particular estranheza dos cenários para compor uma obra em que tudo está deformado por uma ótica com freqüência aberrante.
Com a oportunidade de comparar as duas versões de A marca da maldade (a montada à revelia e a montada segundo as anotações do diretor), vê-se que o plano-seqüência do início, na versão oficial, é desfigurado com a colocação dos letreiros de apresentação, a ofuscar a visão das pessoas, do movimento, e dos objetos dentro do enquadramento. Welles, como de hábito, na sua concepção original, elabora o plano-seqüência absolutamente desprovido de qualquer material de procedência que não a da imagem.
A aparência exterior de simples drama policial, quando do seu lançamento (depois viria a ser reavaliado e considerado até melhor do que Kane), faz com que muitos críticos venham a considerar Touch of evil como uma obra menor dentro da filmografia de Orson Welles. Nada mais equivocado, pois A marca da maldade é um filme que expõe com grande força o seu pensamento e o seu estilo.
A seqüência de Janet Leigh no motel parece ter inspirado Alfred Hitchcock a convidar a atriz para o elenco de Psicose (Psycho). Não resta dúvida de que tudo indica que a atmosfera reinante no motel wellesiano de A marca da maldade tem tudo a ver com o motel hitchcockiano, com Norman Bates à la carte, de Psycho e, inclusive, a distância entre os dois filmes é curta: dois anos. O velho Hitch há, também, de sofrer a angústia da influência de Harold Bloom.
O cineasta brasileiro Rogério Sganzerla, fã incondicional de Orson Welles, tem um enquadramento em sua obra-prima, O bandido da luz vermelha, no qual o ângulo oblíquo faz ver a sair do carro o detetive interpretado por Luiz Linhares, um enquadramento visivelmente inspirado em A marca da maldade, quando o inspetor Quinlan aparece pela primeira vez. Sganzerla, aliás, realiza dois longas tributários ao grande cineasta, entre eles Nem tudo é verdade, com Arrigo Barnabé no papel do autor de Cidadão Kane, uma mistura de material de arquivo com reconstituição ficcional.
Muitos críticos e historiadores, a exemplo de Peter Bognadovich, acreditam que A marca da maldade possui uma chegada de Welles a este momento de sua vida com o mesmo cansaço que Quinlan experimenta em relação a Kane, cansaço que emerge dos anos transcorridos, da reflexão, da angústia e da desesperança.

17 maio 2011

A obra-prima de um mestre do cinema


Descoberto como um autor de filmes genial pelos críticos da revista francesa Cahiers du Cinema, Hitchcock passou muito tempo elogiado apenas pela sua capacidade de despertar emoções e submeter o espectador à agonia do suspense. Em Fronteiras do cinema, de Walter da Silveira, o grande ensaísta baiano chega a cometer um equívoco no capítulo As vertigens de Alfred Hitchcock no qual aborda, com extrema superficialidade, a sua metafísica, restringindo-o a ser um provocador de meras vertigens. Foi preciso que François Truffaut, Jean-Luc Godard, Eric Rohmer, Claude Chabrol, entre outros, fizessem ver, através das páginas do Cahiers du Cinema, que Hitchcock, muito mais do que um mero "mestre do suspense", era um autor completo, um inventor de fórmulas, um dos mais interessantes realizadores cinematográficos da história. Em Le cinema selon Hitchcock, livro de Chabrol e Rohmer, estabelece-se a prova irrefutável da maestria do autor de Vertigo, a chegar mesmo os dois críticos a afirmar que nos "filmes de Hitchcock o conteúdo é a forma", expressão acabada da conjugação perfeita entre o elo sintático (a linguagem) e o elo semântico.
Hitchcock, e não se sabe o motivo do gesto, resolveu, em meados dos anos 60, retirar Vertigo, assim como outros de seus filmes, de circulação. Vintes anos se passaram sem que o filme pudesse ser visto ou reavaliado até que, com sua morte, em 1980, Pat, sua filha única, resolveu pô-lo novamente em evidência em 1984, com a distribuição mundial de um Pacote Hitchcock composto por Um corpo que cai, Janela indiscreta, Festim diabólico, O terceiro tiro, e O homem que sabia demais. O lançamento desses filmes fez vir de Hollywood o legendário James Stewart (que tinha participação na produção deles e, portanto, nos lucros porventura auferidos). Convidado pela U.I.P, fui ao Rio e passei uma tarde com Stewart.
James Stewart é Scottie, inspetor de polícia em licença médica porque possuidor de acrofobia (vertigem em lugares altos), que acabou por deixar um colega morrer em ação. É chamado por um velho conhecido (Tom Helmore) para que vigie sua mulher, Madeleine (o biscoito proustiano?), interpretada por Kim Novak. O marido lhe diz que a mulher, em grande instabilidade emocional, está a ponto do suicídio. Scottie começa a acompanhá-la de longe, a princípio, pelas ruas de São Francisco, e chega a salvá-la de um afogamento. O seu trabalho, porém, não contava com um acidente de percurso: vem a se apaixonar por ela. Não consegue, porém, impedi-la que se atire da torre de uma igreja (a vertigem lhe impede a salvação de Madeleine). Com profundo sentimento de culpa, entra em grave depressão até que, já restabelecido, encontra uma mulher extremamente parecida (uma sósia, a rigor) a Madeleine, que se chama Judy. Aproximando-se dela, procura modificar-lhe alguns detalhes e reconstruir, nela, a amada morta. A verdade, no entanto, e Hitchcock apenas fornece as informações para o público, a deixar Scottie sem saber de nada, é que Madeleine não morreu e que Judy é, apenas, uma mulher comum que fora contratada pelo amigo de Scottie para "representar" Madeleine. E quem cai da torre é a mulher do contratante, que a quer ver morta. Madeleine, o álibi perfeito.
O exegeta Noel Simsolo, que escreveu um ensaio sobre a obra de Hitchcock, diz que "Um corpo que cai" tem um universo de ópera wagneriana e do esoterismo de Bartok, e no filme se assiste ao nosso próprio sonho nos seus prolongamentos nefastos. Segundo Simsolo, "a tarefa que Scottie se atribui é um plano ignóbil e perverso que o obrigará a agir, amar e sofrer, a deixar assim sua impotência e passividade. (...) A segunda parte, mostrando a tentativa de Scottie de reencontrar, pelo artifício, a primeira mulher (Madeleine) na segunda (Judy) nos conduz ao limite do atroz em plena abstração da proposta. Porque Madeleine e Judy são a mesma mulher. A cor dos cabelos, as roupas, o penteado, (ou seja, a aparência), diferem, mas são justamente estes detalhes que nos levam, como a Scottie, à vertigem e ao fetichismo. Para nós, como para ele, Scottie recriou esta aparência para reencontrar o ser irreal do quadro sem expressão (Carlotta). E as lágrimas lhe chegam aos olhos quando ela aceita transformar-se na outra, lágrimas de Scottie que nos comovem e nos transformam em uma parte integrante do filme."
Com bem salientou Inácio Araújo em seu imprescindível "Alfred Hitchcock: o mestre do medo" (Encanto Radical, Brasiliense, 1982), "trata-se de (recriar) uma mulher a partir da imagem de uma morta, ou seja: fixar a idéia como fundadora do mundo e o mundo como produto da imaginação (...) Filme sobre a criação de uma imagem, 'Um corpo que cai' desenvolve a hipótese de reconstituir um objeto imaginário idêntico ao real. Filme de exploração dos limites, evolui no sentido de apagar a linha que separa o real e o imaginário, fendendo (e negando) o universo que captamos ordinariamente pela introdução de um acontecimento extraordinário (a ressurreição de Madeleine, falsa na realidade porém verdadeira por sua conseqüências)."
Obra metafórica em muitos sentidos (a vertigem, a queda, a árvore milenar, o rio e o mar, a mulher, o amor, a impotência, a morte e o desejo da morte, o medo da morte do desejo, o mito do amor perfeito e eterno...), Hitchcock atinge em Vertigo o apogeu da arte clássica (que implica imitação) e, num mesmo gesto, ultrapassa-a, afirmando a supremacia da construção sobre o realismo e a verossimilhança.
P.S: Uma dica para os apreciadores de Hitchcock. Um site que nos dá a ver mais de mil fotogramas de todos (mas todos mesmo) filmes do mestre. A não perder de vista:



15 maio 2011

Interview: Setaro André entrevista André Setaro


Publicado originariamente na revista eletrônica Terra Magazine em 10 de maio de 2011.

SETARO ANDRÉ: Como vê o cinema neste semestre que se encontra a voar como um pássaro?
ANDRÉ SETARO: Posso fumar meu cigarro? Se não, não dou a entrevista. Estou cansado dessa lei que não respeita os fumantes. Para lhe dizer a verdade, estou a cada dia sendo humilhado, quando, em certos locais, e em espaços permitidos, acendo meu cigarro. As pessoas me olham de esguelha e de soslaio. Uma senhora, mal amada, com certeza, noutro dia, enquanto fumava em local apropriada em frente a um shopping em Salvador, em rito de passagem para entrar no centro de compras, olhou-me dos pés à cabeça e suspirou, dizendo: "Coitado!" Mas vamos à sua pergunta! O cinema, como já disse, não é mais igual àquele de tempos idos. Refiro-me, principalmente, ao cinema dito comercial. A indústria cultural hollywoodiana se infantilizou. O humanismo desapareceu dos filmes. O lixo predomina no mercado exibidor, com as honrosas exceções de praxe. O que mais me fascina no cinema contemporâneo, caro repórter, é a inventividade de Alain Resnais com a idade que tem, beirando aos clássicos novent'anos. Seria possível um cinema dito de vanguarda, de invenção, hoje em dia? Sim, um filme como Ervas daninhas (Les herbes folles) o é. Mas, neste semestre, vi uma obra que, de certa forma, é de alto nível. Trata-se de Cópia fiel (Copie conforme), do iraniano Abbas Kiarostami, aquele que fez Através das oliveiras, Gosto de cereja, entre outros. A cena do café com Juliette Binoche a conversar é um dos momentos sublimes dessa obra insólita, que narra o encontro de um inglês e uma francesa que partem em viagem pela bela Toscana na Itália. Lembrei-me de Viagem à Itália (Viaggio in Italia, 1953), de Roberto Rossellini, filme fundamental para a compreensão do cinema moderno, quando começa o processo de desdramatização que se aprofundou na famosa trilogia de Michelangelo Antonioni composta de A aventura (1959), A noite (1960), e O eclipse (1962).

SETARO ANDRÉ: Você gostou de O cisne negro?
ANDRÉ SETARO: Sim, Black swan me envolveu. Tirante a maravilhosa interpretação de Natalie Pottman, há, na sua estrutura narrativa, alusões a outros filmes, como De olhos bem fechados, o último opus de Stanley Kubrick, que foi mal compreendido pela crítica. Marcelo Janot, no site Críticos.Com observa bem esse diálogo existente entre Cisne negro e a derradeira obra daquele que Janot chama de o maior cineasta americano de todos os tempos.

SETARO ANDRÉ: Como o senhor vê o panorama do cinema brasileiro contemporâneo?
ANDRÉ SETARO: Tecnicamente, o cinema brasileiro já pode ser comparado aos melhores do mundo. Já se foi a época em que mal se ouvia o que se estava falando nos filmes nacionais. Temos, hoje, técnicos do mais alto nível, fotógrafos, montadores etc. Mas está faltando um élan, uma maior substância temática e uma estética mais elaborada. Acontece que a captação de recursos, se, por um lado, possibilita a realização de filmes, por outro, no entanto, inibe a criação, pois o gerente de marketing das empresas somente seleciona os roteiros com viabilidade comercial. Não há mais espaço para o surgimento de um Ozualdo Candeias, de um José Mojica Marins, entre outros cineastas que, com poucos recursos, faziam obras excepcionais (A margem, de Candeias, é um dos melhores filmes brasileiros que já vi). E o mercado exibidor está totalmente dominado pelas empresas multinacionais. Para um filme ser colocado em bom circuito é necessário que o cineasta entre em parceria com elas. O problema, portanto, reside no nó górdio do tripé produção-distribuição-exibição. O que adianta se produzir um filme, tê-lo pronto, para não ser distribuído nem exibido? Atualmente, há uma tendência verificada nos festivais de Brasília e Tiradentes da mostra competitiva se constituir de filmes de estreantes que se encaixem na categoria duvidosa de cinema de invenção. Há obras significativas, mas muitas são aporrinhantes e destinadas a cinéfilos e críticos extremados que apreciam tirar cabelo de ovo.

Neste momento, André Setaro acende outro cigarro para espanto de seu entrevistador, que reclama.

SETARO ANDRÉ: Outro cigarro, Setaro?
ANDRÉ SETARO: Bem, assim vamos terminar a entrevista para você não se tornar um fumante passivo.
SETARO ANDRÉ: (franzindo o sobrolho): Não, não, vamos continuar. O senhor viu Rio, de Carlos Saldanha? O que acha de Bravura indômita?
ANDRÉ SETARO: Rio, do talentoso brasileiro Carlos Saldanha, um extraordinário animador, é muito simpático. Quanto a Bravura indômita, dos irmãos Coen, é bem inferior ao original do mesmo nome dirigido por Henry Hathaway em 1969 e que deu o Oscar a John Wayne, que é substituído, no remake coeniano, por Jeff Bridges. Em relação aos fratelli Coen, há, por parte de certa crítica, uma superestimação de suas potencialidades criadoras. Há filmes realmente muito bons, a exemplo de Onde os fracos não têm vez, Barton Fink, Acerto de contas, entre outros, mas outros são mais formalistas (O homem que não estava lá, por exemplo), maneiristas, virtuosos. Bravura indômita, de Hathaway, tem aquele sentido de espetáculo mais rigoroso na melhor tradição do cinema americano ou, melhor, na grande tradição do cinema americano, enquanto a versão dos brothers Coen apela para efeitos de virtuose, ainda que, no cômputo geral, seja uma obra prazerosa de se assistir e, inegavelmente, Jeff Bridges é um bom ator embora a quilômetros de distância de Duke.

SETARO ANDRÉ: Tenho ainda um monte de perguntas.
ANDRÉ SETARO: Acontece que tenho, agora, um compromisso urgente. Faça-me, porém, um favor: vá ali à esquina e me compre um maço de Hollywood preto, mas se não encontrá-lo traga o vermelho mesmo. Que faça uma boa reportagem – se isso é possível.