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Mas, mudando do vinho para a água, é lamentável o que o Telecine Cult (volto a bater na mesma tecla) vem a praticar com os filmes originariamente rodados em CinemaScope. Comecei a ver A lança partida (Broken lance), de Edward Dmytryk, que tem a apresentação dos créditos na tela larga ou em letter box, mas, de repente, findo estes, a tela se espicha e o full screen toma conta de todo o espaço de seu aparelho televisivo. Um atentado à integridade da obra cinematográfica, um soco na cara do cinéfilo interessado na preservação do filme em seu formato original. A pancada foi tão forte que, incontinenti, desliguei a televisão e não vi o que queria ver. Ou melhor: rever, pois filme visto na infância e que ainda guardo boas recordações. Dmytryk faria outro western anos mais tarde: Minha vontade é lei (Warlock), com Richard Widmark, Henry Fonda, Anthony Quinn. Broken lance tem Spency Tracy, Robert Wagner ainda muito jovem, e Jean Peters. É um western também, o cinema americano por excelência na célebre definição de André Bazin, bem típico daquela época. O Cult preserva, porém, o formato CinemaScope em outros filmes e ainda não entendi direito a razão de manter o formato em alguns e massacrá-lo em outros. Hoje mesmo acabei de ver, em esplêndido CinemaScope, Carmem Jones, de Otto Preminger, com Harry Belafonte.
Treleio o importante livro de entrevistas entre François Truffaut e o mesmo Sir Alfred Hitchcock. Mais do que uma análise perfuratriz da filmografia hitchcockiana, é um livro sobre o processo de criação no cinema. Hitch, à sua maneira, foi um grande inventor de fórmulas (como Resnais). Intriga internacional (North by northwest, 1959), filme para se ficar vendo e revendo para aprender um pouco de cinema, é uma obra de pura mise-en-scène (vá lá o termo de novo).
7 comentários:
Caro Setaro,tendo como mote as suas sempre lúcidas colocações sobre o cinema que vale a pena ver, gostaria de recomendar a exibição única, amanhã, sábado, às 9 da matina( dez no horário de verão)do documentário "Estafeta - Luiz Paulino dos santos". É revelador, honesto, poético e especialmente humano. Paulino é um Resnais tropical, um avatar baiano que a certa altura diz mais ou menos assim: "Filmar é uma coisa, queimar negativo é outra".
Sim, é no Canal Brasil !
Caro Romero,
Tomou um chá de sumiçao aqui do blog. Agradeço a dica, pois, agora sexta, dá tempo de me programar para ver o documentário de Luiz Paulino dos Santos (ou sobre ele), que, por final, conheci ano passado em Salvador. Estava aqui para participar, como ator, de 'O homem que não dormia', de Edgard Navarro.
Resnais é um dos diretores mais respeitáveis do CINEMA. "O ano passado em Marienbad" é uma obra prima da linguagem cinematográfica.
E continua aí, aos 88 em plena forma.
Gostei muito da lembrança de Resnais, homem pela qual tenho grande admiração (e tenho uma resenha pessoal de Marienbad em http://byron-shelley.blogspot.com/2009/07/resnais-estuda-arquitetura-da-mente-e.html).
Reproduzi seu texto no meu blogue, com os créditos devidos. Forte abraço!
Fui ver ontem o filme As ervas daninhas, um humor único, ele captou bem a personalidade do povo francês e seus dilemas, onde encontro seus outros filmes Setaro?
duas coisas a lembrar :
A. R. rodou seu primeiro filme amador na idade de 14 anos.
A. R. era chamado, na pequena escola, de "FADA" pelo fato que estava lendo sempre quadrinhos em todos os cantos.
Então, A. R. está com 88 = 74 ANOS de rodagem e de dedicação !
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