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10 abril 2008

Boas novas sobre "Revoada"

Segundo me comunicou o cineasta José Umberto, o processo que tenta recuperar o seu filme, seqüestrado pelos produtores, encontra-se em vias de uma solução. Retornou do Ministério Público Federal para o gabinete do juiz (Justiça Federal) tendo em vista o conclusos para decisão. Como se sabe, Revoada, depois de filmado, e montado, segundo indicações do autor, foi completamente desmontado pelos produtores para ter uma nova montagem à revelia de José Umberto, responsável pela sua concepção. É confiar que a decisão seja favorável a Umberto e que possa, finalmente, passada toda consumição, montar o seu filme conforme o imaginou e o concebeu. Segredou-me o autor: "Parece-me ( em suspense hitchckoquiano ) que se
aproxima alguma deliberação importante".
Revoada é o segundo longa de José Umberto. O primeiro, O anjo negro, foi realizado no século passado em 1973. É autor, entre muitos outros curtas, de A musa do cangaço (bastante premiado), que é um documento precioso sobre Dadá, mulher de Corisco (Umberto escreveu também um livro com um estilo muito particular no qual transcreve uma copiosa entrevista com a cangaceira), e Vôo interrompido (1960), o primeiro filme marginal baiano nas palavras de Álvaro Guimarães (o autor de Caveira my friend).
Então viva!!
Clique no cartaz para que seja aberto em outra janela a fim de que posse ser melhor visualizado.

06 abril 2008

A bruxa está solta: morre Charlton Heston


Morreu ontem Charlton Heston, aos 84, ator emblemático do cinema americano com seus papéis nos épicos históricos de Hollywood. Seu papel de Moisés em Os dez mandamentos (The ten commandements, 1956), de Cecil B. DeMille, marcou para sempre as retinas daqueles que eram adolescentes quando o filme foi lançado, impressionando com seus efeitos especiais, sua atmosfersa (aquela fumaça a simbolizar a peste, impressionante). Heston foi Ben Hur, El Cid, entre tantos outros heróis. Um ator que encarnava personagens acima dos pobres morais. Mas foi também o inspetor Vargas de A marca da maldade (The touch of evil, 1958), de Orson Welles. Heston ajudou muito a este para que a Paramount bancasse a sua produção. Fazer aqui um esboço da ficha filmográfica de Charlton Heston seria uma loucura. Que se vá ao Imdb: http://www.imdb.com/name/nm0000032/


Nos seus últimos anos, a imagem de reacionário de Heston ficou bem patente. Michael Moore, em Tiros em Columbine, conseguiu entrevistá-lo como presidente de uma associação de defesa de rifles, encontrando um Heston ranzinza e antipático, que até chega a abandonar a entrevista - Moore filma sua saída. Apoiava George Bush e gostou muito quando os Estados Unidos invadiram o Iraque. Mas o que fica dele é a imagem de Moisés, Ben Hur, El Cid, entre tantos! E, ainda de DeMille, e não querendo aqui me alongar, O maior espetáculo da terra, talvez o melhor filme de circo que se fez até hoje, A agonia e o êxtase, como Michelangelo, de Carol Reed...


Que a terra lhe seja leve!

De grandes artesãos



NOVO BLOG
Tirei o vídeo do You Tube que apresentava o 'the end' de Artistas e modelos (Artists and models), de Frank Tashlin, com Jerry Lewis e Dean Martin, além da principiante Shirley MacLaine e Dorothy Malone (esta veterana com uma interpretação inexcedível em Palavras ao vento, de Douglas Sirk, com Rock Hudson e Robert Stack). Tirei porque inaugurei, como já foi dito, um blog somente para vídeos (veja:http://setaroandreolivieri.blogspot.com/). Assim, penso privilegiar aqui os textos e deixar as imagens em movimento para o Momentos da arte do filme. Mas o trecho de Artistas e modelos foi somente deslocado. Saiu daqui para o blog novo.

JONATHAN DEMME
Diretor a considerar do cinema americano contemporâneo. Não dava nada pela versão atual de Sob o domíno do mal, a considerar o grande filme que John Frankenheimer fez nos idos dos 60, com Frank Sinatra, Janet Leigh, Laurence Harvey. Mas, surpreendentemente, gostei muito da atualização que Demme fez de The Mandchuriam candidate, com Meryl Streep, Denzel Washington, entre outros. É o caso de se dizer: quando o realizador tem timing, conta com bom roteiro, vai embora. Verificando a ficha de Jonatham Demme, pode-se sentir uma vida inteligente atrás das câmeras. Revi recentemente Filadélfia, que é um bom filme, muito bem dirigido. De caso com a máfia (Married to the mob, 1988), com Michelle Pffeifer é muito demolidor, bem irônico, um cinema com um sentido de delírio basicamente cinematográfico. Também é o caso de O silêncio dos inocentes (The silence of lambs), que, queiram não os seus detratores, é um filme equilibradíssimo, com uma mise-en-scène exata em função do estabelecimento rítmico do thriller. E quando se falar agora dos poucos que restam, bons, no cinema americano, não se pode esquecer de Clint Eastwood, Paul Thomas Anderson, Joel e Ethan Coen e Jonathan Demme. Martin Scorsese, que admiro e respeito pela sua contribuição ao cinema, acho um cineasta muito superestimado.
JOHN FRANKENHEIMER
Cineasta promissor na década de 60, responsável por uma pequena obra-prima que foi O segundo rosto (Seconds, 1967), com Rock Hudson, perdeu-se nas décadas seguintes até cometer algo como Amazônia em chamas já perto de seu desaparecimento. Frankenheimder, para ficar somente em alguns filmes, é o diretor de Sete dias de maio, com Burt Lancaster e Kirk Douglas, Sob o domínio do mal, O homem de Alcatraz, também com Burt Lancaster como o prisioneiro que passa a estudar e conviver, na cela, com dezenas de pássaros, O pecado de um xerife (I walk the line), com Gregory Peck, e um dos mais fascinantes filmes sobre corrida automobilístca, Grand Prix. O segundo rosto é um filme esquecido, que ninguém mais cita nem fala, mas é de altíssimo nível.
JOHN SCHLESINGER
Outro John de muito boa artesania é John Schlesinger. Começou no cinema inglês a fazer documentários. Depois nos deu de presente obras como Darling, a que amou demais, com uma belíssima Julie Christie, Longe deste insensato mundo, baseado em Thomas Hardy, Perdidos na noite (Midnight cowboy), A maratona da morte (que o Cult andou a passar na sua grade programativa). Mesmo nos seus filmes menores, o rigor de Schlesinger é notável: O inocente, com Anthony Hopkins, Morando com o perigo. O seu último filme que é totalmente irreconhecível, com Madonna, cujo nome me esqueço, uma mixórdia augusta.