Geraldo D'El Rey e Helena Ignez em A Grande Feira (1961), de Roberto Pires: um dos grandes momentos do cinema baiano
André Setaro, Bertrand Duarte e Marcondes Dourado são os convidados do
evento para falar sobre longas-metragens, na quinta-feira (04/07), no Teatro
Sesi - Rio Vermelho
Recebi de Lívia Rangel (da Comunicação e Marketing Cultural) o texto que se segue e que explica o jogo da vindoura Batalha de Cinema. Já na sua terceira edição.
Se você é um amante da sétima arte e quer conhecer mais sobre produções do
cinema baiano, fique ligado, pois na próxima quinta-feira (04/07), às 20h,
acontece a última Batalha de Cinema, no Teatro SESI - Rio Vermelho. Nesta
edição, que vai apresentar uma mostra caprichada de longas-metragens, a
organização escalou um time de feras: o crítico André Setaro, o ator Bertrand
Duarte e o artista multimídia Marcondes Dourado, atual diretor geral da Dimas -
Diretoria de Audiovisual da Secult/Funceb. O ingresso é trocado por uma bateria
eletrônica ou três pilhas usadas.
A Batalha de Cinema é um conceito inédito de exibição de produtos audiovisuais.
A iniciativa, produzida pelo coletivo criativo Espaço V e idealizada pelo
cineasta Tiago Di Mauro, baiano radicado em Londres, reúne cineastas,
profissionais do audiovisual, curadores e amantes de cinema para compartilhar
seus conhecimentos em cinema, por meio de um jogo divertido e interativo.
A Batalha
Uma vez definido o tema (Videoclipe, Curtas ou Longas) e os subtemas (ex:
Performance, História, Imagem, etc) em que ele será abordado na Batalha de Cinema,
três profissionais renomados são convidados a pesquisarem e selecionarem
trechos de filmes ou imagens que abordem os subtemas específicos, para duelarem
as cenas escolhidas, discuti-las e explorar a temática em questão.
As cenas selecionadas pelos participantes são então apresentadas ao público no
telão do Teatro SESI, em formato de "jogo menu", onde a plateia não
sabe a qual convidado cada cena "pertence". Depois de assistidas em
sequência as três cenas de cada tópico, o público vota na que melhor o representa.
No final do jogo, quando todos os trechos de filmes já tiverem sido
apresentados e votados o convidado que escolheu as cenas mais votadas sai
vencedor da Batalha de Cinema.
Fomento ao audiovisual
A estreia do projeto ocorreu no dia 13 de junho, com participação de Luiza
Moraes x Rodrigo Araújo x Tiago di Mauro, numa mostra de videoclipes; já a
segunda edição aconteceu no dia 20 de junho e teve como convidados Daniel
Lisboa x Marcela Costa X Anderson Araújo, que selecionaram curtas-metragens. O
elogiado evento pela crítica local vem reunindo uma plateia animada formada por
jornalistas, músicos e amantes da sétima arte.
SERVIÇO:
3ª Batalha de Cinema
Competidores: André Setaro x Bertrand Duarte x Marcondes Dourado
Tema: longas-metragens
Quando - quinta-feira, dia 04 de julho (batalha de longas-metragens), às 20h
Onde - Teatro Sesi - Rio Vermelho
Ingresso: baterias eletrônicas usadas ou três pilhas usadas
Informações: https://www.facebook.com/coletivoespacov
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Seguidores
28 junho 2013
Como será o enfrentamento na Batalha de Cinema
27 junho 2013
Batalha de Cinema. O que é isso?
Vou participar na próxima semana, dia 4 de julho, de uma batalha, embora não seja guerreiro. A ideia, original, é de autoria de Tiago de Mauro, baiano que é formado em cinema nas plagas londrinas. Segue informações sobre o evento, que transcrevo:
Batalha de Cinema, é um conceito inovador de
exibição de produtos audiovisuais produzido pelo COLETIVO ESPAÇO V e
desenvolvido por Tiago Di Mauro que reúne cineastas, profissionais do
audiovisual, curadores e amantes de cinema para compartilhar seus conhecimentos
em cinema através de um jogo divertido e
interativo.
Uma vez definido o tópico e sub tópicos da Batalha
de Cinema, três participantes são convidados a pesquisar e selecionar trechos de
filmes ou imagens que preencham a demanda de cada sub tópico no intuito de
duelar as cenas entre si, discuti-las e explorar a história do tópico em
questão.
As cenas selecionadas pelos participantes são então
apresentada, num formato de jogo menu ao público, que não sabem a que convidado
cada cena pertence. Depois de assistidos em seqüência as três cenas de cada sub
tópico o público vota qual das cenas melhor representa o sub tópico. No final
do jogo, quando todas as cenas já tiverem sido apresentadas e votadas aquele
convidado que escolheu as cenas mais votadas sai vencedor
da Batalha de Cinema. Em Salvador, o evento já pcprreu nos dia 13/06 (Tópico: Video Clipes baianos, com: Tiago Di Mauro x Luzia Moraes
x Rodrigo Aráujo), 20/06 ( Tópico: Curta Metragem Baiano com Daniel Lisboa x
Marcela Costa x Anderson Soares) e ocorrerá no dia 04/07(Tópico: Longa Metragem Baiano com André
Setaro x Bertrand Duarte x Marcondes Dourado), no Teatro SESI Rio Vermelho.
Maiores informações em nossa fanpage: https://www.facebook.com/coletivoespacov
26 junho 2013
De François Truffaut
Jean-Luc Godard e François Truffaut |
François Truffaut, o nobre cineasta francês, teria completado 80 anos no dia 5 de fevereiro do ano em curso. Mas a Implacável levou-o em 1984, aos 54 anos. Uma homenagem, aqui, ao autor de Jules et Jim.
Ao contrário do cinema de seus companheiros da Nouvelle Vague – Godard, Rohmer, Chabrol, Rivette, Resnais…-, racionalista e cerebral, o de François Truffaut é feito com a emoção e o coração, com extrema sensibilidade e uma simpatia incomum pelos seus personagens, que são tratados com ternura, generosidade e afeto. O crítico ferrenho, radical, intransigente, das revistas Cahiers du Cinema e Arts et Spetacules, que ataca em seus escritos o cinema clássico francês e o realismo psicológico de acadêmicos como Claude Autant Lara, Julien Duvivier, entre outros, sofre uma espécie de metamorfose quando passa a realizar filmes, transformando-se num cineasta terno e amável.
Os Incompreendidos (Les Quatre Cents Coups, cuja tradução literal é Os Quatrocentos Golpes), além de inaugurar a Nouvelle Vague – juntamente com Acossado, de Godard, Hiroshima, de Resnais… -, dá início à carreira de Truffaut como realizador de longas. E, neste 2009, a distância deste filme é de exatos 50 anos. Aqui também começa o ciclo dedicado a Antoine Doinel (sempre interpretado por Jean Pierre Léaud), um personagem com evidentes elementos autobiográficos, através do qual aborda o rito de passagem da infância à idade adulta. É a nostalgia da adolescência que Truffaut reflete nos filmes do ciclo Doinel, a fugacidade do tempo e a ânsia de amar, a chegada à idade adulta, o casamento… (Antoine et Colette, 1982, episódio de O Amor aos Vinte Anos/L'Amour a vints ans; Beijos Proibidos/Baisers Volés, 1968, Domicílio Conjugal/Domicile Conjugal, 1970, e; Amor em Fuga/L'Amour en Fuite, 1978).
(Em Os Incompreendidos, Truffaut, avant la lettre, considerando a época, alude à Nouvelle Vague e a seu amigo e colega Jacques Rivette, quando os pais de Antoine – que, por sinal, nos outros filmes do ciclo estão sempre 'indo ao cinema' – decidem ir ver Paris Nous Appartient, de Rivette, filme emblemático, apesar de pouco conhecido do movimento francês, e, de volta, no automóvel, consideram-no 'muito bom' – melhor homenagem impossível).
Romântico, sem, contudo, abandonar a visão irônica e dolorosa das relações afetivas, Truffaut tem a sua obra-prima já na terceira incursão longametragista: Uma Mulher para Dois/ Jules et Jim (1961), crônica de uma relação triangular (Oskar Werner, Jeanne Moreau…) baseada no texto literário de Henri Pierre Roché, autor que lhe serviria de inspiração para realizar, dez anos depois, abordando a mesma temática da dificuldade de amar, As Duas Inglesas e o Continente/ Les Deux Anglaises et le Continent (1971). O problema da comunicação no amor, aliás, do amor impossível,en fuite, é uma constante na filmografia de Truffaut, como revelam A História de Adele H/ L'Histoire de Adele H (1976), com Isabelle Adjani, A Mulher do Lado/ La Femme de la Cote (1981), entre outros.
Se seus colegas da Nouvelle Vague procuram elaborar uma linguagem que desconstrói o discurso cinematográfico tradicional, revertendo os cânones da lei de progressão dramática griffithiana, François Truffaut não pretende nunca em seus filmes dissolver a estrutura lingüística, mas, ao contrário, busca desesperadamente a fluência narrativa, o toque mágico capaz de envolver o espectador a fazê-lo pensar que não está no mundo. É verdade que brinca com a metalinguagem, mas num sentido de reverência e ao cinema como em A Noite Americana/ La Nuit Americaine (1973), belíssima homenagem ao processo de criação cinematográfica onde Truffaut comparece como ele mesmo no papel de um diretor que faz um filme. O filme dentro do filme, portanto.
Outra vertente temática na obra truffautiana é a dominante policial, influência, na certa, de sua admiração por Alfred Hitchcock – seu livro de entrevista com este, Hitchcock/Truffaut, da Brasiliense (e, agora, em outra edição pela Companhia das Letras), é, simplesmente, uma aula magna de cinema. Há Hitchcock em Fareinheit 451 (1966), que faz na Inglaterra, com o mesmo Oskar Werner de Jules et Jim, baseado na ficção-científica de Ray Bradbury. Outra obra alusiva ao mestre é A Noiva Estava de Preto/ La Mariée Était em Noir (1967), com Jeanne Moreau ou, mesmo, Tirez sur le Pianiste, segundo filme (1960), e A Sereia do Mississipi/ La Sirene du Mississipi (1969), no qual declara, através das imagens em movimento, a sua paixão momentânea, Catherine Deneuve, que trabalha, aqui, ao lado de Jean Paul Belmondo. E no seu canto de cisne De Repente num Domingo/ Vivement Dimanche (1984), cujo 'claro/escuro', proposital, vem em auxílio de uma proposta estilística em função do film noir francês. Sem esquecer o elaborado, como mise-en-scène, Um só pecado (Le peau douce, 1963).
Autor, porque dono de um estilo próprio, marcante, ainda que com um universo temático diversificado, François Truffaut, na sua filmografia, envereda por assuntos diversos, a exemplo de O Garoto Selvagem/ L'Enfant Sauvage (1970), filme sobre a luta de um médico, no século XIX, para 'domar', um menino bárbaro criado sem contato com a civilização – influência possível para Werner Herzog em O Enigma de Kaspar Hauser. Na Idade da Inocência/ L'Argent de Poche (1976), experiência na qual, repetindo Jean Vigo (Zero de Conduite), o universo que retrata é constituído somente de crianças. Sem esquecer O Último Metrô/ Le Dernier Metro (1980), uma volta ao passado, Segunda Guerra Mundial na França ocupada, para valorizar, numa situação-limite, a importância dos pequenos gestos.
Em todos os filmes de François Truffaut, um denominador comum: a narrativa que sobrepuja a fábula, a doce fabulação que advém de um sentido preciso de mise-en-scène, o touch truffautiano, sempre terno, apaixonado, capaz de levar ao espectador o prazer do autor com o que está a filmar e o prazer, imenso, de se assistir ao que se está a ver.
24 junho 2013
O Teorema Pasoliniano
O Toque do Mal
Orson Welles (numa interpretação inexcedível, obeso, desfigurado, para dar a impressão da configuração da maldade) é Hank Quinlan, policial de uma cidade da fronteira entre o México e os Estados Unidos, que tem o costume de fabricar as provas com as quais acusa os supostos culpados perseguidos. Um colega mexicano, Vargas (Charlton Heston, que mostra não ser apenas ator de épicos hollywoodianos, mas um ator de amplos recursos), que acaba de se casar com uma jovem americana, Suzie (Janet Leigh), vem a descobrir os arranjos de Quinlan e ameaça desmascará-lo. Com a ajuda de Grandi (Akim Tamiroff), um traficante local que serve à polícia com informações, Quinlan faz seqüestrar e drogar Suzie, matando logo em seguida seu cúmplice no quarto do hotel onde ela se encontra trancafiada. Uma sucessão de acontecimentos proporciona a um fiel subordinado de Quinlan, Menzies (Joseph Callea) a constatação de seu caráter e acaba ajudando Vargas no total desmascaramento de Quinlan.
Touch of evil (o toque do mal, se traduzido ipsis litteris) marca o retorno de Orson Welles a Hollywood após uma ausência de dez anos. Os constantes estouros nos orçamentos, o seu comportamento muito além dos parâmetros convencionais, e as ameaças de interferência dos estúdios em seus trabalhos, fizeram-no se afastar dameca do cinema. Na década que fica fora (1948/1958) realiza, porém, na Europa, alguns filmes, a exemplo de Othello (personalíssima versão do texto célebre de William Shakespeare, que leva dois anos para ser realizada: 49/51), e Grilhões do passado (Mr. Arkadin ou Confidential report, 1955).
A marca da maldade é montado, na sua versão final, à revelia de seu autor. Há alguns anos, encontradas as anotações de Welles sobre como proceder à montagem do filme, Touch of evil é remontado tal qual a concepção do realizador de Cidadão Kane (as duas versões são exibidas, há cinco anos, no Telecine, quando este ainda é Classic e não Cult, com um documentário especial sobre as diferenças entre as duas cópias).
Apesar de sua base literária como ponto de partida do roteiro, uma sub-literatura de Whit Masterson (aliás, Hitchcock sempre diz que nunca gosta de fazer adaptações de grandes livros, a preferir a sub-literatura encontradiça em bancas de jornais, as chamadas pulp-fictions, mas a sua extração é sempre de um procedimento cinematográfico exemplar e reveladora de uma escrita que estabelece uma mise-en-scène de puro cinema, de pura estesia), A marca da maldade é uma de suas obras mais interessantes e reveladoras. Alguns historiadores, inclusive, estão a considerá-la como mais importante ainda do queCitizen Kane (o que se nos afigura um absurdo, ainda que Touch of evil seja um filme excepcional, e grandioso, e impactante, e genial).
A figura de Quinlan representa à perfeição a postura wellesiana ante a sociedade em que vive. Não que o autor se identifique com o personagem. É que, através de sua monstruosa personalidade, submete, com ela, a crítica ao mundo que o rodeia e no qual certos valores deixam de ter vigência. Em torno da figura de Quinlan, evolui uma série de personagens que, na verdade, não são mais que elementos de uma antítese mediante a qual Welles pretende chegar a uma visão dialética. E quem faz o resumo desta visão é a cigana interpretada por Marlene Dietrich no final do filme numa espécie de epitáfio cínico e emocionado.
O fabuloso plano-seqüência inicial, longo e complicado, fica definitivamente nos anais da história do cinema mundial. E dá a tônica estilística de A marca da maldade, uma das mais barrocas de seu autor (a influência do expressionismo alemão, com o contraste das sombras e das luzes, é impressionante). Welles utiliza os inquietantes elementos de uma trama enviezada e a particular estranheza dos cenários para compor uma obra em que tudo está deformado por uma ótica com freqüência aberrante.
Com a oportunidade de comparar as duas versões de A marca da maldade (a montada à revelia e a montada segundo as anotações do diretor), vê-se que o plano-seqüência do início, na versão oficial, é desfigurado com a colocação dos letreiros de apresentação, a ofuscar a visão das pessoas, do movimento, e dos objetos dentro do enquadramento. Welles, como de hábito, na sua concepção original, elabora o plano-seqüência absolutamente desprovido de qualquer material de procedência que não a da imagem.
A aparência exterior de simples drama policial, quando do seu lançamento (depois viria a ser reavaliado e considerado até melhor do que Kane), faz com que muitos críticos venham a considerar Touch of evil como uma obra menor dentro da filmografia de Orson Welles. Nada mais equivocado, pois A marca da maldade é um filme que expõe com grande força o seu pensamento e o seu estilo.
A seqüência de Janet Leigh no motel parece ter inspirado Alfred Hitchcock a convidar a atriz para o elenco de Psicose (Psycho). Não resta dúvida de que tudo indica que a atmosfera reinante no motel wellesiano de A marca da maldade tem tudo a ver com o motel hitchcockiano, com Norman Bates à la carte, de Psycho e, inclusive, a distância entre os dois filmes é curta: dois anos. O velho Hitch há, também, de sofrer a angústia da influência de Harold Bloom.
O cineasta brasileiro Rogério Sganzerla, fã incondicional de Orson Welles, tem um enquadramento em sua obra-prima, O bandido da luz vermelha, no qual o ângulo oblíquo faz ver a sair do carro o detetive interpretado por Luiz Linhares, um enquadramento visivelmente inspirado em A marca da maldade, quando o inspetor Quinlan aparece pela primeira vez. Sganzerla, aliás, realiza dois longas tributários ao grande cineasta, entre eles Nem tudo é verdade, com Arrigo Barnabé no papel do autor de Cidadão Kane, uma mistura de material de arquivo com reconstituição ficcional.
Muitos críticos e historiadores, a exemplo de Peter Bognadovich, acreditam que A marca da maldade possui uma chegada de Welles a este momento de sua vida com o mesmo cansaço que Quinlan experimenta em relação a Kane, cansaço que emerge dos anos transcorridos, da reflexão, da angústia e da desesperança.
23 junho 2013
Voltei
Caros leitores do blog. A vida é feita de idas e vindas. Há dois dias, matutei que seria melhor me transferir daqui, do Blogspot, para o Wordpress - o que fiz. Acontece que não fiquei satisfeito com o resultado. O Wordpress é muito bom, mas mais adequado para pessoas que possuem familiaridades com as suas ferramentas. Excelente se customizado por algum entendido no assunto. O fato é que voltei com todas as minhas bagagens para esta casa do Blogspot na qual estou há mais de seis anos.
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