Dos grandes fulllers que vi, considero a sua obra-prima Paixões que alucinam (Shock corridor, 1963), que conheci pela primeira vez semana passada, com o lançamento do DVD pela Aurora. Fiquei impressionado com o tratamento de choque dado pelo cineasta ao tema. Dando uma olhada no livro As obras-primas do cinema, que saiu pela Martins Fontes, e que reúne, ano por ano, os melhores filmes de todos os tempos segundo Claude Beylie, ensaísta francês de nomeada, deparei-me, na página 233, com Shock corridor. Vou transcrever aqui o que disse Beylie sobre Paixões que alucinam:
"Samuel Fuller realizou com este filme uma fábula moderna cheia de barulho e fúria, característica de seu temperamento, caloroso, explosivo, de seu estilo, todo feito de fulgurações barrocas e de síncopes visuais, de seu humor também, sarcástico até o delírio. Todos esses traços contribuíram para fazer dele um fenônemo do cinema contemporâneo. É um especialista da violência emocional, segundo Martin Scorsese; um democrata, generoso, idealista, cínico e, ao mesmo tempo, um visionário, segundo Bertrand Tavernier; um bárbaro, para Jean-Luc Godard - que o colocou judiciosamente numa cena chave de seu filme Pierrot le fou.
Em Paixões que alucinam, Fuller pretende denunciar os três cânceres que corrompem o mundo atual: o racismo, a intolerância e a ciência cega. Ele não recua diante de nenhum excesso, não se preocupa com nenhuma verossimilhança (as terapêuticas médicas praticadas no filme são mais que fantasiosas) para embasar sua demonstração. É verdade que este ex-correspondente de guerra sempre fez cinema com lança-chamas: cada seqüência é como que uma praça-forte a ser atacada, um terreno a ser neutralizado.
Às vezes quebra a cara, mas pouco importa! Paixões que alucinam contém, sem dúvida, algumas matérias residuais, mas estas são arrastadas pelo fluxo torrencial em que navega essa nau dos insensatos, um navio sem mastreação, sem bússola, sem linha de flutuação, mas não sem piloto."
"Samuel Fuller realizou com este filme uma fábula moderna cheia de barulho e fúria, característica de seu temperamento, caloroso, explosivo, de seu estilo, todo feito de fulgurações barrocas e de síncopes visuais, de seu humor também, sarcástico até o delírio. Todos esses traços contribuíram para fazer dele um fenônemo do cinema contemporâneo. É um especialista da violência emocional, segundo Martin Scorsese; um democrata, generoso, idealista, cínico e, ao mesmo tempo, um visionário, segundo Bertrand Tavernier; um bárbaro, para Jean-Luc Godard - que o colocou judiciosamente numa cena chave de seu filme Pierrot le fou.
Em Paixões que alucinam, Fuller pretende denunciar os três cânceres que corrompem o mundo atual: o racismo, a intolerância e a ciência cega. Ele não recua diante de nenhum excesso, não se preocupa com nenhuma verossimilhança (as terapêuticas médicas praticadas no filme são mais que fantasiosas) para embasar sua demonstração. É verdade que este ex-correspondente de guerra sempre fez cinema com lança-chamas: cada seqüência é como que uma praça-forte a ser atacada, um terreno a ser neutralizado.
Às vezes quebra a cara, mas pouco importa! Paixões que alucinam contém, sem dúvida, algumas matérias residuais, mas estas são arrastadas pelo fluxo torrencial em que navega essa nau dos insensatos, um navio sem mastreação, sem bússola, sem linha de flutuação, mas não sem piloto."
Um comentário:
Também concordo com você. Apesar de ter visto poucos filmes do Fuller, Paixões que Alucinam é sua obra prima!
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