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10 março 2008

Grande Robert Mulligan!!


Acabei de ver no Telecine Cult um belo filme: O preço de um prazer (Love with the proper stranger, 1963), com Steve McQueen e Natalie Wood. E me lembrei agora, já que estou a pensar em certos diretores americanos esquecidos, de Robert Mulligan, o realizador dessa pequena jóia, que fascina pela simplicidade e pela envolvência de sua dramaturgia, e, claro, pelo carisma dos atores. Filmado em Nova York, senti certa influência do neo-realismo italiano por incrível que pareça. O neo-realismo foi tão importante que seu halo se fez presente em muitas cinematografias inclusive a hollywoodiana (Marty é um exemplo inconteste).


Os filmes contemporâneos não possuem mais a dramaturgia apurada, pois mais afeitos aos efeitos e, mesmos nos alternativos, não existe mais um padrão dramatúrgico de alta qualidade, por assim dizer, como existia há poucas décadas. Love with the proper stranger é um exemplo. Robert Mulligan é um dos grandes de Hollywood, apesar de não ter alta cotação entre a crítica sabichona. Basta citar alguns filmes.


O sol é para todos (To kill a mockingbird, 1963) é belo, com interpretação inexcedível de Gregory Peck como o advogado que defende um negro. Belo e poético, acrescente-se. E que tal um filme cativante e de alta sensibilidade como À procura do destino (Inside daisy clover, 1966), com Natalie Wood (a inesquecível Natalie) e Robert Redford? Sátira vigorosa, O grande impostor (The great impostor, 1961), com Tony Curtis, Edmond O"Brien (o grande O'Brien, o jornalista bêbado de O homem que matou o facínora, entre tantos outros filmes). Mulligan realizou uma obra rara sobre a maldade infantil: A inocente face do terror (The other, 1972), e um western original no qual o perseguidor não aparece: A noite da emboscada (The stalking moon, 1967). Há um filme dele magistral sobre a educação secundária nos Estados Unidos: Subindo por onde se desce (Up the down staircase, 1967), com Sandy Dennis.


É preciso, a exemplo dessa extraordinário Robert Mulligan, que os cinéfilos neófitos, e também a crítica recém-aparecida (e tão encantada com certas bobagens), passem a descobrir os grandes valores do passado como Frank Tashlin, Richard Quine, Robert Aldrich, Robert Wise (irregular mas com duas ou três obras admiráveis), entre outros.


Mas talvez a obra-prima de Mulligan seja Jogos do azar (The nicked ride, 1974), com Jason Miller, uma obra-prima, a masterpiece do cineasta já no seu outono existencial. E, para não esquecer: Houve uma vez um verão (Summer of 42).


Creio não ser necessário dizer mais nada.

4 comentários:

Jonga Olivieri disse...

"A noite da emboscada", com Gregory Peck, é um filme mais de suspense doq ue um western, em que o perseguidor não aparece.
Pena que nunca mais assisti este filme. Vou até procura-lo em locadoras mais especializadas.

Anônimo disse...

"Quando setembro vier"(Come September,1961) não pode ficar de fora da lista. É uma produção independente( Raoul Walsh, não creditado, é um dos 3 produtores)feita em sistema cooperativo e distribuida por uma "major".
A trilha do austro-húngaro Hans Salter( que também fez "O Senhor da Guerra", "O incrível homem que encolheu" e outras duas centenas de trabalhos)é inesquecível. No Youtube tem vários trechos, incluindo a dança de Rock Hudson e Lolobrigida ( o embrião da dança de Travolta em "Pulp Fiction")
Tem Bob Darin( sempre marcante em suas aparições) e a loirinha Sandra Dee. É bobo, vazio, açucarado, mas estou procurando o DVD pra comprar.

André Setaro disse...

Sim, claro, esqueci de "Quando setembro vier" (Come september), com Rock Hudson, Gina Lollobrigida - que está setentona, Walter Slezar, Bobby Darin, Sandra Dee (quem ainda se lembra dela?). Casada com Bobby Darin (que viria a morrer na casa dos 30), Sandra Dee era a 'estrelinha' de Hollywood na época, que fazia valer mais pela sua beleza angelical do que suas inexistentes qualidades de comediante. Mas "Quando setembro vier" foi um grande sucesso em 1963, mais ou menos, uma comédia bem ao estilo da 'sophisticatedy comedy' que se fazia então em Hollywood, a exemplo das comédias com Hudson e Doris Day ("Confidências à meia-noite", "Volta meu amor", "Não me mande flores", etc), e com Day e James Gardner ("O tempero do amor").
Lembro-me que a apresentação dos créditos mostrava um potente Rolls-Royce a sair de um avião. A ação se localiza numa 'villa' (italiana?), e enquanto Hudson tenta seduzir a Lollobrigda, Darin vai ao encontro de Sandra Dee.
A visão se faz longe. Na época, gostei muito, mas hoje...
Sei, no entanto, que não se pode comparar às deliciosas comédias de Frank Tashlin ou Richard Quine.

luisdiascastro disse...

Quando setembro vier que mega sucesso comercial do diretor. Acredito que em termos comerciais é seu filme de maior sucesso de bilheteria. O filme ficou um tempão em cartaz no Rio de Janeiro, com filas quilométricas, e quase sempre voltava a ser reexibido. Foi a grande comédia da minha adolescência, com a bela e carismática Gina Lollobrigida roubando a cena. Dos protagonistas principais apenas a Lollo está viva com 81 anos de idade. Hoje ela é escultora de sucesso com exposições em todo o mundo